Contrastes Confidentes escrita por BIA


Capítulo 1
Contrastes Confidentes


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem amores ♥



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E ali ficaram os dois. Ali mesmo, naquela cama do garoto, que apesar de ser de solteiro ,era bem grande e espaçosa para ambos, como a de casal, onde lá couberam e ali ficaram os dois. Adormeceram por 10 minutos entre os lençóis ,um pequeno cochilo noturno, nada de mais, quando 23:10 em ponto Sam acordou.

A garota não sentia mais nenhum pingo de sono ,então decidiu se levantar , claro, com todo o cuidado para não acordar o garoto que dormia como um bebê ao seu lado.

Ela se levantou e logo sentiu muito frio, afinal estava nua , sem proteção alguma naquela imensa escuridão do quarto. Não encontrava suas roupas, obviamente as teria jogado longe no certo ato cometido entre os dois há quase 20 minutos, então decidiu procurar por algo que estivesse por perto para vestir.

Sam vasculhava naquela imensa escuridão, tateando com as mãos e até mesmo com os pés para ver se achava alguma coisa .Um pouco para lá. Um pouco para cá...ela sentiu algo. Algo de um tecido pouco grosso , mas ao mesmo tempo macio em si. Decidiu colocá-lo rapidamente, afinal estava sentindo calafrios pelo corpo inteiro.

Ao colocá-lo a garota percebeu o quão grande era , chegava até um pouco acima das suas coxas e seus braços não se destacavam tanto naquelas mangas enormes que a aqueciam e que possuíam um aroma que ela conhecia. Era simplesmente mais que familiar, era único .Aquele cheiro de perfume forte ,mas ao mesmo tempo era como o de um homem, com uma pintada de suor, que apesar do que vem parecer nojento não era... era apenas a pitada igual de como um menino corre ,joga bola ou faz todas as possíveis brincadeiras apenas para se distrair ,sendo ainda um menino .Apesar de ser um homem ainda era um menino. Sim aquela era a camisa de Freddie ,que a garota vestia.

Ela apenas a abotoava sentindo todo aquele aroma que era dele, somente dele. Assim que a acabou de abotoa-la a garota olhou para todo o quarto a sua volta, o que seria nada menos que um grande e imenso breu , se não fosse pela janela que trazia até sua visão o reflexo das luzes que vinham da rua adicionadas ao brilho das gotas de chuvas que começam a cair. A combinação de reflexos perfeita.

Sam caminhou até perto da janela e ali ficou, apenas fitando o fenômeno que acontecia do lado de fora. A garota olhou para trás, como se fosse uma ação involuntária e lá viu Freddie. O menino que estava tirando uma soneca , o homem que estava a dormir, o contraste do precoce com o maduro. O cheiro de suor e do perfume se contrastavam e a hipnotizavam , logo a fizeram voltar sua atenção para a janela.

Ela voltou a fitar com muita atenção os pingos de chuva, como se sentisse o quão gelados deviam estar e sentindo aquilo, a garota abraçava a si mesma o mais forte que podia, sentindo cada vez mais aquele cheiro de contraste do suor com o perfume do moreno, que a aquecia e a fazia se sentir protegida. Protegida do gelado dos pingos de chuva, protegida de alguma coisa ruim que pudesse estar lá fora, protegida de algo que pudesse fazer mal a ela, protegida do mundo cruel que pudesse estar camuflado a luzes lá fora. E a garota ali, apenas a observar a cada pingo e tentar se proteger. Mesmo estando em um apartamento , em um lugar coberto ,com o perfume e o cheiro de suor do garoto.

Observava apenas. Ficou assim por mais alguns segundos equivocada no silêncio, no cheiro daquele contraste , no barulho da garoa fina que caía, somente calada naquele silêncio junto com a mistura de sons ocultos , pensamentos e contrastes...

Estava sozinha ali admirando a cena, quando sentiu um vulto um tanto familiar chegando atrás de si ,apoiando um pouco do peso do seu corpo atrás dela .

Era ele. Sam não fez nada. Nem ao menos se virou para trás em direção ao garoto e nem ao menos se incomodar se o garoto estaria nu, o que não estava e sim usava sua cueca boxer preta que havia achado por milagre entre os lençóis.

