Minha luz escrita por Larissa das Neves


Capítulo 10
Hate


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, desculpe a demora pra postar. Eu tenho dois seminários da faculdade pra montar (em um deles eu sou coordenadora ¬¬) e ainda to me preparando pra semana da enfermagem na minha faculdade onde minha sala vai ter que apresentar trabalhos pro corpo discente e docente INTEIRO DE LÁ! PQP!
Surtos a parte, leiam com moderação! :3



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Cadu se perguntava pela milésima vez o que se passava na cabeça de Clara. Não conseguia entender. Conhecia a esposa a anos e sempre se deram bem. Eram apaixonados um pelo outro, cumplices em tudo, amigos, mas acima de tudo, leais um com o outro. Não era possível que da noite para o dia Clara tenha mudado. Não era mais a mesma, a diferença da Clara de alguns meses atrás para a de hoje chega a ser gritante. E a culpa disso tinha nome: Marina.

Chegou a se chamar de idiota várias vezes se lembrando de quando brincava com a esposa dizendo que a fotógrafa estava dando em cima dela. E não deu outra. Investidas por investidas, Marina conseguiu o que queria e Cadu se sentia traído e humilhado. Seu ego estava ferido, afinal, jamais imaginou ser trocado um dia. Ainda mais por uma mulher, pensava.

Passou praticamente a madrugada inteira na rua, mais especificamente, na praia. Sabia que o Rio de Janeiro não era um lugar seguro, seja de dia como a noite, mas naquele momento não se importou muito. Precisava de um lugar com uma boa circulação de ar para poder pensar, ou acabaria explodindo de agonia ao lembrar das palavras de Clara dizendo que amava Marina. Aquilo doía, doía demais.

O sol já estava bem levantado, e olhando no relógio, deduziu que Nando já estava em seu escritório, trabalhando. Precisava conversar com alguém. Pegou um taxi e se dirigiu até o trabalho do amigo, que ficou muito surpreso em vê-lo lá naquela hora.

– Cadu! Que faz aqui, amigo? Está com algum problema? – O cumprimentou.

– Preciso conversar, Nando.. – Falou, abatido.

Arrastou o amigo até sua sala e fechou a porta.

– O que foi, Cadu? Cara, você está abalado! É a sua saúde? Aconteceu algo com a Clara, ou o Ivan?

– Aconteceu, Nando. – Se sentou na poltrona e suspirou. – Com a Clara.

– Vocês brigaram?

– Se brigamos? Brigar com a Clara não é, nem de longe, o meu maior problema. E, sinceramente, o que mais está me dando vontade nesse momento é torcer o pescoço da Marina. – Falou, com uma dose de ódio sendo denunciado por sua voz.

– Marina? A fotógrafa? Cadu fala logo o que aconteceu? – Perguntou, confuso.

– Ela enfeitiçou a Clara! – Esbravejou, deixando Nando surpreso. – Cara, você não acredita no que a Clara falou ontem! Ela admitiu! Aquela piranha admitiu que ta apaixonada pela Marina!

Nando ficou em choque, muito surpreso.

– Mas.. Como assim? Admitiu do nada? Cadu, que droga é essa? Sua esposa virou sapatão? – Falou, fazendo uma cara de nojo.

– Você acredita?! Ela admitiu na minha cara que está amando aquela puta! Eu não consigo acreditar nisso! – Se levantou, andando de um lado para o outro na sala do amigo.

– E o que você vai fazer agora? Falar com a Marina pra ela ficar longe de vocês? Algo desse tipo?

– Eu vou ter, sim, uma conversa muito séria com ela! De homem pra “homem”. – Riu, debochado. – Mas eu não quero tentar me aproximar da Clara nunca mais! Estou com nojo dela!

– Espera aí... Você acha que as duas... Já? – Falou baixo, se referindo ao sexo.

– Com essa putaria rolando solta eu não duvido nada. – Disse, fazendo cara de puro nojo. Sentou-se de novo. – Nando, somos amigos há muitos anos. Eu quero sua ajuda.

– Para quê?

– Eu vou, com todas minhas forças, pra cima da Clara. Não quero deixar o Ivan com ela.

– Você sabe que isso vai ser difícil, né? O juiz sempre opta por deixar a guarda com a mãe, e a Clara tem plenas condições mentais e financeiras para cuidar com o Ivan.

