Pde escrita por tredfox


Capítulo 2
Capitulo 2




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Tirei minhas mãos do seu pescoço e comecei a chorar, eu gritava “desculpa” sem parar e ele apenas seguia calado me olhando como se eu estivesse muda, como se ele não me escutasse.

– Você não vai dizer nada? Vai ficar ai calado com essa cara de idiota?! – Gritei enquanto pegava ele pelos braços.

– O que eu posso dizer? Você acabou de tentar me matar. – Ele me empurrou e sentou na cama.

– Desculpa, desculpa, desculpa! Eu não queria fazer isso, por favor, me desculpa- eu gritava feito uma louca, a essa altura o convento inteiro devia ter ouvido meus gritos e meu choro.

A Diretora entrou no quarto com dois homens vestidos totalmente de branco que me levaram para um quarto separado, era como a ala dos “assassinos”. Havia vários micros quartos com apenas uma porta com janelinha, por onde eles passavam a comida.

–Ei, você! – Uma voz vinda do corredor me chamou. Fui até a janelinha tentar enxergar quem era.

Era um menino alto e com cabelos médios e pele clara.

– Quem é você? –perguntei na ponta dos pés.

– Meu nome é Gustavo, e você? –Ele respondeu

– Eu me chamo Camila, o que você fez para estar aqui?

–Bem, eu tentei fazer meu colega de quarto comer um rato vivo- ele riu- E você?

–Eu acabei de tentar matar meu colega de quarto gato e legal.

Um barulho vindo do corredor nos interrompeu.

– Ei, Camila? – Eu reconheci a voz, era o Alex. Mas eu acabei de tentar mata-lo, o que ele está fazendo aqui?- Camila, rápido, aparece!- Voltei para a janelinha da porta para enxerga-lo.

– o que você está fazendo aqui? Eu acabei de tentar te matar e você vem falar comigo? Que tipo de droga você fumou?- Perguntei confusa.

– Sim, você tentou me matar, mas você mesma disse que não fez isso por querer e eu acredito em você.

– Como você acredita no que uma assassina disse? Caralho, qual o seu problema?- Falei alto

–Shh, silêncio, eles não podem descobrir que eu estou aqui. – Ele ficou na ponta dos pés e chegou mais perto- Eu vim aqui para dizer que aceito suas desculpas, e não, não fumei nenhuma droga, só sei que você não é uma completa assassina. –Ele se virou e saiu em silêncio.

Não consegui dormir naquela noite tentando entender o que passava na cabeça daquele garoto, fiquei pensando em milhares de drogas que ele poderia conseguir com os colegas do convento ou coisa do tipo.

Na manhã seguinte eles me soltaram, sim, soltaram uma assassina no meio de um monte de gente, um banquete de sangue para mim. Eles disseram que Deus havia me curado e que eu poderia voltar a conviver com o resto do convento.

Fui para o refeitório e encontrei o Gustavo sentado em uma mesa sozinho.

–Te soltaram também?- me sentei do lado dele.

–Sim, Deus me curou- Ele respondeu entre uma garfada e outra.

–Você conhece o Alex? –Perguntei.

– Sim e soube que ele foi o colega de quarto gato e legal que você tentou matar. – Ele me olhou.

– As noticias correm tão rápido assim?

–Mais rápido do que você imagina.

Olhei para a porta do refeitório e não acreditei no que estava vendo, era Nicole? Ela veio me tirar desse lugar horrível?

– Mila! – Nicole veio correndo me encontrar

Levantei-me e corri em sua direção.

–Nic! Por onde você andou? Porque me deixou aqui?- Perguntei abraçando-a

–Vamos nos sentar e eu te conto tudo.

– Ok. – Segui em direção à mesa que eu estava antes, Gustavo já havia saído, e me sentei na frente da Nicole. - Agora me conte como eu vim parar aqui.

– Bom, naquela noite eu tinha dito que iria te buscar? Né? Então, a pneu da minha moto furou e eu precisei trocar, quando eu cheguei ao local a policia estava lá e eles estavam com a arma apontada para você. – Ela baixou a cabeça.

