Potterlock - A Câmara Secreta escrita por Hamiko-san


Capítulo 7
O diário de Tom Riddle




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John quase não saiu de baixo das cobertas de tão frio que estava. No entanto, a pilha de presentes na beira da sua cama o deixou animado demais para continuar dormindo. Esfregou as mãos e começou a desembrulha-los, começando pelo de Sherlock: Uma caixa de couro preto com letras prateadas escrito kit para Manutenção de Vassouras. 

— Wow, Sherlock! 

Na caixa tinha um grande frasco de liquido para polir cabos, uma tesoura prateada para aparar cerdas, uma bússola para prender na vassoura e um manual Faça a Manutenção da sua Vassoura. Realmente o amigo havia se redimido por ter dado no Natal passado um livro grosso e tedioso sobre os doze usos do sangue de dragão.

Os demais presentes eram um livro chamado Quadribol Através dos Séculos dado por Henry, uma caixa de sapos de chocolate dada por Sally, um suéter novo, vermelho e dourado, dado pelos pais... Até mesmo Mycroft lhe deu um presente: Um bisbilhoscópio. John se sentiu culpado por não ter mandado algo para ele. Faria isso no próximo Natal.

Foi uma pena não ter encontrado Sherlock o dia todo. No seu íntimo, John sabia que queria ter curtido o dia com o amigo. O Salão Principal estava tão bem trabalhado que nem parecia que estavam todos num clima de terror. Havia uma dúzia de árvores de Natal cobertas de cristais de gelo, uma neve encantada caía do teto e a mesa, como sempre, estava farta.

John reparou que Molly também ficou no castelo, e que também estava tão solitária quanto ele. Decidiu então passar um tempo com ela no jantar.

— A verdade é que fiquei com medo... — Ela dizia um pouco pálida enquanto Dumbledore puxava o coro de algumas canções natalinas. — Meus pais, sabe?

— É, os meus também. Se eu disser pra eles que tem um monstro atacando filhos de trouxas, eles não vão nem querer que eu volte.

Molly espremeu os lábios só de pensar na possibilidade:

— Eu também não queria ir... Espero que esses ataques parem.

A conversa foi cortada por Hagrid, que cantava mais alto que o pessoal do coral. John e Molly riram ao ver Snape e Minerva olhando feio para o guarda-caças, cujo rosto já estava vermelho de tanto vinho.

— E Sherlock? — Ela perguntou apreensiva — Não viu ele hoje?

— Não. Deve estar enfurnado na torre da Corvinal.

Um origami em forma de pássaro enfeitiçado passou voando pelo salão festivo e aterrissou nos cabelos de John. O rapaz tapeou a própria cabeça achando que era um bicho, mas seus dedos engataram na dobradura.

Havia algo escrito lá.

"Murta"

— Então? — Molly perguntou sem ler o bilhete — É mensagem de algum professor?

— Mais ou menos. Eu tenho que ir. Feliz Natal, Molly!

O garoto saiu correndo até o banheiro da Murta-Que-Geme sem nenhuma discrição. Por mais que não conhecesse aquela caligrafia, apenas Sherlock ia àquele lugar. Claro, e a própria Murta, mas se ela quisesse incomodar não seria enfeitiçando um pergaminho.

Mal entrou no banheiro quando ouviu um choro muito alto vindo da fantasma.

— Oi? Só está você aqui, Murta?

A resposta foi um jato de uma água que John nem queria saber de onde veio. Logo o garoto se viu completamente ensopado.

— ARG! — começou a cuspir o que achava que poderia ter engolido — Gasp! Gasp! MURTA!

— O que foi? — choramingou Murta, infeliz. — Veio jogar mais alguma coisa em mim?

— Claro que não! Por que eu iria jogar alguma coisa em você?

— E você pergunta pra mim? — gritou Murta, surgindo em meio a mais uma onda líquida que se espalhou pelo chão já molhado. John levantou um dos pés, como se isso pudesse deixá-lo menos encharcado — Estou chorando porque alguém jogou um livro em mim!

— Mas não deve machucar se alguém joga um livro em você. Ele lhe atravessa, não?

Disse a coisa errada. Murta se estufou e gritou com voz aguda:

— VAMOS TODOS JOGAR LIVROS NA MURTA PORQUE ELA NÃO É CAPAZ DE SENTIR! DEZ PONTOS SE VOCÊ FIZER O LIVRO ATRAVESSAR A BARRIGA DELA! QUE ÓTIMO JOGO, NÃO? POIS EU NÃO ACHO!

