Nos trilhos do trem escrita por Gabi


Capítulo 1
Novo começo


Notas iniciais do capítulo

Oi!!! Começo de uma nova fic, espero que gostem!



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Minha vida é... não dá pra descrever... ela é normal. Vivo numa casa normal, numa cidade normal, tenho amigos...não tão normais... eu sou perfeitamen...não, não sou normal, minha vida é, eu não. Minha mãe faleceu quando eu tinha 7 anos, desde então eu vivo com meu pai, James, homem de aparência jovem, porém cansada. Ele é totalmente dedicado ao seu trabalho, por isso tenho que ficar com Vitória, minha madrasta. Meu pai e ela se casaram depois de 5 anos que minha mãe morreu.

Eu nunca gostei dela. Quando eu era mais nova, ela fazia coisas comigo que meu pai não via, e quando contava para ele, Vitória desmentia, e, consequentemente, ele acreditava. Estava cego pelo amor.

Depois de 4 anos de casados, já não se davam tão bem como antigamente. Eles ficaram tão afastados um do outro que nem pareciam mais um casal.
Certa tarde, na mesma casa em que eu morava fazia anos, vi meu pai meio abatido na varando do quarto dele, fumando seu cigarro, como se estivesse pensando nela...

— Pai? — Disse, tirando-o de seu transe.

— Filha, o que você faria se sua vida mudasse bruscamente? — Tinha, na sua voz, um tom de muito arrependimento. Pensei um pouco para responder a pergunta dele.

— Não sei, eu acho que mudaria com ela...

Ele não disse mais nada, simplesmente me deu um beijo na testa e se deitou em sua cama. Então fui para meu quarto, e como já era tarde, fui dormir.

Acordei com o despertador do meu celular. Tinha esquecido de desligar, ontem era sexta e hoje não haveria aula. Arrumei a cama e desci para tomar meu café da manhã.

— Bom dia. — Disse sonolenta para meu pai e Vitória, que estavam na mesa.

— Bom dia. — Disseram juntos, porém ela dissera com tanto desgosto que poderia subir para meu quarto e ficar lá o resto do dia, para não vê-la de novo.
Peguei o leite na geladeira e a geleia e sentei-me a mesa.

— Pai?— Pensei que hoje era um bom dia para chamar Megan e Esther para virem em casa, talvez numa sessão cinema ou algo do tipo.

— Sim?

— Posso chamar minhas amigas para virem hoje aqui?

— Quantas? — Ele nunca negava diretamente...

— Somente duas.

— Tudo bem.

Depois de terminar o café, alimentei Sammy, meu gato. Ele parecia meio agitado, talvez estivesse doente, mas depois que ele terminou de comer, se acalmou, talvez fosse fome mesmo. Peguei ele e o levei até meu quarto, onde iria fazer os deveres de casa.

Logo depois do almoço, Megan e Esther chegaram. A casa delas não era muito longe daqui, por isso chegaram rápido, estavam animadas, trouxeram filmes e pipoca. Subimos ao meu quarto e começamos a conversar.

— Trouxe alguns filmes de terror, vamos ver esse primeiro? — Disse Megan puxando a capa de um DVD de filme de terror que eu nunca tinha ouvido falar.

— Megan, não acha melhor deixarmos esses mais para a noite? Assim dá mais medo... — Opinou Esther, tirando de sua mochila um daqueles filmes de romance que tanto me enojava.

Enquanto as duas discutiam, coloquei para rodar um filme que sabia que todas nós gostaríamos, e as duas, ao perceberem que eutinha colocado, ficaram quietas. Nós nos deitamos na cama, e assistimos filmes e mais filmes durante horas...

Depois de um certo acontecimento no filme que Megan escolhera, ambas começaram a discutir mais uma vez, e como eu estava com pouca paciência, saí discretamente do quarto para pegar um copo d'água na cozinha. Paro no antepenúltimo degrau da escada e me encolho. Meu pai e Vitória estavam discutindo freneticamente.

— Você se esqueceu James? O por quê de sua amada ter morrido? Fizemos um acordo, era só esperar a maioridade de Samantha...— Ela foi interrompida.

