P.O.V. Stefan:

Finalmente, hoje era o dia em que poderia sair daquele navio e ir para casa. Não que fosse mudar muita coisa, afinal de contas não havia ninguém esperando por mim...Mas só o fato de pensar que acabaria com aquela tortura de não poder visita-la, ou passar horas e horas escutando suas músicas preferidas enquanto olhava cada vestido detalhadamente e me lembrava de nossos momentos juntos, lia seu diário e até mesmo fantasiava como seria se Estela ainda fosse viva. Senti uma lágrima quente rolar por meu rosto e sequei-a rapidamente, mas não consegui conter as outras que vieram em seguida ao lembrar-me de como ela tinha morrido, minha eterna Estrela tinha sido vítima de uma pneumonia mal tratada. Eu sempre me sentiria culpado, afinal de contas, eu tinha tanto dinheiro, mas ele não foi capaz de me dar a única coisa que eu queria... E pensar no fato de que fora eu quem escolhera o médico, quanta burrice e arrependimento eu sentia.

O navio mal tinha acabado de ser ancorado no porto eum barulho ensurdecedor foi ouvido do mesmo. Tudo tremeu e se sacudiu, não tive tempo o suficiente para sequer secar minhas lágrimas, pois novamente escutei o barulho. Só que desta vez, ele era muito mais alto e um clarão quente e brilhante o acompanhava.

Algumas horas depois, acordei de meu desmaio e tudo ao meu redor estava destruído, exceto por mim que estava intacto. Não estava entendendo muita coisa, mas assim que me lembrei que já estava em Smolensk, saí correndo direto para casa.

Ao chegar lá, corri direto para onossoquarto e fiz o ritual que sempre fizera todos os dias (aquela fora a primeira semana que depois de um mês doocorrido eu havia saído de casa)desde sua morte. Coloquei a vitrola para tocarMozart, espirrei duas borrifadas de seu perfume, abri o guarda roupas e fiquei admirando seus lindos vestidos. Eu poderia fazer aquilo para o resto de minha vida sem me queixar.

Já era noite quando senti uma vontade incontrolável de ver minha Estrela. Por mais que fosse perigoso, não me importei e fui caminhando o mais rápido que podia para o cemitério. Afinal de contas, eu havia ficado sete dias sem sequer deixar uma humilde flor do campo em seu túmulo (eram suas preferidas, principalmente as brancas),o que de pior poderia me acontecer?

Senti um forte arrepio quando avistei uma linda mulher loirade olhos azuis vestida cem um vestido verde claro comprido e simples, mas que em seu corpo ficava perfeito. Era ela!

-E-Estrela? -perguntei e recebi um sorriso tão gentil e meigo quanto os outros que ela me dera enquanto anda era viva, aquilo só poderia ser um sonho-

-Não se assuste meu Stefan, sou eu. -não consegui conter minhas lágrimas ao constatar que tudo erareal e perfeito de mais para durar mais do que alguns segundos- Oh! Não chore meu amor, agora, assim como eu, você está morto e nós poderemos ficar juntos e recuperar todo o tempo que nos foi roubado. -sorriu novamente e me abraçou-

Naquele momento, eu poderia ter feito qualquer coisa, desde espernear e praguejar aos céus à pular de alegria. Mas a única coisa que fiz foi corresponder seu abraço e matar a saudade de sentir seu cheiro invadir minhas narinas enquanto sentia sua pele suave e macia.

-Senti tanto sua falta minha Estrela. Nunca mais me deixe sozinho.