– Não me interessa. – Falou, levantando-se. – Vou com unhas e dentes. Cansei de ser palhaço. – Se dirigiu até a porta, saindo.

– Aonde você vai, Cadu? Por favor, não faça nenhuma besteira!

Saiu, sem responder nada a Nando. Pegou o mesmo taxi que havia se dirigido até ali e seguiu para Santa Tereza. Chegando lá, se dirigiu a passos firmes para o estúdio da fotógrafa, e já entrava se anunciando.

– Marina! – Gritou. Olhou em volta do recinto e avistou apenas Vanessa sentada à mesa, mexendo no notebook. – Cadê a Marina?!

– Ai que droga.. – Sibilou para si mesma antes de se dirigir ao chef. – Cadu, o que você quer aqui?

– Você é surda ou o que? Quero falar com a Marina! – Berrou, vermelho de raiva.

– Escuta aqui, abaixa seu tom de voz! Aqui não é a casa da mãe Joana, não! É um local de trabalho, deveria mostrar mais respeito.

– Respeito? Só pode estar de sacanagem comigo! – Saiu apressadamente do estúdio se dirigindo para a casa de Marina e encontrou a mesma na sala, já o esperando.

– Pronto, Cadu. Já estou aqui.. O que quer conversar? – Falou, cruzando os braços na altura do peito e mantendo uma expressão séria.

Cadu respirava fundo enquanto a observava. Precisava tomar cuidado, só o fato de ela estar ali já o deixava completamente fora de controle.

– Sua desgraçada! Que merda você andou fazendo com a Clara, hein?

– Como assim? – Perguntou, confusa.

– Cínica! Você enfeitiçou a Clara com essa sua vidinha fútil de rica! O que você quer, hein, Marina? Está feliz por estar acabando com uma família?

– Acabando com uma família? – Estava surpresa com as acusações dele. – Cadu, qual a ideia de família que você tem na cabeça? Que homem só pode ser feliz com mulher e vice-versa?

– Ah, não.. Você não vai me colocar como o errado da história! A culpa disso tudo é sua! Está feliz fazendo a Clara abandonar o marido e o filho pequeno? HEIN? – Gritou.

– A Clara pode muito bem se separar de você, Cadu! Mas ela nunca vai se separar do Ivan! – Elevava a voz no mesmo tom. – Acha que ela vai ser menos mãe por isso? Por favor, sinto pena de você. – Disse, dando as costas para ele, dando aquele assunto por encerrado. Mas não esperava que ele se aproximaria rápido, a puxando pelo braço.

– Você está louco? Está me machucando! – Gritou, tentando se desvencilhar dele.

Nesse momento Vanessa entrou correndo na sala, assustada com a situação.

– Cadu, solta ela! – Foi em direção a ele para tentar afastá-lo de Marina, mas ele era mais forte e com uma mão empurrou ela, que caiu sentada no chão.

– Vou te dizer uma coisa! - Se virou para Marina, a segurando forte pelos dois braços, que se debatia, mas não conseguia se soltar. – Você nunca vai ficar com meu filho, entendeu? Nunca. – A soltou com um empurrão, quase a fazendo cair também. – Mas com a Clara pode ficar. Vocês já andaram se comendo? Ela é tão vagabunda e puta quanto você.. – Riu, irônico.

Achou que sairia por cima de toda aquela situação, mas não esperava sentir a mão de Marina lhe espalmar forte no rosto.

– Seu sujo! Imundo! Preconceituoso! – Ela chorava naquele momento. De raiva.

Mas a fotógrafa também foi pega de surpresa. Cadu, num ato de reflexo, também lhe esbofeteou o rosto. Mas ele era muito mais forte. Com a força do tapa, Marina caiu sobre a mesa baixa de centro de sala, fazendo o vidro da mesma quebrar e lhe cortando toda a pele que estava visível contra os cacos. Vanessa deu um grito na hora e correu para ajudar Marina, que não conseguia se levantar pelos cortes nos braços e pernas. Sentindo a adrenalina diminuir em seu corpo, Cadu se deu conta da cagada que havia feito. Nunca havia levantado a mão para nenhuma mulher e, por mais que um lado de sua consciência dissesse que a razão estava do lado dele, sabia que havia feito algo bem errado. Afastou-se da fotógrafa, se sentindo exausto.

– Sai daqui, Cadu! AGORA! – Vanessa gritou, amparando Marina.

