O Astronauta Solitário escrita por Lost Satellite


Capítulo 1
Decolagem




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Uma multidão em massa se aglomera nas ruas.

Zumbis que caminham automaticamente, olhos costurados e lábios jogados fora.

Vidas perdidas dia após dia.

O céu está cinzento hoje, assim como esteve todos os outros dias.

Máquinas manipuladoras brilham através das vitrines.

Zumbis sem olhos estancam diante dos olhos de vidro e esboçam contentamento.

Às vezes me questiono sobre a minha sanidade mental.

Sinto-me doentio e então torno a respirar o ar contaminado.

Ouço sons de silêncio e me sinto surdo. Por que estou sozinho aqui?

Busco olhos onde possa encontrar vida, mas não há brilho, não há resposta.

Grito por dentro e torno a consumir o silêncio que me destrói.

- Alguém pode me ouvir?

O tempo escorre diante dos meus olhos. Minha cabeça está vazia, desconectado.

Calafrios, o vento queima contra minha face... Estou sozinho.

Um paredão escuro me engloba, a noite é solitária e então o brilho das estrelas me encontra.

Na noite sou o astronauta, perdido com minhas mensagens de socorro.

Meu mundo solitário, onde está tudo vazio e silencioso.

- Quando foi que entrei nessa? Era tudo tão comum, mas então eu decolei,

Tornei-me um astronauta, viajando sozinho.

Por favor, alguém pode me ouvir? Eu quero voltar.

Ainda existe uma razão pela qual viver, pela qual morrer, um sorriso que desejo ver.

Retroceda essa missão... Abortar planos e ordens, eu não posso mais.

Espectros e hologramas são projetados, da janela do tempo saltam cenas e memórias.

Hoje à noite, o astronauta abandonado irá chorar, irá recordar.

Num mundo onde, astronautas estão desconectados em suas caixas pequenas

Mandando mensagens de socorro.

- Estou aqui, você pode me ouvir?

Diante de você, abra os olhos, veja-me.

Não sou invisível, não sou mudo, não sou surdo. Você pode me ouvir?

Ouça-me! Você agora é tudo o que eu tenho, me deixe voltar.

Vou mandar mais um sinal, não perca, é o ultimo.

Por você, por todos que estão aí fora. Por favor, me deixe voltar.

Fracos sinais, não existem mais indícios de ajuda, onde está?

Altas torres e prédios, no asfalto a vida se esvai.

Massas se aglomeram num ritual decadente de insignificância.

O astronauta que decolou, perdeu o sinal.

Não pode voltar, não pode pousar.

Como estrela cadente cortou os céus,

Rasgou os ares e se chocou com a realidade.


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