Inesperado escrita por Chiisana Hana


Capítulo 3
Capítulo III




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada. Se fossem meus, o negócio se chamaria Saint Shiryu. Não ganho nada com minhas fics.

INESPERADO

Chiisana Hana

Não estou muito certa sobre como me sentir a respeito disso

Algo no jeito que você se move

Me faz sentir como se eu não pudesse viver sem você

Isso me leva até o fim

Eu quero que você fique. (1)

Capítulo III

– Ora, você tem essa mania de sair roubando beijos, hein? – Shunrei indagou, ainda recuperando o fôlego.

– Pior que não! – Shiryu rebateu. – Sou bem comedido, mas eu queria muito te beijar de novo, então...

– Então você vem e rouba?

– Vamos conversar direito, Shunrei. Que tal jantar comigo agora?

– Não, obrigada! – ela berrou. – Eu não devia ter nem concordado com essa palhaçada de entrevista. Agora eu vou embora! Adeus!

– Conheço um lugar legal, bem pequeno, ninguém vai nos incomodar. Vamos?

– Já disse que não!!

– Não quero que fiquemos nesse clima chato. Por favor, vamos sair daqui e conversar.

– Está bem – ela finalmente cedeu quando percebeu que Eiri e o câmera os observavam. Quando chegaram ao estacionamento, Shunrei olhou desconsolada para o veículo de Shiryu.

– Eu devia ter imaginado que você andaria de moto... – reclamou ela.

– É, eu prefiro...

– Eu não ando de moto. Eu morro de medo.

– Sério? Ah, vamos, você já andou?

– Sim, e quase morri.

– Vem, eu vou devagar. Prometo.

– Melhor não. Isso tudo já começou errado e pelo visto vai continuar errado. Eu vou embora mesmo. Obrigada pela entrevista, apesar de tudo. Fiz papel de palhaça, mas acho que conservarei meu emprego.

– Você é durona, hein? Podemos ir de táxi, mas se resolver ir de moto, prometo ir devagar.

– Ai, Shiryu... está bem – ela cedeu mais uma vez. – Mas vá bem devagar, de preferência quase parando, e tenha muito cuidado nas curvas, porque é o momento em que eu fico mais tensa.

Depois de prometer, ele subiu na moto. Ela respirou fundo e subiu em seguida. Primeiro ficou sem saber onde se segurar.

– Se ficar com medo, segure-se em mim – ele disse.

– Ai, meu Deus, isso não vai dar certo... – ela disse, mas colocou o capacete, procurando evitar segurar-se nele.

Quando saíram, ele foi devagar como prometeu, mas depois de uma curva em que Shunrei quase se viu estatelada no chão, ela decidiu segurar-se no rapaz. Essa proximidade foi perturbadora. Ela sentia o torso firme dele entre as mãos e havia aquele perfume que vinha dos cabelos de Shiryu. Um cheiro fresco e aquático, que a fez pensar no sonho que teve. Deixou-se levar pelo devaneio provocado pelo perfume e quando se deu conta, já tinham chegado ao local.

– E aí? Foi tão ruim assim? – ele perguntou.

– Na verdade, não – ela disse, voltando a si. – Mas ainda não entendo porque as pessoas gostam de andar numa coisa que parece que vai cair o tempo inteiro.

Shiryu riu.

– Pra mim já nem parece mais. E se cair, bom, faz parte do show.

– Claro, você salta com a moto a, sei lá, uns 15 metros de altura. O que é uma quedinha, né? Você é completamente maluco, sabia?

– Bom, eu ouço isso muitas vezes ao longo do dia.

Os dois entraram no restaurante. Como ele dissera, tratava-se de um local simples e discreto. Estava cheio, mas cada parecia cuidar de sua vida e ninguém reparou neles. Escolheram uma mesa e pediram petiscos e bebidas.

– Eu baguncei sua vida, né? – ele disse, como se pedisse desculpas.

– Bastante – ela resmungou, dobrando um guardanapo em formato de sapo. Fazia o origami porque ainda estava perturbada pelo devaneio e para evitar o olhar de Shiryu.

– Será que você pode me perdoar? – ele perguntou, segurando a mão dela e fazendo-a largar o papel.

– Eu estou tentando, mas está muito difícil... Você me expôs de uma forma bem desrespeitosa...

– Eu sei – ele concordou, sinceramente envergonhado. – Por isso estou tentando arrumar as coisas. Será que pode me dar uma chance?

– Acho que é cedo pra falar de chances, Shiryu.

– Está bem – ele concordou, e não insistiu mais no assunto.

Fez-se silêncio entre os dois e felizmente o garçom trouxe os petiscos e as bebidas. Shunrei beliscou um dos bolinhos de polvo e foi ela mesma quem quebrou o silêncio.

– O que levou você a saltar que nem um louco?

