Prólogo

Ela morreu em um acidente de carro. Eu não estava lá, não vi sua vida esvaindo aos poucos do seu corpo, ou os seus olhos verdes perdendo a cor. Fico aliviada por não ter visto, não saberia como lidar com tal cena.

Entretanto, aparentemente fui a última a falar com ela, ou seja, suas últimas palavras foram para mim. E eu não sei como lidar com isso.

Mas não posso dizer a ninguém.

Não posso.

Eu prometi.

Passaram-se três meses desde o dia em que minha melhor amiga morreu. Ainda parece que estou vivendo um pesadelo do qual não consigo acordar.

Todos parecem esquecer aos poucos, porém alguns ainda me olham com pena e perguntam se eu estou bem mesmo sabendo que eu não estou bem, e que eu vou mentir dizendo que estou.

Os pais dela não estão mais aqui, decidiram ir embora daquela cidade com tantas lembranças ruins. Eu não os culpo por isso.

Tem vezes que também quero fugir de tudo e de todos, mas não posso.

Antes preciso descobrir a verdade.

Porque é o que ela quer.

Porque é o que eu quero.