Nada .Ambos não diziam nada. Freddie começou a colocar o cabelo da loira para o lado direito a fim de apoiar no seu ombro, dando passagem para que ela pudesse falar alguma coisa. Sam fechou os olhos naquele instante e respirou fundo quebrando todo aquele silêncio:

-Sabe ...quando eu era pequena e via aqueles filmes ridículos e desnecessários de romance ou comédias românticas , eu nunca entendia o porque daquelas garotas depois de transarem ou fazerem amor colocavam a blusa do cara...Eu achava que elas eram umas faveladas ou algo assim, mas agora eu entendo o porque...É como se elas quisessem ter alguma coisa para se lembrar do garoto, se lembrar dele, se lembrar do quanto foram amadas naquele momento, do quanto se sentiram protegidas por entre os braços dele. Um homem destemido que as protegeu , mas ao mesmo tempo um menino que mesmo sendo covarde, apostaria tudo para protege-las com todas as suas mínimas e fracas forças, mas que por elas as tornariam fortes e as protegeriam .O fato é: se sentir protegida, é ....Querer nunca mais se esquecer daquele menino...daquele homem que a fez se sentir tão segura, protegida ... daquele cheiro e daquele tecido que mesmo que fino era grosso e ao mesmo tempo as aqueciam... Elas só não querem esquecer daquele que jamais querem esquecer, porque elas nunca querem esquecer daquele que as fizeram sentir assim ....Através de uma camisa.

O silêncio da voz de Sam refletiu em todo o quarto, o barulho dos pingos gelados que ainda caíam era a única coisa que o quebravam . Mas em segundos a voz de Freddie quebrou a tudo aquilo:

- Espero ter feito você se sentir assim...Espero ter te protegido de alguma forma...

O rapaz disse como uma forma de desabafo, um pouco baixo, mas ao mesmo fora claro. A loira se virou olhando para baixo sorrindo, quando finalmente decidiu encara-lo e lá estava ele: O contraste do menino com o homem. O topete com o sorriso de lado. Ela tocou em seu rosto e fixou seu olhar na imensidão dos olhos negros dele e disse:

-Se não tivesse eu me sentir assim ...Eu não estaria com a camisa, não é mesmo Nerd?

O garoto sorriu da forma mais sincera e honesta, assim como ela. Ele acariciou o seu rosto enquanto se perdia, mesmo naquela escuridão, os olhos azuis da garota o iluminavam entre as luzes provenientes da rua com os reflexos dos pingos de chuva. E assim que pode se aproximou mais perto de sua face a e a beijou. O beijo não era quente , nem havia sem si algum aspecto de malícia. Era apenas um beijo inocente entre um garoto e uma garota que se amavam. Um homem e uma mulher que estavam descobrindo confidentes experiências .

Assim que cessaram Sam olhou para o relógio : 23:25. Olhou para o garoto como se ambos entendessem a mensagem :

- Ok. Eu já te levo .

E assim se viraram. Freddie se dirigiu por entre o breu, procurando o abajur do lado do criado mudo, que ao acende-lo, iluminou boa parte daquele quarto Nerd com tema de Guerra nas Galáxias.

Sam agora com mais nitidez ,pode achar suas roupas que se encontravam do lado esquerdo, bem ao canto, elas realmente tinham sido jogadas bem longe. Ao pega-las do chão a garota olhou para Freddie, com um sorriso que transmitiu uma certa malícia, que também olhava para ela do mesmo modo, como se tivesse entendido a mensagem.

Sam se dirigiu ao banheiro para se trocar, deixando Freddie no quarto sozinho para que ele pudesse se trocar também.

Depois de algum tempo ela saiu de lá de dentro, encontrando o garoto de calças jeans, tênis e sem camisa, afinal sua camisa estava com ela , que trazia consigo na mão .Chegando mais perto dele, lhe estendeu a camisa xadrez suor/perfume:

-Bom aqui tá Freddie.

-Não Sam...Eu quero que fique com ela_ Ele disse recusando a seda, os botões, o perfume, o suor, recusando a SUA camisa e Sam se sentiu confusa com aquilo. Porque o garoto estaria recusando a sua própria camisa? E mais : Porque queria que ela ficasse com a camisa?

-Não, espera como assim? Mas porque Freddie? Porque você quer que eu fique com ela? E porque eu ficaria com ela ?

-Porque Sam... é como você disse, você é como aquelas garotas dos filmes, que colocam a camisa para se sentirem protegidas pelo cara com quem a fizeram se sentir isso, a fizeram se sentir amada, querida, aquecida , isolada dos perigos do mundo , até mesmo do ar gelado de uma garoa lá fora. E eu quero que você fique com a minha camisa, fique com ela ,porque assim Sam...você vai se lembrar que eu, foi EU que fiz te sentir assim. Pra que você nunca, jamais esqueça de mim Sam...nunca se esqueça de mim: Freddie Benson, o cara que fez você se sentir desse jeito : amada e protegida ...Isso é pra você nunca se esquecer de mim Sam...

