So Damn Confusing escrita por ohhoney


Capítulo 11
Eleventh


Notas iniciais do capítulo

Aê, to ligada que as novinhas morreram de amor pelo Hyuuga depois da história do helicóptero. Pois é, nosso estimado capitão sabe como tratar uma dama.

Ok, podem parar de rir agora.



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No capítulo anterior: Momoi passa a noite na casa de Riko, e elas aproveitam para discutir os acontecimentos. No dia seguinte, as meninas saem com Kise e uns amigos (Moriyama-saaaaaaaan ♥) a fim de conhecer novas pessoas. Hyuuga decide mandar um recado nada convencional, pedindo à Riko que desça até a rua para falar com ela. Acompanhe agora a continuação.

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Isso é sério?

Eu digo, isso é sério mesmo? Tipo... Acabou de entrar um helicóptero no meu quarto. Um helicóptero. E agora Hyuuga-kun quer falar comigo.

Isso é mesmo sério?

Continuo olhando para o pedaço de papel. A letra de Hyuuga-kun está desleixada e borrada como sempre, e ainda confundo os "r" e os "s" dele porque a letra é um garrancho, mas acho... Acho fofo. Extremamente fofo. Tão fofo que estou sorrindo e meu coração 'tá disparando. Dobro o pedacinho de papel e o coloco na escrivaninha.

Dou uma olhada no espelho e ajeito nervosamente o cabelo. Vou até a janela e espio. Hyuuga-kun está parado de frente para mim com um controle remoto nas mãos, o helicóptero está pousado ao lado dele. Respiro bem fundo.

Ele quer conversar. Ok. Só conversa, certo? Não pode haver nada de errado nisso. Eu já disse um monte de vezes que não queria falar com nenhum deles no momento, mas... Sinto-me aliviada que alguém vai me dar uma explicação, fazer um pedido de desculpas, ou ambos, ou nenhum.

Sinto uma pontadinha de culpa de ter ignorado e ter sido tão fria com Teppei mais cedo. Droga. Bom, resolvo isso mais tarde.

Ajeito a camisa e paro na frente da janela. Dou um aceno pra ele, e consigo vê-lo sorrindo um pouco. No momento seguinte, a porta do quarto dele quase explode e Daichi entra gritando sobre alguma coisa e pegando o controle e o helicóptero, e sai do quarto batendo a porta. Não consigo segurar a risada.

Droga, como eles fazem isso comigo?

Hyuuga-kun aponta para a esquina do meu lado da calçada, e balanço a cabeça. Ele vira e sai do quarto.

Calma, Riko. É só conversa. Porque você está tão histérica? Relaxa. Seca essas mãos porque estão gosmentas de suor. Respira fundo, isso mesmo. Boa garota. Vamos lá. É só o Hyuuga-kun, o garoto com quem você viveu sua vida toda.

É só o Hyuuga-kun, que mal há?

Visto os sapatos e desço. Sei que se ficar pensando muito, não vai rolar. Papai está dormindo no sofá, então saio de fininho pela porta e respiro fundo o ar frio da noite. Ele me acalma o coração (mas só um pouco).

Hyuuga-kun está parado na esquina de costas para mim, olhando as árvores do parque. Aperto mais o casaco contra mim, e começo a andar. O chão está meio úmido e meu nariz começa a congelar, mas não ligo. Hyuuga-kun parece calmo a distância, e bem pensativo. Pergunto-me o que ele tanto pensa.

Ultrapasso o último poste antes de chegar perto dele. Hyuuga-kun vira-se para mim e me olha de cima a baixo, e sorri em seguida. Sorrio para ele também.

–Oi - ele diz e ajeita os óculos - Olha, eu acho que você tentou atacar o helicóptero do Daichi com isso daqui - ele me estende um livro - mas falhou miseravelmente.

–Ah - pego o livro das mãos dele. Cálculo 2. - Obrigada.

–Você sabe que ele ficaria puto se eu estragasse o brinquedo dele, né?

–A culpa não foi minha! Uma coisa entrou voando pela minha janela e eu tive de me defender.

–Sorte que você é péssima de mira - ele ri.

–Cala a boca, eu ganhei de você em um dos rounds de Resident Evil. - rio também.

–Hmm - ele põe a mão no queixo - Mas foi só um. Continua péssima.

