The Legend of Zelda - Branca de Neve escrita por AnaLee


Capítulo 11
O retorno dos que partiram


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu quero pedir desculpas por ter demorado taaaaaanto pra postar!
Eu tinha me desanimado por causa da falta de comentários, mas resolvi visitar a página de novo e como tem leitores que ainda amam e comentam, eu decidi que deveria continuar postando ^^'
Minhas sinceras desculpas e boa leitura =P



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Quando o sol se pôs, os Kokiri caminharam de volta para seu pequeno vilarejo, na Floresta Kokiri. O ar estava calmo e a brisa soprava levemente entre as árvores. O sol foi se escondendo no horizonte e a escuridão da noite exigiu seu lugar no céu.

O vilarejo estava silencioso. Os Kokiri estranharam o fato de Zelda não estar lá esperando por eles. Saria suspirou.

“Pobre Zelda... Deve ter sido horrível pra ela ter ficado sozinha... Deve estar chorando, ou então já deve ter adormecido” pensou a pequena garota Kokiri.

Ela abriu a porta de sua casa lentamente e sentiu um calafrio repentino percorrer seu corpo, como se algo não estivesse certo. A casa estava escura e ela não ouvia nada.

— Zelda....? – Saria chamou pela princesa, olhando cuidadosamente ao redor, mas a escuridão a impedia de ver qualquer sinal da princesa. – Onde você está? Está tudo bem?

Silêncio. Nem um único ruído, nada, nenhuma resposta. O coração de Saria se apertou em preocupação. Ela caminhou cautelosamente pela casa até que viu na pequena janela da cozinha uma torta de cereja inacabada. Saria achou aquilo estranho. Por que a princesa teria parado de preparar a torta? De repente o estômago de Saria congelou. Ela vira o corpo da princesa caído no chão, inerte.

— Princesa!!!! – Saria gritou, em pânico, correndo até o corpo de Zelda. – Princesa, o que houve? Por favor, acorde! Acorde, Zelda!

Saria sacudia o corpo da princesa tentando desesperadamente acordá-la. Mas ela não acordava. De repente, ela viu a maçã caída no chão. Seu sangue congelou. Aquilo só podia ter sido armação da Rainha. Com os olhos úmidos com as lágrimas, Saria correu até a porta de sua casa e gritou em desespero:

— Pessoal, socorro!!!!! A Rainha!!!! Ela... ela envenenou Zelda!!!!!!!!

Todos entraram em pânico e correram para dentro da casa de Saria. A garota de cabelos verdes sacudia o corpo da jovem, numa tentativa desesperada de acordá-la.

— Vamos Zelda!!!! Acorde!!!! Acorde!!!! Fado traga um pouco de água!!!!

Fado imediatamente pegou um pote de água e jogou no rosto da princesa. Mas ela não acordou. Ela continuava fria e inanimada. Os Kokiri tentaram de tudo, até fizeram uma prece às Deusas, mas nada adiantou. Zelda não acordara. Mido observava com tristeza seus amigos desesperados tentando despertar a princesa inconsciente. Não havia jeito. A Rainha a matara. Ele abaixou a cabeça e sentiu as lágrimas invadirem seus pequenos olhos. Com a voz baixa, ele murmurou, melancólico.

— Parem. Não vai adiantar nada. Zelda está morta. – ele sentiu seu coração se apertar de desespero.

Todo mundo olhou para Mido, os olhos encharcados com as lágrimas.

— Não há esperança. A Rainha a matou. Não há nada que possamos fazer.

Houve um momento de silêncio. Desesperadas, todas as crianças Kokiri começaram a chorar silenciosamente. Se Zelda estava morta, eles não podiam fazer nada a não ser chorar de tristeza, desespero e agonia. Depois de algum tempo em silêncio, todos os Kokiri deram as mãos e se reuniram em volta do corpo desfalecido da princesa Zelda e fizeram uma prece silenciosa às Deusas de Hyrule.

— Que as Deusas possam guardar sua alma. Que ela possa agora, descansar em paz no paraíso. Em nome de Din, de Farore, de Nayru e da Triforce Sagrada, Amém.

