Entre Nós escrita por NothinBetter


Capítulo 1
Eu


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas. Bem, faz tempo que não posto nada aqui. Para ser mais exata, um ano e quatro meses. Oh, well. Mas, olhem só, agrego novos ships em minha vida e digamos que os antigos às vezes se tornam obsoletos, não é mesmo? Enfim. Pensei em escrever alguma coisa clarina, pois amo muito o ship, mas não sabia o quê, então saiu isso. Planejo mais dois capítulos além desse, mas nada muito extenso, então não fiquem muito animadas... PS: quanto as minhas outras fics, bem, são outras fics.Espero que gostem!



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O sol brilhava forte no céu, nenhuma nuvem chata para atrapalhá-lo. Era uma quinta-feira, no entanto, o estúdio não poderia estar mais vazio. O motivo era o feriado que emendaria com a sexta-feira e, apesar de Marina sempre trabalhar em feriados, neste dia santo, especificamente, dispensou todas as ajudantes e cancelou todos os compromissos. Trabalharia de madrugada se fosse preciso; agora ela só queria um tempo sozinha. Mesmo com Vanessa insistindo em ficar com a fotógrafa, a morena foi logo cortando a ruiva e mandando-a para casa.

O dia estava muito propício para cair naquela piscina enorme que Marina tinha no quintal, afinal, o sol trazia com ele o calor insuportável típico da estação. Mas ao invés disso, ela estava deitada no sofá da sala, toda esparramada. Pensava na vida e no rumo que ela havia dado. Marina costumava trabalhar com tanta vontade, realmente gostava do que fazia. Ultimamente, todavia, perdera o gosto pela fotografia. Na verdade, não era a fotografia o problema, e, sim, a sua vida amorosa. Não tinha disposição para nada. Desde que Clara aparecera tirando tudo do lugar e jogando para o alto, Marina mudou de vez. Ela costumava ter um espírito livre, não se prendia a ninguém. Saía quando bem quisesse sem dar satisfação. Era dona do próprio nariz e se sentia orgulhosa por isso. Agora, ela se via presa à Clara. A ajudante não tinha culpa nenhuma, Marina sabia muito bem disso, mas era quase impossível ficar um dia sequer sem pensar na amada. E o que piorava a situação era essa coisa morna entre as duas. Se por um lado Marina sentia um amor avassalador que a sufocava e a fazia se afogar no próprio sentimento toda vez que via seu objeto de desejo, por outro lado parecia que Clara sempre jogava um balde de água fria no fogo que a fotógrafa sentia. As coisas eram complicadas, é claro que eram. Marina se sentia mal toda vez que Clara olhava para ela. Não queria destruir uma família só por causa de seu amor inconsequente.

Marina suspirou pesadamente. Seu amor não era inconsequente. Ela abandonaria tudo se com isso pudesse ficar com Clara para o resto da vida. E Ivan, é claro. Tinha de se lembrar que a situação era complicada em grande parte por causa do pequeno. Marina entendia o conflito que Clara sentia, mas começava a ficar impaciente com a dona de casa. A fotógrafa esperaria a eternidade se Clara precisasse desse tempo para ajeitar as coisas, verdade, só que o jogo de gato e rato não era mais excitante como era no início. Se hoje as duas quase se beijam, amanhã Clara vem falando de Cadu. Cadu isso, Cadu aquilo, e há dias em que Marina quase perde todas as suas esperanças de ficar com a amada, pois ela parece tão apaixonada pelo marido e seu casamento tão impenetrável. Marina apenas queria um ultimato.

– Era muito mais simples quando a gente decidia no “bem-me-quer, mal-me-quer” – Marina suspirou novamente. – Por que justo ela?

A fotógrafa franziu os lábios e, pensando por um instante, decidiu que o melhor a fazer seria esquecer, pelo menos por um dia, seu amor por Clara. Levantou-se do sofá e subiu as escadas para colocar uma roupa de banho. Ela aproveitaria, sim, o dia lindo que estava fazendo e colocaria sua piscina em bom uso.

Preparando-se para entrar na piscina, Marina pegou o protetor solar e começou a passá-lo por todo o corpo. Sem controle de sua mente, pensou como seria ter Clara ali para ajudá-la a esfregar o creme branco em suas costas. Balançou a cabeça rapidamente a fim de se livrar do pensamento. Tirar Clara da mente seria uma tarefa mais difícil do que ela imaginava.

Tentou relaxar enquanto flutuava numa boia inflável. Quando estava quase adormecendo, ouviu o barulho estridente do interfone, foi se virar e caiu na piscina. Dando passos firmes, dirigiu-se à porta, pensou em dar uma bronca nos meninos da rua que vez ou outra tocavam a campainha e saíam correndo. Abriu a porta de supetão e se preparou para falar, mas sua boca se fechou assim que viu quem estava do lado de fora. Os ombros de Marina caíram, e ela deu um passo vacilante para trás, segurando firme a porta. Piscou.