Sacudo a cabeça e aperto o livro contra o peito. Não sei mais o que dizer, e evito olhar para ele.

Hyuuga-kun caminha até meu lado e senta-se na muretinha da casa da vizinha, e indica para que eu me sentasse também. Faço o que ele pede.

–So-Sobre o quê quer conversar? - pergunto.

Ele continua me olhando através dos óculos e eu me sinto um pouco desconfortável. Apesar disso, continuo olhando para ele também. Os olhos dele parecem meio tristes.

–Riko, eu sei que você provavelmente está brava agora...

–Não estou brava, só meio magoada.

–...E que me acha um total idiota...

–Mas isso você sempre foi.

–...E que talvez nem queira olhar pra minha cara...

–...

–...

Ele entrelaça as mãos e pisca algumas vezes.

–Desculpa - ele diz baixinho.

Engulo em seco e olho para meus pés.

–Não era pra você ter escutado aquilo. Aliás, não era nem pra gente ter encontrado o puto do Kiyoshi...

–Hyuuga-kun, por favor...

–Mas enfim. Eu queria pedir desculpas. Não sei se aquele idiota já pediu ou vai pedir, mas eu estou aqui me desculpando pelas coisas que falei e que você ouviu, e me sinto mal por você ter visto a gente brigar daquele jeito.

–Tudo bem - digo rapidamente, só para fazê-lo parar de falar.

–Sabe, Riko - ele suspira cansado, e começa rir - Puta merda, eu gosto de você há tanto tempo e justo quando eu estava pra te falar... - ele coça a nuca e olha para o outro lado - Aquele maldito tem a mesma ideia.

–Você gosta de mim faz tempo?

Estou boba. Estou idiota, pra falar a verdade.

–Ahn, bom... - ele ri sem graça e faz uma careta - Desde... Desde o oitavo ano...

Ai, droga. Droga.

Merda.

–Sério?

–Sério. Super sério.

–Ah... Bom...

–N-Não precisa falar nada.

Minhas bochechas estão pegando fogo e de repente faz tanto calor.

–É só que eu estava reunindo coragem, entende? Você sabe que eu sou cagão.

–É, eu sei.

–Eu precisei de um tempão pra perceber que gostava de ti, e quando eu me dei conta, não tive coragem de falar. M-Mas estou falando agora. Olha, eu gosto de você.

–Mas Hyuuga-kun - digo, e escondo a boca com uma das mãos - Eu já sabia disso - sorrio involuntariamente - Quero dizer, você já me disse isso, mas não que fazia um tempão.

–Ah.

Ele olha para baixo meio confuso, e eu mordo os lábios. Observo-o. O cabelo dele está molhado, ele provavelmente acabou de sair do banho. Ele usa o suéter de renas que a vó dele tricotou pro Natal passado, e os óculos continuam meio tortos. A expressão dele me deixa tanto relaxada quanto curiosa.

–Está pensando no quê? - sussurro.

–Que eu não queria que você tivesse que escolher. - ele responde baixinho, como se mal percebesse que estivesse falando - Que você provavelmente vai ficar com o Kiyoshi e eu vou sentar na calçada e bater palmas que nem um palhaço.

Coloco uma mão no braço dele.

–Que eu realmente não tenho jeito com garotas, e que você me deixa tão nervoso que eu nem sei mais do que eu 'to falando.

Solto uma risadinha.

–Que eu gosto de você pra caramba, tipo, pra caramba mesmo. Que... Que eu não me sinto bem sabendo que você não está bem, e que tem que passar por tudo isso sendo que a gente que está disputando. Na verdade, eu nem queria ter que disputar você com alguém (isso soa imensamente ridículo pra mim, mas cai bem em roteiros de comédias românticas ou dramas baratos).

–Hyuuga-kun... (bom, é verdade).

–E que eu odeio como você pensa que é culpada por estar gerando caos, mas na verdade a culpa é minha e do idiota do Kiyoshi. Principalmente minha, na verdade.

Meu peito parece pesar uns 200kg e eu me sinto péssima.

–Merda, eu falei tudo o que não era para falar. - ele me olha e ri da minha cara. Ele é tão idiota que não deixo de rir também - Já pensou em trabalhar pra polícia?

–Não, nunca pensei.

Ele aperta os lábios e dá de ombros, e me olha com aquele olhos de tom verde sujo. Droga.

