Just don't be afraid escrita por Maya


Capítulo 29
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas abacates! Como foi a vossa semana? A minha foi muito estranha, admito. Mas nada que seja preciso preocuparem-se.
Primeiro, quero dedicar este capítulo à biabella45 e à ovelha por terem favoritado a fic. Muito obrigada, anjos, de verdade!
Bem, este capítulo tem uma revelação importante lá para o meio (e acho que alguém me vai matar por isso) e também tem música, embora seja só instrumental. Ahh, tenho umas frases em russo, mas logo são traduzidas.
Não sei o que mais dizer, só que talvez a minha gata esteja prenha, mas isso não é de todo importante.
Boa leitura, anjos! ^^

[Obs: Capítulo editado e revisto a 24 de Fevereiro de 2015]



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Kentin’s P.O.V.

Esfreguei uma mão na outra e despenteei o cabelo. Estou tremer com a ansiedade. Respirei fundo mais uma vez e toquei à campainha.

Nunca pensei vir a sentir isto por outra rapariga sem ser a Matilde, e muito menos com esta intensidade. É só que… Não sei… Só de pensar na Anne, tenho uma vontade enorme de lhe dar o mundo só para a ver sorrir, para que nunca mais chore, principalmente por quem não merece. Sempre que me lembro da maneira como ela se agarrou a mim, desfeita em lágrimas, sinto um enorme aperto no peito, como se estivessem a rasgar-me os pulmões com agulhas.

No entanto, há algo que me incomoda. Por mais que ela goste do Germano, nunca choraria daquela maneira por um mês… Há qualquer coisa por trás, qualquer coisa que envolve aquele maldito post-it que ela tem colado no espelho. Contudo, por mais que a curiosidade me corroía, não lhe vou perguntar nada. Até porque seria hipocrisia da minha parte, já que não lhe contei nada sobre o meu tempo de “Ken”.

Isto até pode parecer um romance cliché, onde um dos dois tem um passado sombrio e por isso age como um brutamontes com o outro. Claro que neste caso eu não tenho nenhum motivo para ser rude com ela, não quando a Annie é a Annie e me faz gostar dela.

Sabem aquela música que ela me cantou para adormecer, no outro dia? Eu estive a ver a letra – um pouco gay, eu sei – e reparei que aquilo tem mais a ver connosco do que o que eu achava. Afinal, eu não queria abrir o meu coração para ela, mas assim que o fiz, percebi que mesmo não sendo correspondido – isto por agora, porque eu vou conseguir abrir o dela para mim! (não literalmente, é claro!) – eu sou muito mais feliz do que era.

A porta da mansão Williams abriu-se, despertando-me dos devaneios, e revelando a pequena morena. Ia cumprimenta-la, porém, quando reparei, estava a ser puxado pelo seu corpo energético até ao meu carro.

– Ei, para quê tanta pressa, ervilha? – ela parou de se mexer assim que chegamos ao veiculo e encarou-me. Os seus olhos tinham um brilho maior que o costume.

– Eu quero ver a surpresa! – proferiu com um enorme sorriso. Soltei uma gargalhada e puxei-a para um abraço.

– Aposto que nem dormiste por causa disso, idiota – sussurrei junto ao seu ouvido. Beijei-lhe o cabelo e afastei-me para poder entrar no carro.

– Bem, por acaso… – as suas bochechas ficaram coradas. Ri-me ainda mais.

Já sabia que ela ia ficar curiosa, fiz de propósito até. Eu estava desesperado para que ela parasse de chorar e aquilo foi a primeira coisa que me veio à cabeça, mas acabou por sair melhor que o que pensava, já que a tristeza foi suavemente substituída pela enorme vontade de saber o que era.

«»

Estacionei o carro na garagem do apartamento e saí do carro, juntamente com a Anne. Encaminhei-a para o elevador e premi o botão assim que chegamos à porta deste.

Só espero que não apareça outra vez o Castiel.

Assim que o elevador chegou, coloquei uma mão sobre as costas descobertas da rapariga e empurrei-a levemente para dentro dele. Senti a sua pele arrepiar ao meu toque e abri um pequeno sorriso. Adoro quando o seu corpo reage aos meus gestos.

Depois de entrarmos na pequena divisão, ela saltou para frente do espelho e começou a mexer no cabelo, soltando pequenos murmúrios de irritação com este.