Todo mundo chorou por ela. Seu rosto estava tão belo e tranquilo e as suas faces tão rosadas, que não parecia que ela estava realmente morta, mas parecia que ela estava dormindo tranquilamente, por isso os Kokiri não quiseram enterrá-la. Puseram-na em um esquife de vidro no centro da Campina da Floresta Sagrada e escreveram em letras douradas:

“Aqui jaz Zelda, a princesa de Hyrule.”

E ficaram a velar o corpo dela durante a noite toda, lamentando a triste perda de sua amiga querida.

—--

Enquanto isso, na cidadela próxima ao Castelo de Hyrule, acontecera algo inesperado. Em meio à silenciosa noite, houve uma estranha passeata. Cavalos e soldados desfilavam pelas ruas e um monte de pessoas saíram de suas casas para ver o que estava acontecendo.

Midna estava em seu quarto, satisfeita em saber que agora ela era finalmente a mais bela de todas. Porém o barulho e o alvoroço da passeata que acontecia do lado de fora do castelo perturbaram a Rainha. Ela se aproximou da janela para saber o que estava acontecendo.

Ela viu um monte de soldados em seus cavalos marchando pelas ruas. Alguns corriam de encontro às suas famílias. Todos mostravam-se felizes e vitoriosos. A guerra havia chegado ao fim. O reino de Hyrule havia vencido e os soldados sobreviventes caminhavam pelas ruas triunfantes com sua vitória. Mas, de repente, a Rainha viu uma cena que a surpreendera completamente.

No meio de todos os soldados, sendo carregado por seus companheiros de guerra, estava, nada mais, nada menos que o próprio rei de Hyrule vivo. VIVO! Seu rosto estava mais velho e tinha algumas cicatrizes de batalha, mas ele estava ali, vivo, acenando para as pessoas com alegria.

Midna ficou desesperada. Ela não sabia o que fazer. Ela não esperava por aquilo. Qual seria a reação do rei ao saber que sua amada filha não estava ali, esperando por ele? Pior ainda seria se ele soubesse que ela estava “morta”. Bem, ela não estava realmente morta, pois algo ainda podia salvá-la daquele sono profundo, mas se a Rainha havia mandado a única solução para longe, era como se a princesa estivesse realmente morta e já não havia mais como consertar o que ela tinha feito. Um sentimento forte de culpa e de arrependimento havia invadido o coração da Rainha. Ela se sentira horrível por ter feito aquilo com a filha do rei. Mas os pensamentos malignos gerados pela magia negra do Espelho do Crepúsculo não a deixaram em paz. Sua mente ficara dividida entre amor e ódio.

“E agora? O que o rei irá pensar? Ele vai perguntar sobre Zelda, o que direi?” Midna pensou, aflita. “P-por quê eu tive que fazer aquilo com ela, o que aconteceu comigo?”

Mas as vozes dos espíritos malignos que viviam dentro do Espelho sussurravam.

“Você se livrou de um fardo. Aquela fedelha estava incomodando você. Ela queria tirar de você tudo o que você mais ama, sua beleza, seus súditos, seu reino. Acha que o rei iria te receber com agrado se a menina estivesse aqui? Não, ele iria abraçar a filha, deixaria você de lado! Ele só casou-se com você porque era bela e porque estava preocupado com a menina. O rei não te amava, ele amava a fedelha mais do que tudo! Fez bem em se livrar dela, majestade! Ela não era sua filha, era filha de outra mulher! Uma mulher que ele amou de verdade! Por isso ele quis criar a filha DELA e não quis ter outro filho contigo porque ele não te amava de verdade. Agora é tua chance de conquistar o amor do rei! Dê a ele outro filho, outro herdeiro! Um filho HOMEM! Todos irão amá-la ainda mais se você tiver um filho homem, um belo principezinho!”

Seus pensamentos lutavam dentro de sua mente, como lobos ferozes disputando por território. Ela estava perdida, confusa em meio a tantos pensamentos confusos e diversos e ela não sabia o que fazer. Ela se lembrara dos momentos felizes que tivera com a menina o com rei, que a fizeram se sentir tão bem, mas ela também se lembrara de todas as crueldades que ela fizera com a menina depois da partida do rei por inveja, medo e insegurança. Ela tivera medo de que a beleza da menina tirasse dela tudo o que ela tinha conquistado até então e esse medo e essa insegurança a transformaram em uma mulher orgulhosa, vaidosa e cruel. Ao mesmo tempo em que ela refletia sobre isso, seu lado orgulhoso e vaidoso era alimentado pelos pensamentos maliciosos gerados pela magia negra do Espelho do Crepúsculo, que sussurravam em sua mente que ela estava certa em se livrar da menina e que agora ela teria uma nova chance para conquistar coisas ainda melhores. Ela estava confusa, perdida, desorientada e não sabia qual lado ouvir.