Ele dizia acariciando seu rosto e a garota guardava para si a vontade de chorar que estava presente , devido a declaração e disfarçando com um sorriso e sendo irônica :

- Vou ter que dar a minha blusa também pra você não me esquecer Benson?

Ele riu de uma forma espontânea e começou a falar, pegando em sua mão:

- Não há necessidade Sam , porque você sempre vai estar aqui olha_ Ele encaminhou sua mão entrelaçada com a dela em seu tórax, onde seu coração batia , onde ela o sentia insaciável a bater, aquela batida feliz que a loira causava no moreno, somente ela.

A garota voltou seu olhar ao rosto dele que acabou por completar a frase:

-...Viu ele bate assim por você e sempre...sempre vai bater

Freddie pegou o rosto de Sam com as duas mãos ,lhe dando um beijo na testa e logo em seguida teve iniciativa para lhe dar um beijo digno. E não somente seu coração batia alegre e aceleradamente naquele contraste : da loira e do moreno, do amor e do ódio, do perfume e do suor , do menino e do homem, da garota e da mulher , o contraste de Sam Puckett e Freddie Benson.

E o beijo foi se encerrando. Freddie o encerrava dando alguns selinhos na garota, que ao final de tudo aquilo sorriu levemente. O garoto caminhou até o seu criado mudo, afim de achar uma outra camisa ou camiseta para vestir, enquanto isso Sam olhava para a cama do garoto hipnotizada.

O que não seria gozado? A garota antes desprezava aquele quarto, tinha horrores de entrar lá, odiava todo aquele considerável “Paraíso Nerd” e tinha nojo daqueles lençóis temáticos de Guerras nas galáxias e agora ?! Ah e agora ... fora por entre aqueles mesmo lençóis que se deitara a primeira vez com alguém, a primeira vez que se entregara de verdade e ainda com ele : O Rei de todo aquele “Paraíso Nerd”. Antes, ao pensar nele Sam apenas refletia “Não eu o odeio e odeio cada detalhe dele e ou haver com ele”. Agora, aquilo mudou “Sim eu o amo e amo cada detalhe dele e ou haver com ele, mas já é hora de partir...”

Aquela seria a primeira e última vez dos dois juntos, a última vez em que naqueles lençóis julgados por nojentos de Guerras na Galáxias os dois se deitariam juntos, a última noite de Sam Puckett e Freddie Benson. A última noite de 24 de setembro de 2011.

Ainda mantinha o seu olhar fixo a cama, aos lençóis, como se lá estivesse refletido a imagem dela e do garoto adormecidos após o ato cometido. Ela se via feliz, se via com ele, se via como se não houvesse fim , ou despedida horas depois.

-Vamos ?

Mas era tarde, a imagem daquilo se desmanchou a sua frente. Era hora de partir, fora a última e primeira vez em que a loira e o moreno se amaram naquela cama, entre aqueles lençóis , sob o teto do quarto ,sede do “Paraíso Nerd”, na sinfonia da garoa gelada. Fora a última e primeira vez em que se amaram.

-Vamos...

A tristeza traduzida em tom de adeus em sua voz era clara. A garota se dirigiu até o criado mudo do moreno onde lá estavam sua jaqueta de couro e suas chaves. Sam pegou o molho de chaves com cuidado, afinal estava quase a quebrar e a espatifar o vínculo que unia a todas as chaves. Era possível até mesmo afirmar que, na próxima queda que sofresse não haveria mais jeito e teria de mandar de fazer outro com as quatro chaves que carregava: uma era para a porta da frente, outra para a porta dos fundos, a terceira para o quarto da loira e a quarta, esta era uma cópia da primeira. Sim, um pouco desnecessária, mas sua mãe a havia mandado fazer na época em que namorava um chaveiro e aproveitando a situação, pediu para que fizesse uma copia extra para filha. Desnecessária e sem sentido, tinha que ser a mãe de Sam Puckett.

Ao pegar o molho de chaves, Freddie apagou a luz do quarto. Apagou todas as lembranças das 22:30, claro simbolicamente, afinal eles estavam acesas tanto no coração, tanto na memória de ambos.