Não percebo o porquê, o cabelo dela é simplesmente lindo. Coloquei-me atrás dela e comecei a mexer lentamente nele, agarrando-o pelo todo com as duas mãos e puxando para as costas. Fiz uma trança mal feita e sorri-lhe. Baixei a minha cabeça até à altura dos seus ombros e aproximei a minha boca do seu ouvido, soprando-lhe bruscamente. Ela fez uma careta, fechando os olhos e abrindo ligeiramente a boca, afastou o seu pescoço de mim. Ri-me com a sua expressão e afastei-me, ainda a soltar pequenas gargalhadas. Ela virou-se para mim e tentou e quando digo tentou, é porque só passou de uma tentativa, fazer rosto de zangada.

– Porque raio fizeste isso? – tentou, mais uma vez, parecer chateada.

– Porque me deu vontade, oras – respondi, encolhendo os ombros e piscando o olho. Ela encarou-me como se estivesse a planear algo malvado e abriu um sorriso matreiro. A porta do elevador abriu-se e vi o brilho nos seus olhos aumentar e pouco tempo tive para reagir pois, quando reparei, já tinha levado com o seu peso.

– Ataque ao Kentin! – gritou antes de me levar ao chão. Assim que caímos os dois, sentou-se em cima da minha barriga. – E agora, Kentin? Quem é que ganha? – pegou no telemóvel e só pude perceber o que queria assim que a vi virar o telemóvel para mim e erguê-lo, para tirar uma selfie. Ela virou a sua cabeça para o objeto e vi pelo ecrã que pôs a língua de fora. Fiz uma cara esquisita também e deixei-a tirar a fotografia. Assim que finalizou a ação, fez alguma coisa no aparelho e depois guardo-o no bolso. Rapidamente, vi-a baixar o tronco e depositar um beijo na minha bochecha, provavelmente vermelha com a proximidade. Ergueu-se e caminhou até à minha porta, deixando-me estendido no chão, sem saber como reagir. Ela acabou de fazer isto? – Então, não vens, perdedor? – perguntou, com um certo gozo na voz.

Não sei se está a gozar comigo por ter ficado corado, ou por ter caído. Rapariga complicada.

– Já vou – respondi, erguendo-me e indo até ela. Tirei a chave do bolso dos calções e coloquei na fechadura, rodando para abrir a porta. Quando conclui a ação, não a deixei entrar. – Vamos fazer assim, eu vou colocar-me atrás de ti e tapar-te os olhos com as mãos. Depois, vamos até ao sítio onde está a surpresa, ok? – ela assentiu. Deixei que se colocasse à minha frente e levei as minhas mãos à sua face. – Eu só preciso de te fazer uma pergunta, ok? – senti a ansiedade voltar outra vez. Ela abanou a cabeça em concordância e eu procurei a minha voz para continuar. – Quando isto… o noivado… acabar… nós vamos… vamos continuar a ver-nos, certo? – tentei esconder a dor que sinto sempre que penso que ela pode simplesmente deixar de falar comigo. Ela colocou as suas mãos sobre as minhas e apertou-as levemente.

– Não penses tanto nas coisas, Kentin. Confia em mim, don’t be afraid – cantarolou baixinho a última parte. Senti o meu corpo aquecer-se com a sua voz melodiosa, fazendo-me concordar com ela apenas com um murmúrio. – Agora vamos lá à minha surpresa – deixou cair os braços ao longo do corpo e começou a mexer-se, obrigando-me a guia-la.

Voltei a ficar nervoso, com medo que ela não goste tanto da ideia como eu. Sei lá, ela pode pensar que eu a estou a obrigar a vir aqui a casa sempre, ou algo do género. Quer dizer, não é que eu não gostasse, mas não tinha outro sítio para por aquilo. Pela maneira com que ela falou no outro dia, penso que os pais dela não iam gostar que eu chegasse lá com isto.

Deixei-a parada no meio da sala e tirei as mãos, para que ela abrisse os olhos quando quisesse.

Espero que com isto ela perceba que pode vir sempre para aqui. Que aqui vai estar segura, tal como ela se sente quando está a tocar-

– Piano! – a sua voz, mais estridente que o normal, foi ouvida, interrompendo a minha linha de pensamento. A miúda caminhou até ao instrumento, pousado perto da parede de vidro, e tocou levemente com os dedos pela superfície branca, passando pela marca Yamaha e acabando nas teclas, premindo uma. – Eu… – ela virou a sua cara e pude ver pequenas lágrimas rolarem pela sua face. Veio até mim e abraçou-me com força, murmurando coisas indecifráveis. A minha camisola começou a ficar húmida e senti um aperto no peito.