Mas, de repente, algo interrompera os pensamentos de Midna. Um soldado entrou no quarto dela e falou formalmente.

— Majestade, o rei retornou. Não vais esperá-lo no salão?

Midna olhou para o soldado, um pouco perturbada.

— Sim, sim, eu já sei! – ela respondeu rispidamente. – Vou trocar de roupa e já irei até lá. Agora saia daqui!!!

O soldado foi embora e Midna ficou sozinha no quarto novamente. Ela vestiu seu vestido favorito, um vestido roxo decorado com uns desenhos Twili e uma capa preta. Quando terminou de se arrumar, ela desceu as escadarias e ficou aguardando pelo rei no grande salão de entrada do castelo. Ela respirou fundo para conter os pensamentos que se embaralhavam na mente dela e tentou manter o controle sobre si mesma. Ela estava muito nervosa e apreensiva.

Quando o rei entrou no salão, acompanhado por seus soldados, Midna se aproximou dele, sentindo-se desconfortável devido aos pensamentos confusos, mas ela também estava feliz em ver seu amado rei vivo, apesar de tudo. Ela tentou ao máximo disfarçar o desconforto e demonstrar a alegria que ela estava sentindo com o retorno dele. O rei, contente por ver a esposa mais uma vez, envolveu Midna em um abraço apertado.

— Querida, estou de volta! – ele deixou escorrer uma lágrima de felicidade. – Eu não disse que voltaria? Senti muito sua falta!

Midna o abraçou de volta e respirou fundo.

— Eu... eu também senti sua falta... – ela respondeu.

— Você ficou bem durante esses anos em que eu estive fora? – o rei perguntou, ainda abraçando-a apertado.

— Eu sofri muito... – ela disse quase chorando. – Muitas coisas aconteceram...

— Não se preocupe, estou aqui agora, tudo ficará bem. – o rei disse, se afastando um pouco de Midna. Ele olhou em volta. – E onde está minha Zelda? Estou morrendo de saudades! Quero ver o quanto ela cresceu, deve estar tão linda depois de tantos anos...

Midna sentiu um gosto amargo na garganta. Ela não sabia se deveria sentir ódio e inveja pelo rei estar mais interessado na menina do que nela própria ou se deveria sentir angústia e arrependimento pelo que ela tinha feito com a garota.

— Ahn... S-sobre Zelda... – ela engasgou. – E-eu preciso te... te dizer uma coisa...

O rei olhou para Midna confuso. O olhar preocupado do rei fez com que ela se atrapalhasse ainda mais pra falar.

— Bem... Sobre Zelda... Bem... D-depois que v-você partiu, a menina depois de uns anos ficou... ficou muito, muito mal... – ela pausou e lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Ela estava muito nervosa e começou a inventar um jeito de dizer para o rei que ele jamais voltaria a ver a filha outra vez. – E-eu não sei o que ela tinha, eu tentei de tudo mas....

Seu coração se apertou em desespero. Ela sabia que o que ela estava falando era mentira, mas o rei jamais poderia saber o que ela tinha feito com a menina. Ele jamais a perdoaria.

O rei, desesperado, segurou os ombros de Midna.

— Mas o quê??? – o rei perguntou, chorando de desespero. – O que aconteceu com ela?

Midna evitou olhar nos olhos do rei. Ela começou a chorar e num súbito ato de desespero ela gritou.

— Ela... Ela MORREU!!! De uma doença misteriosa!!!!! Eu não sei o que ela tinha, eu fiz tudo o que eu podia!!! 

O rei caiu de joelhos no chão, em prantos. Ele cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar desesperado.

— Não!!! M-minha garotinha... Por quê??? Por que Deusas, vocês me deixaram retornar vivo, mas levaram minha linda filha em meu lugar? Eu preferia que vocês tivessem me levado ao invés dela... por quê? Por quê? Isso é uma maldição!!!