Andaram alguns quilômetros até chegar na casa de Sam. A garoa que agora havia se transformado em chuva dificultara um pouco sua chegada. O caminho fora silencioso, a única coisa que interrompia tudo aquilo era o barulho do para-brisa ao espalhar as gotas de chuvas pelo vidro do carro.

Ambos não queriam dizer nada, afinal não tinha nada para dizer. Ou eles teriam que ter dito “Ai foi legal ter feito amor com você, durma bem, boa noite e até amanhã” ? Seria totalmente sem sentido, até mesmo para Sam Puckett ser irônica naquele momento não era o ideal.

- Bom ...é melhor eu ir ._ Ela dizia já abrindo a porta do carro, dando passagem para as gotas grossas de chuva adentrarei ao pedaço aberto.

Freddie a puxou para dentro , voltando seu rosto para perto do dela, sob a marcha, onde seus olhares se encontravam pela última vez . Sam o olhava um pouco aflita, confusa no imenso chocolate de seus olhos e Freddie, este já não respondia por si mesmo, estava novamente hipnotizado nos olhos azuis da garota. Era o imenso chocolate escuro no azul rajado cristal na íris. Mais um contraste adicionado aquela noite.

- O que foi Freddie?

O rapaz levantou a sua mão e começou a acariciar a face direita da garota, que fechou o olhos por pouco tempo. E ao reabri-los, colocou sua mão sobre a dele na tentativa de tira-la e acabar com toda aquela tortura que a estava causando, mas a garota não conseguiu. Freddie foi mais rápido e colocou sua mão próximo a sua orelha, passando um de seus cachos para trás.

Novamente se encontravam naquele “jogo de encarar”. Sam continuava confusa , esperando obter a resposta em seu olhar, que foi ficando cada vez maior, cada vez mais próximo, cada vez mais. Até que chegou perto de sua face e agora realmente haviam ficado cara a cara. Sam não entendia nada, só sabia da certeza da sensação gélida dos pingos de chuva que adentravam no carro pela suas costas, mas a resposta viria logo em seguida: O garoto fechou os olhos por alguns segundos e disse com a voz mais fraca possível, sem força ou contentamento algum, na qual havia enrolado ,pois não queria acreditar que era verdade :

- Adeus Sam...

A garota fez um som a recuar, como se fosse chorar. O moreno juntou suas últimas forças e selou seus lábios ao dela. Selou pela última vez o amor que tiveram durante aquele tempo todo juntos, especialmente naquela noite.

Assim cessaram. Sam colocou sua mão no rosto dele e com a mesma fraqueza dita pelo menino suas palavras foram :

-Adeus Freddie...

Ao tentar descer do carro ,seu molho de chaves caiu e se espatifou, por sorte, dentro do carro. Lá Freddie achou as chaves rapidamente e as deu em sua mão . Sem ao menos se importar se todas as chaves estavam lá, Sam saiu correndo em direção a sua casa, mal via a hora de se livrar da friagem presente nos pingos de chuva que a atingiam.

Encaixou a chave da maçaneta, e se virando para trás , pode ver o farol do carro do nerd se acender. Provavelmente sua partida seria dada. Sam girou a chave e se recolheu para dentro de casa.

Ela se dirigiu até seu quarto, que não parecia nem um pouco quente. Havia uma corrente de ar entrando por ele ,lhe causando calafrios. Abriu seu guarda roupa ,na tentativa de achar o pijama mais quentinho possível. Revirava o guarda roupa inteiro ,mas não achava. Até mesmo aquele que tinha sido dado pela melhor amiga no seu aniversário que vinha com pantufas super quentinhas e “afeminadas” resolveriam seu problema. Nem moletons, toucas ou nada do tipo . Nada.

Sam se decompôs ao chão, havia desistido de procurar e achar alguma coisa. Nada a havia de proteger daquele frio. Navegava seu olhar pelo quarto e quando achava que não havia solução, olhou para baixo . O que estava e sua mão, o que disse que a fez se sentir tão protegida há algumas horas ,o que o garoto lhe dera para que ela se lembrasse dele, do quanto ele a protegeu naquele momento. Sim : a camisa xadrez de Freddie Benson.

A garota sorriu, havia sido de alguma forma, tudo planejado. Ela se despiu e começou a colocar a blusa para se aquecer rápido. O fino tecido cobria seus braços e possuía o efeito maior que qualquer moletom para aquecê-la . Sua pernas ficavam amostra, mas não sentiam calafrio algum. Seu tronco estava totalmente em equilíbrio térmico, era como se algo a abraçasse o mais forte possível. Algo de braços largos e de porte forte. Algo como ele . Ele que lhe dera a camisa.