— Por favor, só não me molhe de novo! Onde está o livro?

Ela apontou para um livro de capa preta e gasta no chão, perto da pia:

— Ali. Foi cuspido por mim de dentro da privada.

O garoto abriu o exemplar. Na primeira página conseguiu ler o nome "T. S. Riddle", em tinta borrada. Todavia isso foi tudo o que encontrou. As outras páginas estavam todas em branco.

— John?

Sherlock havia chegado carregando duas mudas de roupas nos braços.

— Não pergunte. – O grifinório guardou o diário.

— Ok, não importa. Hora de bancarmos os espiões.

Sherlock entrou no box onde preparava a poção polissuco e tirou do bolso dois tubos de ensaio. Cada um com um fio de cabelo. John veio atrás dele.

— O último ingrediente da poção. – Explicou o jovem Holmes enquanto enchia duas taças com o líquido – Um pedaço da pessoa que você vai se transformar.

— Isso é tão nojento quanto soa?

— Só tem um jeito de descobrir. – Ofereceu uma taça para John e um tubo de ensaio – Fique com esse.

— Eu devo ser louco pra aceitar fazer parte disso.

John colocou um fio de cabelo dentro da taça e viu que o líquido dentro dela mudava de cor e textura. Agora parecia soro de creme leite com cheiro forte. A careta de desgosto foi inevitável. Já o líquido na taça de Sherlock era amarelo aguado e cheirava a éter.

Os dois cobriram o nariz e entornaram sua bebida garganta abaixo. Quando John terminou, a vontade de vomitar foi mais forte.

— L-licença!

O Watson correu para fora do box e entrou em outro, já se inclinando sobre o vaso sanitário, mas nada saiu de sua garganta. Então notou que ficava um pouco mais alto e estranhamente diferente. Ao sair do lugar e se olhar no espelho, não viu mais o seu reflexo, e sim o de Philip Anderson, o apanhador do time da Sonserina.

— Caramba… Caramba! Sherlock, funcionou! Isso… Isso é incrível!

A porta do box de Sherlock se abriu, mas quem saiu de lá foi Kitty Riley.

John quase engasgou:

— Você… Ta… Maluco!?

— Eles estão dormindo num armário depois de comerem bolinhos cheios de poção do sono. As roupas eu peguei da lavanderia. É um disfarce perfeito.

— Não, não é não. Essa garota vive seguindo o Moriaty e… Ele vai perceber que não é ela! Fora que você vai ter que ficar bajulando ele.

— Eu faço esse sacrifício. – Ela lhe entregou uma muda de roupa – Vamos.

 

~O~

 

Achar o salão comunal da Sonserina não foi difícil. Sherlock contou que passou o dia sob a capa da invisibilidade observando o movimento dos sonserinos para tentar encontrar um fluxo em comum, até descobrir que a entrada estava localizada atrás de uma parede de pedra nas masmorras. John apenas torcia para que ninguém notasse que Kitty Riley estava um tanto antissocial.

— Como espera chegar no Moriaty? – John cochichava enquanto se aproximavam da masmorra da Sonserina – Vai perguntar sobre a Câmara Secreta logo de cara?

— Vou puxar assunto. Moriaty e eu nos entendemos.

— Essa frase fica pior na voz dela.

— Hm… A sala da Sonserina deve ter uma senha, que nem a sua.

— A Corvinal não tem senhas?

— Não. A águia dá uma charada. Se conseguirmos resolvê-la, podemos entrar. Em geral, os bruxos estão tão acostumados à magia que não conseguem ser muito lógicos. 

Anderson conteve uma risada que escapou pelo nariz:

— O chapéu seletor tinha razão. É a casa perfeita pra você.

A garota sorriu para ele e só então John notou o quanto ela era atraente.

Viram um grupo de alunos entrando na passagem atrás de uma pedra e se aproximaram.

— Diga que você sabe a senha. – O falso Anderson olhava nervosamente para os lados.

— Hm… Puro sangue?

A porta se abriu.

— C-como? – Ele seguiu confuso a garota.

— É tão previsível que chega a ser patético. Escolheram um termo com duplo sentido. Quem escolhe essas senhas afinal?

— Ahn… Quem escolhe as nossas é o retrato da mulher gorda.

— Shhh. Seja discreto.

Moriaty estava deitado num divã, passando a varinha entre os dedos, e falando com outro segundanista, este esbelto e bonito, de olhos claros e cabelos ondulados, sentado na poltrona à sua frente. Sebastian Moran. A falsa Kitty se aproximou e colocou manhosamente as mãos nos ombros de seu alvo.

