“E talvez um dia nós nos encontremos
E talvez possamos conversar e não apenas falar
Não cobre as promessas, porque
Não há promessas que eu cumpra
E minhas reflexões me incomodam
Então aqui vou eu”

Same Mistake – James Blunt

P.O.V ERIC

– Chega Eric! Eu to com fome... – resmungou Natalie num sussurro ofegante enquanto deitava sua cabeça no meu pescoço.

– Ok, ok, a gente já inaugurou a casa toda mesmo... – eu disse, me lembrando de cada cômodo da casa da Nat em que nós fizemos... bom, vocês sabem.

– Falta o sofá! – ela disse. – Se bem que é melhor não, esse é o lugar dos meus pais... – ela continuou enquanto revirava os olhos e fazia uma careta engraçada me fazendo sorrir.

Tudo deu certo, na verdade foi melhor do que eu esperava, confesso que a marrentinha me surpreendeu quando me perguntou se ela tinha ido bem, ela simplesmente não fazia ideia de como ela era estranhamente perfeita.

Fomos pra cozinha tomar café, ou melhor, almoçar. É... eu já era meio ninfomaníaco e acabei transformando a Nat em ninfomaníaca também, é simplesmente viciante, a gente não consegue parar e o tempo não para. Enquanto eu a observava tomando seu suco, tomei um susto ao constatar que...

– NÃO USAMOS CAMISINHA! – eu gritei fazendo Natalie se assustar e quase morrer engasgada, seria uma cena engraçada se a imagem de um bebê no meu colo não assombrasse minha cabeça.

– Puta merda! É verdade. – Natalie disse com os olhos arregalados, fazendo a imagem do bebê sair da minha cabeça.

– Eu vou tomar a pílula da minha mãe, ela deve ter alguma no banheiro do quarto dela! – ela disse, me fazendo suspirar aliviado.

Natalie subiu as escadas correndo pra tomar a tal pílula e depois de uns cinco minutos ela voltou.

– Pronto! - ela disse.

– Foi mal, eu esqueci de trazer as camisinhas. – eu disse coçando a nuca, isso nunca tinha acontecido.

– Sem problemas, você lembrou a tempo. – ela disse me lançando um sorriso reconfortante. Sorri de volta.

Terminamos de almoçar e decidimos ir pra sala assistir algum filme.

– E como ta a sua mãe? – Natalie perguntou enquanto fuçava os dvd’s pra escolher algum filme.

– Deve ta se comendo com o Noah. – respondi revirando os olhos e abominando esse pensamento.

– Então ela ta ótima. – ela disse sorrindo. Era bom que estivesse ótima mesmo, ou se não Noah ia sair dessa digamos que... morto.

– Ok. – disse Natalie interrompendo meus pensamentos. – Temos: A culpa é das estrelas, divergente e um casal quase perfeito 3, qual você prefere? – ela perguntou. Isso é sério?

– Você só tem esses filmes? – perguntei indignado.

– Esses são os melhores filmes que eu tenho. – ela disse dando de ombros.

– Se esses são os melhores, eu não quero nem saber os outros. – disse, fazendo Nat revirar os olhos.

– Você não tem pornô não? – perguntei curioso.

– Claro que não! Pornô passa de madrugada na tv, por que eu compraria em dvd? – ela disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo, revirei os olhos.

– Ta, então coloca divergente. – eu disse, esse parecia ser o menos pior.

– Ok, então vai ser a culpa é das estrelas! – ela disse empolgada, ignorando totalmente o que eu havia dito antes.

Que comece a tortura.

...

Eu não sei o que eu achava mais bizarro, o filme, ou a Natalie chorando que nem uma criancinha do meu lado. Não era pra tanto! Eu parei de prestar atenção no filme quando os nomes dos atores apareceram na tela, ou seja, logo no início.

O filme finalmente acabou e quando eu tava prestes a gritar um aleluia, Natalie se jogou no meu colo e grudou suas mãos no meu pescoço e olhou nos meus olhos ainda chorando.

