Christian ajustou o cronômetro para cinco minutos, ele tomou uma ducha gelada, foi ao closet pegou um de seus tradicionais ternos cinza, puxou uma gravata, se vestiu rapidamente, foi ao escritório pegou sua pasta, resgatou o smarphone, Anastasia ainda estava deitada no sofá, ele se aproximou vagarosamente e lhe deu um beijo superficial nos lábios que sorriram, o smartphone começou a vibrar e ele acelerou os passos, rumo a garagem.

–Quantas multas receberei hoje? – Christian murmurou enquanto o semâforo fechava e ele resolveu acelerar e deixá-lo para trás, conseguiu se livrar do trânsito estacionando às nove horas da manhã em sua vaga privativa. Deu a volta e tomou o elevador de serviço, subiu as escadas e entrou pela porta lateral como se estivesse no terraço do edifício, com passos largos e decididos passou pela Srtª. Miller que o aguardava ansiosa.

–Bom dia sr. Grey, a webconference com a Katana Corporation começará em cinco minutos, tomei a liberdade de acompanhar o sr. Usui e deixá-lo conversando com seus colegas.

–Bom dia Srtª. Miller, eles chegaram à muito tempo? – Christian franziu as sobrancelhas preocupado com seu cliente.

–O sr. Usui veio sozinho – Srtª. Miller respondeu enquanto Christian piscava tentando assimilar a frase.

–Estou indo para a webconference – Christian avisou pegando o arquivo em sua pasta e o projeto em sua mesa – Srtª. Miller poderia me trazer um café?

–Claro sr. Grey – a secretária o acompanhou até a porta da sala de conferências, a abriu e Christian entrou.

–Sr. Usui, Srs. Ohayo Gozaimassu – Christian cumprimentou os japoneses.

–Ohayo Gozaimassu – Sr. Usui abaixou a cabeça e sorriu – Hoje o Harada kun será o nosso intérprete.

–Harada? – Christian repetiu olhando para o telão e um rapaz ergueu a mão e acenou sorrindo.

–Kaito Harada, prazer em conhecê-lo Sr. Grey, hoje estarei à disposição de vocês, espero que tenhamos uma reunião produtiva – o rapaz se aproximou da webcam e se apresentou, tomando uma cadeira um pouco a frente do grupo.

–Prazer em conhecê-lo, espero que possamos fechar nosso acordo com sucesso – Christian respondeu sorrindo.

A reunião teve início, após a leitura do contrato, os especialistas de marketing da GEH fizeram a apresentação da linha de produtos que seriam oferecidos à spas, clinicas de massagem, quiropráticos e afins antes de serem lançadas aos consumidores finais, Sr. Usui pessoalmente verificou as embalagens e as aprovou, junto com o logo que foi criado. Os produtos alimentícios geraram mais trabalho, os representantes dos produtores japoneses não gostaram das embalagens desenvolvidas, nem da distribuição planejada, portanto, voltariam para a prancheta e a equipe de Marketing e eles fariam novas reuniões para criarem as embalagens que agradassem à todos.

Mesmo com os contratempos o acordo e o contrato foram assinados e a GEH seria a representante oficial dos produtos Katana no mercado americano. A reunião chegou ao final Sr. Usui agradeceu pela presença de todos e quando saíram da sala de conferências, Christian o convidou para juntar à ele para um café em seu escritório.

–A Srtª. Kurokawa está bem? – Christian perguntou.

–Aya está com dor de cabeça – Sr. Usui sorriu – Christian – Sr. Usui abriu sua maleta e retirou uma caixa embalada em um exótico papel de presentes, feito com a técnica de origami era preso apenas pelo laço na parte superior – esse é um pequeno agradecimento, obrigado pela viagem, pelo hotel, por cuidar pessoalmente e quando for ao Japão, pretendo lhe retribuir essa gentileza, se me permitir. – Sr. Usui curvou respeitosamente a cabeça e entregou a caixa nas mãos de Christian.

–Nossa, como se abre? – Christian observava a caixa em suas mãos e a embalagem, cuidadosamente balançou a caixa – estou curioso, o que será?

–Puxe o laço – Sr. Usui sorriu com o comportamento de Christian que parecia uma criança recebendo um presente.

