¿Que nos está pasando? escrita por Duda


Capítulo 13
Não é fingimento.


Notas iniciais do capítulo

Holaaa.

Me desculpem pela demora. Eu sei que tá virando costume esses pedidos de desculpa, mas poxa, é que eu, realmente, não posso postar com frequência :( mas assim, por mais que demore pra eu postar, em algum momento eu vou postar, então não deixem de acompanhar :D (se, por acaso, algum dia, eu parar de escrever a história, daí eu aviso vcs que vou parar). Enfim, taí um capítulo novo pra vcs.

Boa leitura.



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Agosto/2012

O jardim da casa dos pais de Pablo encontrava-se já relativamente cheio. German segurava uma taça de champagne na mão direita e a mão esquerda repousava no bolso da calça social. Estava no meio de uma conversa aparentemente amigável com o pai de Pablo. Matias também conversava com eles. German distraiu-se um pouco da conversa, tomou um gole de champagne para disfarçar e olhou ao redor. Inevitavelmente, seus olhos encontraram os dela e ambos ficaram por algum tempo se encarando profundamente, até o próprio German passar a observar outra coisa. Algo que não lhe agradou nem um pouco. Angeles estava parada próximo à entrada da casa e, ao seu lado, estava Nicolas Galán. A essa altura, acho que já poderíamos dizer que ele é o inimigo mortal de German. Os dois estavam de mãos dadas e Nicolas estampava um sorrisinho vitorioso no rosto com a única intenção de provocar German.

German fitou as mãos entrelaçadas dos dois e sentiu o sangue subir. Mas, acima da raiva, havia aquele involuntário aperto no peito por vê-la com outro homem. Ele queria acreditar que o aperto era por raiva, que ele não se importava se ela estava com outro homem, porque ele nunca quis e nunca vai querer ser o homem a estar com ela. German e sua cabeça dura, a qual sempre tenta contradizer o seu coração.

– German – César, o pai de Pablo, chamou-o. German desviou o olhar e virou-se – Está tudo bem? – German engoliu em seco, olhou rapidamente para Matias, que o lançava um olhar discretamente divertido, e voltou a olhar para César.

– Está tudo bem – Murmurou e pigarreou.

– Aquela jovem era alguma coisa sua? – German entreabriu a boca e Matias sorriu. César sempre foi indiscreto com estes assuntos, desde quando eram mais novos. German tomou um grande gole do champagne e negou com a cabeça – Ahn. É porque... – César encolheu os ombros e continuou distraído: – Eu lembro da época em que uma boa conversa sobre direito e justiça eram capazes de deixá-lo entretido por horas. Nada era capaz de distraí-lo, German – O senhor olhou-o e sorriu divertido – Talvez eu não tenha mais habilidade para este tipo de assunto.

– Acho que o problema não é este, senhor César – Matias murmurou e César olhou-o. German respirou fundo.

– Eu... Eu vou pegar mais champagne – German murmurou – Com licença – Saiu e sumiu no meio das pessoas.

Depositou a taça em uma mesa qualquer, pegou outra e caminhou para dentro da casa. Parou no batente da porta da sala e olhou ao redor. German lembrou-se da última vez que ele, Pablo e Matias estiveram na casa de Pablo antes de German ir para a faculdade. Ele respirou fundo e olhou ao redor. Fechou a porta da sala e atravessou a casa, até chegar na porta dos fundos, a qual dava para um deck com piscina. Subiu três degraus e sentou-se na ponta de uma daquelas cadeiras para banho de sol. Ficou olhando fixamente para a piscina. Seus pensamentos foram interrompidos quando escutou uma voz feminina. German olhou em direção da pequena escada para a piscina e viu dona Margarida, ao lado de Angeles, subindo no deck. Margarida olhou-o e sorriu. Angeles respirou profundamente e continuou caminhando, junto com ela, até German.