– Porque você não fez nada? Porque você deixou que eles me levassem? – Bati na mesa

–Você queria que eu fizesse o que? Atirasse-me na frente da arma e lavasse um tiro?- Ela me olhou

– Você poderia impedir que eles me levassem! Que tipo de irmã você é? E você nem veio me procurar, você me deixou sozinha e sem nenhuma explicação! – Me levantei e ela também.

–Mas agora eu estou aqui! – Ela pegou meu braço.

–Sim! Três dias depois, três dias! Porque você não veio ontem? Estava se agarrando com o Leonardo e se esqueceu de mim? É isso? Pois bem, espero que você se foda! – Sai correndo dali, eu não conseguia entender o porquê dela não ter vindo me procurar antes, eu conseguia a ouvir correndo atrás de mim gritando: “Camila, espera, eu posso explicar, espera”. Mas não dei ouvidos e continuei correndo, corri para bem longe, eu sabia o que acontecia quando ficava nervosa e eu não queria machucar ninguém ali dentro.

–Você está bem?- Uma voz fina perguntou.

–Não, quem é você? – Perguntei

–Meu nome é Klaus, eu vivo aqui há muito tempo. – Me virei para enxerga-lo.

– Prazer, Camila. Eu sou nova aqui, cheguei há três dias. – Falei me levantando.

–Então, porque você estava chorando?- ele se levantou também.

–Eu briguei com minha irmã por ela ter me deixado nesse lugar. – Abaixei a cabeça e chutei uma pedrinha que tinha no chão.

–Ah... Mas porque você está aqui? Você machucou alguém?

– Na verdade, eu matei várias pessoas e estou completamente cansada de falar sobre isso. – Ele se afastou, ele estava com medo, eu conseguia sentir. - Tudo bem, pode ir.

Afastei-me e voltei para o meu dormitório para tentar digerir aquilo tudo e enfim poder descansar e como sempre Alex estava sentado na cama lendo algum livro. Não sei como ele ainda estava ali e não correndo de mim.

–Oi Mila. – Ele sorriu.

– Oi Alex, que livro é esse?

–Alguma coisa sobre Jesus, é só o que tem para ler por aqui. –Eu ri, eu sei que tentei mata-lo, mas ele me fazia rir e ele era legal, isso era confuso.

–Bom, se importa se eu deitar aqui? - perguntei

–Pode dormir. Qualquer coisa vou estar aqui, lendo sobre Jesus. - Ele riu

Deitei-me na cama e adormeci, acordei e o Alex estava dormindo com o livro no rosto. Como ele conseguia dormir daquele jeito? Ri e me levantei para tirar aquele livro do rosto dele. Eu estava torcendo, rezando, implorando para ele não acordar, mas parece que aquele lugar não tinha “Deus no coração”.

–O que você está fazendo? – Ele perguntou se levantando e sentando na cama.

–E-eu... Eu estava tentando tirar esse livro do seu rosto, você podia se machucar... – Me sentei do lado dele.

–Me machucar? Sei... E se você tivesse tentando abusar de mim? – Ele riu.

–Qual é! Eu nunca faria isso, não sou tão monstro assim- Eu ri.

– Eu sei que você não é um monstro. – Ele me olhou. Nossos olhos se encontraram, era uma sensação estranha, eu me sentia segura, eu me sentia eu mesma, não me sentia uma assassina e sim uma pessoa normal com sentimentos.

– Camila! – Gustavo gritou na porta do dormitório. - Hm, estou interrompendo alguma coisa?-Ele me olhou.

–Não, não está interrompendo nada, o que você quer? – Me levante e caminhei em direção a ele.

– Tem um homem te procurando. Vem comigo. –Ele me puxou pelo braço.

Ele me arrastou até a igreja vazia, havia um homem de costas sentado no primeiro banco. Caminhei até ele.

– Leonardo? O que você faz aqui? – Perguntei espantada.


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