–Uau... – Christian desembrulhou a caixa e abriu a tampa – Whisky Santory.

–Sim, você sabe que esse é o ganhador do prêmio internacional de whisky's que acontece todos os anos? – Sr. Usui disse com um grande sorriso nos lábios.

–Você me trouxe um campeão? – Christian arregalou os olhos sorrindo.

–Sim, Aya escolheu esse presente, antes de conhecê-lo, como sempre ela está certa – Sr. Usui deu um sorriso.

–Eu fico agradecido e apesar de ser um pouco incomum, vamos experimentar esse presente? – Christian pegou o telefone e avisou a Srtª. Miller traga copos com gelo e suspenda o café.

–Sim Sr. Grey – Srtª. Miller respondeu.

Pouco tempo depois quando Christian e sr. Usui se despediram pela última vez promessas foram feitas, novas webconferences iriam acontecer e assim, o japonês deixou o escritório e Christian retomou seu dia-a-dia. Sr. Usui e Aya haviam agendado o vôo de volta para aquela mesma noite e, Christian deixou Jason a disposição deles, para compras ou passeios.

–Jason, como está sendo seu dia? – Christian ligou para o guarda-costas no final da tarde.

–Christian, levei o Sr. Usui de volta ao hotel e ele não entrou em contato novamente, se precisar de algo... – Jason respondeu automaticamente.

–Não teve nenhum contato com a secretária? – Christian deixou a curiosidade falar mais alto.

–Ele usou o telefone mas falou em japonês, desculpe – Jason explicou.

–Está bem, leve-os ao aeroporto e certifique-se do embarque – Christian agradeceu e desligou o telefone.

O dia foi produtivo, reuniões, acordos, contratos e como sempre muitas mensagens de Anastasia, no fim do dia Christian voltou para o apartamento pensativo, tomou um banho e vestiu jeans, camisa branca e pegou a garrafa de whisky que sr. Usui o presenteara, preparou o whisky e sentou no sofá onde havia adormecido na noite anterior, pensou em tudo que estava acontecendo e lembrou de Aya, seu dia-a-dia. Uma mulher de 38 anos, como seria quando ele chegasse lá? Como seria sua vida? Christian deixou o copo sobre a mesa de centro e se deitou no sofá, fechou os olhos e inspirou o ar profundamente, segurou a respiração por algum tempo e viu os reflexos da luz através do cristal do copo criarem prismas, ele tentou se imaginar com 38 anos, estaria casado? Teria filhos? Ainda seria um dominador? Ele não conseguia ver nada além de Anastasia, seus olhos, seu rosto, seu sorriso o acompanhavam, Christian abriu os olhos e sorriu pegando o copo.

–10 anos... – Christian falou rindo mastigando uma pedra de gelo – Parece que eu gosto de brincar com Anastasia mais do que admito.

Terminou o whisky e desceu rumo à garagem, faria uma surpresa e a interceptaria na volta do trabalho. Christian procurou uma vaga próxima ao estacionamento da editora e esperou. Poucos minutos depois Anastasia saiu da editora rindo, seu acompanhante era um homem com cerca de trinta e poucos anos, cabelos louros escuros, óculos, vestia uma camisa xadrez, jeans e jaqueta de couro, em seu cotovelo estava um capacete preto e ele sorria olhando para Ana de um jeito que fez Christian ranger os dentes, apertou os dedos no volante até ficarem doloridos e se obrigou a continuar observando de longe, afinal de contas, após o rompimento, ele precisava aprender a deixar ela cuidar de seu próprio traseiro, só assim ela saberia onde estava se metendo. Christian descobrira da pior forma que ele não era seu cavaleiro de armadura brilhante que surgia a todo momento para alertá-la do perigo, como ele havia revelado as acusações de Anastasia à Elena e, ela havia lhe aconselhado se afastar da vida profissional de Anastasia, deixá-la viver antes que ele se tornasse um controlador sem limites, Christian travou a mandíbula mas sabia que Elena estava certa, que ele precisava superar seus sentimentos de posse para poder enxergar o relacionamento que Anastasia lhe convencera existir com sua determinação, sua bondade e ingenuidade que o cativara à duras provas de amor e submissão... Christian respirou frustrado e olhou para os dois, o homem estava em sua moto e a estacionara ao lado do carro de Anastasia, se apoiara em sua janela e continuavam conversando, naquele momento ele parecia ser fascinante, provavelmente o escritor que Ana havia comentado nas noites anteriores, ela havia esquecido de mencionar que ele era charmoso e cheio de más intenções, Christian sorriu enraivecido, como seria possível confiar com uma pessoa tão inocente? A imagem de Aya lhe veio a mente e seus instintos dominadores ainda não haviam se convencido que Aya era ou havia sido uma submissa. O que acontecia ali? Christian olhava para a cena e tentava se convencer do quanto ele estava sendo controlador, por isso resolveu voltar para casa e esperar que Ana fosse para o apartamento conforme havia lhe informado em suas mensagens, voltou para a casa e foi para o escritório, releu as mensagens de Ana, sempre mexia com ele, doce, exótica, erótica. Christian queria beijá-la e lhe castigar por rir daquela maneira, era injusto, rir daquele jeito, seu sorriso, seus olhos, ela despertava coisas tão contraditórias em Christian que ele sabia que teria que se controlar para não machucá-la.