– Aqui está você – Margarida disse ao aproximarem-se de German. Depositou um beijo maternal na bochecha do homem – Olha quem chegou agora há pouco – Sorriu. German não encarou Angeles.

– Uau – German disse seriamente e sem qualquer entusiasmo.

– German... – Margarida olhou-o séria e arqueou uma sobrancelha. German respirou fundo e passou a olhar o chão. Margarida sentou-se na cadeira ao lado – Cheguei quase agora também e queria vê-lo. Não nos vemos faz tempo, você tem trabalhado demais, German – German olhou-a.

– As coisas estão movimentadas no escritório.

– Hm – Margarida murmurou. Olhou para Angeles – Sente-se, filha.

– É melhor não, dona Margô. Eu... Eu vou deixá-los sozinhos – Margarida bufou e sorriu.

– Fique, Angie – Margarida disse calmamente. Angeles olhou para German, que olhava fixamente para a piscina.

– Não é uma boa ideia, dona Margô – Angeles virou-se para sair de lá. Margarida levantou-se, pegou uma de suas mãos e puxou-a lentamente, fazendo-a virar-se.

– Por favor, Angie – Margarida sorriu e Angeles assentiu. As duas sentaram-se.

– Está tudo bem, German? – Margarida perguntou e ele assentiu.

– E com a senhora? – Murmurou e olhou-a.

– Eu estou bem, filho – German sorriu sem mostrar os dentes e desviou o olhar. Ficou um silêncio, que Margarida logo cortou – E então, Angie, quando você viaja? – German engoliu em seco.

– Assim que finalizar o caso em que estou trabalhando – German respirou fundo e balançou a cabeça em reprovação – Qual é o problema, Castillo? – German franziu o cenho e olhou-a.

– Você sabe qual é o problema, Saramego – Respondeu secamente – Você já tirou o Conti da prisão. O que mais você quer?

– Eu ainda não provei que ele é inocente e o único jeito de fazê-lo é...

– Entregando todas as provas que ele tem – German completou e Angeles assentiu.

Ele se levantou, colocou a mão direita no quadril e passou a outra mão pelo cabelo enquanto dava passos lentos até a borda da piscina. Parou e fechou os olhos.

– Você já o tirou da prisão, Saramego – German disse baixo – Por que não passa o caso para outra pessoa?

– Eu quero ir até o fim.

– Em que momento você acha que será o fim?

– No momento em que todos os envolvidos sejam devidamente punidos – German balançou a cabeça e virou-se para encará-la.

– Por que não para de ser tão ingênua? – Ele disse seriamente. Angeles revirou os olhos e levantou-se – Você sabe muito bem aonde isto vai te levar!

– Eu não estou sendo ingênua, eu estou tentando acreditar que as coisas podem ser diferentes.

– As coisas não serão diferentes, Saramego – German gritou e respirou fundo. Olhou, rapidamente, para baixo e disse normalmente: – A nossa justiça é falha e você sabe disto – Aproximou-se dela lentamente – Você só não quer enxergar que está com os dias contados.

– Você está sendo exagerado.

– Eu não estou – Ele disse seriamente – Você sabe que eu não estou – Ela virou a cabeça para o lado – Você está lidando com tudo isto como se fosse uma brincadeira e isto não é uma brincadeira. Talvez agora esteja tudo bem, mas quando o Conti estiver morto, é você quem eles vão procurar – German respirou fundo – Olha pra mim, Saramego! – Angeles não olhou e German bufou – Continue agindo como uma garota de 8 anos, mas você deveria, no mínimo, levar o que eu digo em consideração – German estava nervoso por Angeles ignorá-lo – Quando eu digo que sua vida está em jogo, eu não estou brincan...

– Eu cansei desse assunto – Ela gritou e olhou-o – Cansei de você me dizendo para desistir do caso, de você dizendo que minha vida está em perigo, de você me dizendo o que fazer – Por fim, ela gritou um pouco mais alto: – Eu cansei de você fingindo que se preocupa comi...

