P.D.V. Ariel.

Eu tinha acabado de dar banho no Thiago e pensar que logo será o meu filho que irei dar banho. Pensei com um sorriso. Sally observava tudo com um sorriso, entretanto, eu via em seus olhos uma pontada de preocupação e me aproximei colocando a mão em seu ombro, em um gesto de apoio. Ela acenou agradecendo.

―Mesmo após tudo que você passou, sua essência continua a mesma, Ariel. ―Ela comentou astutamente fazendo-me rir.

―Sim, a senhora tem razão. ―Concordei antes de deixar Thiago vendo desenho no tablet da Thalia. ―Mas o que aconteceu?Como a senhora veio parar aqui?

―Tudo aconteceu muito rápido. Num minuto, nós estávamos indo ao shopping Fao Schwarz quando monstros nos cercaram então tudo ficou escuro. Acho que atingiram minha cabeça e quando eu acordei, o Thiago estava amarrado junto comigo. Eu não sei se eles sabem do Thiago, mas eu tenho quase certeza que meu neto foi levado por estar comigo naquele momento. ―Sally comentou pensativa. ―Eles estavam atrás da mãe de Percy Jackson, não do Thiago. Eu ouvi alguma coisa sobre me usar de refém para atrair o Percy enquanto fingia estar inconsciente.

―Menos mal, eu tenho um pressentimento de que isso é só o começo. Algo nisso está estranho e eu tenho quase certeza de que isso não faz parte do estilo de Kronos. ―Afirmei tentando pensar em divindades poderosas e inteligentes para formularem esse plano. ―Mas uma coisa eu tenho certeza, Sally, Kronos não está sozinho nessa. Tem alguém o ajudando.

―Isso não é nada bom. Precisamos avisar o James para preparar a empresa em caso de ataques e ... Eu ainda não avisei ao James que estamos bem!Há essa hora, ele já deve estar sabendo do seqüestro. ―Sally disse alarmada com a mão na testa.

―Calma tia Sally. ―Eu pedi procurando meu celular. ―Toma. Liga pro James e explica o que aconteceu.

―Obrigada, querida.

―Tia, eu preciso voltar pra ver com a Thalia como ficou a situação. Tem como ficar com Thiago rapidinho?―Pedi torcendo para que ela aceitasse. Eu preciso ver com o Percy onde estava o Bruce, sem falar do momento tensão lá na Casa Grande.

―Claro, minha querida. ―Ela respondeu sorrindo indo se sentar perto do neto enquanto tentava ligar para James.

―Obrigada!Obrigada!Obrigada!―Eu agradeci profundamente enquanto ia pegar meu revolver. ―Se você perceber algo estranho, quero que use essa arma aqui. As balas são de bronze celestial e vão fazer um estrago nos monstros. Você sabe atirar né?

―Sim, Howard me ensinou e Percy me fez entrar em aulas de tiro quando ainda era vivo. ―Ela me assegurou deixando-me confusa com a última parte. Mas deixei isso para pensar depois.

Eu tinha acabado de voltar para a Casa Grande, mas decidi me manter em silêncio e ouvi sobre o que discutiam. Parecia que alguns dos campistas estavam desanimados com algo.

―Minha sobrinha está certa. ―Héstia disse com um brilho de determinação. Parece que minha doce e pacifista tia decidiu vestir sua armadura flamejante. ―Percy lutou bravamente por nós dando sangue e suor, é o mínimo que podemos fazer agora. Eu sinto muito por ter trago memórias ruins, Thalia.―Ela se desculpou humildemente.

Que memórias ruins?Por que estão falando como se... “Quando ele ainda era vivo.” Foi o que a Sally disse. Mas como ele pode estar morto?Impossível! Sou amiga dele faz sete anos, ele está bem vivo. Algo nessa história não está batendo, por que a Thalia iria mentir?Será que eles desconfiam de alguém?Vou me manter em silêncio e esperar para conversar com a Thalia para ela me explicar o que está acontecendo.

P.D.V. Percy.

―Bem, já que estamos tentando resolver essa situação, eu gostaria de avisar que a partir de agora eu ficarei aqui enquanto minha esposa permanecer. ―Eu disse ganhando olhares mortais (praticamente lançavam adagas com os olhos) e vários protestos. ―Se necessário, eu pago minha estadia por aqui. É só um aviso para não estranharem minha presença. ―Continuei resoluto com o braço ao redor de Thalia me assegurando de que ela estava intacta e nada havia acontecido com ela. Porque se tivesse, Hiperíon estaria curtindo uma dor pior que os castigos do Tártaro, Campos Asfódelos e os Campos de Punição.