Cadu parou por um instante e viu sangue muito vivo aonde haviam vários cortes, nos braços e pernas de Marina. Se sentiu completamente enjoado.

– Não.. eu não queria.. – Tentava se explicar.

– Eu juro que se você aparecer aqui de novo eu chamo a polícia! – Ameaçava para ele.

Cadu saiu o mais rápido que podia do estúdio, totalmente desnorteado. Com aquela atitude, havia dado Clara de graça para Marina.

Vanessa ajudou Marina a se levantar, vendo o sangue escorrer pelos braços e pela coxa, que estavam com vários cortes e arranhões.

– Meu Deus, Marina, você precisa de um médico! – Falava, desesperada, observando o estrago que Cadu havia feito.

– Por favor, Van! Nada de médico! – Estava apavorada com o que havia acontecido e sentindo muitas dores aonde estava machucado. – É só alguns arranhões.. me leva pro quarto.. – Falou, com a voz embargada, se sentindo completamente humilhada com toda aquela situação.

Vanessa a ajudou a chegar no quarto e limpou cada um dos cortes. Limpou também o canto do lábio superior dela, que havia um pequeno corte onde Cadu a havia esbofeteado. Como ele lhe bateu com a mão da aliança, o pequeno anel acabou machucando-a mais.

– Ainda acho que você deveria ir ao médico.. Alguns cortes parecem fundos.. – Falou, enquanto limpava um corte no braço dela e o cobrindo com pomada, gaze e atadura.

– Será que vai ficar cicatriz? – Chorava feito uma criança.

– Pelo amor de Deus, Marina, você ta preocupada com cicatriz? Aquele cara poderia ter te matado! – Esbravejou.

Marina ficou em silêncio, pensando nas coisas que Cadu havia falado. Estava mesmo destruindo uma família?

– Ai, to sentindo sua cabeça trabalhar. – Vanessa reclamou. – Vai desistir da Clara por causa do que ele falou?

– Não... Não sei... – Falou com a voz baixa, sentindo lágrimas quentes descerem por seu rosto.

– Pode parando aí! A culpa disso não é inteira sua! Ninguém pode se culpar por se apaixonar. Lembra do que a Clara falou? O amor é inevitável, Marina. Não temos garantias de nada. Ele simplesmente acontece e vira nosso mundo de ponta cabeça.

Marina observou a amiga por um tempo, em silêncio.

– Você ainda me ama, Van? – Perguntou.

– Eu já amei. Muito. – Respondeu, com sinceridade, fazendo Marina franzir o cenho.

– Estou chocada com a sua evolução... – Brincou com a amiga, tentando melhorar um pouco seu próprio humor, enxugando as lágrimas com a palma da mão.

– Você tá muito engraçada, sabia? Tá aí toda machucada. Acho que você deveria denunciar o Cadu por agressão.

– Ele tinha os motivos dele. Só não achei que chegaria a tanto...

– Eu ouvi o que ele falou de você e da Clara.. Ele jogou muito sujo, Marina... Não foi justo..

– Isso vai passar. Não estou preocupada com ele. Minha preocupação é com a Clara e, consequentemente, com o Ivan. Tenho medo desse lado violento dele. Claro que ele não vai fazer nada com o Ivan, obvio. Mas meu medo é ele querer descontar na Clara, também. – Encostou na cabeceira da cama, resmungando um pouco com as dores que sentia.

– Vou cancelar o ensaio de hoje, você não tem a menor condição de trabalhar. – Falou, saindo em seguida do quarto.

Sozinha, Marina voltou a pensar em tudo que havia discutido com Cadu. Perguntou-se se a tendência era que sua vida e de Clara piorassem a partir dali. Cadu não iria facilitar em nada no divórcio e pelo visto entraria com uma ação judicial pela guarda de Ivan. Sentiu seu coração apertar ao imaginar o menino no meio de todo aquele problema.

Por puro impulso, pegou o celular e ligou para Clara, que não demorou a atender.

– Marina! – Falou, animadamente. – Bom dia!

– Bom dia, Clarinha... – Falou, com a voz um pouco embargada.

– Aconteceu alguma coisa? – Perguntou, preocupada.

– Não.. – Mentiu, tentando melhorar a voz. – Eu tive uns problemas aqui e hoje não terá ensaio.. Então se você quiser, sei lá, passar o dia com o Ivan.. – Queria manter Clara longe dali por enquanto. Não queria que ela a visse machucada.