— O que está fazendo, Jim?

John teve asco da cena.

— Qual é a história que eu estou perdendo? – Ela contornou para se sentar na beira do divã – Não me diga que está falando sobre a Câmara Secreta.

Moran riu:

— Esse é o melhor assunto de todos, Kitty! Espero que o herdeiro consiga acabar com esses sangue ruins.

— Eu não sei. Isso está dando fama para aquele arrogante Sherlock Holmes. 

— Kitty, Kitty... — Moriaty jogava a própria cabeça pra trás e encarava o teto — As pessoas gostam de histórias. Watson escreve que ele é um herói naquele Pasquim ridículo, mas os alunos dizem que ele é um vilão. A parte mais legal de todas é ver essas pessoas brigarem.

— Mas você acha mesmo que foi ele?

— Talvez eu conte em troca de um carinho seu.

Anderson abriu a boca e sacudiu a cabeça sem conseguir emitir nenhum som. Moran percebeu isso e começou a rir.

— Hei, Jim, o Philip não ta gostando de ver você mexendo com a Kitty!

— Não é nada disso! – John fez a cara de Anderson ficar vermelha – Eu só duvido que esse cara saiba metade do que fala! Ele é só um segundanista, como vai saber sobre a Câmara Secreta?

Jim riu com escárnio:

— Você é tão ridículo, Anderson, mesmo pra um veterano. Se eu dissesse pra vocês quem abriu a Câmara Secreta, jamais acreditariam.

— Já sei, você vai dizer que foi Sherlock Holmes! Todo mundo diz isso!

— Sherlock Holmes é muito óbvio, mas é engraçado ver todas aquelas pessoas apontando pra ele. Espero que o monstro pegue o Watson e elas fiquem sem saber quem culpar.

Kitty e Moran começaram a rir, mas aquilo pareceu entediar Moriaty, como se ele já tivesse desfrutado de tudo o que tinha para desfrutar. Já John sentia-se sufocado com a cena, então girou os pés na direção da saída, mas não andou porque ouviu a voz de Kitty:

— Hei, Philip, não me diga que vai comer mais tortas de abóbora?

— Hm… Sim. É.

— Eu vou com você. Alguém tem que impedir que você morra de tanto comer.

Kitty se despediu dos colegas e acompanhou Anderson até a saída.

 

~O~

 

— Não adiantou nada! Não foi Moriaty que abriu a Câmara Secreta.

John entoou, se sentou na cama e abriu um sapo de chocolate pra se acalmar. O dormitório do segundo ano da Grifinória apresentava paredes frias e um luar fraco passando pela janela.

— Não sei por que está bravo. – Sherlock estava ligeiramente contente – Graças a você eu descobri o que eu queria. 

— A mim?

— Foi sua a ideia de provocá-lo, não? Eu sabia que ele não ligava para Riley, mas não sabia o quanto ele a desprezava.

Por um instante, John se esqueceu que estava aborrecido.

— Eu tive que… Hm… Improvisar. – O grifinório parecia sem jeito – Você também foi muito convincente.

— Não foi difícil. Riley não é interessante para Moriaty, então ele não presta atenção nela.

Sherlock deitou-se na cama de Henry e fechou os olhos aparentemente satisfeito. John tinha certeza que ele não parou quieto o dia inteiro, observando os passos de Moriaty, de Kitty, de Anderson e de vários alunos da Sonserina.

Decidiu parar de encarar o amigo e passou a folhear o diário que encontrou no banheiro da Murta. Perguntava-se por que alguém jogaria aquilo fora. Tipo, era um diário. Tinha páginas em branco pedindo para serem preenchidas com memórias.

Foi até a cômoda e tirou de cima dela um tinteiro e uma pena. Voltou para cama, molhou a pena no tinteiro e redigiu as primeiras palavras.

Sherlock Holmes e o caso da Câmara Secreta.

De repente as palavras desapareceram da página, como se a tinta fosse sugada.

O garoto franziu o cenho. Agora entendia por que a pessoa jogou o diário cano abaixo. Certamente aquilo era um artigo truqueiro, um feitiço traiçoeiro colocado no livro para que nada pudesse ser registrado nele.

Entretanto, para a sua surpresa, a tinta voltou à página e surgiram palavras que ele nunca escrevera.

"Esse é um novo jeito de escrever confissões em um diário?"

O menino levou um susto. Olhou para Sherlock, que pelo visto cochilava. 

