Nunca achei que eu seria capaz de trair alguém, muito menos Emily. Eu a amara de verdade, pelo menos até reencontrar minha antiga paixão, Sara Munello. Nosso caso havia terminado anos atrás. Minha mãe nunca aceitara nosso relacionamento, já que éramos de classes sociais diferentes.

Charlotte me pedira para ir até a padaria por ela e eu dissera que não havia problema nenhum. Porém, nada poderia ter me preparado pro que veio em seguida. Ela estava lá.

Vê-la ali depois de tanto tempo me fez enxergar o mundo com outros olhos e nesse momento minha vida se tornara mais complicada do que já era antes. Ela sabia quem eu havia me tornado e que estava noivo de outra pessoa e não queria ser minha amante.

Ser um Grayson era difícil o bastante, eu não queria ser como meu pai que traia minha mãe viciosamente e também não queria desperdiçar minha chance mais uma vez. Deixei meu trabalho cada vez mais de lado. Sara me pressionava para terminar meu noivado e não sabia como fazer aquilo.

Fui mais vezes até a padaria e Emily ficava mais e mais desconfiada. Ela sabia que alguma coisa não estava certa e certa manhã me confrontou sobre isso.

Eu perdi o controle e quase desisti do casamento naquele momento.

Deixei-a em casa e mergulhei de cabeça no trabalho, tentando achar uma solução para esse impasse. Trabalhar era minha válvula de escape e me impedia de explodir a qualquer momento.

Quando voltei pra casa, Emily disse que tínhamos que conversar. Segurava uma caixinha pequena e me encarava com um sorriso triste.

Eu estava decidido a cancelar o casamento, porém, meu mundo virou de ponta cabeça quando ela começou a falar.

– Eu sei que você tem visto outra pessoa pelas minhas costas. Eu te segui e vi onde você tem ido quando não está no trabalho.

– Emily... – eu estava envergonhado – Me desculpe. Eu não queria que a coisas chegassem a esse ponto. Eu...

– Shh... – ela me calou. – Deixe-me terminar.

Ela parecia desapontada, então, respirou fundo e me entregou a caixa.

– Vamos ter um bebê, Daniel. – ela estava prestes a chorar. Como eu poderia deixá-la?

– Me desculpe. – abracei-a – Eu te amo, por favor, me perdoe. A última coisa que eu queria era te machucar.

Ela estava grávida, amava-me apesar de tudo e agora teria um filho meu. Eu precisava agir como um homem decente e assumir minhas responsabilidades.

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Na noite seguinte, fui até a padaria pela última vez. Eu havia ligado pra Sara mais cedo e disse que as coisas estavam complicadas. Eu tinha finalmente tomado uma decisão. Encontramos-nos nas docas e eu observava o mar quando ela chegou.

De alguma maneira, ela já sabia sobre o bebê.

– Você não estava brincando quando disse que tudo estava complicado. – se juntou a mim e observou a imensidão negra.

– Eu nunca brinquei com você. – a tristeza era esmagadora.

– Mas não me contou que Emily estava grávida. – não conseguíamos olhar um pro outro.

– Eu não sabia o que dizer. – respondi sinceramente. – No momento que te vi naquela padaria, eu me apaixonei por você de novo. Mas, Emily vai ter um filho meu. Nós dois sabemos o que um lar desfeito causa a uma criança.

Nós dois passamos por situações ruins na infância e ela entendia aquilo melhor que ninguém. Seu pai era um bêbado e sua mãe a negligenciara sua vida toda.

– Queria dizer que sei do que está falando e que está cometendo um erro, mas eu não posso. – lágrimas corriam por seu rosto e eu me sentia impotente.

– Sinto muito. – sentia o peso do mundo em meus ombros.

– As coisas são assim. – ela retirou o colar e olhou-o uma última vez – Nunca vamos ficar juntos. Nunca foi nosso destino.

Sara me devolveu o colar e começou a se afastar.

– Adeus, Danny.