– Promete pra mim que nunca vai ter câncer! – ela disse chorando e eu aposto que tava com uma cara que dizia “wtf?”.

– Então, meio que não da pra promet...

– PROMETE PORRA! – Natalie gritou me interrompendo e me assustando.

– Ta, ta. – eu disse, pensando seriamente que Natalie tinha algum problema.

Ainda no meu colo, ela juntou seu rosto no meu pescoço e ficou fungando ali mesmo.

– Mereço! – eu disse baixinho enquanto revirava os olhos e mexia nos cabelos dela.

Agora eu tinha certeza, Natalie sofria de graves problemas mentais... muito graves!

– Canta um musica... – ela disse.

Subi e fui pegar meu violão no quarto dela, e quando desci Nat já estava normal, quer dizer... no “normal” dela.

Comecei a dedilhar algumas notas aleatórias, até pensar numa musica.

I'm gonna pick up the pieces
And build a Lego house
If things go wrong we can knock it down

Eu vou pegar os pedaços
E construir uma casa de lego
Se as coisas derem errado, poderemos derrubá-la

Comecei cantando e pelo sorriso que ela abriu, deu pra perceber que ela conhecia a musica.

My three words have two meanings
But there's one thing on my mind
It's all for you

As minhas três palavras têm dois significados
Mas há uma coisa na minha mente
É tudo por você

Cantei a segunda parte e lhe lancei uma piscadela brincalhona, fazendo Nat revirar os olhos sorrindo.

And it's dark in a cold December
But I've got you to keep me warm
If you're broken I will mend ya
And I'll keep you sheltered from the storm that's raging on, now

E está escuro num Dezembro frio
Mas eu tenho você pra me manter aquecido
Se você estiver quebrada, te conserto, yeah
E mantê-la protegida da tempestade que está rugindo agora

Natalie cantou a terceira parte comigo se atrapalhando toda, pois o ritmo era mais rápido. O que me fez rir.

I'm out of sight, I'm out of mind
I'll do it all for you in time
And out of all these things I've done
I think I love you better now, now

Estou escondido, perdi a cabeça
Eu farei isso tudo por você a qualquer hora
E, dentre todas essas coisas que fiz
Eu acho que te amo melhor agora, agora

Cantamos novamente e Natalie piscou os olhos rapidamente como se estivesse apaixonada e me lançou um sorriso amarelo. Ela cantava maravilhosamente bem, só que não.

Terminei de tocar, e Natalie e eu ficamos conversando sobre coisas aleatórias, coisas simples que ainda não sabíamos um do outro, tipo cor favorita, comida favorita, medos e por ai vai.

– Qual é o seu numero da sorte? – ela me perguntou.

– 69. – eu respondi a fazendo gargalhar.

– E o seu? – perguntei fazendo minha maior cara de inocente.

– 24. – ela disse ainda gargalhando.

– Hum, interessante. – eu disse.

– Pois é, muito interessante. – ela disse. Nos encaramos e começamos a rir um do outro.

– Não prestamos! – Natalie disse ofegante.

– Você? Não. Eu? Sim. – falei fazendo Nat jogar uma almofada na minha cara.

Continuamos conversando, até que Natalie deitou sobre o sofá e acabou pegando no sono, me deitei ao seu lado e automaticamente, cai no sono também.

...

Acordei com a marrentinha se remexendo do meu lado. Sorri, ela estava toda descabelada.

– Eu to cansada! – ela disse se virando pra mim, parecendo uma criança birrenta.

– Como é que você pode estar cansada se acordou agora? – perguntei só pra irritar ela.

– Ah cala a boca Eric! Você é tão irritante... – ela disse me fuzilando.

– Uhuum... – resmunguei.

– Vou tomar um banho. – ela disse suspirando e levantando do sofá cambaleando.

– Eu vou junto! – eu disse levantando do sofá também.

– Eu não pedi pra você vir junto... – ela disse olhando pra mim risonha.

– E eu não pedi sua permissão. – disse dando de ombros e sorrindo da cara de indignada da minha marrentinha.