Cauteloso, molhou a pena e escreveu novamente.

"Meu nome é John Watson"

A tinta desapareceu mais uma vez, dando lugar a novas palavras.

"Ola, John Watson. Meu nome é Tom Riddle. Como encontrou meu diário?"

John sorriu maravilhado diante do diário mágico. Imaginou que aquele tipo de artigo enfeitiçado era comum no mundo bruxo. Tipo a Inteligência Artificial para os trouxas.

"Encontrei num banheiro."  respondeu "Acho que alguém jogou ele na privada."

Essas palavras foram tragadas e outra frase se formou

"Sorte que registrei minhas memórias em algo mais durável que a tinta. Mas sempre soube que haveria gente que não ia querer que este diário fosse lido."

"Por que?" escreveu John rapidamente.

"Porque este diário guarda memórias de coisas terríveis. Coisas que foram abafadas. Coisas que aconteceram na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts."

O coração do garoto deu um salto. Com a caligrafia péssima de tanta excitação, ele escreveu:

"Por acaso está falando da Câmara Secreta?"

A resposta de Riddle veio depressa, a caligrafia mais desleixada, como se estivesse correndo para contar tudo o que sabia.

"No meu tempo disseram para a gente que era uma lenda, mas era uma mentira. No meu quinto ano, a Câmara foi aberta, o monstro atacou vários alunos e finalmente matou um. Peguei a pessoa que tinha aberto a Câmara e ela foi expulsa. Mas o diretor, Prof. Dippet, constrangido porque uma coisa dessas aconteceu em Hogwarts, proibiu-me de contar a verdade. A história que foi divulgada é que a menina morrera em um acidente imprevisível. Eles me deram um troféu bonito pelo meu trabalho e me avisaram para ficar de boca fechada. O monstro continuou vivo e aquele que tinha o poder de libertá-lo não foi preso."

Com a euforia tomando conta de seu ser, John pulou da cama e sacudiu Sherlock sem nenhuma cordialidade:

— Sherlock! Hei, Sherlock!

— Ahn...?

— Olhe isso! Venha ver!

E puxou o amigo para perto do diário.

— Isso aqui é um item mágico! - Explicou o loiro energético pegando o objeto - Eu estou falando com o antigo dono dele e ele sabe quem abriu a Câmara Secreta!

A sonolência se esvaiu imediatamente de Sherlock:

— Como é?

— É isso! Olhe, quando eu escrevo…

— Espere, John, onde conseguiu esse diário?

— No banheiro da Murta. Aquela inundação, sabe? Ela estava fazendo isso porque estava com raiva. Atiraram isso nela. Mas esqueça. Olhe só! — John voltou a escrever com a caligrafia totalmente corrida.

"Quem foi essa pessoa? O que aconteceu? Meu amigo Sherlock Holmes está aqui. Pode nos contar?"

Fez-se uma pausa. John encarava a página em branco sem se conter de tanta ansiedade.

Foi quando o diário respondeu.

"Deixem-me mostrar tudo a vocês"

As páginas do diário começaram a virar como se tivessem sido apanhadas por um vendaval e pararam na metade do mês de junho. Boquiabertos, os meninos viram o quadrado correspondente ao dia treze de junho se transformar numa janela que se expandia até gerar uma luz cegante.

De repente sentiram o corpo abandonar o quarto e ser tragado para dentro da página. John agarrou o braço de Sherlock por impulso e, num piscar de olhos, seus pés alcançaram um piso.

Estavam num lugar completamente diferente. Era uma sala circular e muito bonita com retratos que cochilavam na parede. Havia uma grande mesa, cheia de trecos, e uma cadeira estofada onde um bruxo mirrado e frágil lia uma carta à luz da vela. John soltou Sherlock e olhou para o homem. Não fazia ideia de quem ele era.

— Ah... Perdão, senhor. Eu não sei como paramos aqui.

O bruxo velho deixou o pergaminho de lado com um suspiro, levantou-se e passou pelos garotos sem olhá-los.

— Ele não consegue nos ver. — Falou Sherlock.

— Sabe o que está acontecendo?

— Acho que estamos vendo o passado de alguma forma.

Alguém bateu na porta da sala.

— Entre — Disse o velho bruxo com a voz fraca.

Um bruxo de dezesseis anos entrou tirando o chapéu cônico. Um distintivo de monitor brilhava em seu peito. Ele era mais alto do que Sherlock e seus cabelos lisos eram muito negros.

— Ah, Riddle.