Sam foi dormir, se infiltrou por debaixo do lençol vermelho que possuía. E lá, se virando para o lado direito, finalmente adormeceu, dando início a sua noite de sono, entre os barulhos da chuva que engrossava a cada segundo mais e mais

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------CABUM!

O barulho do forte estrondo de um trovão fez a garota pular da cama, fazendo-a acordar. A chuva havia se transformado em tempestade recheada de trovões estrondosos. Sam , por conta do susto abriu seus olhos de vez. Por entre a escuridão e os barulhos dos céus raivosos, pode ver seu PeraPhone aceso e a vibrar.

Sam estendeu sua mão mais próxima até ele. O aproximou de seu rosto, com um pouco de dificuldade por conta do sono, e pode ver que havia recebido uma mensagem. A garota desbloqueou e lá estava, em plena 3 horas da manhã uma mensagem de alguém que estava preocupado com ela:

Freddie Benson:

-“Espero estar te protegendo agora – 03:00 Hrs”

A loira sorriu. Fora a forma mais boba que Sam Puckett já sorriu em toda a sua vida. Era como se ele adivinhasse ou soubesse do ocorrido. Soubesse como ela se sentia naquele momento, soubesse que já começava a eterniza-lo na sua memoria a partir daquela noite.

Com o efeito bobo que a mensagem lhe causara, Sam pensou em voz alta com aquela voz de sono e pouco baixa:

-Acredite você está...

Ela voltou a se ajeitar entre o lençol. Quando de repente, pode sentir algo se aproximando ao canto de sua face, próximo ao seu ouvido, com uma voz reconhecível e grossa que lhe causava arrepios se fez baixa naquele momento:

-...É bom saber...

A garota abriu os olhos na hora. Fora como o susto da primeira vez, só que desta vez a surpresa fora maior. Ela hesitou por algum momento, mas depois conseguiu pegar um pouco de sua coragem e soprou a pergunta:

- Você está aqui ?

Havia dúvida presente nela, aquilo teria sido somente sua imaginação? Era o que ela acreditava, mas para sua surpresa houve o sopro de uma resposta :

-... Eu sempre vou estar Sam...

“Sempre”. Sam ficou um pouco assustada perante a tudo aquilo. Não tinha certeza se aquilo era real ou se era apenas sua imaginação brincando com ela novamente. Não sabia se era apenas um jogo de ilusões que a atormentava naquela madrugada. Ele realmente estaria ali? Próximo dela? Na sua cama? Deitado ao seu lado?

A tempestade lhe respondeu aquela pergunta, um enorme clarão de um relâmpago invadiu a todo quarto, e na parede a sua frente uma sombra se projetou: Lá estava o seu corpo e atrás dela havia um vulto, um pouco maior e também pouco reconhecível, claro, se não fosse os poucos fios de cabelo em forma de um topete presentes um pouco mais acima dos travesseiros. De fato era ele. Freddie Benson estava lá, ao lado dela, ao lado de Sam Puckett.

Aparentemente, ao molho de chaves se quebrar, as chaves se espalharam por todo o carpete do carro. Como Sam estava com muita pressa, e nem se importou em saber se o moreno havia encontrado todas as chaves e correu para dentro de casa, ela não havia percebido mal algum. Porém o moreno ao dar a marcha, notou uma coisa de metal no chão e lá viu uma chave, uma das chaves da loira. Freddie pensou. Pensou eu como queria estar ao lado dela, ficar mais um pouco, pensava naquela chuva que viria a piorar e como queria estar ao lado dela para protege-la por mais algumas horas na noite.

Ele pensou por muito tempo. Até que pensou na chance de 2 em 4 daquela chave ser a primeira ou quarta , que abriria a porta da frente para que pudesse repousar um pouco ao lado de sua loira, Protegendo-a. Assim que tomou coragem, decidiu enfrentar a tempestade lá fora e correu em direção a porta da casa dela. Juntou suas esperanças e ... Conseguiu! A chave adentrou e foi girada. Sorriu como um menino ao adentrar pela casa e com o maior cuidado se dirigiu até o quarto dela.

Agora os papéis se invertiam na segunda etapa daquela noite : a madrugada. Agora era ele quem a via dormir ,na cama, onde lá estava o contraste da sua loira: da garota de quem ele levava infinitas surras e provocações, com a mulher que ele amava e dormia como um anjo . Sua felicidade fora maior quando, sentindo uma corrente de ar fria, pode ver que ela estava com a camisa. A SUA camisa, para se proteger do frio que a cercava.

