¿Que nos está pasando? escrita por Duda
Notas iniciais do capítulo
Holaaa.
Desculpem a demora.
Boa leitura, meninas.
Após uma semana sob observação no hospital, German tivera alta. Ele terminava de colocar a camisa social quando Matias entrou no quarto. German lançou um rápido olhar para ele e continuou se arrumando.
− Por que você não deixa o braço engessado por baixo da camisa?
− Porque eu não quero − Matias bufou e desviou o olhar − Eu vou levá-lo para casa.
− Eu vou para o escritório − German disse firme e Matias olhou-o.
− O médico disse que você precisa ficar de repouso.
− Mas eu não quero.
− Não interessa − German olhou-o.
− Não era o Pablo que vinha me buscar?
− Ele foi para uma audiência. Não pôde vir − Matias falou calmamente. German terminou de colocar o paletó.
− Eu pego um táxi então.
− Eu vou levá-lo − German suspirou e caminhou até a porta. Abriu-a e saiu. Matias seguiu-o.
Os dois caminharam até o estacionamento do hospital. Matias destravou o carro, ambos entraram e partiram. O trajeto foi silencioso. Um silêncio que só foi cortado quando pararam em frente ao prédio onde German morava.
− Eu disse que queria ir para o escritório − Matias desligou o carro e saiu. German bufou e saiu também.
− Eu preciso falar com você − Matias disse calmamente e caminhou para dentro do prédio. German seguiu-o.
Ao entrar no apartamento, German aproximou-se do bar no canto da sala, parou e pensou melhor sobre beber o rotineiro copo de whisky, afinal, de certa forma, fora esta a causa do acidente. Virou-se e encarou Matias, que o olhava seriamente.
− E então... O que você quer? − Matias suspirou e olhou para o chão − Eu não estou a fim de brigar, Matias − Matias respirou fundo e deu alguns passos.
− Eu queria pedir desculpa pela forma como eu agi no hospital − German engoliu em seco. Matias olhou-o e encolheu os ombros − Você não costuma merecer as desculpas de alguém, mas naquele dia eu não tinha direito de falar daquele jeito com você − German desviou o olhar e ficou quieto. Matias colocou as mãos no bolso − Não vai dizer nada? − German olhou-o.
− O que você quer que eu diga? − Murmurou.
− Não é óbvio? − German suspirou. Matias balançou a cabeça e piscou os olhos lentamente − Esquece − Desviou o olhar − Tem mais uma coisa que eu acho que você deve saber − Olhou-o.
− O que?
− A Angie saiu do escritório − German pressionou os dentes.
− Eu posso saber o porquê?
− Você sabe, German − Matias disse calmamente.
German respirou fundo e caminhou até a porta de vidro da sacada. Parou e colocou a mão direita no bolso.
− Ela vai embora, não vai?
− Não − German olhou para Matias − Ainda não.
− O que ela está esperando para ir? − Matias suspirou pesadamente.
− Ela quer finalizar o caso antes de ir − German bufou e voltou a olhar para a vista através da porta.
− Eles vão fazer alguma coisa com ela, Matias − German murmurou.
− Não acha que está paranoico demais com isto?
− Eles estão planejando. Eu tenho certeza.
− Como pode ter certeza? − German respirou fundo e virou-se.
− Lembra por que eu larguei o caso?
− Sim, eles ameaçaram a Violetta. Mas German, eu duvido que eles fariam algo com uma criança.
− Eu sei. Eu também não acho que eles fariam algo com ela, mas eu só acho isto porque ela não foi a única que recebeu uma ameaça − German olhou para o chão.
− Angie? − Ele apenas assentiu.
− Eles não precisariam fazer nada com a Violetta se tivessem outra pessoa para atacar.
− Por isso que quando ela pegou o caso, você me disse que ela já era um alvo fácil? − German olhou-o e assentiu. Matias respirou fundo − Não teria sido muito mais fácil você contar isto desde o início? Ela não teria pego o caso, German − German balançou a cabeça e desviou o olhar.
