Sun Goes Down escrita por Jojo Almeida


Capítulo 1
Katie, 16:54


Notas iniciais do capítulo

Olá, povo!Sim, eu também não sei o que tem de errado comigo, muito menos porque eu dei na telha de começar tantas fics de Tratie quando eu mal atualizo tudo direito. Mas bem, essa ideia veio na minha cabeça durante um voo de 9 horas, e eu TIVE que escrever (e como 9 horas é muito tempo, vocês têm em mãos uma feliz autora que não está postando uma fic que só tem o primeiro capitulo que nem ela sempre faz).Ah, e para contextualizar: Katie tem 21 anos, e Travis tem 22. Connor tem 21 também, e a idade do resto varia um pouquinho só. Boa leitura :)



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Eu passo a aula de economia internacional específica inteira olhando pela janela. Não consigo parar de pensar sobre hoje à noite. Eu tenho certeza absoluta, simplesmente tenho, que hoje vou conhecer Hitch.

Hitch, o graffiteiro sem rosto que pinta o mundo de um jeito que eu pensei ser impossível ver. Hitch, que coloca poesia nas paredes de concreto de bairros esquecidos. Hitch, que faz eu ter um pouco mais de esperança na raça humana e pensar que talvez, afinal, nem todos os caras aí fora são babacas completos. Hitch. Meu coração acelera só de pensar, e a ponta dos meus dedos formigam. Tem que ser hoje, tem que dar certo. Já chega de pedalar como uma doida toda vez que escuto um rumor para chegar em uma esquina e encontrar uma parede recém pintada, e já chega de estar apaixonada por um graffiteiro que sequer conheço. Tem que ser hoje, porque, se não for, nunca será. É a minha última (e melhor) chance.

Miranda desiste e finalmente vira pra atrás quando professor Baynes inicia um longo devaneio sobre a influência da religião na manufatura de países árabes. Quase tocando em minha mesa e com o pescoço num ângulo esquisito para me olhar de cabeça para baixo, ela diz um "Eu te odeio" sem som, mexendo a boca com certo exagero para que eu entenda as palavras.

Por cima do ombro dela eu posso ver seu caderno de couro aberto. Uma vez que até o último centímetro da página está ocupado por algum desenho, sua apelação não me comove. "Só mais seis minutos" eu sussurro de volta, e ela revira os olhos teatralmente.

O cabelo de Miranda está loiro e bem curto, mais ou menos em seus ombros. Ela fez mechas rosas gritantes na metade inferior, e eu tenho quase certeza que ontem mesmo ela estava com mechas verdes e azuis. Isso quer dizer que ela está chateada ou irritada ou magoada ou os três ao mesmo tempo. Miranda sempre foi um livro aberto, mas desde que descobriu as tintas de cabelo se tornou um letreiro luminoso maior e mais gritante do que qualquer um nos cassinos de Las Vegas.

Na verdade, ela começou a descolorir, tingir e cortar o próprio cabelo quando ainda era só uma caloura da faculdade belas artes. Logo na primeira semana ela fez luzes vermelhas, e eu pirei quando descobri. Mas menos de um mês depois ela já estava com o cabelo completamente roxo, e três semanas depois disso usou uma tesoura escolar para fazer o que eu diria ser o pior chanel de todos os tempos. Por algum milagre divino, o cabelo dela parece ser invencível, e resiste bravamente cada descoloração, sem ficar quebradiço ou seco ou cair (como aconteceu com Sarah Grandy na sexta série). Não sei o que o rosa quer dizer (conhecendo Miranda, a cor deve ter algum significado profundo), mas sei que a mudança quer dizer problema.

Antes das luzes vermelhas, do roxo, do chanel e de todas as outras tantas mudanças que vieram a seguir, as pessoas sempre achavam que eu e Miranda éramos irmãs. Sendo duas garotas que andam sempre juntas, que falam parecido e têm o mesmo humor tanto quanto incomum, eu diria que a confusão era compreensível. Mas tudo isso era apenas um efeito colateral do fator melhores amigas de infância, e (apesar de ter desejado muito pelo contrário) eu não sou nem mesmo remotamente relacionada a família de Miranda. O fato que nós duas temos a mesma pele levemente bronzeada, olhos verdes, sardas e cabelo cor de terra, por outro lado, já é uma ironia do universo que eu desisti de compreender.