Midna se agachou ao lado dele e o abraçou de leve, tentando consolá-lo como podia. Por mais que ela soubesse que ela era a culpada por tudo aquilo, ela queria tentar ajudar o rei a se sentir melhor, por mais que isso fosse difícil.

Impa e as outras criadas correram na direção do rei para ajudá-lo. Elas o ajudaram a se levantar, mas ele não parava de gritar e chorar. Elas o levaram até os aposentos reais para que ele descansasse, pois estava muito fraco e cansado. Todos os que estavam no salão assistindo aquela cena, olharam para a Rainha com rancor. Todos sabiam que ela estava mentindo, que a Rainha dera sumiço na menina e a maltratara impiedosamente. A Rainha olhou para cada um, nervosa e desesperada, sem saber o que fazer.

— O que estão olhando? – ela gritou, irritada. – Vão cuidar de suas vidas! Deixem-me em paz! Se contarem a verdade, o rei jamais acreditaria em vocês!

Todo mundo permaneceu em silêncio, apenas encarando a Rainha com um olhar de ódio e rancor por tudo o que ela tinha feito com a princesa. Aqueles olhares de repúdio foram demais para Midna. Ela estava sendo odiada por todos mais uma vez. O Espelho garantiu que se ela permanecesse a mais bela, todos a amariam, mas não era isso o que estava acontecendo. Pelo contrário, agora todos a odiavam porque ela havia dado fim na filha do rei e feito o pai dela sofrer. Inconformada com aquela situação, Midna fugiu dos olhares rancorosos dos súditos e subiu as escadarias para o quarto, com lágrimas nos olhos. Quando ela chegou ao cômodo escuro, ela ficou de frente para o Espelho do Crepúsculo e gritou revoltada:

— Você mentiu!!!! Mentiu pra mim!!! – seus olhos se encharcaram com as lágrimas. – Disse que enquanto eu fosse a mais bela, todos me amariam!!! Me idolatrariam!!! Caí em sua conversa e me transformei num monstro!!!! UM MONSTRO!!!! Fiquei obsecada por minha beleza, fiz minha pequena enteada sofrer por isso e agora ela está lá deitada no meio na Floresta, à espera de um amor que talvez nunca mais volte!!!! EU fui responsável por isso!!! Tive inveja dela, fiquei com medo de que um dia a beleza dela superasse a minha e todos passassem a me ignorar por isso, mas agora eles me odeiam porque acabei com a vida dela!!!! Acabei com a vida da minha pequena Branca de Neve, que um dia eu amei tanto...Onde está a beleza agora??? De que adianta ser a mais bela sendo que eu destruí a vida de todos??? E a culpa... A CULPA FOI SUA!!! VOCÊ ME ENFEITIÇOU!!! VOCÊ ME AMALDIÇOOU!!!! ENCHEU-ME COM SENTIMENTOS QUE EU NÃO TINHA!!!! VOCÊ DESTRUIU MINHA VIDA!!!!!!!!! E ME FEZ DESTRUIR A DE OUTROS TAMBÉM!!!! ESPELHO MALDITO!!!!!!!

Enfurecida, revoltada e cheia de ódio, ela pegou uma cadeira e atirou-a com toda a força contra o Espelho do Crepúsculo, destruindo-o completamente em milhões de pedaços. Ela caiu de joelhos no chão e cobriu a face com as mãos e chorou amargamente durante horas. Midna pensou em tudo o que ela tinha feito até agora, nas crueldades e humilhações que ela fez a pobre e inocente Zelda aguentar, em toda a dor e angústia que ela havia causado ao rei, ao reino e à princesa. A Rainha não conseguia perdoar a si mesma por tudo aquilo que ela causara, tudo por causa da malícia, inveja e ambição causadas pela magia negra do espelho mágico. Ela se sentia uma idiota por ter deixado aquele espelho dominar sua mente e seu coração. Os erros que ela cometera eram imperdoáveis. Midna pensou que a única maneira de se livrar de toda aquela dor, de toda aquela culpa que ela estava sentindo era um castigo merecido. Ela lentamente levantou os olhos vermelhos, encharcados com as lágrimas e pegou do chão um fragmento do espelho quebrado, que tinha uma ponta bem afiada. Ela olhou cautelosamente para o caco, espetando o dedo em sua ponta afiada. Com as duas mãos, ela segurou o caco quebrado e aproximou a ponta afiada de seu peito. A última coisa que ela fez, foi levantar os olhos para cima, como se estivesse em oração e sussurrou suas últimas palavras.