− Ela é teimosa, Matias − German olhou-o rapidamente − Ela teria pego mesmo sabendo disto − Passou a mão direita pela testa e, depois, apoiou no quadril. Seu olhar ficou vago.
− Está com medo? − Matias perguntou calmamente e German encarou-o. Continuou quieto − Tudo bem − Matias entendeu − Não precisa responder − German olhou para o chão.
− Sabe o que é pior? − Perguntou baixo − O homem que me ameaçou é o mesmo que está saindo com ela agora − German lançou um olhar aflito para Matias. Este apenas arqueou suavemente as sobrancelhas. German caminhou até a poltrona e sentou-se. Matias sentou-se no sofá.
− Acha que ele vai ter coragem de fazer alguma coisa com ela?
− Ele e as pessoas com quem ele trabalha são perigosos − German desviou o olhar − Eles fariam de tudo para impedir que o negócio deles seja descoberto − Respirou fundo − Eu tenho certeza que o Nicolas tem muito poder lá dentro − Olhou para Matias − Se um cair, todos caem. Ele seria extremamente prejudicado se toda essa história de crime organizado viesse à tona.
− Mas o que a Angie está tentando fazer é inocentar o Conti, apenas. Isto não quer dizer que se ele sair da prisão, toda essa história vai ser divulgada.
− O Conti tem muito material bom para incriminá-los, Matias. Se ele sai da prisão, a vida dele corre risco.
− E onde está esse material?
− Ninguém sabe − German respirou fundo − Ele precisava de alguém para confiar o esconderijo. Quem quer que fosse esta pessoa, ela também correria um grande risco.
− E você acha que ele vai dizer à Angie onde estão os arquivos? − German suspirou − Acha que ele vai confiar nela?
− Quem não confiaria nela? − Disse com uma voz falhada e desviou o olhar − Ela ainda vai acabar se dando mal por ser tão boa com todo mundo e por ser doce e meiga e... − Ele respirou fundo.
− Isto não é ruim, German − Matias disse calmamente e German olhou-o.
− Eu sei − Murmurou com uma entonação diferente, como se quisesse dizer que ele sabia melhor do que ninguém − Mas se usarem isto contra ela, será ruim − German desviou o olhar.
− O que você pretende fazer?
− Eu não quero mais me envolver nisto − German murmurou e encarou o amigo − Não tem porquê, Matias. Mesmo que eu diga que o homem com quem ela está é perigoso, ela não vai acreditar em mim − Ele encolheu os ombros − Ela não confia em mim.
− A Angie confia em você − Matias suspirou − Você já falou sobre ele para ela? − German assentiu − Ela disse que não acreditou, mas, com certeza, ficou com um pé atrás. Não a subestime, German. Eu tenho certeza que ela vai ficar de olho nele e vai descobrir por si própria quem ele realmente é − German respirou fundo.
− E se, quando ela descobrir, for tarde demais? − Ele perguntou baixo.
− Não será.
− E se for?
− Ela terá você − Matias sorriu sem mostrar os dentes e German engoliu em seco − Eu duvido que você vai permitir que algo aconteça com ela − German desviou o olhar.
− Está transferindo para mim a responsabilidade de protegê-la?
− Não. Ela não é uma criança, German. Ela não precisa que ninguém a proteja. Mas parece que é o que você tenta fazer desde o início − German olhou para Matias e abriu a boca para tentar argumentar − Não tenta negar − Ele fechou a boca. Matias suspirou − Você sente uma necessidade enorme de protegê-la de tudo e de todos. Por quê? − German desviou o olhar e levantou-se.
− Vamos mudar de assunto! − Ele murmurou e caminhou até a porta de vidro da sacada. Matias bufou e levantou-se.
− Você nunca vai admitir, não é? − German engoliu em seco e piscou os olhos lentamente.
− Não há nada para admitir − Matias balançou a cabeça.
− Tudo bem − Ele respirou fundo e olhou para o relógio de pulso − Eu preciso ir − Olhou para German − Eu deixei os remédios que você precisa tomar em cima do criado-mudo do seu quarto − German virou-se para ele e assentiu.
− Quando eu volto para o escritório?
