The Witchcraft escrita por Grey


Capítulo 2
Mandala de Sangue


Notas iniciais do capítulo

Opa, finalmente voltei! Sentir como se meu afastamento durasse anos, mas nunca passei muito tempo sem pensar no meu conto “Witchcraft”, já que criei este perfil especialmente pra ele. Parece que finalmente a preguiça me deixou escrever mais um capítulo e agora vou me esforçar pra seguir uma conduta hahaha.
Neste segundo capítulo ainda estamos abordado o passado e como tudo se ambientou no universo da fic, este é um capítulo que apresenta uma importantíssima parte da historia. Então vamos lá, boa leitura pessoal.



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Aqueles que a noite observasse a cidade do meio em uma visão aérea poderá perceber a maior concentração de luzes totalmente centralizadas, ali estava o cérebro de todo o sistema e seus comandantes. Em meio às trevas ergue-se uma construção imponente, suas luzes pálidas contrastavam com a noite sem estrelas e nuvens carregadas e poluídas. Ao redor do imponente edifício, prédios menores salpicavam a área, era como um labirinto de pedra, cheio de setores, módulos e pavilhões, tudo isso era cercado por uma muralha com paredes inclinadas e repletas de androides altamente armados e câmeras que circulavam por toda a parte, como esferas negras voadoras. Ainda na muralha, podia-se ver uma rede eletrônica que era usada como um enorme campo de força, bloqueando também influências de ondas espiãs e o mais importante, bloqueava campos externos de probabilidade alterada, carregados de energia quântica, ou seja... Magia.
No prédio principal que também era o mais alto, estava preste a ocorrer um acontecimento apocalíptico, em seu interior centenas de pessoas trabalhavam sem parar nem mesmo por um instante, todas bem vigiadas por câmeras e supervisores. Em andares mais a cima, jovens tecnopatas estavam presos a seus computadores, máquinas tão racionais quanto qualquer ser humano, de lá eles monitoravam todos os estados.
Subindo mais andares, salas e passagens escuras secamente decoradas, no final de um longo corredor coberto por placas de aço polido, havia uma sala de reunião; seus móveis e decoração davam-lhe um requite especial; Da base da parede até a metade era coberto pelas mesmas placas de aço do corredor, a parte de cima era pintada de bege. No ponto de junção entre as paredes e o teto, havia uma fenda luminosa na qual se passava muito fios eletrônicos. Um quadro com flores roxas pintadas tentava dar um pouco de vida a sala, tentava em vão. No centro uma mesa comprida de madeira escura e muito limpa, brilhava na fraquíssima iluminação, estava cercada por muitas cadeiras metálicas sem pés, que flutuavam todas vazias e paradas. Havia uma única figura presente, estava em pé ao lado da mesa, os braços cruzados e cabeça baixa davam-lhe um ar soturno. Era um homem vestido socialmente em um terno negro inglês de lã fria, como a maioria das pessoas dali. No rosto uma expressão de total preocupação estava estampada, mordia o lábio superior e a respiração era pesada, estava claramente em confronto.
A pouca iluminação do local vinha das fendas nas paredes e do fraco luar que entrava por uma enorme janela de vidro tomando toda uma parede; dessa janela dava para observar grande parte do complexo da cidade do meio, a altura elevada fazia com que as pequenas edificações que rodeavam o prédio principal parecessem caixas de papelão como um labirinto geométrico, todas tomadas pelo negrume da noite e do ar poluído.
Na penumbra o homem finalmente se meche, o rosto conflitante ganha um ar decidido, ele olha pela janela, sério, como se afirmasse algo a si mesmo. Bruscamente descruza os braços e vai até um dos cantos da sala. Na parede em que uma enorme tela negra estava fixada, havia uma pequena mesa de canto redonda em madeira e sobre ela, uma esfera lisa prateada tomava todo o tampo da mesinha. O homem para em frente a ela estendendo sua mão direita, mas em um instante cessa seu movimento, estava hesitante... Suspirou profundamente e sem ouvir suas vozes internas, coloca a palma direita a centímetros da esfera; aparentemente nada acontece, ele olha tenso para a parede na sua frente e dá três passos para trás, em segundos a parede transforma-se em uma malha digital que vai desaparecendo aos poucos, logo era como se nunca existisse ali... Agora mais um escuro corredor encarava-o.
Os passos solitários ecoavam macios, porém firmes, ele não desistiria agora. No final do corredor, virou a direita para passar por mais um corredor menor e finalmente chegar a um saguão com um balcão vazio cheio de computadores, três salas trancadas e mais recuado o que parecia um elevador de cargas cercado por grades. Forçando um pouco ele puxa uma das grades, entrando logo após; um pequeno aparelho no teto do elevador é acionado, lembrava uma câmera, ele projeta uma luz, como um scanner que atinge a cabeça do homem e sem precisar acionar nenhum comando eles partem vários andares a baixo até o subsolo. Lá havia mais e mais setores secretos, eram cômodos escuros iluminados discretamente, ele andava a passos rápidos, passava por salas de portas trancadas com escotilhas de vidro; em uma das salas podia-se ver através da escotilha, pequenos andares formados por grades e neles milhares de telas computadorizadas, jovens sentados em fileiras em frente a essas telas, todos carecas, sem expressões alguma, não tinham braços, vestiam todos, malhas brancas na quais tubos e fios os ligavam a mais máquinas... Apenas olhavam para as telas, enquanto milhares de números eram computados; outra sala, porém estava repleta do que pareciam provetas gigantes, encontrava-se escura, a única luz vinha de um líquido verde fluorescente das provetas. Mais e mais passo, agora passara por um espaço grande apinhado de androides humanoides, ao fundo mais uma porta pesada com escotilha, os robôs a guardavam e não se interessava a olhar para o homem que continuava a andar com firmeza por um caminho bem conhecido, o rosto sem expressões afastava qualquer pensamento que o desencorajasse.
Finalmente chega ao seu destino, mais uma porta idêntica as demais, parada a sua frente, o homem puxa por debaixo da gola abotoada um cordão com um saquinho de fibras amarrado ao pescoço, algumas partes do saco estavam escuras como se algo apodrecesse ali dentro; ele põe o saquinho entre as mãos perto do peito, fecha os olhos e diz com uma voz alta e firme “Hannibal Ad Portas”. Quando volta a abrir os olhos nada mais impedia sua entrada na sala... Dessa vez caminhava com mais cautela, até se encontrar em uma sala vazia e totalmente escura, como uma caixa negra, a porta que outrora existia em suas costas não estava mais ali, só havia o vazio e o silêncio perturbador.
Respira fundo e lentamente caminha para o nada, as trevas eram tamanhas que quase podia ser sentida na pele. Agora não tinha mais volta, teria que fazê-lo; a mão trêmula tira do paletó uma faca mediana de lâmina grossa e cabo preto, a julgar pelo metal tão reluzente, aquela lâmina jamais cortara nada. Segurava com muita força o cabo porque a mão tremia exageradamente, com a testa enrugada e olhos apertados, corta-lhe o dedo anelar da mão esquerda em um gemido mudo. O dedo cai rolando no que seria o chão e o espaço decepado da mão jorra um jato fino de sangue espesso e escuro; o líquido é instantaneamente absorvido pelas trevas como uma esponja, alguns segundos depois, o homem enrola a mão em um lenço que carregava consigo enquanto sob seus pés, inscrições e símbolos antigos começam a se formar, eles brilhavam em uma luz púrpura, até formarem uma enorme mandala no qual o homem era o centro. Ele observava tudo muito sério, como se não importasse com nada, o cheiro inebriante do sangue incensava o local, um arrepio toma-lhe o corpo para terminar na nuca, aos poucos a mente do homem se torna cada vez mais lenta, como se embebedasse da própria situação, vai perdendo o tato até que entra em um estado de consciência alterada.
Em transe, perde a noção de tempo e espaço, não sabe quanto minutos ou horas estava ali em pé e aos poucos retoma a consciência, porém não se encontrava no local de antes. Podia sentir um vento tão frio que cortava-lhe o rosto, seus pés pisavam terra fofa e grama, o ferimento da mão estava dormente. Encontrava-se em um campo aberto, sem árvores ou sinal de animais, apenas dunas verdes. O céu escuro não tinha estrelas nem a própria Lua, ainda era o centro da mandala, mas agora não estava sozinho... Em sua frente formava-se um círculo vertical feito de vapor, nele havia presa uma garota nua, com braços e pernas abertas; a pele dos membros estava roxa, como se ali houvesse correntes apertadas, os cabelos loiros escuros caiam como ondas pelos seios, então suspende a cabeça olhando diretamente para o homem.