— Eu não quero destruir mais vidas nunca mais. Tudo o que eu fiz é imperdoável. Vou pagar por todos os crimes que cometi e a morte é a única punição que eu mereço.

E assim, ela cravou o fragmento do espelho em seu peito, apunhalando seu próprio coração, matando-se. Seu corpo sem vida caiu no meio dos milhares de cacos quebrados do Espelho que havia envenenado seu coração.

—--

O sol brilhou no céu preguiçosamente, anunciando o início de um novo dia. Em um lugar longe, um jovem hylian de cabelos louros e vestes verdes olhava para a paisagem no horizonte. Ele parecia triste e estava com um olhar preocupado. A brisa leve soprava suavemente em seu belo rosto, como se tentasse aliviar a dor que ele estava sentindo, mas isso não o ajudou a se sentir melhor. Sua mente e coração estavam muito distantes de seu corpo físico. Era como se sua alma e seu corpo estivessem em lugares completamente diferentes. Ele suspirou tristemente, olhando para a bela paisagem à sua frente.

“Se ao menos Zelda estivesse aqui para ver isso... De que adianta eu estar em um lugar tão belo sendo que ela não está aqui comigo para apreciá-lo?”

Link apoiou a cabeça em suas mãos. Ele olhou para o chão e viu um pequeno camundongo curioso se aproximar dele.

— Você também se sente só como eu? – Link falou, olhando para o animalzinho. O camundongo olhou para ele com seus olhinhos pequenos e negros, como se estivesse sentindo pena do jovem.

Link estendeu a mão e o pequeno animal subiu pelo braço dele e se acomodou em seu ombro. O jovem hylian sorriu levemente para seu novo amigo animal.

— Pelo menos agora tenho companhia.

Ele voltou a olhar tristemente para o horizonte, seu coração doía profundamente com a solidão que ele estava sentindo.

Um pouco longe de onde Link estava, havia um acampamento, cheio de soldados do exército real em treinamento. Os jovens soldados haviam acordado cedo para iniciarem seus treinamentos e estavam todos reunidos em fileiras no centro do acampamento, aguardando as ordens de seu capitão.

O capitão caminhou calmamente, examinando cada soldado, até que ele percebeu que estava faltando alguém.

— Onde está Link? – o homem perguntou. – Já é a terceira vez que ele se atrasa para o treinamento.

Um jovem soldado, mais ou menos da mesma idade de Link, respondeu.

— A última vez que eu o vi, senhor, ele estava naquela mesma clareira aonde ele sempre vai para ficar isolado de todo mundo.

O capitão suspirou. Não era a primeira vez que Link se atrasava para o treinamento para ficar sozinho na clareira, distante de todo mundo. De todos os jovens do acampamento, ele era o único que não se concentrava nos treinos, não interagia com ninguém e sempre preferia ficar sozinho. Ele já não era mais o mesmo jovem cavaleiro que se destacava entre os demais por suas incríveis habilidades de esgrima. Era como se agora ele havia perdido toda a vontade de lutar, de viver.

— Fiquem aqui soldados. Eu vou ver o que há de errado com ele. – o capitão falou num tom sério.

— Sim senhor! – todos responderam em uníssono.

O capitão andou por uma trilha até chegar à clareira onde Link estava. Ele estava sentado em um tronco de árvore caído, observando o nascer do sol ao longe. O capitão se aproximou dele lentamente. O amigo camundongo de Link, percebendo a aproximação de alguém estranho fugiu assustado.

— Espere! Aonde você vai? – Link falou, vendo o ratinho correr para longe.

Sentindo a presença de alguém, ele olhou para trás e se deparou com o capitão que estava de pé, logo atrás dele. Assustado, ele se levantou subitamente e balbuciou, sem jeito:

— Capitão, d-desculpe-me, eu... eu já ia voltar para o acampamento mas eu perdi a noção de quanto tempo havia se passado e... e...