Ana chegou alguns minutos depois, abriu a porta e se deparou com Christian sentado no sofá lendo um livro.

–Então... Ganhou um whisky de presente? – Anastasia cheirou o copo em cima da mesa.

–Sim, experimente... – Christian sorriu e olhou para seus olhos – Como foi seu dia?

–Cansativo – Anastasia provou o conteúdo e fez uma careta – prefiro cerveja.

–Cansativo? – Christian passou a língua pelos lábios e os mordeu se obrigando a ficar calado.

–O que foi? – Anastasia provocou cerrando os olhos observando a expressão de Christian – o que aconteceu? Ficou bravo com alguma mensagem que enviei?

–Não, não se preocupe, problemas no trabalho – Christian sorriu puxando Anastasia para seu colo, você está fedendo à livros, vá tomar um banho.

–Espero que não seja com a secretária japonesa que você queria "foder" – Anastasia arregalou os olhos e se levantou saindo da sala.

–Aquilo que eu disse ontem incomodou tanto você? – Christian se apoiou no batente da porta enquanto Anastasia se despia.

–Christian, você prometeu... – Anastasia murmurou – Ontem disse que não iria cumprir, eu não sei por quê estou aqui, não sei por quê...

–Oh... acho que seu amigo seria boa companhia para você – Christian falou exaltado.

–Amigo? – Anastasia balançou a cabeça – Você estava me vigiando ou mandou alguém?

–Pensei em lhe fazer uma surpresa e fui surpreendido com suas risadas, parecia muito interessante o que aquele homem dizia, a forma que você ria... – Christian praticamente cuspiu as palavras.

–O que devo fazer? – Anastasia murmurou – Você acha que todo homem que se aproxima de mim quer "minha calcinha", eu já disse que é você que se aproxima de uma mulher querendo "fodê-la", você que é pervertido, você que é obcecado por controlar as pessoas...

–Anastasia Steele – Christian agarrou os braços de Anastasia e travou a mandíbula antes que a estapeasse – Você é cega demais para enxergar o mundo como ele é...

–Me solta Christian, eu não gosto quando você se aproxima assim de mim – Anastasia forçou o braço para frente tentando se libertar de Christian.

–Tome seu banho e vá embora – Christian murmurou soltando os braços de Anastasia com as narinas infladas, seu smartphone vibrou e ele atendeu abruptamente – O quê aconteceu?

–Christian ligarei depois – Jason murmurou.

–Pode falar Jason – Christian deu as costas para Anastasia e saiu do banheiro.

–Os japoneses acabaram de embarcar – Jason murmurou.

–Tudo saiu como o previsto? – Christian perguntou.

–Você pediu alguma coisa para a mulher? – Jason perguntou soando incerto.

–Não, o que aconteceu? – Christian perguntou franzindo a testa.

–Ela mandou lhe entregar uma caixa em mãos – Jason murmurou.

–Está com você? – Christian perguntou.

–Sim... Devo levá-la até você ou deixá-la no escritório? – Jason perguntou.

–Traga para mim... – Christian murmurou passando os dedos pelos cabelos.

–Estou indo – Jason respondeu desligando o telefone.