"Eu achei que não ia acabar nunca. Eu juro Kay, eu estava ali sentada escutando o velho falar e eu achei que minha beleza e juventude ia escorrer lentamente pelas minhas mãos antes dessa aula terminar." Miranda diz depois que o sinal tocou, quando já estamos a uma distância segura da sala, para que o professor Baynes não a escutasse chamando-o de vellho. Eu rolo os olhos para ela.

"Foi a última aula do semestre. Isso quer dizer adeus economia internacional específica, e você podia pelo menos fingir alegria."

"Yey!" ela balançou as mãos do ar para mostrar que estava animada. "Me lembre de nunca mais deixar você escolher a nossa eletiva."

"Você estava me devendo uma. Semestre passado eu fiz Museologia II, sem nem reclamar."

"Mas Museologia é incrível! Muito melhor do que qualquer aula de Econ"

"Não foi tão ruim assim."

"Foi bem ruim." Miranda balançou a cabeça. "Pelo menos quando Travis ainda aparecia na aula e vocês quase se matavam toda vez que abriam a boca, eu tinha alguma coisa para esperar do ultimo horário de sexta feira."

Eu faço uma careta para ela.

"Você confunde o inferno na terra com diversão. E não é como se vocé ainda precisasse se preocupar com a nossa eletiva do próximo semestre."

"La la la la!" Miranda cantarolou, colocando as duas mãos sobre os ouvidos e fechando os olhos. "Não quero saber, não quero ouvir. Você não vai pra Nova York amanhã."

"Eu já fiz as malas."

"Não ligo!"

"Já estou matriculada na NYU."

"Mentira."

"Você viu minha carta de aceitação!"

"Falsificação."

"Eu já comprei a passagem de avião."

"Até parece."

"Posso te mostrar o recibo."

Miranda parou de andar de repente, tirando as mãos das orelhas e me encarando com seu melhor olhar pidão.

"Não me olha assim." Dezoito anos de amizade e eu ainda não consigo deixar de me sentir um pouco disposta a esquecer todos os meus planos. "Você sabe que NY é importante para mim. Eu nunca achei que ia conseguir a bolsa, e é uma chance grande demais para jogar fora."

"Não acredito que você vai me largar sozinha em São Francisco." ela não corta o olhar pidão. "Eu e você, na faculdade, contra o mundo. Era esse o plano, lembra?"

"Esse ainda é o plano. Só que agora o plano ficou um pouco bagunçado."

"3 mil quilômetros. Outra costa. Isso é uma bagunça e tanto."

"Então não vamos lidar com a bagunça por em quanto" eu arrisco um sorriso encorajador. "Esquece a bagunça. O voo só saí amanhã e eu ainda tenho uma última noite na California."

"A melhor noite de toda a história da California, acho que foi isso que você quis dizer." Silena diz, e só então eu percebo que ela estava andando ao meu lado pelos últimos metros. "Quais são os planos, Kit Kat?"

"Tem algumas coisas que eu quero fazer. Antes de sair de São Francisco."

"A lista, por favor" Silena pede, estendendo a mão em um floreio. Ela me conhece bem o suficiente para saber da minha mania de listas, e isso me deixa incomodada e impressionada em medidas iguais.

Eu tiro o papel amarelo do bolso de trás do meu jeans e entrego para ela, me sentindo um pouco orgulhosa. Eu estava andando com aquela lista a semana inteira. No começo, tinha mais de dez itens, mas com um pouco de bom senso e concisão eu consegui reduzir a apenas três. Três ótimos itens que eu precisava realizar mais que tudo e antes de tudo. Três itens para eu ir para Nova York com certeza absoluta que não estou deixando nada para trás.

"Conhecer Hitch?" Silena leu, franzindo o cenho. "Katie, você não pode passar sua última noite na cidade procurando um cara que não existe."

"Ele existe sim. Eu só não conheço ele ainda."

"São Francisco tem 900 mil habitantes. Você não vai conseguir achar um grafiteiro fantasma em uma noite." Silena insiste.

"É a minha última chance. E eu tenho que encontrar Hitch. Simplesmente tenho."

"Você sabe que tem pelo menos uns dois caras e meio que realmente existem e estariam realmente interessados em sair com você hoje a noite, certo?"

"Dois caras e meio?" Miranda pergunta, e Silena dá de ombros.

"Jake pode estar afim mas eu não tenho certeza."

"Não importa. Eles não são o Hitch."