Clara estranhou o tom de voz de Marina.

– Mas que problemas? Está tudo bem mesmo? – Pressionou, jurando ter ouvido em seguida um soluço de choro vindo de Marina, ficando ainda mais preocupada. – Você está chorando?

– Não! Está tudo bem! – Se apressou em dizer, tentando disfarçar a voz chorosa. – É que eu sei que o Ivan não vai ter judô hoje a tarde e eu não quero te atrapalhar, sabe? Que você fique com ele...

– Desde quando você me atrapalha? – Falou, estranhando a conversa. – Olha, já percebi que você não está bem. Vou tentar falar com o Cadu hoje, porque ele tá sumido desde ontem e eu vou ai depois de pegar o Ivan na escola.

– Não, Clara, é sério. Eu estou bem.. – Mas foi interrompida por Clara.

– Não ta nada. Eu te conheço, cara! Aconteceu alguma coisa e eu quero saber e se você não me falar agora, vai me falar na marra quando eu chegar aí! Fique aí, que daqui a umas horas eu to chegando! – Falou, desligando em seguida.

Marina suspirou, rendida. Com esforço, resmungando muito pelas dores que sentia, abraços os joelhos e afundou a cabeça entre eles. Chorou.

~.~

Cadu entrou em seu apartamento completamente exausto. Tinha perdido todo o controle. Por mais que achasse que ela merecesse aquele tapa, não justificava ter batido em uma mulher e passou a ficar inquieto imaginando uma possível acusação dela contra ele.

Tomou um banho gelado para tirar o resto de toda a tensão que cobria seu corpo como um escudo e se sentiu um pouco melhor.

Colocou uma roupa leve, pronto para seguir para o Bistrô quando viu Clara adentrar o apartamento.

– Cadu! Onde você estava? – Perguntou, um pouco receosa.

– Isso não te interessa. – Respondeu, exausto. Encostou no balcão da cozinha enquanto observava ela. – Então é isso mesmo, Clara? Nosso casamento vai acabar assim?

– Quer que eu fique com você sem te amar? – Perguntou, o encarando.

Ele suspirou. Não suportaria mais deitar na mesma cama que Clara sabendo o que já poderia ter acontecido entre ela e a fotógrafa.

– Não... Mas não consigo acreditar que vai acabar dessa forma... – Passava a mão no rosto em sinal de desespero.

– Nosso amor foi verdadeiro, Cadu. Durante 10 anos ele foi verdadeiro, eu te garanto. Mas agora... – Pausou, suspirando. – Acabou. – Tentou se aproximar dele, que se afastou bruscamente.

– Não me toca... Não quero fazer nada com você...

– Cadu...

– Me dê um tempo, tudo bem? Quero conversar com o Ivan depois de voltar do Bistrô. Explicar pra ele porque vou sair de casa, essa coisas... – Falava, sem encará-la.

– Cadu, você não vai virar o Ivan contra mim, né? – Perguntou com a voz tremula, com o coração sendo invadido pelo medo.

– Se preocupasse com isso antes de mergulhar nessa loucura.

Suspirou. – Cadu. Só quero te pedir uma coisa. Por favor, não fique atacando a Marina, colocando toda a culpa sobre ela da nossa relação. – Cadu se assustou com aquela declaração de Clara, mas permaneceu em silêncio. – Porque você sabe que os culpados somos nós dois.

– Desculpa, mas isso eu nunca vou aceitar. – Se afastou bruscamente do balcão. – E já estou te avisando: Vou lutar pela guarda do Ivan. Já conversei com o Nando sobre isso..

– Cadu, por favor, não... – Suplicava para ele, sentindo os olhos marejarem.

– Você pode seguir sua vida com ela, mas não vai levar o Ivan junto.. – Se encaminhou até a porta. – Vou trabalhar.. – Saiu.

Clara estava cansada de tudo aquilo. Jamais imaginou que o preço da felicidade poderia custar tão caro e se sentia muito mal por ser a causadora de todo aquele conflito e imaginando o seu pequeno bichinho ter que passar por tudo aquilo, e num ataque de desespero, chorou.

Começou a se perguntar se Ivan aceitaria Marina. Se aceitaria que ela largaria seu pai. Era inegável que o menino gostava da fotografa, mas a relação que estava começando a ter com a fotografa seria uma novidade muito chocante para ele e não conseguiu imaginar qual será a reação dele.

