A Nova Vida de Anne escrita por Biju


Capítulo 30
Grease


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estou sofrendo de bloqueio criativo e o capítulo não me agradou nem um pouco. Queria escrever uma coisa mais adulta em uma certa cena, mas esses dias nem pra isso eu presto pra escrever. Boa leitura!



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Ricky POV

– Nervosa?

Anne observava o público se acomodar em seus acentos pela cortina do palco. Hoje era o grande dia da apresentação, perdi a conta de quantas pessoas desmaiaram por ali. Jessica não comeu nada o dia todo e estava sentada com a cara mais pálida do que nunca tentando comer algumas uvas, Mary não parava de cantar para “espantar a ansiedade”, porém a única coisa que ela conseguiu espantar era as pessoas do camarim.

– Um pouco – Forçou um sorriso se virando para mim.

– Só se lembre de como respira, o resto está tranquilo – Pisquei e a mesma sorriu.

– Em seus lugares! – Ehlena disse – Iremos começar!

Anne e eu nos posicionamos no centro do palco e aguardamos o sinal.

– Senhoras e senhores, a Academia Luvier tem o prazer de apresentar: Grease – Nos tempos da Brilhantina – Alguém dizia pelo microfone do outro lado da cortina.

Aplausos tomaram conta do teatro enquanto a cortina se abria.

– É hora do show – Sussurrei tampando o microfone, ela sorriu timidamente e piscou.

...

– Olha lá o Zuko!

– Que roupa é essa? - Zombaram.

– Onde você arranjou esse uniforme, cara? - Outro perguntou dando uma tragada de cigarro.

– Enquanto vocês roubavam calotas eu treinava a corrida. O que vocês acham? - Ri.

– Ah eu não acredito, Danny Zuko virou atleta...

– É isso ai - ajeitei a gola da camisa.

– Cê vai abandonar a gente?

– Vocês não podem ficar a vida toda seguindo um líder - Disse - O que é gente? Vocês significam muito pra mim, mas a Sandy também e eu vou fazer de tudo pra conquistar ela.

Logan fez uma bela imitação de um mini ataque cardíaco enquanto cutucava outro cara, todos olhavam abobadamente enquanto Anne - ou Sandy - desfilava até nós vestindo uma calça preta colada, combinando com a jaqueta de couro preta, sandálias plataforma e o cabelo cacheado. Puxa, como ela estava linda!

– Sandy? - Perguntei boquiaberto.

– Fala aí, gostosão - Piscou dando uma tragada em seu cigarro.

– I got chills.

They're multiplyin'.

And I'm losin' control - Cantava enquanto tirava a jaqueta branca do time dos atletas e ela fazia o mesmo com a dela.

– 'Cause the power

you're suplyin',

it's electrifyin'! - Joguei-me no chão enquanto ela caminhava até onde eu estava jogando o cigarro no chão e pisando em cima.

– You better shape up,

'cause I need a man

and my heart is set on you.

Ela me puxava pela manga da camisa.

– You better shape up;

you better understand

to my heart I must be true.

– Nothin' left, nothin' left for me to do.

You're the one that I want.

(you are the one i want), o,o, oo, honey.

The one that I want.

(you are the one i want), o,o,oo, honey.

The one that I want

You,(you are the one i want), o,o, ooooo

The one I need.

Oh, yes indeed.

No final da música quando faltava folego para ambos, nos olhamos intensamente. Era a cena final. Tinha que ser a cena perfeita. Mas naquele momento eu não escutava mais a plateia, nem a música, nem a minha respiração. Eu estava surdo, mas não cego. Aqueles olhinhos verdes brilhando para mim, aquele sorriso encantador com um batom vermelho. Como ela estava linda. Me aproximei e tomei seus lábios. Aquele beijo me lembrou da noite de seu noivado. A diferença é que não estávamos bêbados e isso era apenas uma atuação. Por mais que eu tentasse vê-la como uma amiga, não era possível, sempre existiria alguma forma de me fazer lembrar aquele beijo e daquela sensação. Assim como entrei, sai desse transe e foi possível ouvir o som dos aplausos da plateia, me afastei e caminhei de mãos dadas com Anne até o centro do palco, curvando-se diante do público junto com os outros atores.

...

