A Nova Vida de Anne escrita por Biju


Capítulo 19
Technical Kiss


Notas iniciais do capítulo

Graças a Deus a Nyah voltou galera o/
Já quero me desculpar com vocês, pois ao invés de dar uma adiantada nos capítulos eu fiquei lendo outras fanfics, livros e muito whatsapp :x
Eu tenho mais inspiração quando leio os comentários e opiniões de vocês.
Revisei esse capítulo várias vezes ao longo desses dias, e eu ainda acho que não está bom o suficiente. Como eu disse a vocês, vou dar uma agilizada na histórias, mas há tantos detalhes ainda que eu acho meio difícil... Boa leitura! ♥



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Anne POV

Ignorei Maurício o dia todo. Não atendi suas ligações, tirei a chave reserva do lado de fora e tranquei a porta para que ele não viesse me perturbar. Eu sei que talvez seja apenas uma foto antiga, mas eu senti ciúmes. Isso é normal certo? Espero que sim. A única coisa que está me preocupando é a Tisha e esse orgulho dela. Aceitou a minha ajuda só para eu parar de encher seu saco e ir embora, isso eu tenho certeza. A campainha tocou pela quinta vez naquele dia e eu não iria atender tão cedo, não queria falar com Maurício.

– Anne? – Aquela não era a voz do Maurício – Está ai?

Dei um pulo do sofá e abri a porta.

– Oi Dilan! – Sorri e o abracei – Entra rápido!

Ele entrou e eu fechei a porta e tranquei.

– Pra que tudo isso? – Se espantou.

– Não quero receber certa visita.

– Maurício?

– É – Bufei e me sentei no sofá.

– Por quê?

– Por que eu fiquei com ciúmes da secretária dele – Ele riu – Isso não é engraçado! – Cruzei os braços com raiva.

– Anne. Para de ser criança. Ele te ama certo? – Concordei com a cabeça – Isso que importa.

– Mesmo assim.

– É só isso que está te perturbando?

– Não... – Coloquei os joelhos em cima do sofá e os abracei – O Ricky não quer mais falar comigo. E eu não sei o motivo. Em um dia estávamos bem e no outro ele nem falou comigo direito.

– Ele sabe que você voltou com o Maurício?

– Eu não contei nada.

– Mas alguém contou.

– Por que pensa assim?

– Pra que outro motivo o deixaria com raiva?

– Dilan, isso não tem nada haver!

– Claro que tem. Ele sempre gostou de você, ai você volta com seu noivo e ele perde o que nunca chegou a ser dele – Fiquei pensando sobre isso. Talvez seja verdade – É só pensar...

– Quem sabe – Dei de ombros.

– Vai ser difícil ser amiga dele sendo que ele gosta de você e você não. Ou você gosta?

– Não! – Gritei e ele arqueou a sobrancelha, pigarreei – Claro que não. Somos amigos. Apenas amigos. Eu estou com o Maurício.

– Mas isso não quer dizer que você o ame.

– Dilan para de falar besteira.

– Tá bom vamos deixar esse assunto de lado antes que você me bata.

– E a Chloe?

– Esse foi o motivo da visita.

– Sério? Parabéns! – Pulei no seu colo dando um abraço.

– Você é muito chata Anne, nem me deixou contar.

– Vocês dois são muito previsíveis – Voltei a me sentar no sofá – Quero detalhes.

– Não tem detalhe nenhum.

– Ah, esqueci que essa é uma conversa que eu preciso ter com a Chloe e não com você.

– Mulheres... – Revirou os olhos e eu ri.

Ricky POV

Duas coisas ficaram bem claras para mim nos últimos dias: 1ª Anne estava com o Maurício; 2ª Eu havia perdido. Perdi uma coisa que nunca cheguei a ter e que provavelmente nunca teria. Eu e você jamais iremos existir – sua voz ecoou na minha cabeça. A frase que me fazia sentir derrotado, mas o desafio sempre me deu esperança e força para não desistir dela. Jurei a mim mesmo nunca desistir dos meus princípios, mas agora acabou. Ela voltou com o ex-noivo e minhas chances haviam se esgotado de vez. Não fazia o meu estilo destruir relacionamentos. Não estragaria a felicidade de quem amo. O jeito era esquecer. Esquecer que um dia ela foi legal comigo, que estava ao meu lado. Eu só precisava de um tempo para fingir ter esquecido tudo completamente. Eu poderia fazer isso.

Estava a caminho da casa da Tisha, iríamos fazer uma “surpresa” na casa do senhor Williams. Ajudá-la poderia manter minha mente ocupada e eu realmente queria ajudar. Patrícia sempre foi legal comigo, não havia motivos para não gostar dela. As escolhas que ela fez não foram as melhores, mas agora teria que arcar com as consequências. Se é que uma vida poderia ser considerada uma consequência ruim.