− Acho que em uma semana − German franziu o cenho − O médico disse que você precisa repousar.
− Eu estou cansado de repousar.
− Eu sei, mas é recomendação do médico − German bufou − Eu vou indo − Ele assentiu. Matias suspirou e caminhou até a porta.
− Matias − German chamou-o e Matias virou-se − Obrigado! − Matias sorriu sem mostrar os dentes e fez um aceno com a cabeça. Em seguida, partiu.
**
“Preciso falar com você. É urgente.
Me encontra no bar Piacere, às 20h.
Não se atrase.
Castillo”
Angeles franziu o cenho ao ver aquela mensagem em seu celular. Eram 18h30 e ela havia acabado de chegar em casa. Ter saído do escritório fora bom. Podia fazer o seu próprio horário, não tinha que receber ordens e não precisava mais ter o mínimo de contato com German. Desde sua última conversa no hospital, passara um mês e ambos não se viram mais.
Angeles bufou e entrou num dilema interno. Ela deveria ir? Ou não? O que era tão urgente? Por fim, acabou decidindo que ia. Direcionou-se ao banheiro, tomou um daqueles banhos relaxantes, saiu e sentou na cama. “Com que roupa eu vou?”, pensou e bufou, “que droga! Não é um encontro. Vou com qualquer uma.” Era o que ela queria ter feito, mas acabou decidindo a roupa quando já era 19h40, depois de várias trocas. Colocou um vestido branco e florido, pegou uma pequena bolsa verde, guardou os documentos, prendeu o cabelo de lado e partiu.
Chegou em frente ao restaurante/bar, em Puerto Madero, às 20h10. Entrou e procurou por German, mas não o avistou. Ela suspirou pesadamente e virou-se para sair. Mas, ao fazê-lo, trombou com o corpo forte de German. Inspirou o perfume dele, extasiando-se, e encarou-o. Ele estava como sempre. Terno, camisa branca e uma gravata azul listrada. E, como sempre, estava lindo aos olhos de Angeles. German olhava-a seriamente e seu coração palpitava. Era como se não a visse há anos.
− Está atrasada! − Disse firme quando, na verdade, queria dizer que ela estava linda.
O fato é que qualquer pensamento bom que German viesse a ter a respeito de Angeles, ele guardaria no mais profundo lugar do seu coração.
− Desculpa − Ela murmurou − Você me mandou a mensagem um pouco tarde − German assentiu. Angeles olhou para o lado direito da cabeça de German − Seu cabelo está crescendo, − Ela encarou-o − quase nem dá para ver a marca da cicatriz − Ele continuou sério. Ela suspirou − Você está melhor? − Perguntou baixo.
− Senhor German, − O garçom chamou-o − eu preparei a última mesa do canto para o senhor.
− Obrigado, Carlo − O rapaz retirou-se.
German colocou a mão nas costas de Angeles e guiou-a até a mesa. Ele esperou que ela sentasse e o fez em seguida. Havia um lustre discreto que iluminava a mesa em que eles sentaram. German cruzou os braços e ficou olhando-a seriamente. Angeles sustentou o olhar dele. Ficaram assim por alguns minutos, até que ela não aguentou e cortou o silêncio.
− O que foi, German? − Ele engoliu em seco.
− Você conseguiu o habeas corpus para o Conti, não conseguiu? − Ela revirou os olhos e virou a cabeça − Não faça essa cara, Saramego − Ele disse calmamente e ela olhou-o − Eu quero saber quem já sabe.
− Como você descobriu?
− Não importa − Ele murmurou. Angeles bufou e desviou o olhar.
− Ninguém sabe − Disse baixo − Nem o Conti.
− Você não pensa em contar para o seu namorado, não é? − German perguntou baixo e Angeles olhou-o.
− Eu confio nele − German pressionou os dentes.
− Mesmo se eu repetir que ele não é um bom homem para você? − Angeles franziu o cenho.
− Você está com ciúmes? − German deu um leve soco sobre a mesa.