– Não é fingimento – German interrompeu-a aos berros – Não é fingimento. Eu, simplesmente, não consigo parar de pensar no que vai acontecer com você e isto me atormenta – Ele respirou fundo, desviou o olhar e murmurou: – Me atormenta muito – Angeles encarava-o com um semblante surpreso e indignado. German respirou profundamente e encarou-a.

– Não vai acontecer nada comigo, German – Angeles murmurou. Ele suspirou e fitou o chão. Ela olhou para as cadeiras e deu-se conta de dona Margarida não estava mais lá – Nem a dona Margô aguenta as nossas discussões – German olhou-a.

– É – Disse baixo, abaixou a cabeça e engoliu em seco.

– Eu vou voltar para a festa, German.

– Ele sabe sobre o Conti ter saído da prisão?

– Nicolas? – German olhou-a e assentiu. Angeles suspirou – Não, ele não sabe – Ele suspirou aliviado e aproximou-se de Angeles, até ficar a poucos centímetros dela.

– Me diga que está com ele só por causa do caso? – Ele murmurou.

– Você sabe que eu não faria isto – Ela sussurrou – Ele me faz bem, German.

– Você se apaixonou por ele?

– Você já me perguntou isto.

– Se apaixonou ou não? – Angeles negou com a cabeça.

– Eu tive o azar de me apaixonar por um homem que nem me quer por perto – German entreabriu a boca e seu coração, subitamente, acelerou. Ele deu um passo para trás, ao que Angeles soltou um risinho abafado e abaixou a cabeça – Eu preciso ir – Angeles olhou-o, respirou fundo e caminhou em direção à porta da casa.

German acompanhou-a com os olhos. Assim que Angeles entrou, ele se virou e chutou com toda a sua força a cadeira à sua frente. Depois, passou as duas mãos pelo cabelo e fechou os olhos. Sentou-se na cadeira, apoiou os cotovelos nos joelhos e fincou os dedos no cabelo.

Ele não queria ficar pensando nela e no que ela havia dito, mas aquilo o aterrorizara de certa forma. Se ela realmente estivesse apaixonada por ele, então seria um grande problema... a não ser que German sentisse o mesmo.

**

– Oi, German – Miguel disse baixo ao encontrar German olhando fixamente para piscina. German olhou-o e levantou-se – Não vai... Eu quero conversar com você, filho.

– Eu já disse para você não me chamar mais de filho – German murmurou.

– Você sempre será meu filho – Miguel falou calmamente. German respirou fundo e sentou-se.

– Diga logo o que tem para me dizer e me deixe em paz – Miguel sentou-se na cadeira ao lado.

– Eu só... Quero conversar – German olhou-o – Eu não queria ter abandonado você – Miguel respirou fundo e fitou o chão – Não deveria ter dito as coisas que eu disse, mas – fez uma pausa e bufou – tudo já está feito e você tem que seguir em frente – German balançou a cabeça e olhou para a piscina – Sabe, German? Um dia você envelhece e começa a refletir sobre todos os erros que cometeu. Há muitos anos eu percebi que você não teve culpa do que aconteceu. Você era um jovem apaixonado e cego. Todos nós já fomos um jovem apaixonado e cego – Miguel engoliu em seco – Eu amei tanto a sua mãe, que eu teria sido capaz de fazer qualquer coisa para estar com ela – German pressionou os dentes – A diferença entre nós dois é que a sua mãe era uma daquelas pessoas genuinamente boas, que...

– Eu sei como ela era – German interrompeu-o secamente. Miguel suspirou e fitou a piscina.

– Você ainda lembra dela?

– Sim – Uma voz entrecortada saiu. Miguel apenas assentiu e abaixou a cabeça.