– Ei – sussurrei. – Não era suposto ficares triste, ervilha – continuei num tom calmo. Afaguei o seu cabelo.

– Eu nem sei como te agradecer, Kentin – respondeu, trémula.

– Claro que sabes, é só tocares. Isso será mais que suficiente – ela olhou para mim, e eu pude limpar as suas lágrimas com os polegares. Encorajei-a com o olhar e logo a larguei.

Ela voltou para a beira do instrumento e ficou a admirá-lo como um gato assustado. Voltou a passar o dedo pela superfície e respirou fundo. Por fim, sentou-se.

[ponham a música se quiserem]

Premiu uma tecla e ajeitou o cabelo só para um lado. Logo começou a dedilhar uma música que não conheci. Aos poucos, os seus olhos foram fechando e vi os seus dedos moverem-se como penas sobre o teclado preto e branco. A sua cabeça começou a mexer-se ao ritmo da música, balançando para a cima e para baixo. A sua expressão encontrava-se serena e continha um pequeno sorriso. As suas pálpebras contraiam e descontraiam conforme o ritmo da música. A boca abriu-se ligeiramente, murmurando a letra da música, como se fosse alguma espécie de oração para ela. Fui apanhando pequenas da mesma, como «No one really knows about your soul» e «Amy don't you go».

Senti o meu peito encher-se e uma alegria enorme atingir-me, fazendo-me desejar que ela estivesse sempre assim. Protegida, feliz, completa. É tão estranho como sou tão feliz em simplesmente vê-la desta forma, num momento tão intimo, tão dela.

Deixei-me encostar à lateral do arco que liga a sala à entrada, deslumbrado pela beleza do momento. Eu só queria ver isto para sempre.

Sei que parece egoísta da minha parte, mas eu quero ser o único a puder presenciar estes momentos, ter esta parte dela só para mim. Que mais ninguém possa ver isto e sentir isto que eu estou a sentir. Quero que ela seja minha, inteiramente minha. Não quero nem imaginar se alguma vez o Germano a ouviu tocar.

Penso que não, porque, quem não ficaria apaixonado ao vê-la assim, tão pura?

E, obviamente, ele não está apaixonado por ela, quem está apaixonado nunca faria o que ele fez, nunca esmagaria o coração dela daquela maneira, mesmo que ela não saiba o que se passa nas suas costas. Eu sei que lhe devia contar tudo o que sei, só que simplesmente não posso magoar mais o seu coração, não de maneira tão bruta. Ninguém merece saber que está a ser traído, principalmente saber isso por terceiros. Ele é que lhe tem de contar. E mesmo que ele não tenha feito antes de ir para a Rússia, quando cá chegar, já não vai ter Annelise nenhuma atrás dele só para que ele possa ter a vida que supostamente “merece”.

Eu vou conquistá-la, tal como ela me conquistou a mim. Mesmo que demore toda a minha vida, eu sei que serei feliz em tentar que ela seja feliz comigo.

A melodia voltou a ser suave e apercebi-me que a música estava a acabar. Ela abriu um enorme sorriso assim que premiu a última tecla. Virou a sua cabeça para mim e senti a minha respiração falhar com a expressão alegre que nela continha.

Não faças isso que eu não aguento Annie, não faças…

Ela veio correr até mim, abraçando-me e agradecendo-me milhares de vezes.

– Espero que saibas que sempre que precisares podes vir para aqui – mexi no bolso direito dos calções e tirei de lá uma chave. Peguei na mão dela, depositando lá o objeto metálico. Encarei as suas esferas castanhas e senti o peso da minha ação cair nos meus ombros. – Sempre que precisares, podes vir, ok? – ela sorriu-me e voltou a abraçar-me.

«»

Entreguei o dinheiro ao senhor e esperei que ele me desse o troco. Assim que o recebi, virei-me e procurei pela rapariga energética. Ela encontra-se sentada na areia, um pouco afastada da multidão que veste roupas de praia que mal cobrem o corpo. No entanto, e por mais que se note que ela adore este ambiente, encontramo-nos os dois vestidos normalmente. Claro que não estamos tapados até ao pescoço, mas sim de calções e de t-shirt. Quer dizer, aquilo que ela tem vestido não é uma t-shirt, já que não tem mangas e muito menos alças.

