No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa


Capítulo 37
O tabuleiro começa a ser posto


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Voltei do além!
Sim, eu ainda estou viva. Não, não esqueci de vocês. Sim, me sinto muito culpada por demorar tanto. Sim, é bem provável que eu ainda demore para postar. Se não tem mais perguntas, vamos ao capítulo!



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Legolas fitava o horizonte na manhã cinzenta. O vento fresco flamulava seus cabelos platinados, e agitava a relva e as bandeiras de toda a cidade de Edoras. Do alto do Palácio, ele tinha uma visão privilegiada de toda a cidade na encosta da colina, dos campos verdes daquela que era conhecida como a terra dos senhores dos cavalos, e mais além, da Floresta de Fangorn, e das montanhas cinzentas e rochosas onde se encontrava a fortaleza de Minas Tirith. E tudo estava deliciosamente pacífico.

– O que faz aí em cima, mestre Legolas? - uma voz o arrancou de seus pensamentos.

Legolas olhou para baixo e riu ao ver Romera fitá-lo com curiosidade.

– Estou apenas observando a paisagem. - ele respondeu.

– De cima do telhado? - Romera disse, divertida.

– Pois lhe garanto que consigo ver muito além do que o seu limitado campo de visão permite. - Legolas vangloriou-se.

– Então diga-me, óh elfo empoleirado nas vigas do telhado do palácio de Edoras, - Romera brincou - o que seu vasto campo de visão permite enxergar?

– Eu vejo... - Legolas pensou em brincar, mas algo lhe chamou a atenção - uma movimentação nas ruínas de Anorien... Romera, avise os guardas do portão, acho que teremos companhia.

– Agora mesmo, senhor! - Romera disse, correndo para dentro do Palácio.

E Legolas suspirou, descendo do seu poleiro.

***

Katherine atravessou os corredores do palácio a passos largos, praticamente atropelando qualquer um que se interpusesse em seu caminho. Ela não tinha tempo a perder. O sol não brilhava no céu, mesmo assim a manhã era fresca e clara, iluminando todos os corredores. Seu coração batia acelerado. Pensando bem, ele não passara tanto tempo longe. Uma semana? Talvez, nem isso. Mas ela sentiu muita falta dele. Tanta que nem podia acreditar.

– Bom dia, milady! - Gimli cumprimentou Katherine, assim que ela entrou no salão real.

– Onde ele está? - ela o olhou, ofegante - Ele já chegou?

– Onde está quem? - Gimli a encarou, confuso.

Katherine suspirou, desapontada. Talvez tenha sido mais um alarme falso.

– Certo, vou retornar aos meus aposentos, obrigada. - ela resmungou, tomando o rumo do corredor principal outra vez.

Foi apenas mais uma decepção. 

– Legolas! - aquela voz ecoou no salão, fazendo os olhos dela se arregalarem. 

Katherine girou nos calcanhares, ansiosa. Seus ouvidos a enganaram de novo? Legolas caminhou até o jovem de cabelos dourados, e o abraçou, sorrindo.

– É mesmo um prazer revê-lo, Gildarion! - ele riu.

Os dois se mantiveram abraçados por poucos segundos, e então os amigos se afastaram, rindo. Romera, a fiel cortesã, também ganhou um abraço amistoso do amigo.

– Katherine! - ele a olhou, sorrindo.

Ele a olhava, seu primo a olhava. Parecia feliz em revê-la. O que não era habitual. Katherine caminhou até ele, de braços cruzados, tentando decidir se o abraçava por ter retornado, ou se o esbofeteava por ter partido.

– Está atrasado. - ela disse, por fim.

– Também senti sua falta, priminha! - ele sorriu ainda mais.

– Não seja presunçoso! - ela torceu o nariz. - Ainda há muito o que fazer, principalmente agora que você retornou. Romera, mande selar-me um cavalo. Vou avisar o rei.

– Sim, milady! - Romera correu.

Legolas e Gildarion ficaram observando Katherine se afastar em direção ao pátio interno, e ambos continuavam mantendo sorrisos em seus rostos.

– Parece que ela não mudou nada. - Gildarion comentou.

– Aí é que você se engana, meu amigo. - Legolas retrucou - Ela foi quem mais sentiu sua falta.