– Não tem um único dia que eu não lembre da sua mãe – Ele murmurou e olhou para German – Acho que sua vida teria sido diferente se, ao invés da sua mãe, eu tivesse morrido – German encarou o pai – Ela teria ficado do seu lado, independente de qualquer coisa – Os olhos de Miguel encheram-se de água – German, me perdoa. Faça isto por você. Filho, – Miguel ergueu uma das mãos e repousou-a, receosamente, no ombro de German, fazendo-o desviar o olhar – não vale a pena ficar preso no passado. Ficar sentindo essa mágoa não vai levá-lo a lugar algum, a não ser a uma vida triste e vazia – German engoliu em seco – Você não é feliz, filho.

– O problema é meu – German murmurou friamente.

– German... – German retirou a mão de Miguel do seu ombro e olhou-o.

– Por que isto agora? – Perguntou duramente.

– Porque eu senti que está na hora de tentar arrumar as coisas erradas que eu fiz – Miguel suspirou pesadamente – Eu acho que a pessoa que eu mais machuquei foi você.

– Eu não preciso disso agora – German respondeu seriamente.

– Tudo bem – Miguel murmurou – Eu só preciso dizer umas coisas. Tente ser feliz, German. Você é um homem bom, merece isto – German levantou-se.

– Eu serei feliz... Quando todos resolverem me deixar em paz – Ele começou a caminhar em direção à casa.

– German – Miguel chamou-o. Ele parou, mas não olhou para trás.

– Eu não queria que você chegasse no fim da sua vida e percebesse que está sozinho – German engoliu em seco e continuou a caminhar.

**

– Ei, rapaz – German parou o garçom que ia em direção à cozinha – Vocês tem whisky?

– Sim, senhor. É que o senhor Pablo pediu para não servirmos whisky porque ele tem um amigo que...

– É, eu já sei a história – German interrompeu-o rispidamente – Me mostre onde tem e eu mesmo pego.

– Que isso, senhor? Eu posso servi-lo se você esperar aqui e não disser ao senhor Pablo que eu o servi – German assentiu e o rapaz deu o primeiro passo, parando logo em seguida – A propósito, o tal amigo do senhor Pablo não é o senhor, não, né?

– Mas é claro que não – German bufou.

O rapaz continuou andando e vinte minutos depois voltou com um copo de whisky. German pegou o copo e ofereceu uns trocados para o rapaz, o qual hesitou um pouco mas acabou aceitando. German caminhou até a porta da casa e saiu para o jardim. Olhou ao redor e viu Violetta junto com Angeles, ambas conversavam alegremente. German tomou um grande gole do whisky. Caminhou lenta e disfarçadamente até Violetta e esperou que a garota o visse e chamasse-o.

– Tio German – Violetta falou um pouco alto. German olhou-a e aproximou-se dela, sem encarar Angeles. German abaixou-se para ficar da mesma altura que a garota e sorriu sem mostrar os dentes. Violetta abraçou-o e German correspondeu – Como você está? – Angeles sorriu, discretamente, enternecida.

– Bem – German murmurou – E você? – Violetta afastou-se dele e sorriu.

– Eu estou ótima, tio German. Depois que você foi na escola, me mudaram de sala e agora eles pensam que eu tenho um pai – German entreabriu a boca.

– Por que eles pensam isso, Violetta?

– Ah, eu não queria correr o risco de chegar na nova sala e todos descobrirem que eu não tenho um pai e uma mãe – Violetta encolheu os ombros – Você se importa, tio German? – German suspirou profundamente e negou com a cabeça.

– É claro que eu não me importo, mas você não deve dizer mentiras, Violetta – A garota apenas assentiu e abaixou a cabeça.

– Essa não foi a única – Murmurou.

– O que mais você disse? – A garota levantou a cabeça e lançou um olhar divertido à German.

– Ah... Eu achei que não teria problema algum em falar que eu tenho uma mãe também – Violetta falou pausadamente. German franziu o cenho e respirou fundo.

– Eu posso saber quem é a sua mãe? – Perguntou sério. Violetta encolheu os ombros e sorriu.