"Esperar pelo grafiteiro fantasma é quase tão ruim quanto esperar pelo príncipe charmoso em um cavalo branco" Silena resmunga, mas eu não me deixo abater.

"Eu vejo os graffites de Hitch todos os dias. Eles são a melhor parte da cidade. Alguém que escreve e desenha daquele jeito é alguém que vale a pena esperar." Eu digo. "Você nem leu o resto da lista."

"Li sim. O resto da lista é fácil. Achar Hitch é realmente a única parte impossível."

"A gente sabe que ele estuda na faculdade, certo?" Miranda diz, e eu sinto uma onda de agradecimento. "E ele não deve ser muito mais velho ou muito mais novo do que nós. Quer dizer, não deve ser tão difícil."

Connor está esperando por nós do lado de fora do prédio de Econ. Ele fecha o livro que estava lendo, e sorri.

"O que diabos você está fazendo?" ele pergunta para Silena, que tinha levantado o fichario azul sob a cabeça como se tentasse se proteger dele.

"Sem ovos? Sem pó de mico?" Silena pegunta, semicerrando os olhos para ele.

"Nada." Connor diz mostrando as mãos vazias.

"Quem é você e o que você fez com o Connor Stoll que todos nós aprendemos a amar?" Miranda pergunta franzindo o nariz.

"Do que vocês estão falando?"

"É o último dia do semestre, Con" eu esclareço. "A gente estava esperando uma pegadinha Stoll ou coisa do tipo."

"Já é 6 de junho?" ele pergunta, levantando as sobrancelhas e passando a mão pelos cabelos tipicamente bagunçados. "Eu esqueci."

"Sei. Esqueceu." Silena repete duvidosa, abaixando devagarzinho o fichário. Connor desvia os olhos.

"Preparado para a melhor noite da história da California?" Miranda pergunta animada.

"Sempre." ele sorri maliciosamente. "E qual é a ocasião?"

"Nova York. Amanhã." eu digo um pouco brava, franzindo o cenho.

"Amanhã é 7 de junho?" as pupilas de Connor dilatam, e ele parece levemente apavorado.

"É o que costuma acontecer depois de 6 de junho." eu resmungo "Você esqueceu?"

"Desculpa, Kay." ele diz sem graça e eu não consigo ficar com raiva. "Muita coisa pra pensar. Só isso."

"Por favor, me diz que você não tem planos." Silena choraminga, segurando o braço dele. "Nós precisamos da sua ajuda."

"Por quê?"

"Katie quer ir atrás de Hitch. Você é o único que conhece ele."

"O único que viu ele em uma festa ou duas" Connor corrige nervosamente. "Ele não é meu melhor amigo nem nada do tipo."

"Você saberia reconhecer ele?" Silena força.

"Provavelmente."

"Serve." Silena decide. Ao seu lado, Miranda troca a pasta A3 de mão, fazendo uma careta. Connor percebe, e pega a pasta sem dizer uma palavra, parecendo disposto a carregar o peso até o fim do mundo se preciso. Eu me pergunto se Hitch carregaria minha pasta. Algo me diz que sim.

"Então você vai?" eu pergunto, impaciente.

"Acho que sim" Connor diz dando de ombros.

"Promete?" eu não quero parecer infantil, mas não consigo evitar. É minha última noite em São Francisco e eu quero que meu melhor amigo esteja comigo. Não tem nada de errado nisso, certo? Além do mais, estar com Connor aumenta substancialmente minhas chances de encontrar Hitch.

Ele hesita.

"Prometo." diz afinal, e eu sorrio abertamente. "Qual é o plano?"

"Kay fez uma lista" Miranda denuncia divertida, rindo. Eu faço uma careta em resposta.

"É uma lista de três itens."

"Mas ainda é uma lista." ela rebate, e Connor ri.

"A melhor noite da história da Califórnia." ele repete, passando o braço pelos meus ombros como sempre faz. "Quando começa?"

"Às oito." decido. "Nos encontramos no Meio-Sangue?"

"Como quiser, Kit Kat. A noite é sua."


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Notas finais do capítulo

Yay, o que acharam? Apesar de a história ser Tratie, também vai ter Percabeth, Charlena e outros casais também. Próximo capítulo o Travis já aparece!E que tal deixar um review, só dizendo o que achou desse primeiro capítulo? Vou ficar muito feliz ♥Beijinhos!



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