A Orquídea da Colina escrita por Andrew Drehmer


Capítulo 5
Capítulo V : Jacobienne e Edmonda


Notas iniciais do capítulo

Sou mui grato a vocês que estão acompanhando pela leitura e também àqueles que favoritaram e não poderia deixar de fora aqueles que apenas leem sem ter uma conta registrada.
Isso me deixa profundamente feliz, pois essa história significa muito para mim.
Abraços a todos os leitores.



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Nicolle chegou até a casa de Rosella, carregando sua trouxa e o seu desespero, a amiga abriu a porta... Como sempre... Estava ela intacta... A mesma gordura de sempre, os mesmos cabelos desgrenhados e volumosos de sempre... Tão rubros quanto sangue. Mas nos olhos... Ah, aqueles olhos não eram os mesmos de sempre. Carregavam um brilho especial.

–Nicolle! Entre!

Nicolle entrou... Aguilhoada no peito por uma dor cruel, que parecia lhe roer a carne, os olhos banhados em lágrimas e inchados de tanto chorar. Rosella, que ainda não sabia de nada, ao ver a trouxa que Nicolle levava, exclamou:

–Ora mas o que se passa! Veio passar o dia comigo!?

–Lamento desapontá-la, minha amiga. Mas não.

–Não!?

–Não.

–Mas e então, o que significa isto?

–Vamos conversar em teu quarto.

A conversa não durou muito tempo, afinal... O assunto era mesmo breve... Rosella, ainda em choque... Titubeava algumas palavras:

–Mas... Mas não pode ser! Tu sempre fora uma moça das que não dava ousadia... Ai do homem que tentasse alguma coisa...

–Mas desta vez não era um só, eles eram em três! Malditos!

– E agora o que vais tu fazer?

–Eu estou aqui para pedir-te abrigo em tua casa.

Rosella ficou sem ter o que falar.

–Por que não me respondes? – O pânico começou a tomar conta de Nicolle e seu coração acelerou-se no peito.

Rosella virou-se de volta para ela e ficou encarando-a por um longo momento:

–Nicolle, eu não posso permitir que fiques aqui.

– O que?

–O que meus pais iriam dizer?!

–Teus pais não possuem a mínima razão para espantar-se, visto que possuem uma filha também já desonrada!

–Fala baixo! Minha mãe pode ouvir.

–Pois por mim que ouça, e que te uma coça bem dada!

–Nicolle! Não fala assim comigo!

As lágrimas começaram a escorrer do belo rosto de Nicolle:

–Não falar assim contigo... Não falar assim contigo!? E como queres tu que me refira a ti... Uma vadia fogosa que se acostou para o primeiro homem que lhe surgiu a vida, e o pior de tudo: Por vontade própria! Se gostas tu de sentires dor, não tenho nada que ver com isso, mas... Eu achei que fosses minha amiga.

–Eu sou tua amiga, Nicolle! Agora fica calma!

–E como queria que estivesse eu, uma moça que não tem onde cair morta... Desonrada e expulsa de casa pelos pais...

Rosella interrompeu:

–Ninguém manda ser uma idiota!

Aquilo foi como uma afronta para Nicolle, seu corpo todo enrijeceu-se e ela olhou com um olhar felino para Rosella, esta, sentiu o perigo, mas ficou sem mover um músculo. Nicolle virou-lhe um tapa no rosto e Rosella gritou:

–Tu estás louca, Nicolle!

–Estou! Estou louca de raiva de ti, Rosella! Eu devia era contar tudo para os teus pais, mas é por não querer pra ti o meu destino que não vou fazer isso. Seria muito baixo... Seria coisa de gente baixa e bagaceira, assim como tu. Nossa amizade foi boa enquanto durou.

E Nicolle foi vestindo a capa, pois fazia frio naquela manhã, agarrou sua trouxa e ia saindo pela porta do quarto, sentiu mãos tocarem suas pernas:

–Espera!

–O que estás fazendo, Rosella!

