Ichirin no Hana, A Flor Solitária escrita por LilakeLikie


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Já fazia um bom tempo que estava com vontade de postar uma fic nova, e mais ainda que estava com vontade de escrever esta. Passei tanto tempo indecisa, que acabei esquecendo-me de escrevê-la. Depois de criar vergonha na cara e perceber que não posto nada há meses, abri aquele documento do Word (só tinha o título) e comecei. Pois bem! Espero que apreciem meu trabalho!
Não sei ainda se vou postar regularmente, pois estou retomando as fics aos poucos e tenho de priorizar as mais antigas, antes que entrem em hiatus definitivo.
Chega de conversa, e boa leitura!



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O sol, encoberto pelas nuvens que anunciavam chuva, atravessava sutilmente as frestas ali impostas pelos montes que mais se assemelhavam a algodão do que qualquer outra coisa. Logo abaixo, já na terra e fugindo de qualquer conexão com os céus, havia uma imensa plantação de flores, todas brilhando coloridas. Seria aquela imagem calma e costumeira, se não fosse pelo jovem rapaz que a atravessava correndo e sorrindo. Quem o visse e o desconhecesse, diria que beirava os seis anos de idade. Logo se surpreenderia, pois dos seis já passara havia pelo menos dez anos.

Seus cabelos – num corte um tanto rebelde – se agitavam com o vento que colidia contra seu corpo esbelto, deixando-o cada vez mais feliz. Gostava disso, adorava se sentir vivo. Jogou-se ao chão de terra úmida, fazendo seus dedos penetrarem no solo ainda frio. Ao fundo, pôde ouvir sua mãe gritar:

— Bernard! Você ainda tem que se arrumar! Ande logo ou chegaremos atrasados!

Ficou quieto, encarando o céu à espera de respostas que sabia que não receberia. Faltava apenas uma semana para suas aulas voltarem no colégio onde estudava, nos Estados Unidos. Havia passado o verão inteiro na casa dos avós, na Alemanha, ao lado de sua irmã mais nova, Adele. Não se davam muito bem na maioria das vezes – se pudesse, a teria deixado em casa durante todo o verão, sem nem se lembrar de sua existência – mas ainda sentia algo protetor em relação à ela. Queria tê-la por perto, mesmo que não fossem amigos. Apenas a sua companhia já o agradava.

Bernard planejava ficar ali, delirando com os formatos diversos e macios das nuvens, fazendo de conta que sua mãe nunca havia o chamado. E teria ficado mesmo, se Adele não tivesse aparecido.

— Bernard – disse chutando-o de leve – vamos logo. Papai vai se irritar se não andar logo e nos atrasarmos para pegar o vôo.

— Queria poder ficar.

A moça deu de ombros. Não se importaria também se ele preferisse ficar a ir embora. Os ares da Alemanha sempre fizeram muito bem para ele, foi o que ela sempre pensou. Mas, desta vez, havia algo ainda mais profundo naquela vontade de não voltar para casa.

— Vamos, me conte. Há algo de errado.

— Estou muito bem, Adele.

— Eu sei que não está. Você já teria voltado correndo pra casa da vovó pegar mais alguns biscoitos antes de partirmos. Vamos, me fale o que está te aborrecendo.

Ele soltou um longo suspiro.

— Se eu voltar, terei de decidir meu futuro todo em apenas uma semana.

— E se não voltar, também. Terá decidido que a vida humilde que nossos avós levam aqui no sítio é a que você quer para sua vida. Não é isso o que você sempre sonhou, tenho certeza disso.

— Papai quer que eu vá para uma faculdade no Japão. Ele encontrou uma de engenharia por lá, dizem ser fortíssima em tecnologia. Só que eu não quero ir pra lá. Nem japonês eu sei falar!

Adele o envolveu com um dos braços.

— Não é bom discordar dos planos do nosso “velho”, mas... se te faz infeliz estudar engenharia, fale com ele.

— Não é isso Adele... é que... eu simplesmente não quero sair dos Estados Unidos. Meu sonho é estudar engenharia, mas não há nada que me faça querer ir embora pro Japão.