Ficou perdida em todos aqueles pensamentos quando deu a hora de buscar Ivan na escola e rumou com ele para Santa Tereza.

– Onde vamos, mãe? – Perguntou o menino, no taxi.

– Fazer uma visita à Marina. – Sorriu.

– Legal! – Falou, animado. – Será que ela deixa eu nadar na piscina?

– Ô menino pra gostar de água, hein... – Riu, acariciando os cabelos do filho.

Chegando lá o menino logo teve sua atenção puxada pelo cachorro de Marina, que corria loucamente pelo jardim da casa. Pediu para a mãe se podia ficar ali que falou para ele não demorar muito ali.

Foi primeiro até o estúdio e viu Vanessa.

– Cade a Marina?

Vanessa olhou para ela assustada e suspirou. Clara levaria um susto com o estado de Marina.

– Credo Vanessa, que cara é essa? Viu um fantasma, foi?

– Vi um monstro, na verdade.. – Falou, com a voz contida.

– Como assim? – Perguntou confusa.

– Deixa pra lá... A Marina tá no quarto dela... Vá lá.. Ela ta precisando de você.

Clara sentiu a tensão e se assustou. Correu para o quarto da amada e ao adentrar, viu que ela estava deitada. Ao aproximar e ter a primeira visão do corpo dela, deu um grito, que assustou a fotografa.

– Clara! – Marina se assustou, e logo tentou esconder os braços embaixo do lençol.

– Marina! Meu Deus, o que aconteceu com você?! – Se sentou ao lado da amada e desesperadamente começou a acariciar o rosto e o braço dela como se, dessa forma, conseguisse descobrir o que havia ocorrido.

– Clarinha, calma.. – Tentava tranquiliza-la, imensamente feliz de a amada estar ali. – Eu estou bem, não foi nada..

– Marina, eu saí daqui ontem e você estava bem! O que aconteceu? – Perguntou, aflita.

A fotografa suspirou. Tentou imaginar mil desculpas para falar para ela. Nada.

– Clara, o Cadu.. – Começou com a voz carinhosa, como uma forma de acalmar Clara, mas só de ouvir o nome “Cadu”, ficou possuída.

– O Cadu?! Ele veio aqui? ELE FEZ ISSO COM VOCÊ? – Ficou vermelha de raiva e sentiu as lágrimas descerem pelo rosto.

– Pelo amor de Deus, Clara, calma! Foi um acidente! – Falava, desesperada, mesmo sabendo que não era verdade. – Ele veio aqui, discutimos e ele me empurrou na mesa de vidro da sala, que quebrou com o impacto.. – Se explicava.

– Marina... – Clara levou o polegar de leve até o machucado que havia no canto da boca dela. – Não minta pra mim..

Marina suspirou pausadamente e colocou sua mão de leve sobre a de Clara. Levou-a até a boca e beijou de leve.

– Ele falou coisas horríveis... De mim e de você e isso me deixou louca... Eu dei um tapa na cara dele e ele revidou...

Clara chorava muito. A última coisa que queria era Marina se ferindo por ela. Aproximou-se e começou a beijá-la por todo o rosto e depois nos braços, onde estava, com as ataduras.

– Me desculpa... Me desculpa... – Pediu, com a voz baixa, abraçando a amada com carinho, como se quisesse protege-la. – Jamais quis que isso acontecesse com você..

– A culpa não é sua, por favor... Eu fui errada também, mas não quero que se sinta culpada por isso, meu amor...

Clara ficou estática. Marina nunca a havia lhe chamado assim. Sentiu-se completamente balançada com aquilo.

– Você.. Você me chamou.. Do que? – Gaguejou, fazendo Marina sorrir.

– De “meu amor”... Você é o meu amor, Clarinha.. – Sorria. Aproximou-se dela e, como estava com o lábio dolorido, apenas deu um selinho carinhoso nela.

– Você não existe, sabia? – Clara falou, sorrindo, acariciando o rosto da amada.

– Existo sim, e sou toda sua..

Ficaram mais alguns minutos ali, se abraçando e apreciando a companhia uma da outra quando ouviram uma gargalhada gostosa vindo do jardim.

– Quem ta aqui? – Marina perguntou, curiosa.

– Você tem visita. Vem. – Sorriu para ela, se levantando e lhe estendendo a mão.


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Notas finais do capítulo

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