— Não vou deixar você tocar um dedo na minha filha! Você já me atormentou demais, minha vida foi destruída por sua causa, não aguento mais isso, vou ...— Ele foi calado por um tapa de Vitória que se virou e saiu de casa.

Esperei um pouco para processar tudo o que havia ouvido. Subi novamente para meu quarto e disse para Megan e Esther irem embora, minha desculpa foi que eu estava passando mal e que já era tarde. Embora fosse mentira, eu me sentia mesmo mal, sentia fortes dores de cabeça e não queria de maneira nenhuma, acordar amanhã. Fui escovar meus dentes, tremendo um pouco, pois depois do acontecido não conseguia mais me acalmar, ficava pensando nas inúmeras possibilidades dos significados da fala de Vitória.

Cheguei silenciosamente ao quarto de meu pai para dar-lhe boa noite, mas vi que o mesmo ja estava a dormir, então fiz o mesmo.

Noutro dia acordei novamente com o despertador, que, novamente, tinha esquecido de desligar. Eram seis da manhã, cedo demais, resolvi dormir um pouco mais, afinal, era domingo. Acordei ás 8:40, arrumei a cama e desci para tomar café, mas , pela primeira vez, eu tinha sido a primeira a acordar, ou a única... Não tinha ninguém em casa, procurei nos quartos e banheiros, sala, cozinha mas não tinha ninguém, até os carros não estavam lá.

Depois de comer, liguei para o meu pai para saber onde estavam. Caixa postal. Liguei mais meia dúzia de vezes e a mesma coisa, acabei desistindo. Achei estranho ele sair sem me avisar, normalmente ele deixaria um bilhete ou coisa parecida.

Esperei pacientemente pela chegada deles. Sem sucesso. Já era hora do almoço quando recebi uma mensagem do meu pai.

'' Filha, primeiramente, me desculpe, saí sem te avisar, mas não se preocupe, estou bem. Quero que você faça uma coisa antes que eu e Vitória cheguemos em casa. Pegue a agenda que eu te falava, quando era mais nova, para nunca mexer. Mas não leia, só guarde-a com você, é uma ordem! Logo logo estarei em casa. Papai.''

Fiz o que ele mandou. Corri para seu escritório, peguei tal agenda e a guardei no meu armário. Minha curiosidade era muita, tive o pressentimento que se eu lesse saberia a verdade por trás daquela discussão noite passada, mas eu jamais desobedeceria uma ordem de meu pai, o respeitava muito.

Já era depois do jantar quado eles chegaram. Corri para a porta quando ouvi o barulho do portão da garagem se abrindo. Eles saíram de seus carros e vieram em direção a porta da frente. Vitória foi a primeira a entrar, e, logo em seguida meu pai. O abracei fortemente e ele retribuiu, logo depois se afastou do abraço e me olhou profundamente, como se quisesse me dizer algo.

Ele me disse para ir dormir, pois amanhã tinha aula. Eu obedeci. Depois de alguns minutos tentando dormir, ele entra em meu quarto e senta na minha cama. Me olha por alguns segundos, e chega perto do meu ouvido e sussurra:

— Pegou a agenda que lhe disse?

Movo a cabeça positivamente e ele, sem se distanciar de meu rosto me da um beijo na bochecha, seguido do um ''Boa noite''. Embora não quisesse dormir, dei boa noite para ele e adormeci.

Acordo noutro dia com barulhos na casa. Saio do quarto rapidamente e vejo meu pai e outro homem brigando.

— Pai! — Grito eu.

— Filha, fuja! — Grita freneticamente meu pai.

Entro novamente no quarto, tranco a porta e troco de roupa com uma velocidade anormal, pelo menos para mim. Ia saindo quando lembro da agenda. Pego uma mochila velha e coloco-a dentro. Sammy acorda, e sem entender nada, pego-o e saio do quarto correndo.

Quando sai, vi meu pai e o homem com quem ele brigava inconscientes no chão da sala. Cheguei perto de meu pai e tentei reanimá-lo.

