No Rugido Do Leão escrita por Céu Costa


Capítulo 35
Conclusões ainda não concluídas




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Os gritos altos ecoavam por todo o palácio. A agitação era grande, mas não em número. Romera corria freneticamente carregando uma bacia de água quente. Katherine levantou-se de sua cama, assustada com a correria. Romera lançou-lhe panos e logo puxou-a, fazendo-a correr, mesmo sonolenta.

Katherine pensava em perguntar o que estava de fato acontecendo, quando outro grito ecoou, cortando o silêncio da madrugada. Ela sentiu seu coração parar naquele instante, mas Romera sequer diminuiu seu passo.

Logo chegaram diante de uma grande porta dupla e entalhada, que Romera empurrou sem demora. Eram os aposentos reais. Katherine, assim como qualquer moça de sua idade, ficou envergonhada e constrangida com a situação com a qual se deparou: o rei Eleothor encontrava-se sem camisa, e suas costas largas estavam enrijecidas devido à força que aplicava. Ele, a propósito, encontrava-se sentado em sua cama, sobre um corpo feminino, que se debatia freneticamente debaixo dele. Katherine fechou os olhos, sentindo seu rosto avermelhar grosseiramente, mas Romera puxou-a pelo pulso, aproximando-a da cama.

Agora a cena deixara o constrangedor para apropriar-se do assustador: o rei estava segurando os pulsos da mulher, de modo a tentar controlá-la. Ela tinha o rosto vermelho pelo esforço de tentar livrar-se dele, e gritava, rangendo os dentes, ameaçando mordê-lo. Ela tinha um terrível brilho de ódio em seu olhar, e ela desejava matá-lo, custe o que custasse.

– Trelós!.... - Katherine sussurrou, compreendendo - A rainha foi assolada pela peste!....

– Romera! - o rei clamou, em desespero - Ajude-me!

– Katherine! - Romera chamou-a, despertando-a de seu terror.

Katherine viu Romera subir na cama ao lado do rei, preparando-se para o pior. Ela segurou com força um dos pulsos da moça, porém ela era forte, e golpeou-a no nariz. Romera distraiu-se por alguns segundos, tempo suficiente para a mulher conseguir ferir o pescoço do rei com arranhões.

– Irei matá-lo! - ela gritou - Irei matá-lo, e tu entenderás o porquê!

Katherine segurou o pulso da moça, e Romera amarrou-o na cabeceira da cama, com dois panos dos quais ela havia feito Katherine trazer. Correndo para o outro lado, as duas repetiram o processo, e então a moça encontrou-se amarrada, mas não menos furiosa.

– Eu o matarei! - ela gritou novamente - Eu o matarei como se acaba com um cão! Com um maldito cão!

Com um imenso esforço, elas amarraram juntos os dois pés da moça, mas não sem antes levarem golpes no nariz e nos estômagos. O rei chorava, vendo a sua amada a se debater e ansiar por sua morte.

– Oh Lydia... - ele suplicava - Lembre-se de mim!... Sou eu... Eleothor... Por favor, Lydia...

– Ellie... - ela sussurrou de repente, parando de se debater. - Ellie... querido....

– Sim, Lily? - ele correspondeu, emocionado.

– Eu senti sua falta... - ela sorriu.

Katherine já vira isto antes.

– Meu rei, não lhe dê ouvidos! - Katherine disse.

– Ellie... eu o amo... - ela sussurrava - Eu o amo...

– Oh Lily! - ele se emocionou, as lágrimas já corriam por seu rosto.

Ele a abraçou, enterrando o rosto na volta do delicado pescoço dela. Ele a amava, de fato. Mas Katherine sabia exatamente o que estava acontecendo. Com um golpe rápido, a rainha mordeu-lhe o pescoço, e o rei gritou, sentindo a dor e o sangue a manchar sua blusa. Katherine socou o rosto da rainha, que com o susto, soltou o pescoço do rei. Romera o puxou, tirando-o da cama, e também do quarto. Katherine saiu também, fechando as portas ao passo que a rainha voltou a gritar e se debater.

– Ela me mordeu!... - Eleothor disse, atordoado - Minha rainha me mordeu!

– Meu senhor, eu lhe juro, - Katherine declarou - aquela mulher que está lá dentro, não é a sua rainha.

**********

Caspian e Abelle depararam-se com uma cena um tanto engraçada ao chegarem na casa de Kuller: Samantha sentada no chão, rodeada de pilha e mais pilhas de livros. Ela tinha um lápis e uma caderneta em mãos onde ela fazia algumas anotações.

– Parece-me que tem feito progresso, Sam! - Caspian riu.

– Pode apostar! - ela respondeu, com um lindo sorriso. E levantando-se pegou outro livro.

– Perdão, mas o que está fazendo? - Belle perguntou, ainda confusa.

– Pesquisa! - Samantha riu.

