Emily era uma garota normal, seja qual for o sentido que essa palavra tenha atualmente. Ela não bebia, não fumava, tirava boas notas, possuía bons amigos e uma vida comum. Havia apenas um problema em Emily: ela era apaixonada em se apaixonar.

Como da primeira vez em que viu a foto de um garoto e logo não parava de pensar nele, ou então como daquela vez que ela cruzou com um moço na rua e eles se esbarraram. E da para acreditar que ela queria se esbarrar com ele de novo?

Mas havia aquelas vezes em que ela não era apaixonada, mas fingia se apaixonar. Ela não sabia porque, mas precisava desse sentimento. Sempre. Parecia que queria mostrar a todos que estava apaixonada, mesmo sabendo que ninguém se importava.

Ah!, mas como Emily sofria. Era um coração quebrado, um não, uma porta na cara, uma exclusão. E, mesmo assim, a garota não desistia. Ela se apaixonava de novo, e de novo, e de novo.

E nem falemos dos beijos! Esses sim faziam com que Emily enlouquecesse. Era um beija para cá, um beija para lá. Não parava nunca. Chegava a um ponto em que seus lábios ficavam tão inchados que as pessoas perguntavam se alguma abelha a havia picado.

Deus! Pobre Emily! Ela não conseguia se conter. Na verdade, ela consumia aquilo, aquelas sensações. Ela consumia cada sabor de uma boca - àlcool, tabaco, doce, salgado, azedo -, cada cheiro que exalava o corpo de uma pessoa, cada particula humana que ela conseguia acarretar para si mesmo.

Pobre Emily, que descobriu recentemente que estava morta. Deve ser por isso que ela adorava se apaixonar, beijar, abraçar. Ela queria tudo de volta, todas as sensações que seu corpo carnal havia perdido.

E dá para acreditar? Emily era ainda mais apaixonada na vida.