Era noite e chovia lá fora. Enquanto isso, lá dentro da grande casa, com seu leve vestido branco com bolinhas, a menina de cabelos cor de fogo dançava ao som de uma musica que tocava apenas para si, rindo e celebrando a felicidade que a rodeava. Que sentido a vida teria se não esse? Não era possível haver algo mais satisfatório do que poder olhar nos olhos da pessoa que ama e ver que eles brilhavam da mesma forma que os seus. O sentimento de algo completo e quase palpável de não só estar feliz como ser responsável pela felicidade da pessoa que havia conquistado seu coração. Ou será que ambos se conquistaram? Nenhuma das garotas saberia responder. Eram emoções demais para quantifica-las e qualifica-las. Que importância isso teria? O futuro, os sonhos, tudo ali começava. As conquistas de cada uma se unindo e fazendo a vida modelar-se aos seus contornos.

Bêbada não só da bebida pesada que havia compartilhado com sua menina, como também pelo amor que sentia, a pequena corria pelo longo corredor com um sorriso enorme em seus lábios, enquanto a outra a seguia pela casa rindo, se divertindo com a embriaguez da ruiva que tanto amava.

E então, vendo a garota se encostar na parede ofegante e sorrindo, por um impulso muito mais mental do que físico, a menina com seus longos cabelos escuros aproxima-se de sua menina. A ligação das mentes, que agora pensavam em conjunto, faz com que a outra saiba sua real intenção e se adiante para um beijo apaixonado. Ah, o beijo! Ela não sabia como era possível tamanha perfeição presente em seus lábios preferidos no universo. Nada podia ser comparado àquilo, a não ser talvez por suaves nuvens que apesar de tudo nunca perdiam a sua delicadeza.

A noite não acabaria ali, mas qualquer coisa que aquelas mudas paredes presenciassem seriam simples atos de amor. De duas meninas, sim. A felicidade por terem uma a outra era tamanha que transparecia em seus sorrisos apaixonados. Os problemas cotidianos desapareciam nesses momentos de cumplicidade, e ambas sentiam-se completas na companhia uma da outra. Naquelas horas, nada do que diziam importava. Mesmo que muitas pessoas não as entendessem, para elas bastava todo dia poder olhar os olhos castanhos e brilhantes que amavam para que tudo valesse a pena. Elas não precisavam mais nada, elas mesmas se entendiam. E se amavam acima de qualquer coisa.