Ele tirou suas roupas, ficando somente com sua cueca boxer preta novamente, e deitou-se ao seu lado. Incrível como agora era ele quem não sentia um pingo de sono, só tinha vontade de ficar ali, sem a necessidade de dormir, só do lado dela , que mesmo assim estaria sonhando do mesmo jeito.

E ali ficou. O garoto estava tão feliz, que o sono não vinha de jeito nenhum. Sua felicidade tinha nome e motivo. Nome: Sam Puckett . Motivo: ela estar usando novamente sua camisa, mesmo ele não estando por perto. Freddie queria de alguma maneira provoca-la, querendo com que ela soubesse que ele a havia pego no flagra eternizando as lembranças daquela noite, então depois de quase 2 horas naquele transe, sonhando com os olhos abertos ao seu lado , ele tomou coragem e lhe mandou a mensagem que a garota acabara de ler há alguns segundos .

Voltando sua visão ao reflexo da sombra de um vulto amigo na parede, a garota tinha certeza de que não era sua imaginação, não era ilusão alguma ou qualquer tipo de loucura: Ele realmente estava ali. Sorriu. Sorriu por entre a escuridão, era a prova de real de que lá estava ele. Claro, se não fosse algo mais comprovante que ainda estaria por vir: ela sentiu algo encostar em sua mão, algo com um pouco mais de peso mas também com dedos . Era uma outra mão.

Esta tal “outra mão” entrelaçou seus dedos aos dela e a puxou um pouco para trás se aproximando de algo pouco úmido em si, uma estrutura carnuda, mas macia e que logo reconheceu e pode sentir a boca do garoto lhe dando beijos leves em um por um dos dedos. Mais uma prova de que ele estava lá, tanto espiritualmente, tanto fisicamente, tanto em qualquer outro sentido, mas ele estava lá e sempre estaria lá.

Eles se ajeitaram, as mãos foram postas para o lado de Sam ,ficando assim abraçados. Ficando assim as mãos, próximas do coração da garota, que batia ,batia insaciavelmente ,batia naquela batida feliz.

E ali ficaram os dois. Ali mesmo naquela cama de solteiro da garota, que apesar de ser de solteiro, era bem grande e espaçosa para ambos, como a de casal, onde lá couberam e ali ficaram os dois.

Sam sabia que logo pela manhã ele não estaria mais lá e Freddie sabia que ao acordar não teria mais jeito: havia de partir. Mas ambos tiveram a prova de que tudo aquilo fora real. Aquela noite realmente aconteceu e ela continuaria viva por entre tantas e outras noites.

Nas noites que se sucederiam, o moreno ao olhar para a janela de seu apartamento e ouvir o barulho dos pingos de chuva, veria a imagem refletida dos olhos azuis da garota, que de algum modo iluminaria todo o breu do seu quarto. E mesmo estando do outro lado da cidade, ele saberia, que estaria próximo dela, que a estaria protegendo , que ela estaria vestindo a sua camisa. E a loira sempre guardaria consigo o pano xadrez com o aroma, que a aqueceria naquelas noites geladas e sozinhas. Mas não seriam mais tão sozinhas a partir de agora , porque afinal ele sempre estaria ali...Os dois de alguma forma sempre estariam juntos naquelas cálidas e frias noites.

Sam e Freddie eram assim. Se faziam tão próximos naquelas noites, mesmo estando a uma distância do outro lado da cidade. Se faziam tão unidos, mesmo estando distantes. Fingiam se odiar mesmo se amando. Se amavam, mesmo de odiando. Sam que negara aqueles lençóis nerds muitas vezes, agora implorava a sua memória para que a lembrasse todas as noites de sua textura. Freddie que antes condenava aquele ser loiro, agora a tinha como última imagem antes de dormir.

O menino e o Homem. A garota infernal e a Mulher angelical. O perfume e O suor. A chuva gelada e o Sol encubado a local fechado. As listras que naquela noite se misturaram e se cederam ao xadrez. A loira e o moreno.

As diferenças entre eles eram visíveis para todos. Porém, seus contrastes eternais daquela só noite, seriam confidentes apenas entre os dois. Seriam contrastes confidentes para sempre apenas entre: Sam Puckett e Freddie Benson.


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Notas finais do capítulo

Espero não estar causando laudos de morte em ninguém ,porque eu não quero pagar Hospital kkkk
Bom gente é isso espero que tenham gostado mesmo, aceito recomendações kk
Amo vocês ♥