–Me perdoa, amiga! Perdoa-me se fui insana, perdoa-me... Eu te deixo ficar, mas primeiro é preciso falar com minha mãe e depois com meu pai... Então, só se ele permitir, ´´e que tu poderá ficar.

A mãe de Rosella ficou indignada:

–E como foi deixar isto acontecer!?

–Eu não tive escolha, eles me amordaçaram e além do mais, eles eram muito fortes por si só, unidos com um único objetivo, eles se tornaram imbatíveis. – relembrou Nicolle com os olhos marejados.

–Por minha vontade, podes ficar quanto tempo achar necessário, minha querida. Só que antes é preciso conversar e esclarecer tudo para o meu marido, se ele permitir tua estadia, poderá ficar.

Rosella ainda tentando desculpar-se da má atitude que tivera com a amiga, falou:

–Ficaríamos mui agradas com a tua presença nesta casa, minha amiga.

Nicolle olhou com altivez para Rosella:

–Eu sei.

Nicolle relembra:

Como os seres-humanos são criaturas vis e imprevisíveis. O pai de Rosella sempre me parecera um homem bondoso e de coração imenso, no entanto quando descobriu o que tinha acontecido, se mostrou zangado e me tirou de sua casa a gritos e pontapés. Durante muito tempo depois, eu me perguntei se Rosella era ou não minha amiga de verdade. Acabei descobrindo que na vida por vezes é preciso reavaliar determinadas situações e naquele dia, foi isto o que ela fez. Eu sentiria saudades de Rosella. Sempre gostei muito dela, mas o destino se abatia sobre nós duas e era preciso que nos separássemos. Seu pai a tivera proibido de dirigir novamente a palavra para a minha pessoa. Isso me dou no peito como dói fermento com faca, mas alguma coisa me dizia para ser forte e não desistir simplesmente porquê as pessoas que tu um dia amou e que te amaram passam a te julgar como uma meretriz sagaz e sedenta por praticar o coito. A estalagem da aldeia era a última coisa que me restava. Eu não conhecia muito aquelas pessoas da estalagem, quem tratava sempre com eles era o meu pai. Ou o homem que um dia o fora. Uma moça de cabelos negros e com uma bonita trança varria as pedras da calçada. Ela tinha belos olhos acinzentados e naquele instante descobri o seu nome: Jacobienne.

– Bons dias

A moça parou de varrer e olhou Nicolle do alto da cabeça até os pés:

– Bons dias. Seja mui bem-vinda à nossa estalagem. Deseja um quarto?

– Na verdade, desejo sim.

– Venha comigo...

–Espere:

Nicolle baixou a cabeça. A moça virou-se para ela:

–Eu não tenho como pagar em dinheiro, mas posso oferecer meus serviços de limpadeira em troca de uma cama e um prato de comida.

– Como é que te chamas?

– Nicolle de Freo.

–Prazer em conhecê-la, Nicolle! Eu sou Jacobienne, filha da estalajadeira. Venha, vamos falar com minha mãe, ela se chama Edmonda.

Nicolle acompanhou Jacobienne, ela parecia realmente ser uma jovem muito boa.


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Notas finais do capítulo

Nicolle relembra:

Fazia frio naquele dia, muito frio para um dia de primavera. Dn. Edmonda me recebeu de braços abertos na estalagem e Jacobienne e eu nos tornamos boas amigas. Passei a dormir no mesmo quarto que ela e durante o dia lhe ajudava na lida diária da estalagem e ajudava Dn. Edmonda na cozinha com as panelas. Passei a fazer bolos que eram servidos aos clientes e recebia elogios por esse ato, pois os clientes os achavam macios e saborosos. Minha vida realmente havia mudado, e eu havia encontrado duas amigas maravilhosas que me acolheram como se me conhecessem há anos. Na verdade, nunca as tinha visto, nem elas a mim. Mas achávamos um ponto de semelhança para partilharmos: A amizade.
É, parecia que as coisas estavam indo tão bem...



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