− Não − Falou um pouco alto e respirou fundo − Não tem nada a ver com o que nós tivemos − Ele bufou, acalmou-se e desviou o olhar − Ele é um homem perigoso − Falou baixo e encarou-a − Nicolas não pode saber desse habeas corpus até você estar segura.
− Você me chamou aqui só para isto? − Angeles perguntou friamente − Sério, German, eu estou cansada desta história. Eu não preciso que você fique fingindo que se preocupa comigo. Eu não preciso que você tente me proteger. Eu entrei nesse caso disposta a correr o risco que fosse.
− Uma coisa é você estar disposta a correr um risco, outra coisa é você se entregar completamente ao homem que te oferece esse risco − German falou calmamente.
− É? − Angeles suspirou − Por um momento, eu me entreguei a você, mesmo correndo o risco de sofrer − Ela murmurou. O semblante de German mudou. Seus olhos transmitiam uma espécie de culpa. Ele engoliu em seco e desviou o olhar.
− Eu já disse que não queria que você sofresse − Ele disse baixo.
− Então, você tem um jeito bem peculiar de evitar que eu sofra − German olhou-a. Angeles respirou fundo e balançou a cabeça. Levantou-se e, antes de partir, pediu: − Me deixa em paz, tudo bem?
**
Eram quatro horas da tarde, de uma quinta-feira de Junho, quando Angeles recebeu a visita inesperada de Jackeline e Pablo. Ela abriu a porta e estranhou. Os dois estavam com um semblante sério.
− O que foi? − Ela perguntou.
− É melhor você sentar − Jackeline disse.
− Fala logo, Jackie − Angeles suspirou − Aconteceu alguma coisa com o German, de novo?
− Não. Ele está bem − Pablo respondeu.
− Mas aconteceu com seu pai, Angie − Jackeline continuou cautelosamente. Angeles franziu o cenho e respirou fundo − Ele foi levado para o hospital, pois estava tendo um infarto − Angeles passou a fitar o chão e seus olhos lacrimejaram. Ela caminhou até o sofá e sentou-se. Apoiou os cotovelos nos joelhos e escondeu o rosto entre as mãos.
− Minha mãe e meu irmão já sabem? − Balbuciou.
− Matias e Jade foram conversar com eles.
− Ele estava sozinho?
− Não − Pablo respondeu e Angeles olhou-o − Ele estava no escritório do German na hora que começou a sentir as dores − Angeles pressionou os dentes e desviou o olhar − German foi com ele para o hospital − Angeles assentiu e levantou-se.
− Eu quero ir para o hospital − Enxugou o rosto.
Angeles tinha uma mania de não querer aparentar qualquer tipo de fraqueza que tivesse e chorar, para ela, seria uma fraqueza. Mas era seu pai, o que ela podia fazer? Era óbvio o fato dela estar com medo de perdê-lo.
**
German levantou-se do sofá assim que viu Pablo, Jackeline e Angeles entrando na sala de espera. Ele lançou um olhar preocupado à Angeles. Ela aproximou-se dele apressadamente e começou a socar seu peito.
− É culpa sua, idiota − Ela dizia furiosamente − O que você fez com ele? − German permaneceu parado. Algumas lágrimas tentavam escapar pelo rosto de Angeles − Você o deixou nervoso demais. Ele não pode ficar nervoso.
German respirou fundo. Ele colocou a mão esquerda na cintura de Angeles e a mão direita no rosto dela, acalmando-a. Puxou-a suavemente para mais perto dele, depositou um beijo carinhoso em sua testa e, depois, encostou as testas.
− Eu não fiz nada, Angeles − German sussurrou − Eu juro!
Angeles engoliu em seco e permitiu-se chorar. Ela passou os braços por baixo dos braços de German, abraçou-o o mais forte possível e repousou a cabeça em seu ombro. Ele abraçou-a forte e passou a afagar o cabelo dela.
− Vai ficar tudo bem! − German disse baixo, de forma que só Angeles pudesse escutar.
Ele encontrou os olhares de Pablo e Jackeline, respirou fundo e passou a fitar o chão seriamente. Após um tempo, Matias chegou junto com Agustín, Jade e a mãe de Angeles, Angélica. German olhou-os e afastou-se calmamente de Angeles.