– Sobre.....? - Belle insistiu.

– Tudo. - Samantha aproximou-se deles - Eu deveria ter feito isso muito mais cedo, como fui burra! Mas agora tenho descoberto muita coisa! Por exemplo: estes colares que temos carregado tem uma história fascinante. O original se chamava Undómi-El, que quer dizer "estrela do anoitecer". Ele fora um presente da Senhora Galadriel para Arwen, sua neta, que carregava o mesmo título. O Undómi-El era um símbolo poderoso da magia dos elfos e da sua imortalidade. Devido ao seu imenso amor por um mortal, Aragorn II, Arwen entregou seu colar a ele, como um símbolo de sua renúncia à imortalidade por amor a ele!

Samantha andava de um lado para o outro, anotando e grifando informações em sua caderneta. Caspian e Abelle observavam, fascinados, tudo aquilo que ela dizia.

– Isso foi em dezembro de 3018, na Terceira Era da Terra Média, quando a Sociedade do Anel partiu de Valfenda, iniciando oficialmente sua missão para derrotar Sauron! - Samantha disse.

– Peraí, peraí! - Caspian falou, confuso - O quê?!

O Senhor dos Anéis, por Frodo Bolseiro. – Samantha entregou-lhe um livro - Vai precisar.

Caspian olhou confuso ainda, mas resolveu não questionar.

– Retomando..... - Samantha tornou a explicar - Deixe eu ver.... Ah sim! No solstício de verão de 3019, Aragorn e Arwen casam-se em uma linda cerimônia, depois de já finda a guerra do O Um Anel e ele coroado rei do Reino Unido. Que, no caso, não é a Grã-Bretanha, e sim Gondor, ao sul, e Arnor ao norte......

– Nossa! - Belle suspirou.

– Achei a parte mais importante! - Samantha exultou, despertando o interesse nos dois - Arwen e Aragorn tiveram filhos: Eldarion, seu filho mais novo e herdeiro do trono, Linnã, Gailnaur e Celebrian, a mais velha. Mas não consigo encontrar os filhos deles...

– Tá, mas isso a gente já sabia. - Belle cruzou os braços.

– Encontrei também uma outra coisa. - Samantha suspirou - No ano de 121 da Quarta Era, Arwen morreu de tristeza. E no ano anterior, Aragorn morreu, mas não diz de quê. Alguns desses livros mencionam algo chamado Guerra do Nascimento, mas não tem mais informações...

– O que....? - PL abriu a porta, e assustou-se com a bagunça.

Samantha sentiu seu rosto corar. Primeiro de vergonha, depois de raiva. Toda a empolgação da descoberta a abandonara completamente.

– O que aconteceu aqui? - ele entrou lentamente, caçando um lugar para pisar.

– Com... licença... - Samantha saiu da casa.

PL levou apenas dois segundos para entender que deveria segui-la. E foi o que ele fez. Ele andava a passos rápidos, até que conseguiu chegar ao encalço dela.

– Samantha! - ele chamou - Samantha!

– Deixe-me em paz, traidor! - ela rosnou.

– Samantha! - ele segurou-lhe o braço, forçando-a a virar-se e encará-lo - Pare!

– Solte-me! Ou eu vou gritar! - ela disse, furiosa.

– Não solto até você me dizer que eu devo! - ele respondeu.

– Eu já lhe disse! - Samantha retrucou - Pedro me faz falta agora!

– Pedro......? - ele repetiu, atordoado.

– Sim, meu Pedro. - ela confirmou - Queria ele aqui, assim ele lhe daria um bom e velho soco inglês no nariz!

Samantha soltou-se dele, continuando a caminhar. PL ficou ali um tempo, raciocinando. Pedro? Quem é Pedro? E por que ela só o mencionou agora? Ou melhor, por que ela o mencionou?

– Quem é esse Pedro? - ele voltou a segui-la.

Esse Pedro? Se eu fosse você, o mencionaria com mais respeito. Ele é Grande Rei Pedro, o Magnifíco, poderoso sobre todos os reis de Nárnia, Imperador das Ilhas Solitárias, e Senhor de Cair Paravel, Cavaleiro da Mui Nobre Ordem do Leão e Ruína dos Lobos. - Samantha disse, sem esquecer de nenhum de seus mais pomposos títulos. - Além de um maravilhoso pianista, inteligentíssimo, estrategista em batalhas e MUITO MELHOR DO QUE VOCÊ!

E dito isso, ela voltou a andar. PL estava humilhado, mas ainda não vencido.

– Mas eu estou aqui. E ele? - aquelas palavras cortaram o coração dela.

– Que pena. - ela suspirou, pesarosa - Eu preferia ele.


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Notas finais do capítulo

Wow! Samantha pegou pesado! O que acham? Quem é o melhor: Passo Largo ou Pedro Pevensie?



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