Katherine fingiu não ouvir os risos dos dois. "Não acredito que fiquei triste por que este idiota tinha partido!" ela pensava, enquanto se dirigia ao pátio interno. "Por mim, podia ter ficado lá naquele buraco de furão que eu nem ia me importar! Por Númenor! Como sou burra!"

Romera não tardou a aparecer com um cavalo selado. Katherine nem se dignou a cumprimentá-la, apenas montou e disse:

– Providencie algo para esse imbecil comer. - ela segurou as rédeas - Alguma coisa com carne. Afinal, sei muito bem o que se come naquele buraco onde ele foi se enfiar.

– Perdão, mas esse buraco a que se refere não é o lar do seu pai, e do seu avô, bem como de seus irmãos? - Romera retrucou, cansada de ouvir aquelas patadas logo de manhã cedo.

– Eu nunca disse que eles moravam num lugar bonito com vista para o mar. - Katherine respondeu, irônica.

Romera revirou os olhos, enquanto a via se afastar. 

– Essa menina não toma juízo mesmo! - Romera disse, retornando ao salão real. Legolas, Gimli e Gildarion estavam sentados à mesa, rindo e conversando. - Desse jeito, nunca vai arrumar um marido!

– Tenho pena do homem que se casar com ela! - Gimli riu.

– Olha, honestamente, essa sua prima precisa controlar esse temperamento, Gildarion! - Romera serviu uma caneca de cerveja do barril para o anão.

– Há quem ache isso um charme. - Legolas tentou amenizar, ao notar que o rosto do amigo corava cada vez mais intensamente. - Uma mulher de opinião. As melhores elfas são assim.

– As anãs também! - Gimli disse, bebendo - Mas isso não significa que sejam boas esposas! Os anões tem até um ditado: "É melhor estar com o rei na guerra do que com a esposa em casa"!

– Que frase horrível! - Legolas debateu - Como é que essas damas conseguem permanecer casadas com vocês? São bárbaros!

– Damas? - Gimli retrucou - As anãs não são muito diferentes dos homens, tem cabelos e barbas por todo o corpo, aliás, podem facilmente ser confundidas com anões. O que levou à crença de que os anões não nascem, eles simplesmente brotam do chão como repolhos silvestres!

– Eu simplesmente me recuso a ouvir você menosprezar as mulheres de sua raça desta forma! - Legolas disse, exaltado - Você está vulgarizando as suas mães, filhas, irmãs e sobrinhas de uma forma horrível! Eu deveria deixar que todas elas te dessem uma surra!

– O que apenas confirmaria meu ponto de vista. - Gimli engoliu ainda mais cerveja, escorrendo por sua barba ruiva - Um conselho, Gildarion: se puder, não case! Principalmente com uma mulher temperamental!

– Ouça o meu conselho, Gildarion! - Legolas rebateu - Case sim, de preferência com uma mulher temperamental! Você nunca ficará entediado!

– Pois então ouça o meu conselho, Gildarion, - Romera disse, tentando não rir da situação - case-se ou fique sozinho, não importa. O importante é nunca ouvir o conselho de duas tias velhas. Principalmente das que brigam constantemente!

Legolas e Gimli olharam para ela furiosos, enquanto Gildarion riu suavemente da piada. Isso desviava um pouco do assunto, e com certeza, ele não queria falar de casamento, namoro, paixão, nem nada a respeito. Estava magoado demais para isso. Ele só conseguia pensar, ou ser assombrado, por uma palavra simples: Pedro. Afinal, quem é esse cara? Por que ela fala tanto dele? Parece ser nome de mais um garoto esnobe, um mimadinho que nem aprendeu a amarrar o cadarço ainda. Como ela pode dizer que ele é melhor do que Gildarion?

Essas perguntas corroíam a mente dele desde a discussão com Samantha. Tudo isso doía de forma estrondosa dentro dele. "Achei que era verdadeiro, mas ela só sabe falar desse Pedro. Pedro isso, Pedro aquilo, se Pedro estivesse aqui... Só que ele não está! Eu estou! Por que ela não valoriza isso? Eu estive com ela durante todo esse tempo, arrisquei minha vida por ela, e vou arriscar de novo, mas ainda assim, ela só pensa no Pedro! Como posso competir com alguém que nem conheço? Alguém que nem existe!"

– Gildarion, - Legolas o cutucou suavemente - você está bem?

– Estou. - ele tentou disfarçar.

– Acho que o rei está chegando! - Gimli comentou.