— O senhor queria me ver, diretor Dippet? – Disse o garoto, que parecia nervoso.

— Sim. Sente-se. Acabei de ler a carta que você me mandou.

— Ah. – Disse Riddle, e se sentou apertando as mãos com força.

— Meu caro rapaz, não posso deixá-lo permanecer na escola durante o verão. Tem certeza que você não quer ir para casa passar as férias?

— Não – respondeu Riddle na mesma hora. – Prefiro continuar em Hogwarts do que voltar para aquele... Aquele...

— Você mora num orfanato de trouxas, não é?

— Sim, senhor.

— Você nasceu trouxa?

— Mestiço. Pai trouxa e mãe bruxa.

— E seus pais...

— Minha mãe morreu logo depois que eu nasci. Me disseram no orfanato que ela só viveu o tempo suficiente para me dar um nome... Tom, em homenagem ao meu pai, Servoleo, ao meu avô.

Dippet deu um muxoxo de simpatia.

— Tom, seria muito insensato de minha parte permitir que você permaneça no castelo quando terminar o ano letivo. Principalmente com esses ataques acontecendo... A morte daquela menina... Você estará muito mais seguro no seu orfanato. Aliás, o Ministério da Magia está neste momento falando em fechar a escola.

Os olhos de Riddle se arregalaram:

— Fechar a escola!?

— Sim. Outros alunos podem acabar morrendo.

— Diretor, se a pessoa fosse apanhada e se tudo isso acabasse...

— O que quer dizer? — perguntou Dippet esganiçando a voz e alargando as narinas — Riddle, você está me dizendo que sabe alguma coisa sobre esses ataques?

— Não, senhor — respondeu Riddle depressa.

Dippet suspirou parecendo ligeiramente desapontado.

— Pode ir, Tom.

O monitor se levantou e saiu acabrunhado da sala. John e Sherlock o acompanharam forçadamente. Viram-no descer por uma escada em caracol e sair ao lado de uma gárgula no corredor. Riddle parou. Então caminhou apressadamente, até chegar à masmorra em que Sherlock e John tinham aulas de Poções no tempo presente.

Lá dentro, alguém sussurrava no escuro, um tanto esbaforido. "Vamos... Vamos logo pra caixa..."

Aquela voz espantou John. E pelo visto surpreendeu Sherlock também, que agora estava com os olhos abertos demais e a respiração presa.

— Não pode ser... — O loiro balançava a cabeça confuso.

Riddle estava a espreita de um menino muito grande. Um corpanzil que tentava esconder alguma coisa num caixote.

— Rúbeo! — chamou Riddle rispidamente.

Hagrid, com dezesseis anos, fechou o caixote e abriu a boca amedrontado.

— Que é que você está fazendo aqui, Tom?

— Acabou! Vou ter que entregá-lo, Rúbeo! Estão falando em fechar Hogwarts se os ataques não pararem!

— Não! Espere!

— Monstros não são bichinhos de estimação!

— Ele nunca mataria ninguém!

John ainda estava bestificado com toda aquela cena e ignorava um barulho esquisito que lembrava um caranguejo numa panela.

— Vamos, Rúbeo! Os pais da garota morta estarão aqui amanhã! O mínimo que Hogwarts pode fazer é garantir que a coisa que matou a filha deles seja abatida!

— Não foi ele! — rugiu Rúbeo chorosamente — Ele não faria isso! Nunca!

— Afaste-se! - disse Riddle, puxando a varinha.

O feitiço disparado iluminou repentinamente o corredor com uma luz flamejante. O caixote se partiu com tal força que Hagrid caiu no chão. E pelo vão saiu uma coisa que fez John engolir um grito de pavor. Um corpanzil baixo e peludo e um emaranhado de pernas pretas, um brilho de muitos olhos e um par de pinças afiadíssimas estava à frente de Tom. Riddle tornou a erguer a varinha, mas demorou demais. A coisa derrubou-o e fugiu, desembestou pelo corredor e desapareceu de vista. A última coisa que se ouviu foi Rúbeo gritando escandalizado:

— NÃO!!!

A cena girou, a escuridão foi total. John sentiu-se caindo até despencar em sua cama, junto com um Sherlock igualmente zonzo.

O diário de Riddle agora estava abandonado no colchão.

— Não acredito... — John ofegava pasmo — Hagrid!

 

Continua


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Notas finais do capítulo

Aew. Mais um capítulo! E relativamente rápido. Pelas minhas contas faltam só três para a fic acabar. Espero que tenham gostado! ^^/