Estava no camarim trocando de roupa e sendo parabenizados por todos que passavam por mim, não tinha sensação melhor do que essa. De missão cumprida.

– Ricky? Ou deveria chama-lo de Danny? – Uma voz conhecida me abraçou por trás.

– Como você preferir – Sorri ao ver Tisha.

– Você foi ótimo – Me deu um selinho – A peça foi incrível, parabéns!

– Obrigado, linda – Sorri.

– Parabéns Ricky! – Maurício apareceu me dando um abraço – Já assisti muitas peças de Grease, e essa foi com certeza uma das melhores. Você atuou muito bem!

– É bom ouvir isso, obrigado – Respondi com sinceridade. Mesmo não indo muito com a cara do Maurício, ele até que estava sendo legal ultimamente.

– Ai está a minha estrela – Anne chegou sorrindo e ele a beijou. Desviei o olhar na mesma hora – Você foi incrível, estava linda, me dá um autografo? – Ela riu, e que risada gostosa.

– Para receber um autografo você precisa pegar uma fila e receber uma senha – Cruzou os braços e empinou o nariz – Mas pra você eu abro uma exceção – O abraçou.

– Ei, Sandy. Fiquei com ciúmes de você roubar o Danny de mim – Brincou Tisha fazendo a amiga rir.

– A Sandy pode ter roubado o Danny, mas eu jamais roubarei o Ricky de você – Ficou vermelha e abraçou a amiga.

– Sei disso, você estava incrível! Pena que a peça só foi hoje daria tudo para ver isso de novo.

– E você poderá ver – Uma voz desconhecida surgiu entre nós – Meu nome é Mark Sulliver, sou diretor de cinema.

– Muito prazer – Apertei sua mão, e Anne fez o mesmo.

– Garanto que teremos muito tempo para conversar no jantar de hoje à noite.

– Jantar? – Anne perguntou.

– O jantar que o senhor Luvier marcou para as estrelas principais da peça com alguns diretores e roteiristas de cinema.

– Ah sim, me comunicaram sobre o jantar. Desculpe por esquecer de te avisar, Anne.

– Tudo bem – deu de ombros.

– Vejo vocês daqui a alguns minutos – Saiu o senhor Sulliver.

– Acho que coisa boa vem por ai – Sorriu Mauricio, e foi impossível não sorrir de volta. Com certeza uma coisa muito boa entraria na minha vida profissional.

...

Anne Pov

O jantar todo foi um saco. Sério, ouvir quatro velhos falando sobre o mundo dos autores foi um grande pé no saco. Só prestei atenção quando a conversa finalmente chegou a mim e ao Ricardo.

– Gostei muito do trabalho de vocês – Começou Sulliver – Estou com um pequeno projeto, e acho que vocês se encaixariam perfeitamente nele.

– E do que se trata? – Perguntou Ricardo.

– Um filme.

– Filme? – Meus olhos brilharam. Já imaginei mil coisas. Desde trailer passando na TV à grandes cartazes espalhados nas estações de metro.

– Isso mesmo senhorita Miller – Sorriu – Um filme de ação. Vocês seriam perfeitos para o papel!

– Gostei da ideia – Ricardo sorriu para mim e eu levantei a taça de vinho, brindando com ele.

Depois de tudo isso, eu como sempre, exagerei no vinho. Quando dei por mim estava em um elevador apoiada nos ombros de Ricardo, que não aparentava estar muito melhor do que eu. Riamos de alguma coisa que eu não lembrava o que era. Ao entrar no meu apartamento nos jogamos no sofá.

– Acho melhor você ir pra casa – Falei – Tisha pode estar preocupada.

– Não quero ir pra casa – Respondeu assoprando a mecha de cabelo que caia em sua testa.

– E você vai ir pra onde?

– A lugar nenhum – Riu – vou ficar aqui tomando conta de você, senhorita Hudson – Mostrou língua.

– Não preciso de babá senhor Parker – Retribui a língua.

– Talvez eu precise – Chegou mais perto de mim – Cuida de mim, Anne? – Dei risada.

– Você está bêbado!

– Igual você, sua boba – Joguei a almofada nele.

