Canção sobre o caos escrita por CondL


Capítulo 1
Dentro do quadro


Notas iniciais do capítulo

Aqui o primeiro capítulo pra você, está fraco mas tem muita coisa que vai ser importante...



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Eu olhei para o quadro.

Não fui correspondido por nenhum olhar vívido.

Olhei para a parede.

Apenas o normal misturado ao comum.

Olhei para o quadro novamente.

Qual o sentido disto mesmo ?

Eu fico confuso, aquilo era demais até mesmo para mim. Quando me perguntaram o que eu queria ser quando fosse um adulto inteiramente formado e não um maldito adolescente (não exatamente com essas palavras), eu fiquei sem resposta, fiquei olhando para a cara da pessoa esperando algo mais real vindo do fundo de seus olhos, mas ultimamente mesmo em uma multidão eu me sinto sozinho, quando vou encontrar alguém que pare de me fazer sentir assim ?

Solidão não é algo muito legal de se encarar, agora lá estava eu analisando uma obra tentando puxar o máximo de detalhes. Pessoa, tudo bem, é a palavra que veio a minha cabeça, tinha uma pessoa com um sorriso estranho olhando para fora do quadro com uma simpatia que se tornava macabra a certo ponto, e no fundo uma cidade, dando a pintura um visual urbano. Eu era péssimo em análises, não consegui puxar nenhum sentimento da imagem, fora o quanto eu me sentia idiota olhando para o vazio.

Eu vi um pequeno movimento, ele vinha a mim lentamente para que eu pudesse analisar todos seus passos com cuidado. Ás vezes penso que ele está a ponto de se tornar um idiota completo, e outras vezes penso que ele tem um pingo de inteligência dentro dele. Com um óculos com lentes retangulares, cabelo com franja que parecia ter sido lambido por um animal e cortado ao meio, tirando a péssima roupa onde ele tentava parecer alguém comum, ele disse a mim:

- Oi, tudo bem ?

- Não finja que se importa... – Eu disse com um péssimo humor. – Não piore as coisas...

- Nossa... – Ele disse surpreso. – Ainda irritado ? Deste modo vou me culpar pelo resto da vida...

- Pode começar agora...

Eu disse isso e me retirei do lugar, indo pela porta e deixando o quadro atrás de mim olhando para ele, agora era a sua vez de ficar sozinho com a anomalia perturbadora que chamávamos de pintura moderna. O fato era que este cara me irritava, e muito, seu nome era Daniel, ele a pouco tempo atrás havia eu perder uma viagem incrível por causa que jogou a mim a culpa de algo que eu não fiz bem em frente ao meu pai, o pior é que ele era o namorada da minha irmã, então eu tinha de o aturar até que eu fizesse 18 anos, bem, eu tinha 16. Daniel saiu pela porta atrás de mim, pelo corredor ao qual eu estava atravessando e disse:

- Tem uma viagem que eu iria que você fosse... – Iria adorar nada, só estava fazendo isso por que minha irmã provavelmente mandou ele concertar as coisas. – Vamos descer para uma cidade amanhã, é perto da praia...

- Se eu for você para de me encher o saco ? – Eu disse me virando. – Eu sei que você está apenas tentando concertar as coisas...

- Tudo bem, mas você vai não é ?

- Pare de me pedir que eu vou e depois digo pra minha irmã que eu gosto de você, melhor ?

- Sim... quer dizer, Vitor, eu realmente quero que você goste de mim...

- Pare de mentir, eu sei que você me odeia, eu vou e você não me irrita...

- Tudo bem, faça as malas hoje, pego você e Emily amanhã as 9 horas...

Eu sabia o que eu tinha feito de errado, acabara de se meter numa viagem com o cara que eu odiava mas aturava. Tudo bem, talvez eu começasse a dar boas explicações, eu suporto esse projeto de cara de 21 anos que tenta parecer lugar desde meus 13 anos, isso faz quase 3 anos e eu sentia que ele era um otário, eu sabia muito bem que cidade ele estava falando, como eu odiava aquele lugar, tenho poucas memórias de quando eu era mais novo, uns 5, talvez estivesse diferente. Então você quer saber o que eu fazia encarando o único quadro na única sala com algo na parede ? Era a casa de minha mãe antes dela morrer, eu gostava de ir lá por que tentava a manter, ela morreu a pouco tempo e eu tentava me manter calmo, eu não gosto de falar disso, eu não era ligado a ela, era mais minha irmã, pois minha mãe e meu pai eram separados, ela não ligava pra mim, quando visitava era minha irmã, não queria que quando morresse eu tivesse raiva dela mas é assim agora.

Eu voltei para casa andando, o céu já estava a poucos minutos de se apagar quando eu cheguei finalmente. Sentei na cama feliz por estar em casa, aquele lugar que eu chamava de casa era o único que me tranquilizava, onde eu sentava e lia um livro, adormecia em minha cama e podia comer o que quiser sem restrições, afinal para compensar minha mãe meu pai tentava ser legal comigo, mesmo que desse muita bola ao namorado da Emily, o que me encrencava ás vezes. Deitei na cama e o primeiro a passar foi ele, meu pai. Tudo bem, ele não é o cara mais bonito que já existiu, o cabelo era quase ralo e uma barba mal feita, quando tirava a roupa do trabalho pegava uma que usava a semanas para assistir televisão até mais tarde, não um exemplo de figura paterna, seus lábios se moveram para perguntar:

- Daniel falou com você ?

- Sim pai, eu vou... Amanhã...

- Vou sentir falta, se divirta...

E antes de qualquer resposta ele continuou seu caminho e eu peguei o nootbook e enfiei os fones no ouvido, liguei uma rede social e vi que tinha recebido mensagens de três pessoas diferentes, a primeira era de Andressa que dizia:

“Vitor, me chama no bate papo na próxima vez que puder, quero lhe perguntar uma coisa...”

Vi que ela estava desconectada então não resolvi lhe chamar, seja o que for nunca é nada de importante, olhei e o próximo eram quase 200 mensagens de um chat que eu participava, então olhei o último e vi:

“Usuário anônimo”

Estranhei, ninguém nunca teve interesse em manter mistério comigo, sabe, ninguém tem nada de importante pra falar pra mim então nunca escondiam suas identidades, fui checar a mensagem que dizia:

“Eu sei quem é você, vai me conhecer em poucos dias, por favor, quero te ajudar”

Eu passaria os próximos dias em uma cidade longe, então abaixei a tela até o final ignorando, devia ser apenas uma brincadeira idiota. Deitei na cama e pensei em estrelas e como a próxima semana de férias seria chata, até adormecer.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado...



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