– A adrenalina, claro. Você me perguntou se usei drogas, bom, não existe barato melhor do que adrenalina.

– Já levou muitas quedas?

– Muitas. Já quebrei quase todos os ossos. A gente usa um bocado de equipamento de proteção, mesmo assim acidentes acontecem e podem ser bem feios.

– Sei lá, não consigo entender porque alguém gosta de arriscar a vida. Ela é tão frágil.

– Justamente por isso. Eu gosto de sentir meu coração pulsando. Gosto de sentir o medo e depois, a adrenalina da vitória.

– Bom, eu prefiro que o meu coração fique bem calminho. Então, você é modelo também?

– Aham. Meu esporte é caro e quando eu comecei, não tinha como bancá-lo. Então fui me virar, né? Trabalhei num karaokê, fui garçom, vendedor numa loja de roupas. Foi lá que um olheiro me viu e chamou para modelar. E eu fui. Depois aconteceram umas coisas... Agora faço só trabalhos esporádicos e coisas vinculadas ao esporte mesmo. Propagandas de motos, de equipamento de proteção, essas coisas. Também tenho minha marca de material esportivo e sou eu mesmo o garoto-propaganda.

– Por isso que seu rosto não me era estranho...

– Provavelmente... Mas agora me fale de você.

– Não tem muito o que falar. Sou repórter do programa de variedades matinal. Estava cobrindo o evento de motos por puro acaso. Eu só queria fazer o trabalho e me mandar logo para casa, mas você fez o que fez...

– Por que quis ser repórter? – ele perguntou, ignorando a última frase dela.

– Na verdade, meu sonho é apresentar o telejornal. De preferência o da noite.

– Hum, você sonha alto.

– Bom, sim. Ia ser legal ser âncora. Mas para isso, você tem que começar de baixo. Bem baixo, sabe? Tipo, sendo repórter do programa matinal e cobrindo as faltas das colegas em todo tipo de evento louco, como o negócio lá do motocross.

– Todo sonho começa assim, aos poucos. Espero que realize o seu.

– E você, com que sonha?

– Eu queria ganhar o X-Fighters. Consegui ontem. E bem antes do que eu esperava. Tenho só vinte e sete anos. Achei que não faria antes dos trinta. Agora você entende a minha euforia descontrolada?

– Você estava realizando o sonho da sua vida... – Shunrei murmurou.

– É, eu estava. Foi mágico. Quando saiu a contagem de pontos e anunciaram meu nome, eu me senti poderoso.

– Imagino. Mas isso não justifica o que fez...

– Eu sei, eu sei...

– E agora, você não vai buscar outro sonho?

– Talvez... Ainda não pensei nisso.

– Você precisa ter mais sonhos!

– E você tem outros?

– Ah, eu tenho muitos. Sabe, quero ter uma casa com um jardim. Nem precisa ser muito grande, basta um cantinho para as minhas plantas. E é imprescindível ter um cantinho de leitura confortável e com vista para esse jardim.

– Parecem bons sonhos.

– É... acho que são.

Os dois conversaram um pouco mais e, depois de terminarem de comer, Shunrei disse que precisava ir embora.

– Eu levo você.

– De moto? Não se preocupe, eu pego um táxi – ela disse, negando a carona mais pelo efeito do perfume dele do que pelo medo da motocicleta.

– Eu faço questão.

Shunrei cedeu mais uma vez e subiu na moto. Procurou não pensar no bendito perfume de Shiryu ao longo do trajeto até sua casa, mas foi impossível. Por mais que quisesse resistir ao encanto daquele motoqueiro maluco, não conseguia dizer não pra ele. Não sabia bem o que sentia ou o que esperava dele, apenas se deixava levar.

Enquanto pilotava, Shiryu só pensava em beijá-la outra vez, mas estava decidido a se controlar e não roubar outro beijo. Só a beijaria outra vez quando e se ela quisesse. Mas, levando em conta os dois beijos roubados, ele tinha certeza de que em algum momento ela ia querer.

– Vamos nos ver de novo? – perguntou esperançoso, quando a deixou na porta de casa.

– Você sabe onde eu moro e onde eu trabalho – ela disse e tirou da bolsa uma cadernetinha onde anotou alguma coisa. Arrancou a folha e deu a ele. – E agora tem meu telefone.

Shiryu sorriu e guardou o papel no bolso do casaco.

– Eu vou telefonar.

– Quero só ver se vai mesmo – ela disse. – Até mais, Shiryu.

– Até – ele disse, e arrancou com a moto numa velocidade que Shunrei achou insana. Mesmo assim, ela ficou pensando que talvez um dia pudesse até gostar daquele veículo barulhento e instável. Desde que fosse Shiryu quem estivesse pilotando.

Continua...


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Notas finais do capítulo

(1) Stay, Rihanna e Mikky Ekko.



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