– Clara, o que faz aqui? É feriado, o estúdio não está funcionando hoje. Pedi para a Vanessa te avisar, eu pensei que-

– Ela me avisou – Clara interrompeu colocando a mão espalmada na porta e dando um passo para dentro. – Marina, você sempre trabalha em feriados. Isso de tirar folga está me cheirando mal. Até porque, que eu saiba você não está em condição de dispensar trabalho.

Marina arqueou uma sobrancelha e ergueu os ombros novamente, tomando uma posição de defesa.

– E você virou quem agora, Clara? Minha mãe? – se defendeu.

– Não, mas por falta de alguém que cuide de você, estou assumindo esse papel. – Clara foi entrando na casa e fechou a porta atrás de si. Marina se afastou, e foi quando a ajudante percebeu que ela estava usando um maiô e seu corpo, assim como o chão entre a porta de entrada e a porta do jardim, estava todo molhado. – Marina, eu não sei o que está acontecendo, mas sei que não estou gostando nada disso. Todo mundo percebeu como você tem estado tristinha de uns tempos para cá.

A fotógrafa cruzou os braços diante do peito e seu olhar oscilava, não querendo encontrar os olhos de Clara, que esperava uma resposta, a qual Marina não tinha.

– Sabe, Clara, eu só quero um tempo sozinha.

– Para que você precisa de um tempo sozinha, Marina? – Clara retrucou rapidamente, sabendo o motivo, mas querendo ouvir da boca da mulher à sua frente.

Marina franziu os lábios e pensou por um tempo. Ela percebeu Clara observando seu corpo de cima a baixo enquanto esperava impacientemente. Balançou a cabeça. Ela odiava que Clara ficasse em cima do muro, para ela era ou oito ou oitenta, não tinha meio termo. Agora que tinha encontrado alguém que realmente amava, pensou que fosse fácil esperar, que conseguiria ser paciente com Clara, mas a história não estava seguindo como ela queria. Para Marina era simples: se Clara não gostava mais do marido, existia o divórcio! É claro que o Ivan estava no meio de tudo e não tinha culpa de nada, mas quantos pais com filhos se separam e as crianças ficam bem? Não é o fim do mundo. O pequeno vai continuar tendo pai e mãe, só que eles não vão morar na mesma casa e, se Clara e Cadu souberem lidar bem com a separação, então Ivan não vai ter nenhum problema em aceitá-la. Aliás, pensou Marina, ele ganharia uma mãe com a piscina que ele tanto adora, não tem porque o pequeno reclamar.

Para Marina, Clara ainda não tinha certeza de seu amor, e isso a deixava mais triste que tudo.

– Quer mesmo saber, Clara? – Marina respirou fundo. – Eu preciso de um tempo de você. Não aguento mais esse jogo entre nós, quantos anos nós temos? Treze? Porque parece namorinho de escola isso aqui, Clara! – Ela esfregou o rosto vendo que a assistente estava com uma expressão de vítima. – Eu entendo o seu lado, eu realmente entendo. Mas eu acho que você não entende o meu! Você acha que é fácil para mim ficar ouvindo as coisas que você faz com seu maridinho? Pelo amor de Deus, Clara, se você já falou que gosta de mim, e tem dias que você até age condizente com seus sentimentos, então por que tem dias que você fala como se fosse uma dona de casa prendada e que o Cadu fosse a coisa mais importante para você no momento? Entendo a preocupação com seu filho; é claro que o Ivan é a coisa mais importante no mundo, mas e o Cadu? Você tem que abrir o jogo com ele, Clara, não pode ser assim de repente, se um dia o divórcio acontecer. Se acontecer. Agora você fica indo e voltando, não sabe o quer, ele vai ficar com raiva de mim, sabia? Você não quer que ele faça nada comigo, mas cada vez mais aumentam as chances de ele vir aqui e não querer só discutir comigo, sabe! Não sou eu que gosto de mim, é você! E ele não entende isso, acha que a culpa é toda minha porque você não fala nada, Clara!

Marina tentou recuperar o fôlego. Não queria estar falando essas coisas para Clara, mas não via outra solução além de colocar a mulher contra a parede.

– Nós temos que pensar no melhor para todos os envolvidos, Clara. Mas a única em quem você não pensa é em mim. – Marina saiu correndo para o quarto, deixando uma Clara perplexa para trás, na esperança de que ela saísse e nunca mais voltasse, se isso fosse o melhor.


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