Família escrita por anaor


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Mais uma cena que me veio à cabeça e eu tive que escrever. Pra mim, são as mesmas personagens da outra (que eu publiquei aqui) mas não é um tipo de continuação. Seja como for elas são fofinhas ♥ haha



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Do quarto ela ouve o choro de sua amada. Um som que transmitia dor, um som que não deveria estar saindo de um anjo. Ela corre até o banheiro e a encontra sentada no chão do box, a água do chuveiro escorrendo por seus curtos cabelos molhados e se misturando às lagrimas. Completamente sem roupa e encharcada, ela escondia seu rosto em suas mãos e libertava sua dor a cada soluço. A maior resolve desligar o chuveiro e pegar uma toalha para enrolar a garota miúda, que só desiste de esconder seu rosto quando sente sua menina a levantando e cobrindo-a com a toalha, abraçando-a sem se importar com a água que encharcava seu rosto e cabelos.

A outra devolve o abraço, sentindo-se segura nos braços que pareciam feitos para ela. Ao apoiar o rosto em seu pescoço e sentir seu cheiro preferido no mundo em meio aos cabelos compridos que amava, o motivo que a entristecia a pegou com força e agora ela a agarrava a outra para não cair.

A maior sabia porquê sua menina estava chorando, mas não sabia que ficaria tão triste ao vê-la assim. Seus olhos amendoados estavam vermelhos e as lágrimas escorriam por um rostinho que demonstrava nada menos do que dor. Dor pura, a dor de uma mãe que perde o filho. Mesmo que ele nem sequer houvesse nascido. Tão nova para essa dor, ela não merecia. Nenhuma das duas mereciam.

A pequena pensava ter aguentado tão bem esse último mês, apoiando a amada em todas as crises de choro nos dias difíceis que passaram juntas. Pensando bem, havia aguentado bastante, nunca achou que fosse aguentar tantos dias guardando seus próprios sentimentos para colocar os de outra pessoa como prioridade. Mas sua amada não era qualquer uma, era a pessoa mais importante na sua vida, a única que não merecia ter passado pelo que passou.

Ao sentir a pequena tremendo de frio, a conduz delicadamente até o quarto, tirando a sua toalha e a colocando na cama, cobrindo-a com o cobertor e correndo para deitar ao seu lado. Ela pega levemente seu rosto e dá um beijo em sua testa, tentando acalmar a menina enquanto a envolvia em seus braços. Tentando consolá-la, dizia aos sussurros que estava tudo bem, que tudo havia passado, que logo elas tentariam de novo e dessa vez tudo daria certo. Aos soluços e com uma mão protetoramente na barriga da maior, a pequena sussurra:

- Mas era nosso bebê, nosso! Ele estava aí dentro, ele teria seu rosto. Foram apenas dois meses mas ele era nossa família. Não é justo, amor!

E então ficou em silêncio. Sabia que a menina de cabelos curtos depois dessa crise teria externado tudo o que sentia e se sentiria melhor, e então a maior poderia ver seu lindo sorriso novamente. Ela só tinha que superar. Tentou confortá-la:

- Nós vamos tentar de novo meu amor, não era pra ser dessa vez. Nosso bebê vai vir quando for a hora dele, nós não vamos desistir. Eu prometo isso a você.

A noite lá fora ficava cada vez mais escura e fria, enquanto as duas se confortavam nos braços uma da outra, naquele momento em que só elas entendiam a tristeza que sentiam. E ficaram assim até caírem no sono.

Ambas sonharam com um futuro no qual sorriam empurrando um lindo bebê de olhos chocolate no balanço da praça que ficava no centro da cidade. Talvez a próxima inseminação desse certo, alguma das vezes teria que dar. Elas não pretendiam desistir de se tornarem a família completa daquele sonho.


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