– Vamos? – perguntei assim que a mesma abriu a porta.

– Vamos – murmurou com receio.

Suas vestias eram simples, um vestido rosa claro solto e uma sapatilha nude. Permaneceu em silencio o caminho todo, achei que ligando o rádio a acalmaria, mas a cada quilometro percorrido a sentia encolher no banco, como uma criança indo ao dentista. Acionei o câmbio automático e usei minha mão livre para acariciar sua mão esquerda. Um sorriso calmo brotou em seus lábios e sorri de volta.

– Chegamos – estacionei em frente ao enorme portão de ferro.

– Não sei se consigo – engoliu a seco.

– Claro que consegue. Eu vou estar do seu lado.

– Então tá – sorriu nervosa e então saímos do carro.

Paramos em frente ao enorme portão e eu apertei o botão do interfone.

– Bom dia – a voz grave veio do aparelho.

– Bom dia, o senhor Williams está?

– Sim. Nomes por favor.

– Ricardo Parker e... – olhei para ela que balançou a cabeça negativamente – Senhora Parker.

– Um momento.

– Ficou maluco? – Tisha sussurrou.

– Eu ia dizer o que? – respondi no mesmo tom.

– Sei lá.

– Os senhores podem entrar – o porteiro falou.

– Obrigado.

Atravessamos o enorme jardim da mansão e chegamos à porta principal. Fomos recebidos por uma empregada e aguardamos na sala. O senhor Williams chegou com um sorriso que se desfez ao ver Patrícia.

– Achei que estivesse aqui para me convidar para o seu casamento, senhor Parker – Disse ríspido.

– Desculpe por decepcionar o senhor – Respondi serenamente.

– O que ela faz aqui?

– Eu estou aqui – começou firme – para conversar – mas o olhar ameaçador do mais velho a fez abaixar o tom de voz.

– Tenho muitas reuniões importantes, espero que você não atrapalhe meu tempo mais do que já está atrapalhando senhorita Jones.

– O assunto aqui é mais importante do que qualquer reunião senhor. Isso eu te garanto – Falei.

– Digam logo.

– E-eu... – encarou os pés – estou grávida.

– E o que eu tenho haver com isso?

– Como o que você tem haver com isso? – Ela o encarou com os olhos marejados – Você é o pai! – ele soltou uma risada debochada.

– Sim, sou pai de duas meninas lindas que nesse momento estão na escola.

– E tem mais um que está na minha barriga – Deixou algumas lágrimas escorrer.

– Escuta aqui Patrícia – ele caminhou em sua direção e a levantou pelo braço sem qualquer delicadeza – Se você veio para tirar meu dinheiro pode falar o quanto essa cena ridícula esta custando e caia fora daqui.

– Isso não é cena nenhuma – respondeu entre os soluços – eu estou grávida e você é o pai.

– COMO DEIXOU ISSO ACONTECER SUA IMPRESTÁVEL? – Gritou.

– Você está me machucando...

– Senhor Williams solte-a – com toda a força que podia arremessou Patrícia para o lado do outro sofá.

– Patrícia – corri em sua direção – tá tudo bem? – ela balançou a cabeça negativamente entre as lágrimas.

– Os dois, saiam! – Ordenou – E espero que essa história morra aqui dentro. Ou eu vou dar o meu jeito para que ela morra.

Coloquei um dos braços dela em volta do meu pescoço e saímos da mansão. Pra mim a pior coisa é você ver uma mulher chorar, ainda mais uma mulher que seria mãe. Estava doendo em mim e eu sabia que nada ia fazê-la parar de chorar. Deixe-a em casa e fiz algo para que ela comesse. A mesma rejeitou, mas com certeza comeria assim que eu saísse do seu apartamento. Tentei fazê-la ir comigo ao teatro, para que ela pudesse se distrair, mas ela não quis. Na cabeça dela todos sabiam do que tinha acontecido naquela manhã e seria julgada pelos mesmos. O jeito seria pedir ajuda para quem a conhece como ninguém – suspirei – era o jeito.

Anne POV

Liguei para Tisha várias vezes para saber se ela queria vir comigo para o teatro, mas nada de me atender. Talvez estivesse dormindo né? Dizem que gravidez dá sono. Não seja idiota Anne, ela está apenas de um mês. Meu consciente brigou comigo. Livrei-me dos pensamentos e fui de táxi para lá. Jessica – a menina que fazia parte do elenco principal – acenou para mim simpaticamente, então me juntei a ela nas poltronas da frente.

– Está conseguindo pegar bem as falas? – Puxei assunto.