— Pai? Está bem? Me responda! — Estava totalmente confusa, sem saber o que fazer.

Com alguns minutos passados, ele acorda. Mas antes que pudesse dizer algo para mim, me puxa, fica em cima de mim e leva o tiro que eu deveria ter levado.

— FUJA! — Grita ele com seu último suspiro de vida.
Começo a chorar, sabia que Vitória nunca seria uma boa madrasta, mas nunca pensei que ela conseguiria ter tanto sangue frio a ponto de matar seu próprio marido.

— Por quê? — Sussurrei para mim enquanto me mexia lentamente, tremendo.

Antes que ela desse outro tiro, e, que dessa vez me acertasse, peguei uma almofada que estava perto de mim e joguei no rosto dela. Tive tempo suficiente para me levantar e chegar perto da assassina, que quando me viu, já tinha recebido um soco. Chutei a arma para longe e sem pensar muito, peguei Sammy novamente no meu colo e sai pela porta da frente. Fui até a garagem e liguei a moto do meu pai e fui embora.

Me lembro de ter saído da cidade e parado em algum lugar, só não lembro onde. Acordo de manhã com o sol no meu rosto... estava numa cama, num lugar silencioso e arejado. Olho para o chão e vejo Sammy deitado, dormindo tranquilamente. No criado mudo tinha um copo d'água, que tomei sem pensar duas vezes.

Ainda inchada de tanto chorar, me levantei e sai do que parecia ser uma estação de trem abandonada, daquelas pequenas, que só serviam para levar passageiros á distâncias pequenas.

Me deparo com um campo com poucas árvores e trilhos de trem enferrujados que pareciam não ser usados faz um tempo. Olhei para a minha direita e ainda conseguia ver a estrada, meio distante. Tinha um comércio do outro lado também.

— Já acordou? — Diz uma voz masculina atrás de mim.

— Quem é você? — Digo me virando, quando vejo um garoto aparentando ter seus 18 anos, moreno, de olhos azuis.

— De nada por ter te tirado da estrada, e ter te colocado em uma cama confortável... Mas meu nome é Felipe, poderia saber o seu?

— Ah, obrigada, eu acho. Meu nome é Samantha.
Passei a morar com ele desde então. Descobri que ele era órfão e vivia ali desde seus 14 anos. Ele conseguia comida e bebida no comércio da outro lado da estrada, no qual o dono de um mercadinho era amigo de seu pai falecido. Contei o que tinha acontecido comigo, e ele me ouvira com muita atenção, mas fiquei surpresa pelo fato de ele não ter ficado surpreso com minha história.

Depois de um mês lá, já entediada, resolvi fazer uma proposta a ele.

— Felipe! — Gritei, pois ele estava longe.

— Diga. — Responde ele, se aproximando.

Pergunto a ele se o projeto de trem, que estava ali nos trilhos, funcionava. Ele respondeu que sim, só que precisava de conserto, pois estava bem velho. Logo, ele consertou e como estava entediada, propus a ele que viajássemos. Ele hesitou um pouco, mas acabou sedendo, aliás não tinha por que não. Pegamos alguns suprimentos e água no mercadinho e fomos nos trilhos do trem...

— FILHA! Acorda! Estamos quase chegando!

Abri os olhos lentamente e olhei pela janela do avião. Lágrimas escorreram pelos meus olhos e logo me lembrei de tudo o que havia acontecido no meu sonho. Tinha sido horrível.

Estava chegando na minha cidade nova, na qual mudara para receber a herança da minha bisavó, que havia morrido há alguns anos. A herança era uma casa grande, meio antiga, que nós moraríamos a partir de agora, pois na cidade que eu morava antes, o nosso apartamento estava com os aluguéis atrasados e aqui não teríamos que pagar tais aluguéis.

Enxuguei as lágrimas antes que qualquer um visse, e me recompus. Acho que seria bom começar uma vida nova...


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Notas finais do capítulo

Se chegou até aqui, obrigada por ter lido! Espero que tenha gostado!Vou postar os próximos capítulos em breve.Comentem! Isso me deixa mais motivada!Beijos!Gaby ♥



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