Desta vez, foi ela quem suspirou. O vento bateu em suas costas, agitando seus cabelos loiros. Tanto Bernard quanto Adele tinham características de sua ascendência alemã; cabelos claros, olhos azuis e pele extremamente branca. Seus rostos eram finos e seus corpos ostentavam suaves curvas. Adele era delicada na aparência, porém feroz quando defendia algo que amava. Bernard também tinha uma aparência mais suave, não brutal, e vivia usando isso para atrair as garotas. Infelizmente, nenhuma havia tocado tão profundamente seu coração até então; apenas as usava por diversão, dar uns amassos no banco de trás do carro. Sentia nojo de si mesmo quando se rebaixava a tal nível e as forçava a seguirem-no da mesma forma.

A moça observou o relógio.

— Vamos Bernie, nosso vôo sai em três horas. Se não nos apressarmos, perderemos a viagem. – disse já se levantando – Apenas não fique pensando muito nisso. Deve ser só saudade de casa, excesso de falta do que fazer.

Assim que a irmã deu as costas e começou a se afastar, Bernard a remedou com desdém. Não sentia falta de casa, pois sabia que assim que pusesse os pés na varanda, seu pai tornaria a lhe falar do Japão. Sentia o pesar da semana que começava a se esgotar e os minutos que restavam para que fosse colocado num caixote com suas roupas e enviado para o outro lado do mundo. Olhou novamente para o céu, em busca de outro feixe do sol que lhe aquecesse o coração e refrescasse a mente. Nada teve além de uma forte rajada de vento frio. Envolveu seu próprio corpo com os braços e voltou correndo para a casa da avó.

[...]

O retorno fora sossegado, com Bernard vez ou outra jogando um salgadinho de queijo no cabelo da irmã, só pelo prazer de vê-la irritada. Havia escutado o conselho de Adele, e evitou pensar no que tanto o afligia. De qualquer forma, teria de resolver o assunto horas mais tarde, com seu pai.

E como se sua mente pudesse ser lida num piscar de olhos, sua tentativa de passar despercebido pela sala com as malas, falhou. Seu pai o chamava, sentado na cozinha com sua mãe.

— Bernard, amigão, venha aqui um pouco.

O rapaz adentrou lentamente o local, imaginando se haviam mísseis apontados para sua cabeça naquele momento, impedindo-o de fugir de tal situação. Calado, puxou a cadeira em frente ao seu pai e sentou-se. Arriscou-se lançando um rápido olhar e viu o jornal aberto na página de classificados, com diversos riscos feitos em vermelho.

— Pois não, pai.

Quem respondeu foi sua mãe.

— Querido, você já sabe dos nossos planos para o seu futuro, sobre ir para o Japão, se formar em engenharia por lá e quem sabe, conseguir um emprego por lá mesmo.

— O que tornará tudo isso possível – continuou o pai de Bernard – será seu conhecimento e fluência do idioma. Por este mesmo motivo, eu e sua mãe resolvemos que a partir desta semana, começará a ter aulas particulares de japonês com uma professora nativa. – o rapaz empalideceu-se.

— Mas, pai! Mãe! Vocês já pararam para pensar se isso é realmente o que eu quero? Começar a falar japonês, ir embora pro Japão, só pra estudar engenharia? Puxa, pai! Existem tantas faculdades boas aqui nos Estados Unidos mesmo!

— São boas. Mas não são de excelência como esta universidade japonesa para a qual pretendo enviá-lo. – Ademir, o pai de Bernard, levantou-se da cadeira. O tom em sua voz permanecia extremamente frio – E se pensa que não estamos levando-o em consideração, está redondamente enganado! Tudo o que fazemos por você e por Adele é para o bem dos dois, e se eu acho que você deve ir para o Japão, você vai para o Japão e ponto final!

Ademir virou as costas e saiu da cozinha. Sua mãe, Kari, estendeu-lhe um pequeno papel dobrado.

— Só não se esqueça de conhecer sua nova professora amanhã querido. Este aqui é o endereço. – Bernard fez menção em protestar, porém sua mãe o calou – Não se preocupe, falarei com seu pai. Enquanto isso, apenas tente se empenhar aprendendo um novo idioma.

Kari também saiu, deixando-o sozinho, imerso em seus pensamentos. Precisava dar um jeito de escapar das cordas que seu pai havia amarrado em seus braços, feito marionete. Precisava sentir o vento em seus cabelos de verdade, mostrando sua liberdade de escolha.

Levantou-se da cadeira e colocou o papel já amassado no bolso.

— Que seja. Vou dar um jeito de me livrar disso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Vejo vocês no próximo, que infelizmente, não sei quando vou escrever.
Até mais ;)



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