―Mas você é um mortal!!―Os deuses argumentavam e isso estava começando a me irritar com isso. Sem falar das vozes irritantemente altas que estavam me dando dor de cabeça. Se esses energúmenos soubessem... ―Quem você acha que é?Você não sabe com que forças você está lidando. ―Eles tentavam me dissuadir, mas eu bati o pé no chão e respondi alterado.

―Com toda a falta de respeito que eu tenho por vocês, FODA-SE!Foda-se o fato de que eu sou mortal!Foda-se as suas regras!Vocês parecem estar entrando na porra de uma maldita guerra e querem negar ajuda?!Vocês são idiotas ou o quê?!―Perguntei assustando alguns conselheiros e até mesmo os deuses. ―Estamos tratando de vidas!Querem fazer o favor de largar a arrogância e usar o cérebro, merda!

Antes que Zeus decidisse me responder e tentar me fritar, provavelmente, Thalia nos interrompeu colocando a mão em meu ombro suavemente e dizendo calmamente:

― Ártemis mesmo pediu ajuda preocupada com o número desses ataques. Se quisermos mesmo ganhar isso, precisamos estar preparados para o que estar por vir e nos equipar para não perdemos muito em número. ―Thalia disse levantando-se interpondo-se entre seu pai e eu. ―Vamos parar de brigar por coisas bobas e focar no problema maior. E Lorde Zeus, enquanto eu estiver aqui, meu marido vai me acompanhar e não vai ser você que vai impedir.

“Parece que os deuses não conhecem a minha marrenta senhora Stark.” Pensei com um sorriso de canto orgulhoso do jeito independente dela.

Thalia não estava pedindo permissão, seu tom de voz era decidido. Isso era um aviso. Seus brilhantes olhos azuis elétricos mostravam sua tradicional chama ainda mais viva enquanto se voltavam para os meus e eu sorri. O sorriso torto que ela já me confessou amar. Está na hora de fazermos as pazes, mas eu preciso conversar primeiro com o senhor D. e conseguir informações sobre a situação atual. Ao nosso redor, sussurros começaram a correr entre os campistas. Parece que causamos uma cena, bom, eu não dou à mínima. Vou ajudar nessa guerra, mas do meu jeito. Eu pigarreei para chamar atenção e disse:

―Senhor D, eu gostaria de pedir para conversar com você em particular quando terminar de colocar ordem nos campistas. ―Disse seriamente recebendo um aceno de confirmação do deus dos vinhos. ―Até daqui a pouco, não se preocupe. A Thalia vai me mostrar onde fica seu escritório depois. ―Me despedi enquanto saia abraçado com a Thalia.

P.D.V. Thalia.

Eu sei que briguei com Percy, mas não quer dizer que eu vou deixar Zeus destratar meu marido. Ele tem TODO o direito de querer ficar aqui perto de mim, ainda mais com o sequestro do Thiago. Só de me lembrar do meu filho amarrado encolhido perto da Sally, eu sinto calafrios na espinha. Eu me sinto horrível. Como eu pude deixar isso acontecer? “Proteja o seu filho.” A voz tinha dito no meu sonho. Eu não consegui proteger meu próprio filho.

―Thalia o que está te incomodando?―Percy perguntou com os olhos verde-mar carregados de preocupação.

―Não é nada. ―Respondi fazendo pouco caso e evitando olhar em seus olhos. ―E eu ainda não te perdoei, Pe... Tony. ― “Mentirosa. Isso é uma mentira das mais deslavadas. Duvido que ele vá acreditar nessa. ”Até minha consciência está contra mim. Que ótimo.

Ouvi Percy suspirar cansado e o imaginei passando a mão pelo cabelo bagunçando-o ainda mais me olhando com sua expressão mais triste e cansada, mas eu ia me manter firme. Foi quando ele levantou meu queixo fazendo-me olhar dentro daquele mar esverdeado que me hipnotiza, então sorriu o MEU sorriso torto fazendo-me corar como uma adolescente apaixonada pela primeira vez. Esse é o efeito Percy Jackson e isso não vai mudar tão cedo. Pensei com um sorriso.

―Olha, baby, eu sei que você ainda não me perdoou, mas eu te amo e você sabe. Eu não queria te preocupar, você já tinha tanta coisa na cabeça e eu ia adicionar mais um problema. ―Ele disse frustrado. Percy parecia tão arrependido e eu tive que resistir a vontade de me jogar em seus braços dizendo que está tudo perdoado. ―Eu sei que com tudo que aconteceu você pode não estar no clima, mas eu tenho uma surpresa pra você e...

Fomos interrompidos por Clarice que chegou correndo para avisar ao Percy que o senhor D. o estava esperando. Nós dois suspiramos antes do Percy sair me dando um beijo na bochecha. Eu estou sendo dura, eu sei. Mas ele poderia lembrar que caso algo acontecesse e eu não soubesse, seria pior. Eu nem sei como eu ficaria sem ele. Não sei como agüentei quando ele estava com a Annabitch, porém, eu teria o meu Thi que lembra o pai de tantas formas. Pensei com um sorriso enquanto Clarice comentava o caos que tinha ficado a Casa Grande depois que saímos.