Por um momento achei que estivesse dormindo, mas quando abri os olhos eu estava na minha cama, e Ricardo estava por cima de mim beijando meu pescoço. Não tinha a mínima ideia de como eu havia parado ali, mas pela pouca roupa que nos restava sabia exatamente o que pretendíamos fazer. Me arrepiava toda vez em que ele tocava minha pele, algo diferente estava nascendo em mim, uma coisa que eu nunca tinha sentido antes. O álcool pode estar colaborando com a situação, mas aqueles beijos intensos e cada movimento... Era tudo surreal!

– Ricardo... – Sussurrei tentando ficar sóbria.

– Anne... – Respondeu no mesmo tom.

– Isso não é certo.

– Nem o que eu sinto por você.

...

No dia seguinte minha cabeça latejava de tanta dor, piorou quando abri meus olhos e a luz forte do sol os atingiu. Abri e fechei os olhos diversas vezes até conseguir levantar. Eu estava apenas de roupas intimas e no travesseiro do lado estava um bilhete. Ricardo. Cenas da noite passada rodaram na minha cabeça, fazendo-a doer ainda mais.

“Anne, você tinha razão, não era certo ter feito o que fizemos. Sinto muito, por tudo, espero que continuemos amigos apesar de tudo. Eu gosto muito de você, mas também gosto da Tisha do mesmo jeito que você gosta do Maurício. Seria melhor para nós esquecermos tudo isso, e melhor ainda pra eles se não souberem de nada. Vou contar pra Tisha que dormi aí, mas omitindo a parte que dormimos juntos. Sinto muito. Ricardo”.

Por que aquilo me deixou triste? Eu pertencia ao Maurício e Ricardo pertencia a Tisha. As coisas eram assim. As escolhas nos levaram a serem assim. O melhor jeito era esquecer mesmo. Isso seria um pouco impossível já que tudo acabava me ligando ao Ricardo. O futuro trabalho, a Tisha e o casamento. Casamento. Aquela palavra sim me deixou triste, pois trai Maurício. E a última coisa que eu queria era machuca-lo. “Melhor ainda pra eles se não souberem de nada”. É melhor mesmo.

Meu celular tocou lembrando que minha cabeça ainda latejava. Atendi sem ao menos olhar quem era.

– Hm? – Resmunguei.

– Bom dia pra você também, senhorita Hudson – Chloe riu do outro lado da linha.

– Minha cabeça vai explodir a qualquer momento – Me joguei na cama fechando os olhos.

– Queria te parabenizar pela peça, já que mal nos falamos ontem. Pelo visto a comemoração foi sensacional pra você ter bebido tanto.

– Sensacional foi a notícia que eu recebi. O jantar todo foi um saco – Rimos.

– Eu posso saber qual é?

– Vou gravar um filme!

– Mentira? – Gritou.

– Ai Chloe! – Reclamei.

– Desculpa, é por que isso é realmente demais! Imagina você. Modelo e agora atriz! Tipo, atriz mesmo. Reconhecida pelo mundo todo!

– Não exagere – Ri sem humor.

– Quando isso acontecer quero que você cite meu nome em alguma entrevista.

– Pode deixar.

– O que é Dilan? Eu estou falando com a Anne, dá um tempo. Não... Me devolve isso...

– Oi Anne! – Dilan disse – Parabéns pela peça, você estava incrível e muito gostosa, com todo o respeito. Ai Chloe, calma.

– Obrigada amorzinho – Dei risada.

– Bom, na quinta a gente se vê certo? Não esqueça que temos fotos as 9h.

– É mesmo! Obrigada por ter me lembrado.

– Bom é isso, tchauzinho. – Ouvi Chloe gritar para ele não desligar mas acabou desligando mesmo assim.

Chloe e Dilan de fato eram o casal mais fofo que já vi. Como ele adorava provoca-la... Já até imagino o que aconteceu depois que esse telefone foi desligado. O próximo casamento seria o deles, sem dúvida alguma. Falando em casamento, ainda tinha que visitar o ateliê e provar de novo meu vestido de noiva. Nem parece que só falta um mês para o grande dia. Suspirei.


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Notas finais do capítulo

Provavelmente o próximo capítulo será o casamento. Terá Angélica, Jacob, Jessie, Karlos, Carmen... Vou me esforçar ao máximo pra esse ser o melhor casamento já lido da história, mas espero que vocês tenham paciência, porque pode demorar. Comentem ♥



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