− O que esse cara faz aqui? − Agustín aproximou-se dos dois e Angeles se colocou entre eles.
− Eu o quero aqui − Ela disse seriamente e enxugou o rosto. German olhou-a seriamente. Agustín balançou a cabeça e afastou-se. Ela virou-se para German.
− É melhor eu ir − German murmurou e Angeles lançou-o um olhar suplicante.
− Fica comigo hoje − Angeles disse baixo. German respirou fundo e olhou para a senhora que se aproximava.
− Angie − Angeles virou-se e encontrou o olhar triste de sua mãe.
− Oi, mamãe − Angeles murmurou e abraçou-a.
German afastou-se discretamente e saiu da sala de espera. Pablo seguiu-o.
− German − Chamou-o. German parou, virou-se e olhou-o − Não vai ficar mesmo? − Ele negou, lentamente, com a cabeça − Ela precisa de você!
− Ela precisa passar um tempo com a família dela − Murmurou − Além disto, não seria bom eu ficar perto dela − Ele suspirou, virou-se e partiu.
Ao entrar no carro, olhou para o horizonte. German não podia parar de pensar em Angeles. No fundo, sua vontade mesmo era de estar ao lado dela. Ele piscou os olhos lentamente, balançou a cabeça negativamente e bufou. Quase acabou ficando, mas decidiu que o melhor a se fazer era ir embora. Ligou o carro e partiu.
**
O celular de German tocava desesperadamente. Ele estava na sacada e observava atentamente as luzes da cidade naquele começo de madrugada. Ele retirou o celular do bolso e atendeu-o.
− Que?
− Angie está com você? − Matias perguntou. German entrou na sala.
− Não − Olhou para o relógio de pulso. Era 0h20 − Por quê?
− Ela saiu do hospital depois que o médico veio falar conosco. Antônio está em coma induzido. Surgiu uma complicação durante a cirurgia − German suspirou − Já tem umas duas horas que ela saiu. Não sabemos para onde ela foi.
− Já foram até a casa dela?
− Sim.
− Falaram com a dona Margô?
− Sim. Tentamos todas as pessoas possíveis − German respirou fundo e pensou um pouco.
− Tentaram o namorado dela? − Murmurou.
− Sim, German.
− Então... Eu não sei, Matias − Disse baixo.
− Nos ajuda a procurá-la?
− Eu não tenho nada a ver com isto − Falou calmamente.
− Tudo bem − Matias suspirou − Qualquer coisa, eu ligo.
Matias desligou. German respirou fundo, passou a mão pelo cabelo, olhou para a chave do carro em cima da cômoda e bufou. Ele não ia ficar tranquilo enquanto não tivesse notícia dela. Pegou a chave e partiu. Rodou por todos os possíveis lugares onde ela estaria e não a encontrou. Seu celular voltou a tocar. Era o garçom do bar que ele costumava frequentar, aquele em que esteve com Angeles. German desligou o celular e agradeceu por ser cliente do bar há anos.
Entrou no bar e olhou diretamente para o balcão de bebidas. Lá estava ela, debruçada sobre o balcão. O garçom foi ao encontro de German, que o olhou.
− Senhor, ela está aqui há, pelo menos, uma hora e meia − German bufou.
− Por que não me ligou antes?
− Estava procurando o seu cartão − German assentiu.
− Tudo bem, Carlo. O que ela bebeu?
− Vários copos de whisky.
− Ela está desmaiada?
− Não. Dormiu, apenas.
− Obrigado, Carlo.
− Quer ajuda com ela? − German negou com cabeça e olhou-a.
− Eu cuido dela. Pode ir.
− Tudo bem − O rapaz afastou-se.
German respirou fundo e sentou-se numa banqueta ao lado de Angeles. Ele passou a mão carinhosamente pela cabeça dela.
− Saramego − Chamou-a, mas ela não acordou.
