Give Me Love escrita por Mrs Know All


Capítulo 7
Perdido


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui, consegui cumprir o prazo de uma semana para postar, na verdade foi até menos.
Então estamos aqui no bendito jantar da Amélia, espero que gostem.



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Capítulo 06 – Perdido

– Não demore. – Eu tinha pedido a Calista quando ela entrara correndo no banheiro. E ela havia conseguido, nunca vira uma mulher se arrumar tão rápido, se bem que ela já estava tomada banho e vestida, mas mesmo assim o banho nunca é a parte mais demorada da arrumação de uma mulher, o tempo que vivi junto com a Amélia me provou claramente isso.

Ela estava sentada observando as ruas de New York, não conseguia saber se sentia saudade de alguém ou algo ou se estava apenas evitando uma conversa mais complexa comigo, já que, todas as vezes que ela aceitava uma conversa comigo eu a atacava com perguntas sobre o dia que encontrei. É, eu entendia o porquê dela não querer mais conversar comigo.

Mesmo assim a frase de Calista ainda não tinha saído da minha cabeça, eu estava tentando me apaixonar, ela precisava frequentar um psicólogo urgente. Ou talvez, eu precisasse.

– Droga. – Xinguei baixinho, o psicólogo dela era amanhã, já estava me esquecendo desse detalhe. Ela virou-se para mim, questionando a razão do meu xingamento gratuito. – Seu psicólogo é amanhã, eu estava esquecendo. – Expliquei e ela apenas assentiu e voltou a procurar algo pelas ruas de New York.

Parei num sinal fechado olhando para ela, sem temer que fosse pego observando, ela estava muito ocupada analisando as ruas. Realmente, eu nunca vira alguém se arrumar tão rápido e ficar tão linda. Lembrei-me rapidamente a minha reação quando a vi saindo arrumada do quarto.

Eu tinha terminado de tomar banho, estava enrolado com a toalha na minha cintura e saindo do banheiro sem me importar do meu cabelo estar molhando todo o piso. Finalmente terminei de me arrumar e fui atrás de Calista, no quarto dela.

– Está pronta? – Bati na porta, não houve resposta. – Calista? Está pronta? – Perguntei novamente, mas a voz que me respondeu não estava dentro do quarto e sim próxima às escadas.

– Estou. – Virei-me para uma Calista totalmente arrumada, o vestido vermelho com estampa árabe caíra perfeitamente sobre o corpo cheio de curvas, chamando atenção para sua cintura marcada que eu nunca tinha notado, o destaque estava em sua coxa que estava à mostra graças ao corte do vestido. No peitoral não tinha nenhum colar novo, embora eu soubesse que ela ganhara muitos na loja, apenas o mesmo colar que ela trazia sempre no peito com uma pedra branca que lembrava um diamante muito bem trabalhado. Os cabelos estavam soltos em forma de ondas e o sapato gladiador preto concluía a roupa.

O olhar azul de Calista me encarava de modo firme e como se ele me expelisse afastei o olhar dela, engolindo em seco.

– Seu remédio. – Lembrei-a balançando a cabeça.

– Já tomei, não sou uma criança. – Ela lembrou-me um pouco grossa e talvez desconcertada, não sei dizer ao certo.

Não consegui responder nada, ainda um pouco desconcertado por ter sido pego a analisando de cima a baixo quando maioria das vezes quem o faz é ela.

Retirei meu olhar sobre ela, temendo ser pego a olhando pela segunda vez naquela noite. O sinal já estava aberto e milhões de buzinas enchiam os ares pedindo para que eu parasse o que eu estivesse fazendo e acelerasse.

Depois daquilo não demorou muito para avistar a entrada do Condomínio das Árvores, lugar muito claro na minha memória, pois havia me mudado para cá durante duas semanas antes de levar um pé na bunda, clássico, de Amélia. Parei o carro no portão trancado, esperando a permissão para poder continuar. A voz do vigilante Wilson pôde ser ouvida através de um interfone.

– Com quem estou falando e para qual casa você está indo? – Ele perguntou com a voz séria e impondo respeito.

– Aqui é o Bass, casa de Amélia, número 94.

– Ah, oi camarada, faz uma semana que você não dá as caras por aqui, ainda está devendo assistir aquela partida de beisebol lá em casa, Mônica vive reclamando que você nos abandonou. – A voz antes séria, transformou-se em simpática e divertida, Wilson tornara-se um bom amigo para mim assim como sua esposa Mônica, mas acabei me afastando deles após o termino do meu relacionamento com Amélia, pois Mônica era melhor amiga de Amélia e ficaria estranho para os dois se eu continuasse a visitar a casa deles.

– Estou ocupado ultimamente, mas prometo que essa semana esse jogo saí, mande lembranças minhas à Mônica. – Respondendo a mesma coisa que todas às vezes, sempre tentava marcar, mas alguma coisa surgia e me atrapalhava.