– E você começou a beber sem a permissão dele! - Legolas o repreendeu.

– Agora eu não posso devolver aquilo que já bebi! - Gimli suspirou, conformado.

– Certo, mas pare de beber! - Romera o repreendeu.

Todos que estavam andando pelo salão real pararam seus afazeres, abrindo passagem para sua majestade. Romera apenas se endireitou, tentando arrumar sua postura. Gimli voltou a beber, mas Legolas se levantou.

 - Bom dia a todos. - disse o rei, aproximando-se de onde estavam os amigos.

– Bom dia, majestade. - os súditos respondiam aleatoriamente.

Rei Eleothor aproximou-se do Gildarion. Ele se levantou.

– Mestre Passo Largo, é um alívio revê-lo! - o rei apertou-lhe a mão.

– Igualmente, majestade. - Gildarion respondeu.

– E como vão seus companheiros que ficaram lá? Está tudo correndo de acordo com o plano? - o rei perguntou, sentando-se a mesa.

– A lady Samantha é de fato muito astuta. Todos os preparativos já estão sendo executados. Eu retornei para pedir os seus reforços. - Gildarion sussurrou.

– De acordo com o plano. Excelente. Irá supervisionar meu exército pessoalmente, mestre Passo Largo. - o rei imperou - Quero ter certeza de que a profecia se cumprirá.

– Quanto a isto, senhor, - Gildarion suspirou - não tem com o que se preocupar.

***

Samantha olhava para a vila. Sua mente trabalhava arduamente, esforçando-se para relembrar todas as estratégias que costumava utilizar quando passava suas tardes jogando xadrez com Pedro e Edmundo. Ela nunca estivera no comando de uma guerra antes, e isso a assustava. Assustaria a qualquer mente sóbria e civilizada.

– Posso me sentar com você? - uma voz cortou seus pensamentos.

Samantha empurrou para o chão todos os livros que estavam no cogumelo onde estava sentada, abrindo espaço para o primo sentar-se ao seu lado. Caspian deu uma longa olhada no jardim de Kuller, que agora estava cheio de livros por culpa da Sam, e suspirando, sentou-se.

– O que aconteceu? - Caspian foi direto - Gildarion estava triste quando partiu...

Samantha não esperava por esta pergunta. Qualquer pessoa teria perguntado o que ela planejava, qual seria sua estratégia de ataque, ou algo relacionado à batalha. Mas Caspian nunca foi uma pessoa qualquer.

– Sam, eu sei que sente falta dos Pevensies, de seus conselhos e suas histórias, - Caspian disse - mas não pode punir o Gildarion por isto. Ele tem muitas culpas, mas esta não é uma delas.

– Não pode compreender... - Samantha sussurrou - Não sabe o que está acontecendo...

– Sei melhor do que você pensa. - Caspian respondeu no mesmo tom - Mas Gildarion ainda alimenta esperanças por você.

– Mas eu não o conheço... Não quero problemas com ele... Eu não posso... Meu coração já tem dono... - ela soluçou.

– E eu aposto que você deixou isso muito claro, com seu jeito doce e manso de tigresa furiosa. Por isso ele estava triste. - Caspian continuou - Não posso culpá-la por ainda amar o Pedro, mas quanto tempo você acha que vamos ficar presos nessa dimensão?

Samantha o olhou, assustada. Ela não pensara nisso.

– Certo, vamos voltar à batalha. - Caspian encerrou o assunto - Acredito que não podemos contar apenas com o exército de Edoras, precisamos montar uma linha de frente.

– Estava mesmo preocupada com isso. Temo que os homens da vila não sejam capacitados nem preparados para guerra. E sei que o pouco tempo que temos não será suficiente para treiná-los. - Samantha suspirou. - Não sei o que fazer, primo...

Caspian deu um longo suspiro. De fato, ele também estava perdido.

– Eu creio que posso ajudá-los nisso. - Sra Minifrey disse, assustando-os.

Ambos os primos ergueram os olhos, ansiosos e apreensivos. Sra Minifrey estava parada na frente deles, sustentando em seu rosto um sorriso orgulhoso. E ao seu lado, um homem os olhava. Ele tinha os cabelos loiros penteados para trás, sua barba era rala e aparada, e ele sustentava um porte de autoridade.

– Então digam-me, senhores. - o homem disse - São vocês os jovens que meu filho trouxe?


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