– Sara... – tentei pará-la, mas ela se foi. Tudo o que ficara para trás fora o colar de diamante que eu lhe dera anos atrás. Apertei-o em minhas mãos e lancei-o ao mar, só então me permitindo chorar.

Eu me sentia exausto e infeliz. Fui até o bar mais próximo, comprei uma garrafa de uísque, me sentei num banco nas docas e afoguei ali todas as minhas mágoas. Eu tinha feito minha decisão e agora teria que viver com ela. Passei algum tempo ali, pensando, mas precisava ir embora.

Voltei para casa e Emily me esperava sentada no sofá. Ela me perguntara sobre Sara.

– Isso entre vocês... - ela respirou fundo - já acabou?

– Acabou. – olhei-a nos olhos – Você é a única pessoa que eu quero. Não vou a lugar algum.

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O dia do casamento chegara e Emily estava radiante. Decidimos contar sobre a gravidez a todos antes do casamento.

O juiz de paz começara a dizer algumas palavras e então dissemos nossos votos.

– Eu, Daniel Edward Grayson, prometo que serei um bom marido e o mais importante, serei um bom pai para esse bebê. Com este anel me comprometo contigo, nosso filho e nosso futuro – olhei-a nos olhos e coloquei a aliança em seu dedo – Amo você, Emily, até que a morte nos separe.

Então era a vez dela.

– Eu, Emily Rebecca Thorne, prometo que serei uma boa esposa e uma boa mãe para nosso bebê. Obrigado por me deixar fazer parte da sua vida. No momento que nos conhecemos, eu sabia que isso estava no nosso destino. Temos um laço que é inquebrável. Amo você, Daniel, até que a morte nos separe.

A recepção, a lua de mel e o mês seguinte passaram como um borrão.

Às vezes eu me questionava se havia tomado a decisão certa e o que aconteceria se eu tivesse feito o contrário, mas logo enterrava esse pensamento e continuava seguindo em frente. Eu tinha que pensar na minha nova família.

...

Emily ficava mais linda e grávida a cada dia...

Tínhamos uma consulta agendada e finalmente veríamos o bebê.

No dia e hora marcados fomos até a clínica.

Caminhei até a recepção e disse nossos nomes. Uma senhora simpática pediu que nos sentássemos até que nos chamassem. Não muito tempo seríamos atendidos.

– Sr. e Sra. Grayson? – nossa vez tinha chegado – Por aqui, por favor.

Entramos numa sala espaçosa e meio escura.

Sentia-me meio perdido no meio de todos aqueles aparelhos, mas Emily parecia à vontade com o procedimento.

– Estão prontos? – perguntara a doutora.

– Sim. – olhei para minha esposa e ela me olhou de volta.

– Estamos. – Emily respondeu, ainda olhando pra mim.

Os minutos se passaram e uma confusão acontecia na tela.

– Hm. – disse a médica – Interessante.

– O que foi? – me alarmei – Há algo errado?

Eu não entendia nada da tela do computador.

De repente sons preencheram a sala ampla.

– Isso é o som do coração? – perguntei.

– Corações. – respondeu sorrindo. – Um menino e uma menina.

– Como disse? - indaguei.

– Parabéns, vocês terão gêmeos! Já escolheram nomes? - perguntou.

– Não. – eu disse.

– Sim – disse Emily ao mesmo tempo.

Caímos no riso.

Claro que ela tinha pensado nisso. Eu passei tempo demais remoendo o passado para focar no futuro. Senti um pouco de culpa, mas felizmente minhas dúvidas morreram ali. Meu coração fora completamente preenchido. Eu teria não um, mas dois filhos. Não poderia ser melhor.

– Eu pensei em alguns nomes, na verdade. – ela respondeu encabulada – O que acha de Claire e... Kyle?

– Acho que são perfeitos. – beijei-a e olhei para a tela. - Eu não poderia estar mais feliz. Obrigado por ter me dado uma chance de fazer a coisa certa.

Fim

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