— Não há necessidade de desculpas, Link. – O capitão falou, interrompendo-o. – Você anda muito estranho ultimamente. Não fala com ninguém, vive se isolando de todo mundo, só quer ficar sozinho o tempo todo, não se concentra nos treinos... O que aconteceu com aquele bravo cavaleiro, que lutava com honra, coragem e bravura? Você era o melhor dos meus discípulos, mas agora você está tão depressivo, como se tivesse perdido a vontade de se tornar um cavaleiro de Hyrule. Achei que essa seria uma grande oportunidade para você melhorar suas habilidades, que essa seria uma ótima experiência pra você, que o deixaria animado, mas não é isso que eu estou vendo. Me diz, o que aconteceu com você? Por que você está desse jeito, tão desanimado para a vida? O que houve com o bravo cavaleiro que você costumava ser?

Link deixou escapar um suspiro triste. Ele olhou para o chão, desanimado e falou devagar.

— De que adianta ser um bravo cavaleiro sendo que esse cavaleiro teve que ser separado de tudo o que ele mais amava? – Ainda com um olhar cabisbaixo, ele suspirou tristemente e depois continuou. – Justo quando eu finalmente encontrei a mulher dos meus sonhos, eu tive que deixá-la para trás, sozinha, sofrendo com minha ausência... 

O capitão olhou para Link com pena. Não era obrigação dele estar ali. Era tudo por causa de uma ordem estúpida da Rainha. Ele não imaginou que isso fosse fazer Link sofrer tanto.

— Hmm... então você está assim por causa de uma mulher? – O homem pôs a mão no queixo, pensativo. – Eu bem que deveria ter suspeitado disso... Quem é essa mulher que conquistou seu coração? É Ilia? Malon?

O capitão sabia que muitas garotas da cidade tinham uma paixão secreta por Link, pois ele era o jovem mais belo, forte e corajoso do reino.

— Não, nenhuma das duas. Elas são apenas amigas.

— Quem é então? Eu a conheço?

— Acho que seria melhor eu não contar, por enquanto... – Link falou cuidadosamente. Ele não queria que o capitão soubesse que ele havia se apaixonado pela princesa de Hyrule e que ela estava escondida em sua vila. – Só posso dizer que ela é a mulher mais adorável, mais bela e mais incrível que eu já conheci em toda minha vida...

Link corou levemente. Ele nunca havia dito isso a alguém. O capitão olhou para Link e sorriu amigavelmente.

— Quem quer que seja essa mulher, ela deve ser mesmo muito especial pra você se sentir assim por ela...

— Com certeza. – Link concordou.

Após alguns segundos de silêncio o capitão colocou uma mão no ombro de Link e falou:

— Ei, Link, quero te dizer uma coisa. – o capitão olhou em volta para ver se não havia mais ninguém por perto e falou baixinho – Você não precisa ficar aqui, se você não quiser.

Link olhou para o capitão, incrédulo com as palavras dele.

— O quê? Mas isso não foi uma ordem da Rainha?

— Eu sei! Fale baixo para os outros não ouvirem! – o capitão sussurrou. – Ouça bem. É melhor você voltar pra casa do que ficar sofrendo aqui. Seu treinamento não renderia de qualquer maneira se você fica pensando nessa mulher o tempo todo. Tome, leve isto com você. – o homem deu a Link um saco cheio de rúpias. – Seja cuidadoso! Não deixe a Rainha descobrir que deixei você retornar, pois ela pode estar tramando algo terrível! Volte para casa Link. Seja feliz com a mulher que você ama. Eu tenho muito orgulho em ter sido seu mestre.

Pela primeira vez desde que havia chegado ao acampamento, Link se sentiu repleto de alegria. Ele apertou a mão do capitão amigavelmente.

— Obrigado capitão! Muito obrigado! Eu nem sei como lhe agradecer.

— Não tem de quê. – o capitão respondeu. – Sua égua está no estábulo. Entre pelos fundos, ninguém irá vê-lo.

Após se despedir do capitão, Link correu até o estábulo. Ele entrou sorrateiramente e montou em Épona. Em seguida, saiu cavalgando para longe do acampamento do exército. Antes de continuar a viagem, ele parou em uma pequena cidadezinha para comprar um anel de noivado para Zelda.

“Zelda terá uma grande surpresa quando me ver de novo. Eu a pedirei em casamento e então finalmente poderemos viver juntos para sempre!” ele pensou, cheio de alegria. Ele montou em Épona novamente e continuou sua viagem, ansioso para ver sua amada princesa outra vez, porém ele não estava ciente da surpresa desagradável que o aguardava quando ele retornasse...


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