Matt.

A claridade batia no quarto. As cortinas estavam abertas e Gynni estava sentada em um banco colocando os sapatos. Nada acontecerá na noite anterior, apenas nós beijamos algumas vezes e fomos para meu quarto, e passamos a noite inteira conversando.

– Meu rosto deve estar péssimo, não? – perguntei.

– Se eu disser que sim vou ser grossa, então não. – ela respondeu.

– Há... – ri sem humor.

– Matthew Schreave Singer! – gritou Vitoria entrando no quarto.

Eu e Gynni ficamos estáticos.

– C-como? Oque está acontecendo aqui? –indagou Vitoria.

– Se eu dissesse que posso explicar ficaria parecendo uma novela? – perguntei.

Ela suspirou e respondeu.

– Sim ficaria. – Gynni sussurrou.

– Olha, eu não sou uma selecionada e nem estou competindo por você nem nada Matt. – ela massageia as têmporas. – Mas acho que você se daria ao respeito Gynni. Não sou ninguém para julgar vocês, mas... Realmente espero que tenham mais juízo e cuidado da próxima. Poderia ser uma selecionada a entrar aqui ao invés de mim.

Gynni e eu abaixamos a cabeça.

– Olha Vitoria eu sei oque está pensando, mas... – tentou se explicar Gynni.

– Olha você me desculpe, mas não está em condições de se explicar. – rebateu apontando para seu vestido que só agora nós perceberemos estar até a metade desabotoado.

Ela saiu andando em passos rápidos, porém firmes. E juro ter escutado um breve soluço.

– Ér... Hum. – tentei começar.

– Eu já sei. – Gynni se levantou. – Até mais Matt.

E então ela também foi embora igualmente a Vitoria.

Me joguei na cama e respirei fundo.

Alguém bateu na porta. Marchei até lá e abri com brutalidade.

– Hey! Parece com raiva. Oque houve? – Sky me perguntava.

– Péssima hora Sky. Péssima hora!

– Nossa... Só vim lhe dizer que lhe chamam na sacada do palácio.

Só então encarei Sky. Ela usava um vestido branco manchado de vermelho. Parecia ser proposital. Olhei-me no espelho rapidamente. Não sabia oque viria a seguir, mas em atual posição precisava estar apresentável.

Encontrei outras selecionadas a caminho. Todas usavam roupas iguais, como a de Sky.

– Hey, oque está acontecendo. – dirijo-me a Katherine.

Ela me empurra com força e a encaro sem intender por que ela havia feito isso.

– Mas oque? – dessa vez vou até Lexie. – Lexie, por favor, oque está acontecendo?

Ela me olha com raiva e corre em direção as outras.

– Gynni. Por favor...

Ela me olha profundamente magoada e quase vejo lágrimas em seus olhos. Mas ela pisca as afastando.

As criadas me olhavam horrorizadas e quase recuavam quando notavam que eu as olhava.

Finalmente chegamos até a sacada. Ela era enorme, projetada para apresentações do rei e da rainha para o povo de Illéa. Câmeras nos cercavam e Gavril me olhava desapontado. Havia cadeiras para todas as selecionadas, mas não havia para mim. O povo gritava coisas sem sentido misturadas a voz dos outros.

– Mas oque é isso? – indaguei.

– É oque você merece.

Uma voz respondeu. Me virei e meu queixo havia feito um “O” mas do que certinho.

– Oque vocês querem? – perguntei visivelmente zangado.

– Eu lhe avisei, a vingança é saboreada fria.

– Oque as duas estão fazendo aqui? – perguntei aos guardas.

– Só cumpro ordens. – um dos guardas respondeu entre dentes.

– Ordens de quem? Eu sou seu superior! – esbravejei.

– Não é mais.

Um homem e minha tia Celeste caminhavam em minha direção. O homem usava terno preto e havia mais de trinta medalhas em seu terno. Ele sorri superiormente. Minha tia parecia desconfortável com tudo aquilo, mas caminhava forçada até mim.

– Querida venha cá. – O homem a chamou, Cher.

Eles a abraçou.

– Maravilhosa, não? – o homem perguntou.

Só agora havia notado que Cher usava uma coroa.

– Não mostra respeito ao rei da França, Matt?

Rosnei. Estava explicado. Com o tempo as coisas esclareciam, era ela. Ela e Cher. Desde o início, sempre foi. Meu ódio se transformou em tristeza.

– Foi você? – choraminguei. – Você matou meus pais e Matt?

Ela sorriu.

– Na verdade foi Elizabeth. E não só seus pais e aquele guarda inútil, também aquela. Como o nome mamãe?

– Marlee. – Celeste lutava contra as lagrimas piscando os olhos freneticamente.

– Você também? Esqueceu-se de tudo tia? Minha mãe... – engasguei. – Perdoou você.

Ela virou o rosto.

– A sacrifícios Matt, que um dia você irá intender.

– Como? Como você pode guardar rancor todos esses anos Elizabeth?

– Simples. Eu não quero ME vingar, eu quero VINGAR-LAS!

As selecionadas gritaram concordando.

– Mas, oque eu fiz? – perguntei a elas.

– De acordo com Elizabeth ou de acordo com Cher? – perguntou Lotte.

– Ou em ordem alfabética por elas e pelas criadas? – dessa vez falou Mary.

Tudo fazia sentido, o comportamento estranho de Mary era isso. Cher e Elizabeth precisavam de alguém para espalhar suas mentiras. Alguém que as selecionadas acreditassem. E Mary, sem saber, mordeu a isca.

– Como pode? Fingir que gostava de nós? – perguntou Gynni contendo o choro.

– Mas Gynni você sabe. EU gosto de vocês, todas vocês!

– Não a chame de Gynni seu mentiroso! – exclamou Katherine.

– Matthew querido! Como pode se relacionar com criadas enquanto acontece sua seleção? – ironizou Elizabeth.

– Oque? Eu nunca fiz isso! – repliquei.

– Chame a testemunha.

Uma criada jovem, máximo quinze anos, chegou implorando desculpa a mim pelo olhar.

– E-ele e me assediava. – ela sussurrou.

– Mas alto! – ameaçou Cher.

Ela mantinha contido o choro. Ela olhou para multidão e gritou com lágrimas aos olhos.

– Matt havia envenenado o próprio pai apenas para assumir o trono. E pagou alguém para matar a rainha America.

Ela saiu correndo e Elizabeth a parou. Acenou para um dos guardas e ele atirou no peito da menina.

– Obrigada por cumprir o trato, sua família morre anoite.

A olhei com nojo por foçar a garota a fazer isso. As selecionadas olhavam para o corpo caído no chão assustadas, finalmente caindo em si sobre a armadilha.

– Olhe! Elizabeth onde estávamos com a cabeça? – Cher olhou para Sky. – Sky querida, venha aqui! Não precisa mais fingir, acabou. Junte-se a nós!

Olhei para ela com decepção me sentido traído. Sky esse tempo todo era uma delas.

– Venha!

Ela levantou contrariada arrancando olhares de decepção das selecionadas.

– Escolha! – Elizabeth ordenou.

– Escolher oque? – Sky perguntou entre dentes.

Seus olhos verdes folhas brilhavam em lágrimas.

– Não se finja de tola! Você sabe... – Cher explicou.

– Não! – Sky exclamou.

– Rápido garota, não temos o dia todo. – o homem disparou e no mesmo instante, um guarda chega com uma mala repleta de vários tipos de armas.

– Com qual dessas matamos ele? – Cher perguntou.

E então tudo esclareceu. Matariam o herdeiro de Illéa para governarem em meu lugar.