Até logo Bass, vê se aparece mais vezes. – Acenei para a câmera, acelerando o carro, pois Wilson já havia aberto o portão. Calista continuava distraída e perdida em pensamentos ao meu lado.

Em menos de cinco minutos estava estacionando na garagem da minha ex-casa.

Calista saiu do carro antes de mim ainda calada como se algo a incomodasse, não questionei, aquele não era o melhor momento para conversar com ela, já que na maioria das vezes que conversávamos sobre coisas que a incomodavam ela me saía com coisas sem nexos ou tirando onda da minha cara.

Tudo estava como eu já conhecia bem: o jardim verde cheio de gnomos e animais de gesso, a casa era bem colorida, um amarelo chamativo na frente. Dei a volta para frente da casa batendo na porta.

– Já vou! – A voz apressada gritou, pude ouvir som de talheres sendo postos à mesa e algo cheirava muito bem.

Algum tempo depois a porta foi aberta mostrando uma Amélia com o rosto sujo de comida vestindo um avental e ofegante.

– Desculpem. É que vocês chegaram cedo. – Na verdade, já eram quase 22h, Amélia que nunca fora pontual. Ela abriu mais a porta para que pudéssemos entrar. Na parte de dentro da casa o colorido enchia todos os lados, desde as paredes aos objetos. – Então você que é a famosa Calista. – Amélia virou-se para Calista a observando de cima a baixo, Calista não desviou o olhar em nenhum instante.

– Então você deve ser a ex do Bass, Amélia. – A loira sorriu um pouco forçadamente enquanto Amélia lhe puxava para um abraço que ela quase negou.

– Sim, sou eu. – Amélia respondeu um pouco sem jeito, acenando para que sentássemos a mesa. – Podem sentar-se, eu vou me arrumar rapidinho e já sirvo o jantar.

Sentamos um de frente ao outro, assim que ela saiu do recinto e afastou-se o suficiente para não escutar encarei Calista.

– Porque você fez isso? – Amélia havia sido muito gentil com ela e a loira respondera daquele jeito.

Calista apenas deu de ombros enquanto abaixava o olhar parecendo que o prato vazio a sua frente era muito mais interessante do que conversar comigo.

Deixei Calista de lado e continuei a observar a casa, estávamos na sala de jantar, a mesa de mogno bem polido como sempre, as paredes continham vários porta-retratos, Amélia sozinha, Amélia se formando na faculdade, Amélia e Mônica, Amélia comigo. Essa última foto era bem pequena, quase escondida por todas as outras. Eu lembrava-me daquele dia. Nós estávamos no campo, os pais dela estavam renovando os votos no campo, nós decidimos fugir na metade da festa de casamento e encontramos uma gruta escondida, onde fizemos amor. A foto havia sido tirada por ela, do lado de fora da gruta, o sorriso dela era perfeito, o meu olhar parecia distante.

Estava tão perdido em pensamentos que nem percebi quando Amélia voltou ao cômodo aonde estávamos. Ela seguiu o meu olhar para o porta-retrato e seu rosto avermelhou-se imediatamente.

– Bem, espero não ter demorado. Irei servir o almoço. – Ela falou e passou rapidamente em direção à cozinha, estava vestindo uma saia preta com grandes pintas brancas que cobriam maior parte da saia de cintura alta. A camisa que usava era azul marinho e bem justa no corpo, dando ênfase ao enorme decote.

Ela traz uma travessa de frango à parmegiana, somente o cheiro faz o meu estômago revirar de fome.

– Quer ajuda? – Calista oferece, sendo casual, um sorriso genuíno enche os seus lábios, o que me deixa com uma pulga atrás da orelha.

– Claro, obrigada. – Amélia concorda, mas também parece ter sido pega de surpresa com a nova cordialidade, vinda de não sei de onde, de Calista.

Ela se levanta e segue Amélia para a cozinha, voltando com uma travessa branca de arroz e a anfitriã traz uma travessa de metal com tomates frescos com orégano. Aquelas travessas, eu tinha comprado para a nossa “futura casa” que nunca irá acontecer.

Assim que ela complementou a mesa com uma jarra de suco de maracujá, ela não toma refrigerante, sentamos todos para comer. O começo do jantar, na verdade, foi bem silencioso, somente algum tempo depois Amélia quebrou o silêncio puxando um assunto.

– Então, Calista. – Ela deu uma pausa, terminando de mastigar a comida. – Tem gostado de morar com o Bass? Ele pode ser um pouco bagunceiro...

– Na verdade. – Calista bebeu um pouco de suco antes de prosseguir. – Ele é por demais organizado, pelo menos comparado a mim.

Evito de me intrometer na conversa, com medo de que aquela cordialidade disperse pela minha intromissão.

Amélia dá risada e continua comendo com tranquilidade.

– Como ele é? – Calista pergunta, complementando depois. – No trabalho, quero dizer.

– Ele é um dos nossos melhores policiais de campo no momento.