– Não é óbvio, tio German? – Retrucou divertida e German bufou. A garota olhou para Angeles, que a olhou com uma sobrancelha arqueada.

– Vilu, ele tem razão, você não deve mentir – Violetta ficou séria.

– Eu achei que vocês iam ficar felizes, poxa – Falou tristemente e saiu andando.

Angeles fez menção de ir atrás da garota mas German levantou-se e, ainda acompanhando Violetta com os olhos, colocou o braço na frente de Angeles, impedindo-a de prosseguir.

– Deixa eu ir atrás dela, German? – Angeles murmurou. German virou-se lentamente e encarou-a com os olhos estreitos.

– Isso é culpa sua – Disse baixo e seco. Angeles franziu o cenho.

– Vai se ferrar – Angeles tentou ultrapassá-lo, mas German impediu com o corpo.

– Você pensa que pode se intrometer na vida de qualquer pessoa. Agora Violetta pensa que há uma possibilidade, ainda que ela mesma ache que é pequena, de que algo aconteça entre nós, de que nós cheguemos a ser uma “família” – German respirou fundo – Agora o “monstro” insensível terá de dizer a ela para perder qualquer esperança que ela tenha com relação a isso.

– Eu não tenho problema em dizer isto a ela. Provavelmente, eu saberia como dizer sem machucá-la, já você... Eu não tenho tanta certeza.

– Eu jamais machucaria a Violetta – German murmurou. Angeles suspirou e abaixou a cabeça.

– Tem razão. Desculpa – Voltou a olhá-lo.

Angeles olhou para o lado ao sentir um braço em sua cintura. German olhou para Nicolas e pressionou os dentes.

– Como está, Castillo? – Nicolas estendeu a mão para cumprimentar German, mas este apenas ignorou – Eu interrompi algo? – Nicolas olhou para Angeles, que sorriu sem mostrar os dentes, deu um beijo na bochecha dele e negou com a cabeça.

– Eu vou ver a Violetta – Angeles murmurou.

– Eu vou – German falou duramente e Angeles assentiu.

German tomou o resto do whiskey que havia no copo em uma golada só, depositou-o na bandeja do garçom mais próximo e se direcionou ao interior da casa. Encontrou Violetta sentada em uma das pontas do sofá, debruçada no braço do mesmo e chorando. German respirou fundo e aproximou-se. Sentou ao lado de Violetta e ela o olhou. German enxugou o rosto da garota com os polegares.

– Posso pedir uma coisa? – German murmurou e Violetta assentiu – Não fica triste – German sorriu sem mostrar os dentes – Você é mais bonita sorrindo do que chorando – Violetta sorriu. German tocou a ponta do nariz dela com o indicador e sorriu involuntariamente – É assim que eu gosto.

– Eu também gosto quando você sorri, tio German – Violetta disse enquanto enxugava o rosto com as costas das mãos. German ficou sério e respirou fundo – Você tem um sorriso bonito – German sorriu sem mostrar os dentes e passou a mão no cabelo da garota – Tio German, você está triste ou bravo porque eu menti sobre você ser meu pai e a Angie ser minha mãe?

– Não. É claro que não. Acho que eu seria feliz se fosse seu pai de verdade – Murmurou.

– Você não é feliz? – German pensou um pouco.

– Não como eu seria se fosse seu pai – Violetta sorriu. Ela foi ficando séria e desviou o olhar.

– Você acha que a Angie ficou chateada? – Perguntou e olhou-o.

– Eu acho que não – German murmurou e Violetta assentiu.

– Por que parece que vocês se gostam mas estão sempre de cara fechada um para o outro? – Violetta perguntou sem rodeio algum e German não soube o que responder.

– Violetta, – German começou cautelosamente – eu e a Saramego – pausou e pensou um pouco – temos pontos de vista muito diferentes sobre a vida, – Violetta franziu o cenho – nós não concordamos em muitas coisas, entende?

– E daí?