German passou o braço esquerdo pelas costas dela, desencostou Angeles do balcão e encostou-a em seu corpo, de modo que a cabeça dela encostasse em seu ombro. Com a mão direita, afagou os cabelos de Angeles e, ao mesmo tempo, depositou um beijo na cabeça dela. Em seguida, chamou o garçom do bar e pediu a conta dela. Pagou tudo, colocou os braços de Angeles sobre seus ombros e pegou-a no colo. Levantou-se e caminhou até a entrada. Carlo veio ao seu encontro.
− Eu preciso que pegue a chave do carro em meu bolso e me ajude − German falou calmamente e Carlo assentiu.
Os dois caminharam até o carro. Carlo pegou a chave, destravou o carro e abriu a porta de trás. German deitou Angeles no banco com cuidado. Fechou a porta e apertou a mão do garçom.
− Obrigado − O rapaz assentiu e partiu.
German entrou em seu apartamento com dificuldade. Fechou a porta com o pé e levou Angeles para o quarto. Deitou-a na cama, tirou os sapatos dela e cobriu-a. Respirou fundo e caminhou até a sala. Trancou a porta enquanto retirava o celular do bolso. Ligou para Matias.
− Oi, German.
− Ela está aqui − German murmurou. Matias suspirou aliviado e avisou os outros. German colocou a chave em cima da cômoda, colocou a mão no bolso e caminhou até o quarto. Ficou observando Angeles, iluminada pela claridade da sala.
− Onde ela estava?
− Em um bar que eu costumava frequentar. O garçom me ligou.
− Como ela está?
− Dormindo − German suspirou − Ela bebeu muito.
− Ela não é de fazer isso.
− Eu sei − Ele murmurou.
− Ela vai ficar bem − Matias disse tranquilamente − Que bom que você a encontrou − German ficou quieto − Qualquer coisa, me liga.
− Ok.
− Até mais − Matias desligou.
German aproximou-se da cama, pegou a calça e a camiseta que usava para dormir e foi ao banheiro. Trocou-se, escovou os dentes e voltou. Caminhou até a sala, apagou a luz e voltou para o quarto. Deitou-se ao lado de Angeles e passou a fitá-la de perfil. Era tão perfeita aos olhos dele. German ergueu a mão e começou a acariciar o rosto de Angeles. Por fim, adormeceu.
German acordou, no meio da noite, com o súbito desespero de Angeles. Ela sentou-se na cama e começou a chorar freneticamente. German ergueu o tronco, colocou a mão esquerda no rosto de Angeles e encostou a testa na têmpora dela.
− Shhh − Passou a acarinhá-la e foi deitando, junto com ela, aos poucos − Calma − Sussurrou − Está tudo bem.
− Eu estou com medo − Ela balbuciou − Eu não quero perder o meu pai − Ela chorava.
− Você não vai perdê-lo − Ele sussurrou − Foi só um pesadelo − German tentou enxugar as lágrimas dela com o polegar.
− German?
− Fala.
− Fica comigo hoje? − German fechou os olhos com força.
− Fico − Sussurrou. Deu um beijo na cabeça dela e encostou a testa novamente. Ela afastou um pouco a cabeça para olhá-lo.
− Posso deitar no seu peito? − Sussurrou.
German acariciou-a, passou o braço direito por baixo da nuca de Angeles e virou-se de barriga para cima. Angeles passou o braço esquerdo pela barriga de German e repousou a cabeça em seu peito. O choro dela foi parando aos poucos, como se escutar o coração de German a tranquilizasse. Um bom tempo passou, mas ambos permaneceram acordados.
− Está melhor? − German murmurou.
− Uhum.
− Por que você bebeu?
− Eu sei que eu não deveria − Murmurou − É que eu estou com medo − German respirou fundo e, instintivamente, entrelaçou seus dedos com os dela.
− Eu sei que você está com medo − Ele sussurrou e engoliu em seco − Mas você é muito mais forte do que isto − Os olhos de Angeles lacrimejaram novamente. Ele ergueu um pouco a cabeça para poder beijar a cabeça dela − Você vai ficar bem.
− E se eu não ficar?
− Eu vou... − German piscou os olhos com força e sussurrou: − Alguém vai cuidar de você.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aí?