–Riko, não quero que fique magoada comigo.

–Não estou mais magoada contigo, Hyuuga-kun. - sorrio para ele, e abaixo a cabeça - Só não queria que isso estivesse acontecendo.

–Desculpe.

–A culpa não é sua. A culpa não é de ninguém, ok? - chuto uma pedrinha e fecho os olhos. O ar gelado esfria minhas orelhas, mas meu coração continua batendo muito depressa. - Ok?

–Ok.

Sinto o dedo gelado de Hyuuga-kun tirando cabelo do meu rosto e pondo atrás da minha orelha. Encosto minha bochecha no ombro dele. Ah, ele continua com aquele cheirinho gostoso de desodorante masculino. Sorrio involuntariamente.

–Riko.

–Oi?

–Eu gosto de você.

–Eu também gosto de você, Hyuuga-kun.

–De verdade?

–De verdade.

O ombro dele sobe e desce num suspiro. A respiração dele bate no meu cabelo, e ele apoia a própria bochecha contra a minha cabeça. Hyuuga-kun está muito quentinho, e o suéter dele pinica, mas eu nem ligo. Nem ligo mesmo.

Eu gosto de verdade dele. E isso meio que dói um pouco.

Ergo a cabeça e ele me beija e eu beijo ele.

Meu coração já não bate rápido. Estou normal. Não suo, não estou com calor. Hyuuga-kun não me beija muito; ele só pressiona a boca contra a minha e depois se afasta e diz:

–Vem, vou te levar pra casa.

Não é como seu eu morasse muito longe, mas tudo bem, aceitei. Aceitei porque era legal andar de novo com Hyuuga-kun, e ouvi-lo dizer que sou ruim de mira e que deveria praticar mais atirando nos zumbis de Resident Evil. Concordei com ele.

Hyuuga-kun me deixou na porta de casa, e me deu um beijo na bochecha de boa noite. Acenei enquanto ele entrava em casa, e fechei a minha porta.

Papai já não estava no sofá, e a TV estava desligada. A única luz era a da entrada. Vi um papel grudado na parede ao meu lado.

.

Faça o que tiver que fazer. Se cuida. Te amo.

.

Sorri feito boba. Dobrei o papel e o coloquei no bolso. Bom, eu já estava vestida mesmo, não é?

São cinco para as onze da noite, e eu tenho escola amanhã. Mas, lamento dizer, o tempo agora é curto demais, e eu preciso correr. Preciso correr porque daqui a pouco ele pode não mais existir.

Fecho a porta cuidadosamente e corro. O vento é tão frio que meus olhos começam a lacrimejar, mas limpo o rosto e continuo correndo. Não há ninguém na rua; os faróis mudam de cor sozinhos na noite, sem nenhum carro para obedecê-los. Também não os obedeço. Está tão frio que é difícil respirar, mas não ligo.

Não ligo, porque o tempo é curto, e eu tenho tanto a dizer.

Dobro a esquina e conto as casas. Uma. Duas. Três. Quatro. A rua está escura e silenciosa, e tem um gato cinza em cima do muro. Pulo a gradinha de metal e vou pela grama dos fundos silenciosamente. A luz do quarto está acesa.

–Pss.

Ops, acho que foi baixo demais.

Pss.

Ouço barulhos de movimento, mas nada ainda. Ok, mais uma vez.

Pss.

A janela é aberta, e Teppei coloca a cabeça para fora. O cabelo dele está bagunçado, e ele provavelmente está de pijamas. Ele arregala os olhos e abre a boca quando aceno. Ergue a mão rapidamente e fecha a janela.

Continuo esperando do lado de fora por mais alguns minutos até que a porta dos fundos se abre, e Teppei praticamente me empurra para dentro de sua casa. Ele fecha a porta da cozinha.

Você está louca? - é a primeira coisa que ele diz. Rio.

–Olha, é bom te ver também.

Ele pega nos meus ombros e esfrega meus braços.

–Caramba, você 'tá tremendo.

Ele tira o próprio casaco e o põe em mim. Nem tinha percebido que estava batendo dentes de tanto frio.

–Obrigada.

Teppei tem a testa franzida e me olha como se tivesse tentando entender porque a grama é verde ou o céu é azul.

–O que está fazendo aqui?