Assim que me coloquei perto dela o suficiente, sentei-me na areia e tentei que alguma parte do meu corpo tocasse “acidentalmente” no dela. Por sorte, consegui que as nossas pernas ficassem em contacto uma com a outra, já que estávamos os dois sentados à chinês. Estendi o seu gelado com sabor a Ovo Kinder para que pudesse comê-lo antes de derreter.

– Obrigada – disse, antes de comer a primeira colher.

– De nada – respondi e comecei a comer o meu com sabor a bolachas.

Tentei desviar toda a minha atenção para a frente, não querendo que ela note que passo a maior parte do tempo a olhar para si.

– Tu não sentes nada quando observas o mar? – perguntou, ao fim de algum tempo. Encolhi os ombros. – Eu sinto tanta coisa, e de tantas formas diferentes. É como se ele quisesse sempre aconselhar-me a fazer a melhor opção. Ou então que simplesmente me deixe ir até ele e fique lá, completamente longe da vida e dos seus problemas. Somente a flutuar e observar o céu.

– Devo levar isso como um desejo suicida? – perguntei, virando a cara para a encarar com um sobrolho erguido.

– Ó meu Deus! Não! – soltou gargalhadas. – Estava simplesmente a ser filosofa ou assim. Quer dizer, estava a tentar criar um daqueles momentos que vês nos filmes – continuou a rir-se.

– És tão idiota – murmurei, antes de me deixar cair na areia. Logo vi o seu corpo realizar a mesma ação.

Ficamos alguns minutos em silêncio, a ouvir o som das ondas e das gaivotas que por ali voavam. Fechei os olhos e deixei-me relaxar ao máximo para que a culpa não voltasse a atingir-me por não lhe contar nada. Senti a luz do sol ser tapada e abri um olho de cada vez, deparando-me com a figura da Annelise sentada ao meu lado mexendo na minha identificação militar e no outro pendente.

– O que significa este? – perguntou apontado para o que continha «Реальная сила приходитот страха»

– “A verdadeira força vem do medo” – respondi, tentando não olhar muito para ela.

– Porque é que andas com essa frase ao pescoço? – suspirei.

– Porque foi isso que a escola militar me ensinou. Porque a verdadeira vontade de lutar só surge quando tens medo que algo aconteça caso não o faças. Se tu estiveres no meio de uma guerra, o teu medo de morrer vai obrigar-te a atacar os outros, percebes? – ela assentiu com a cabeça e deixou-se cair mais uma vez para a areia.

«»

Encostei-me ao capô do carro enquanto Anne entrava para a casa de banho. Tirei o telemóvel do bolso e desbloqueei. Liguei a internet e fui ao Instagram, mais por hábito que por outra coisa. Fui baixando as imagens até parar numa que me chamou à atenção.

'AnneWill_:Who’sthe strongest now, huh? 💪 💪 @Ketin_notken_Petrov intragram.com/p/q003xxba/'

Era a foto que ela tinha tirado mais cedo. Não consegui deixar de olhar para os seus olhos completamente escuros, para a sua testa com algumas espinhas perto da raiz do cabelo, para a sua boca adorável e para a felicidade que ela transmite na foto. Senti os meus lábios contraírem-se num sorriso. Tão linda.

Ouvi os seus passos e voltei a pôr o telemóvel no bolso, não antes de por gosto na foto.

– Então, vamos? – perguntou, com um sorriso.

Sem conseguir resistir, puxei-a para mim e abracei-a.

Вы всегда будете самым сильным* – disse, respondendo à pergunta que ela fizera no InstagramИ я люблю тебя, мой маленький** – admiti, finalmente.


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Notas finais do capítulo

*"Tu vais ser sempre a mais forte"
**"E eu amo-te, minha pequena"
Então, o que acharam? Foi muito lamechas a declaração dele? E a supresa, gostaram? OU já estavam à espera? xD E spobre a revelação, que não é bem revelação, já que eu já tinha dado muitos sinais disso, sobre o German? xD
Espero que o capítulo não tenha erro nenhum, eu só estive a lê-lo por todo duas ou três vezes, por isso, desculpem por qualquer coisa.
Beijinhos e fico à vossa espera nos comentários! ^^