– E daí que quando duas pessoas não se entendem, não devem ficar tentando e tentando e tentando, senão uma das duas vai ficar triste.

– Mas vocês nem chegaram a tentar algo, poxa – German respirou fundo.

– É que, para tentar algo, as duas pessoas devem estar em sintonia, devem sentir a mesma coisa, ou quase a mesma coisa, uma pela outra – German falou calmamente.

– Vocês não se gostam? – German negou com a cabeça e Violetta suspirou cabisbaixa – Nem um pouquinho?

– É complicado, Violetta.

– Por quê? – German suspirou.

– Porque sim – Violetta abriu a boca para continuar, mas notou a presença de Angeles.

Ela entrou lentamente na sala, German olhou-a e logo depois Violetta também o fez. Angeles parou em frente a garota e abaixou-se.

– Me desculpa? – Angeles falou de uma forma meiga e Violetta sorriu, fazendo Angeles sorrir também – Olha, – Angeles apoiou um dos braços nos joelhos da garota e acariciou o rosto dela com a outra mão – eu reagi daquela forma por quê... Não é legal que você minta, Vilu. Mas, no fundo, eu fiquei muito feliz – Angeles sorriu e Violetta assentiu.

– Está tudo bem, Angie – Murmurou. Violetta levantou-se devagar, fazendo Angeles levantar-se também e franzir o cenho – Senta aí. Vamos conversar – Angeles sorriu divertida.

– Você, às vezes, parece tão adulta – Angeles disse enquanto sentava-se no lugar de Violetta, ao lado de German. Violetta abriu um sorriso e German sorriu sem mostrar os dentes.

Violetta sentou de lado no colo de Angeles, que enlaçou os braços na cintura dela para segurá-la, e apoiou as pernas no colo de German, que se virou um pouco de lado e apoiou o braço esquerdo, sem perceber, por trás de Angeles no encosto do sofá, o outro braço repousou sobre as pernas de Violetta. Aquela cena, certamente, daria uma bela foto.

– Sabem o que é? – Violetta recomeçou a falar – É que, pela primeira vez na vida, eu tenho a sensação de que pode ser real.

– O que pode ser real, Violetta? – German perguntou. Violetta respirou fundo e encolheu os ombros.

– Uma família completa – German sentiu um nó formar-se em sua garganta e Angeles apenas suspirou profundamente – Eu sei que não tem como isso acontecer mas, às vezes, eu fico pensando nisso, em como seria legal ter uma família completa – Violetta falava naturalmente – Uma vez, o vovô disse que quando você era bem jovem, tio German, vocês eram bem felizes – German entreabriu a boca e sentiu uma angústia enorme. Angeles olhou-o e respirou fundo – Eu sempre pego o vovô olhando uma foto da Elena e fico com vontade de saber mais sobre ela, mas acho que o vovô fica triste. Como ela era? – German respirou fundo e desviou o olhar. Angeles olhou para Violetta.

– Vilu... – Angeles interveio, vendo que German não estava bem com aquele assunto. Ele olhou para ela – É... Por que não me conta sobre a sua nova sala? – Violetta olhou-a e franziu levemente o cenho.

– Por quê?

– Porque você só contou para o tio German e eu fiquei com ciúmes, aí eu quero saber mais sobre como estão as coisas – Violetta sorriu. Ao perceber que, aparentemente, a garota esquecera o assunto, German suspirou aliviado.

– Mas como você é ciumenta, mocinha – Violetta falou divertida e Angeles sorriu.

A garota começou a falar sobre a escola e sobre como estava sentindo-se bem. Quando, por fim, terminou de falar, tomou ar e levantou-se do colo de Angeles.

– Eu vou pegar um refrigerante, vocês querem?

– Eu vou com você – Angeles murmurou.

**

Quando entregamos o coração a pessoa certa, percebemos que tudo vai acontecendo naturalmente, como um rio que segue seu curso contemplando a beleza da natureza e certo que atingirá seu objetivo.