―Não, tipo, eu achei que teu pai ia dar um piti daqueles e já tava preparando a pipoca. ―Ela disse entre risos e Ari se aproximava. ―O melhor é que ele tava naquele momento básico de que se olhares matassem, acredite bebê, você seria viúva.

―É verdade, era enervante de se ver. ―Ariel disse balançando a cabeça freneticamente. ―Assustador.

―Pois ele terá que se acostumar com o fato de que sou casado e o meu MARIDO vai ficar comigo e com meu FILHO. ―Respondi frisando bem as palavras ‘marido’ e ‘filho’ só pra irritar ouvindo um trovão retumbar ao fundo percebendo que ele havia ficado escutando a gente como eu imaginava. ―Falando em filho, Ari, e o Thi?Onde ele está?

P.D.V. Percy.

―Irei direto ao ponto, Dionísio. ―Disse dando ênfase ao seu nome vendo-o arregalar os olhos antes de se recompor. Um sorriso sarcástico brotou em meu rosto ao ver sua reação. ―Seu nome é Dionísio não é?

―Sim, mortal. Você é muito idiota ou muito corajoso, rapaz. Se quiser minha opinião, acredito que seja mais a primeira opção. ―Rebateu com indiferença e um sorriso irônico fazendo-me rir. ―Cuidado com nomes porque eles têm poder.

―Exatamente. Eu não pedi sua opinião, mas minha mãe me deu educação e eu aceitarei seu conselho. Entretanto, isso não quer dizer que eu vá segui-lo. ―Respondi com a mão no queixo e um rosto indiferente. ―Mas se te ajuda a dormir a noite, umas das minhas personagens favoritas de Harry Potter me ensinou que o medo de um nome só faz aumentar o medo da própria coisa. Pode se dizer que tomei seu conselho no coração. ―Expliquei sem perder o sorriso irônico e debochado, principalmente, na última parte então Dionísio começou a rir.

―Quer saber?Gostei de você, garoto. Tem espírito, eu admito. ―Ele disse limpando os resquícios de lágrimas de riso e suprimir a vontade de sorrir com essa. ―O que quer?Porque você, com certeza, não veio aqui bater papo furado ou pelo meu belo charme.

―Não, não vim. Eu estou atrás de informações. ―Disse esperando por uma reação por parte de Dionísio e ele só ergueu a sobrancelha enquanto franzia o cenho. ―Quíron, os deuses, os campistas, sátiros terão informações, entretanto, informações envolvendo opiniões pessoais. Infelizmente, minha esposa está desatualizada da situação atual então minha única opção que resta é você. Você é imparcial o bastante pra isso e está aqui desde sempre. E antes que pense não é chantagem, é troca de informações. ―Terminei com um sorriso e o rosto despreocupado.

―E o que eu ganho se te ajudar?Porque pelo seu tom parece que estamos negociando. ―Ele disse já com sua ‘poker face’ mostrando-se ligeiramente interessado. ―O que você tem que possa me interessar, garoto.

―Eu soube da sua ah... ―Fingi estar pensativo antes de continuar com um sorriso felino. ―Penitência aqui nesse acampamento. Se minha pesquisa acerca das particularidades dos deuses está correta, você se apaixonou por uma ninfa que seu pai estava cortejando não?―Perguntei recebendo um olhar surpreso. ―Eu sei, esse pequeno detalhe dele estar querendo a ninfa também foi uma suposição minha baseada no fato de estar fora dos limites e a Drama Queen não consegue manter as calças fora das decisões por muito tempo.

―Sim, o nome dela era Calíope. ―Ele disse como se estivesse perdido em pensamentos. ―Você não estava errado quando disse que eu era apaixonado por ela. Eu a amava com todo meu coração. Ela era quem trazia a alegria aos meus dias. Ela era uma das nove musas. ―Dionísio possuía um sorriso nostálgico em seu rosto e parecia perdido em meio a lembranças. Eu percebi que ele amava essa Calíope tanto quanto eu amo a Thalia. ―Ela estava grávida do meu primeiro filho.

―Entendo. Eu sinto muito. ―Eu disse genuinamente triste ao ouvir isso. Irei pedir para os filhos de Hécate procurarem acerca de Calíope para mim mais tarde. Ele merece ao menos se despedir dela decentemente. ―O que você sente é o que eu sentiria sem a Thalia e o meu filho. É um bom motivo pra ser amargo.

―Nós dois somos pessoas raras nesse mundo louco de hoje em dia, Antony Stark. ―Dionísio disse me deixando surpreso por acertar o meu nome. ―Mas o que você quer me oferecer?