Pequeno pica-pau escrita por Tachibana Aoi


Capítulo 1
Como ele foi chamado de pica-pau


Notas iniciais do capítulo

Creio que essa foi a primeira poesia que postei no site, quando mal o tinha conhecido. Apesar de ser antiga, eu super gosto dela xD então decidi só mudar as notas, de ultimato.



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Naquele dia
Uma vida bela
Mas tão mal vivida
Talvez iria em vão
Ou não


Desce as escadas ao som do piano
Olha para cima, vê um teto preto
Naipes de cartas enfeitando as paredes
Naquele labirinto irá se perder
Capturam-lhe as redes


Sua mente se entrelaça
Seus olhos se abrem
Se realçam
Naquela canção, será
Naquele piano, se perderá
Num dia qualquer, com nuvens qualquer
Na fumaça que cobre a cidade
Quem sabe ele voltará
E se encontrará


Pobre garotinho
Que desce as montanhas de teias
Que desce as dunas de areias
Que de um lado vê um deserto árido
De outro um polo gélido
Coitadinho desse animal


Sua boca foi envenenada


Seus pulmões foram envenenados


E num balançar, seus amigos se foram


Pelo veneno que ele se implantou


Pobre garotinho


Coitadinho


Ele tenta escapar
Mas a luz no fim do túnel não virá
Ele tenta amar
Mas ele não é ele mesmo, e nem será
Ele tenta falar
Mas quando ele tentar, sua voz não sairá
Pois não sabe falar
Pois não sabe o que é voz
Pois ele foi envenenado
Pobre garotinho


Naquela ilusão, preso
Já se acostumou com a dor da solidão
Naquele sótão, aceso
Já se acostumou com a insônia; suas noites em vão
Naquele porão, vazio
Não há ninguém lá, não há um coração lá


O que fazer
Ele não sabe
Ele quase desiste
Como se não houvesse outra vez
Ele tenta se levantar
Mas cai outra vez
Pois não há; ninguém para se apoiar
E para o ajudar


O que comer então?
Qual será o final daquela canção?
Pobre garotinho
Seus tímpanos ouvem sempre a mesma coisa
Agradecido será; se aquela canção parar


Para onde olhar?
Se as paredes estampam as mesmas coisas
Para quem olhar?
Se não conhece ninguém, nem as mesmas
Que o aprisionaram ali
Quem será que o aprisionara ali
Quais serão os que o aprisionaram ali
O que será que o aprisionara ali
Não se sabe


O que pensar
Se não sabe quase nada
Se seus saberes se ressumissem ali
Só sentira aquilo ali
Pesar e solidão
Pesar não se sabe de quê
Solidão se sabe de quê
Ou não saberá
O que será solidão para ele
Se é parte do seu dia a dia


Como descrever as cores?
Se ele não sabe nem como é o amarelo do sol
O que é sol?
Onde fica o sol?
O que é sol?
Como é o sol?
Ele é uma pessoa?
Ele é importante?
O que é o sol?
Eu quero saber.


O vermelho das lycoris ardentes
Nunca tomaram seu rosto
Nunca sentira vergonha
O que é vergonha
É de comer?
Que gosto tem?
Que cheiro tem?
Também quero saber.


Essa gaiola, de paredes negras
Já lhe esfriaram o máximo que conseguiram
Suas grades, trincadas.
Seu ferro, enferrujado.
Seu cadeado, intacto
Suas correntes, gastas
Seu passarinho, que bica as grades
Coitadinho dele, pequeno pica pau.


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Notas finais do capítulo

So that is it



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