A tranquilidade do nosso namoro me deu a segurança para saber que a melhor coisa para fortalecer ainda mais o nosso amor, seria o nosso noivado.

É por toda esta certeza que a alegria deste dia se faz bem maior que tudo, capaz até de expressar um pouco do que estou sentindo, ainda temos um longo caminho para seguirmos juntos.

E como a vida é feita de momentos, quero que este momento tão especial fique gravado
em nossas lembranças e vivo em nossos corações como começo de algo que será ainda maior. Estou feliz por ter você ao meu lado e saber que esta história está apenas começando”.



Quando Pablo terminou de ler o texto escrito naquele pedaço de papel, uma cachoeira escorria por seu rosto. Ele olhou para Jackeline, que sorria com os olhos levemente mareados, e disse um baixo e singelo: “Eu te amo”. Jackeline abraçou-o o mais forte que pôde.

– Você não tem noção do quanto eu esperei por esse dia, amor – Murmurou – Eu te amo tanto.

Os dois afastaram-se. Pablo retirou uma caixinha do bolso e abriu-a. Retirou uma linda aliança e colocou-a no dedo anelar da mão direita de Jackeline. Ela fez o mesmo, na mão de Pablo, com a outra aliança que havia na caixinha. Um sorriso cúmplice desenhara-se nos rostos de cada um. Ambos pegaram uma taça de champanhe, entrelaçaram os braços e tomaram um gole. Todos começaram a ovacionar o casal.

Após Pablo e Jackeline desfizerem o “laço” dos braços, várias pessoas começaram a aproximar-se para cumprimentá-los. German, que estivera o tempo todo, encostado em uma pilastra do jardim, esperou que todos estivessem já dispersos para ir cumprimentá-los. Ele aproximou-se lentamente do amigo, que abriu um largo sorriso para ele. A felicidade de Pablo era tanta que estava sendo capaz de contagiar até mesmo German. Pablo abriu os braços, German respirou fundo e abraçou-o.

– Valorize o que tem – German murmurou – e seja feliz.

– Você também deveria seguir isto, German – German respirou fundo, afastou-se de Pablo, que o olhou com um sorriso discreto no rosto.

– Não se preocupe comigo – German sorriu sem mostrar os dentes.

Por mais que German dissesse que estava tudo bem com ele, aquele olhar sem vida e triste nunca o abandonava. German aproximou-se de Jackeline, que o olhou levemente surpresa e com um sorriso desenhado no rosto. German cumprimentou-a.

– Obrigada, Castillo, por estar aqui hoje – Jackeline murmurou.

– De nada – German murmurou – Eu espero que vocês sejam felizes.

– Nós seremos – German assentiu, desviou o olhar e deu um passo para trás. Acabou esbarrando em Matias.

– Onde pensa que vai? – Matias perguntou e German virou-se – Vamos tirar uma foto – Jackeline riu.

– Eu também quero sair na foto – Violetta disse e parou ao lado de German, que a pegou no colo – Vem, Angie – Angeles olhava divertida para todos eles e negou com a cabeça quando Violetta a chamou.

– Vem, Angie – Jackeline chamou-a. Angeles revirou os olhos, sorriu e aproximou-se deles.

Matias já estava posicionado entre Pablo e Jackeline, como os braços apoiados nos ombros dos dois e uma taça de champanhe na mão direita. German ficou ao lado de Jackeline e Violetta entortou um pouco o corpo para poder passar um braço pelos ombros de Angeles, fazendo-a ficar bem próxima dela e de German. O fotógrafo posicionou-se e esperou que eles estivessem prontos.

– Em vez de “x”, todos digam “sorria, German” – Matias falou alto e todos riram. German sorriu sem mostrar os dentes. A foto acabou sendo espontânea e German saiu sorrindo, embora não fosse o seu sorriso mais vivo.


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Notas finais do capítulo

E aí?