–Q-Quis te ver - confesso - E preciso falar contigo.

–Ah...

–Teppei, desculpa por ter te ignorado hoje mais cedo. Não foi minha intenção. Eu só estava...

–Magoada?

O tom de voz dele é que é magoado. Os grandes olhos castanhos dele estão tristes, e ele me olha como se sentisse dor em algum lugar.

–Confusa - esclareço.

–Riko, eu que tenho que me desculpar - Teppei pega na minha mão e me coloca sentada numa cadeira. Ele puxa uma para perto de mim e senta na minha frente - Sério. Desculpe. Não deveria ter brigado com o Hyuuga daquele jeito, foi idiota. E não deveria ter dito todas aquelas coisas como se você não estivesse lá.

–Tudo bem, Teppei. A gente não deveria ter feito um monte de coisas.

–É só que eu gosto tanto de você, Riko.

Ele pega na minha mão de novo, e me olha como se tivesse esperando para saber se tinha dado a resposta certa a uma pergunta importante. Quase rio da cara dele.

–Eu também gosto de você, Teppei.

–Riko. - ele diz meu nome como se pesasse mil quilos - Não quero que se sinta triste. Nada disso é culpa sua, tá? É sério.

–Não vou negar que não queria que isso estivesse acontecendo. Odeio. Odiei aquela coisa na rua, e também me odiei por um tempo, sabe? Até odiei vocês dois, idiotas.

Teppei engole em seco e arregala os olhos.

–Mas eu não posso odiar vocês. - continuo, e sorrio sem motivo - Não consigo. Teppei, você e o Hyuuga-kun são especiais para mim; de jeitos diferentes, mas são. Acima de tudo, a gente é um time, sabe? E a gente tem que ficar junto, e permanecer junto.

–Riko, eu...

Abro a boca para continuar, mas a expressão que ele faz me impede de dizer qualquer coisa.

–Você gosta de mim e dele, não é?

–Não vou mentir, Teppei. Eu gosto dos dois. Gosto na mesma intensidade, mas de jeitos diferentes. Como poderia gostar do mesmo jeito? Você e Hyuuga-kun são pessoas diferentes, ainda bem.

–Não queria que você tivesse que escolher entre a gente - ele diz baixo e olha para o lado -, quase morro com essa coisa. Não é justo com você, Riko. Essa disputa, por mais idiota que pareça, é nossa e você não tinha que estar metida nela.

–Mas estou, não estou? - meu sangue ferve de repente - Vocês estavam aí brigando feito duas crianças, mas no final sobraria pra mim, não é? Eu que teria que decidir. Teppei, eu estava metida nisso desde o começo. Vocês dois só foram idiotas o suficiente pra não perceber.

Parece que a ficha dele cai, porque ele me olha de um jeito tão antônito e besta que fico preocupada. A mão dele está fria contra a minha.

–Desculpe - ele sussurra de novo.

–Isso não tem mais importância. - sacudo a cabeça - É passado. Olha, preciso ir pra casa agora. Está tarde e amanhã a gente tem aula.

–E-Eu te levo lá - Teppei diz rapidamente e se levanta junto comigo.

–Não precisa, eu vou sozinha. - tiro o casaco que ele me deu e o coloco em suas mãos. Ele ainda parece meio bobo - Obrigada mesmo assim. Ah, e obrigada por conversar comigo, Teppei. Sabe?, esclarecer as coisas.

Sorrio para ele e ajeito a roupa mecanicamente. Teppei dá dois passos e abaixa para me abraçar. Ele me aperta tão forte que mal consigo respirar, mas isso são detalhes. O cheiro de sabão dele é reconfortante, e o sinto passando o nariz pela minha clavícula.

Ele me solta e se ergue para me olhar, mas não o faz por muito tempo, porque abaixa logo em seguida e me beija contra a parede, segurando meu rosto.

Se eu me sinto uma vadia por ter beijado dois caras no mesmo dia?

Não.

Não me sinto, e não sinto o menor remorso. Na verdade, até fico feliz que isso tenha acontecido, porque provavelmente vai ser a última vez.


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Notas finais do capítulo

Depressão pós-fic já está batendo aqui ;-; Lembrando que esse é o penúltimo capítulo, e logo logo teremos a incrível conclusão desse perrengue todo. Espero que tenham gostado, até a próxima