– Até que não é tão difícil já que a minha personagem não é muito de falar – nós rimos – mas até agora está tranquilo.

– Ah que bom – sorri de canto.

– Eu achei legal da parte dos produtores escolherem substitutos e deixarem os mesmos atuarem na peça, mesmo que seja como figurantes.

– Ainda bem, se não eu nem estaria aqui – Ri sem humor.

– Você é brilhante.

– Você também.

A nossa conversa foi interrompida pelo senhor Luvier que estava nos dando algumas dicas para “entreter” o público. Nós – figurantes e substitutos – fomos convocados para dar uma mãozinha para a equipe de decoração. Eu adorava decorar, mas sei lá, acho que eles estão exigindo demais para aqueles que não têm papéis muito importantes na peça. O lado bom é que eles irão aumentar 10% do nosso “salário”. Depois de todos os recados dados, ele chamou seus protagonistas para se posicionarem no palco e ensaiarem em grupo a primeira cena da peça, mas Tisha e nem Ricardo se encontravam no momento. Ou seja, eu e François ensaiaríamos no lugar deles. Isso me preocupou um pouco. Não por ter que ensaiar na frente de todos, mas sim pela ausência daqueles dois. Subimos ao palco e nos posicionamos.

– Nessa cena vocês estão na praia e juram o amor terno um para o outro – John Lin começou falando – Ação!

Como o cenário ainda não estava montado ensaiariam apenas as falas e coreografias, não encenaríamos pra valer. Ficamos de pé um de frente para o outro fazendo aquelas caras idiotas de gente apaixonada.

– Vou voltar para a Austrália, posso nunca mais te ver - o olhei nos olhos.

– Não, não fala assim Sandy... - riu sem humor.

– Mas é verdade. Eu tive o melhor verão da minha vida e agora tenho que ir - olhei para baixo em direção a plateia - Não é justo.

Ele segurou meu queixo e pela primeira vez em toda a minha vida - até aonde eu me recordava - faria um beijo técnico. Faltando centímetros para se aproximar dos meus lábios o barulho da porta batendo fez-me dar um pulo de susto.

– Senhor Parker. Que bom que o senhor chegou... – O senhor Luvier deu um sorriso ao vê-lo – Muito obrigado François, pode voltar para a plateia.

– Desculpe o atraso. Passei na casa da Patrícia e ela não está se sentindo muito bem, peço desculpas por ela também.

– Tudo bem... A senhorita Miller fará o papel dela por hoje e depois falará com ela sobre o ensaio de hoje, certo? – olhou para mim.

– Com toda a certeza, senhor. – respondi.

– Então... Posição – Ricardo subiu ao palco ficando de frente pra mim – Ação!

Respirei fundo e novamente repeti a minha frase

– Vou voltar para a Austrália, posso nunca mais te ver – encarei aqueles olhos verdes e ele encarava os meus apaixonado, é... Ele realmente sabia atuar.

– Não, não fala assim Sandy... – Inclinou o rosto para a direita e riu sem humor.

– Mas é verdade. Eu tive o melhor verão da minha vida e agora tenho que ir - olhei para baixo em direção a plateia - Não é justo.

Era agora. Por que diabos eu estava nervosa? Ele era meu amigo. Era um beijo técnico. Não havia nada demais. Era uma peça – respirei fundo – ele segurou meu queixo encarando meus lábios e voltou seu olhar para os meus. Fiquei imaginando se meus olhos verdes brilhavam tanto quando os dele, meus pensamentos foram cortados pelo seu beijo. Não sei explicar qual foi essa sensação. Acho que o nervosismo e o medo de passar vergonha acabaram atrapalhando o meu empenho na atuação. Ele apenas encostou seus lábios no meu e eu já não sabia mais o que estava acontecendo, o senti mordendo levemente meu lábio inferior então percebi que aquilo foi um aviso, era nessa hora que eu devia me afastar, assim fiz.

– Danny não estrague tudo – tentei me livrar de seus braços que ainda me prendiam ao seu corpo.

– Não estou estragando nada Sandy, só estou querendo melhorar – me olhou ainda segurando meus ombros.

– Danny... – o encarei melancólica – Isso é o fim?

– É claro que não... – deu uma pequena risada olhando para a plateia e voltando para me olhar – Isso é só o começo – sorriu de um modo fofo e inexplicável.

Todos aplaudiram e ele voltou a ser o Ricardo que não falava comigo e eu voltei a Anne confusa de sempre. Afastamo-nos e eu sorri ao ver que todos aplaudiam de pé. A cena deve ter ficado boa mesmo, apesar das minhas falhas. Mas isso não importava afinal a Tisha que encenaria no dia da peça e não eu. Ela com certeza não cometeria erros como eu sempre acabo cometendo.


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Notas finais do capítulo

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