— Este é o último encontro, tenha consciência de que tudo o que fizer agora, seja a desistência ou a corajosa continuidade, mudará a sua vida e da sua geração para sempre. — A garota dizia, mas a voz que saia de si era masculina.


— Estou completamente decido, e a mim, seu amo, deve obediência! — O homem afirmava tentando parecer o mais firme possível!


— A preparação fora longa, os sacrifícios aceitos, mas nada mudará sua condição medíocre e submissa no universo! — Neste momento o homem, sentia inúmeras presenças fora do círculo e ouvia gemidos tenebrosos, mas esforçou-se para não se intimidar e dar atenção.


— Nesta existência seus poderes me pertencem, não pode me desobedecer! — O homem ainda com o olhar fixo na garota, tateia o paletó e tira uma vara de madeira bifurcada como um “Y” do seu bolso interno, fazendo um desenho no ar; sua mão estava trêmula.


— Cumpriu corretamente como escrito pelos seus, a milênios atrás, mérito lhe são dados. Pelo pesar, agora domina os espíritos e Djinn do ar e da terra... Não volte a me torturar com a vara! — A voz parecia um pouco amedrontada do que anteriormente.


— O pacto deve ser confirmado! Hoje assino a última sentença. — Risos poderiam ser ouvidos fora do círculo. O homem mais uma vez mete a mão no bolso e tira uma moeda dourada dele, atirando-a com força para fora do círculo. No mesmo instante os risos e gemidos sessão.


— Humano; pela magia de seu mundo, pelas chaves empregadas e pela ligação sanguínea com o receptáculo... O pacto está feito!


O homem caminha trêmulo até a garota e a golpeia com a faca ainda melada com o seu próprio sangue diretamente no coração da menina, instantaneamente o vento se enfurece e a mandala de luz apaga-se... A garota jazia ao chão com a respiração pesada, o homem corre até ela, ajoelhando-se, afagando-lhe a cabeça.


— Papai, eu fiz tudo o que pude... Eu-eu não queria ser assim... Vo-você se perdeu por minha... Cau-sa papai... Agora saiba usar o que tem...


O homem não lhe dizia nada, apenas acariciava sua testa e cabelos observando-a, então como o despertar de um sonho, ele se viu sozinho e ferido, de volta ao subsolo da cidade do meio, mas agora, não sentia mais dor.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, enrolei um tempão pra voltar a escrever, mas prometo que serei mais ativo agora hahaha, as ideias estão estourando!
Aah se interessou pelo tema mais sombrio? Então esperem ver muitas coisas inspiradas na magia goética e cerimonial, além de muita ação nos próximos capítulos.



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