– Cuidado para ele não roubar o seu emprego. – Calista ri, mostrando os dentes brancos, que raramente vejo. Amélia acompanha o sorriso, o que me faz temer pela noite. A “amizade” delas me assusta mais do que uma briga que pudesse acontecer. – Com licença, onde é o sanitário? – O prato da loira já está vazio, o que não me surpreende.

– Siga o corredor é a primeira porta a esquerda.

Termino de comer e percebo um par de olhos pretos me encarando pertencentes da Amélia. Ela tem um rosto triangular simples, não é tão pálida quanto Calista, os cabelos negros médios caem ao redor do rosto e a sua testa é escondida por uma franja bem feita.

– Bass, eu gostaria de falar com você. – Ela estica a mão pela mesa pousando-a sobre a minha, um arrepio é enviado pelo meu corpo. Aposto dez dólares que irá falar sobre Calista. – É um assunto delicado que só temos que resolver entre nós. – Aposto vinte dólares que será algo relacionado a Calista. – Eu decidi que devemos ser verdadeiros um com o outro, por isso decidi conversar com você. – Aposto cinquenta dólares que é sobre Calista.

– Pode falar. – Não retiro a minha mão debaixo da dela, gosto de como o calor é trocado entre nós.

– Lembra-se quando nós terminamos? – Você terminou, corrijo mentalmente. Apenas assinto com a cabeça, confirmando que me lembro. – Eu lhe disse que havia sido por causa do trabalho, mas não foi. O que aconteceu foi bem antes de você, estava na faculdade quando eu descobri... – Ela abaixa o olhar e inclina para mais próximo de mim dando-me uma bela visão dos seus seios fartos, que antes eu podia tocar livremente. – Me prometa que ficará em silêncio até eu acabar de falar, por favor. – Ela desliza a mão para o meu antebraço exposto, o arranhando de leve, outro arrepio passa pelo meu corpo. E ela percebe o que fez.

– Prometo, claro que prometo. – Sorrio, mas ela não continua. – Você descobriu...? – Incito ela a continuar falando, minha voz sai rouca e um pouco embargada.

– Que não gosto de homens, Bass. Gosto de mulheres. Você sabe que eu e Mônica somos amigas desde a faculdade, ela descobriu primeiro e me fez testar e eu... Acabei gostando. Mas ninguém poderia saber, as coisas são difíceis para lésbicas nesse país. Então nós decidimos que viveríamos nossas vidas como se gostássemos de homens. Mônica se casou com o Wilson e então eu me casaria com você e continuaríamos tendo nossa relação em segredo.

É como se uma bigorna caísse sobre a minha cabeça, o pior é que não consigo nem me mexer e nem responder nada.

– Eu achei que você merecia a verdade. Mônica discorda sobre isso, ela acha que você não irá reagir bem. – Ela fala rápido, claramente nervosa pelo meu silêncio. – Me desculpe Sebastian, é que, eu achei que você merecia...

Só então cérebro parece voltar a funcionar.

– Merecia saber que fui corno durante todo esse tempo? – Retiro a mão, como se me sentisse enojado. – Como assim, desde a faculdade Amélia? Nós transamos semana passada, aqui sobre está mesa, você gritava o meu nome Amélia! – Grito, me pondo de pé.

As lembranças voltam a minha mente, todo os momentos que passamos juntos íntimos e não íntimos, todas as vezes que eu a tocava e ela parecia gostar.

– Com a Mônica? A mulher do Wilson?! Eles têm um filho Amélia! Como você pode ser tão suja assim? – Grito o mais alto que posso, Amélia continua sentada encolhida na cadeira, as lágrimas já enchem o seu rosto. – Realmente, todo esse tempo que eu sempre quis o melhor para você eu mereço saber que sempre fui corno e só servi como seu disfarce para o mundo.

Uma mão toca o meu ombro e me viro com rispidez me deparando com Calista.

– Vamos embora. – Ela diz com calma, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado para não me fazer piorar.

Me sinto em pedaços, deixo-me ser levado por Calista para o carro. Tento me acalmar, mas as lembranças ainda enchem mais a minha cabeça. Não sei ao certo como, mas o carro começa a se mexer, olho para o lado é Calista que dirige, ela anda rápido à beira dos 100km/h, o portão de saída está aberto, ela passa direto por ele, olho para a cabine de Wilson, tão inocente como eu, não sabe o que se passa.

Tapo meu rosto com as mãos, suspirando fundo, lembro que estou me devendo cinquenta dólares, perdi uma aposta comigo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Hoje não vou fazer perguntas, quero ver a criatividade de vocês nos comentários.

Não esqueçam de entrar no grupo do facebook. https://www.facebook.com/groups/245441768981964/?fref=ts

Beijocas, estou na espera da primeira recomendação da fic, quem será? tãn tãn tãn
Não se esqueçam de comentar viu?
Beijos e até o próximo capítulo.