Flashback On

Lá estava eu, a descer as escadas da minha casa para finalmente conhecer o meu noivo. Que animo…

Já passaram três meses desde que o meu pai anunciou que me iria casar com o filho de um dos seus amigos militares. Não sei o nome dele nem sequer vi uma fotografia. O meu pai diz que é uma tradição da sua família. Eu não quero casar-me, não quero mesmo!

Estava um monte de gente em minha casa, principalmente aquele tipo de familiares que só aparecem quando o assunto é “festa” para poderem comer e beber a vontade, enfim, gente interesseira…

– Ali está ela! – disse o meu pai com um grande sorriso. – Anne, vem cá querida! – presumo que seja para me apresentar o tal rapaz, embora não veja lá nenhum, pelo menos não da minha idade.

– Boa Noite Senhores! – disse assim que cheguei lá. Tal como vi, ele não estava ali, mas acho que mais ninguém reparou.

– Vamos começar com as apresentações. Annelise este é o General Marcos Pretov, sua esposa Linda e por fim seu filho… – O meu pai parecia aflito à procura de alguém. Penso que quando se apercebeu que eu iria chegar, o rapaz desapareceu dali. Talvez queira casar, assim como eu.

– Kentin?! Kentin?! Onde te meteste?! Germano! – gritou o senhor Pretov. Petrov? Que raio de nome também…

– Sim senhor, que deseja? - um rapaz com o cabelo loiro com olhos azuis apareceu sabe-se lá de onde com uma roupa de mordomo vestida.

– Procura imediatamente o meu filho e não voltes sem ele! – gritou, fazendo o rapaz sair logo de seguida. – Peço desculpa, Christian eles devem aparecer já.

– Não tem problema, se calhar foi só a casa de banho – disse o meu pai.

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Ketin’s P.O.V

– O que foi isto, Matilde? ‘Tás tola? – disse irritado depois que ela parou de me puxar. (ou depois dela parar de me puxar)

– Que foi? Achavas mesmo que te ia deixar conhecer a tua ruína? Ah Kentin, menos!

– O Germano já deve andar à minha procura… Sabes bem que tenho de conhece-la, aliás, quero conhece-la. Ela provavelmente também não se deve querer casar e talvez consigamos acabar com esta porcaria! Foda-se Matilde, o meu pai já deve estar a pensar em mil uma maneiras de me castigar!

– Ei, Ei! Calma!

– Calma Matilde?! ‘Tás a pedir-me para ter calma?! Eu juro que não te percebo. Tudo bem que não concordes com isto, eu também na concordo, mas não é preciso fazeres tanto alarido.

– Kentin… Eu… Eu só não quero que estragues a tua vida! Somos amigos lembras-te?

– Sim, deixas-te isso bem claro ontem...

– Não vamos falar sobre isso...

– Porquê? Eu não percebo porque foges sempre do assunto…

Ouvimos um barulho atrás de nós, voltamo-nos e avistamos o Germano a andar apressadamente.

– Kentin! O teu pai está fulo e quer que vás já ter com ele! – pronto, só me faltava isto. – ‘Tas tolo?! O teu pai vai matar-te! Literalmente! E se não fores comigo, mata-me a mim também. Só fazes merda! – disse o Germano apontando para a Matilde. – Bem me parecia que tinha dedo teu nesta história, aliás nem sei como descobriste esta morada – supirou – mas não interessa, vem Kentin, depois continuam a conversa.

– Até logo Matilde – disse indo embora

– Adeus…

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– O que é que a deficiente queria?

O Germano nunca gostou dela, disse que ela era uma indecisa e que só sabia brincar com aquilo que eu sinto, mas eu gosto dela… Sempre gostei…

– Já estava a demorar a perguntar German! – disse. – Ela disse que queria impedir-me de “conhecer a minha ruína”… Vai se lá entender… Vá, já a viste? Como é? É bonita?

– Já a vi sim Ken, mas não te vou dizer nada. Despacha-te mas é – resmungou.

Anne’s P.O.V.

O tal de Germano chegou e atrás vinha um rapaz com os cabelos castanhos e intensos olhos verdes. Tenho de admitir, é bastante bonito. Quer dizer, lindo. E o mordomo também, então aquele cabelo loiro rebelde… Eu tenho um tombo por loiros.

– Ah finalmente Germano, tanto tempo! Mas não interessa! Bem, Annelise este é o Kentin, o meu filho! – disse enquanto apontava para o rapaz de olhos verde.

– Prazer Kentin! – disse a sorrir.

– O Prazer é meu! – sorriu, oh meu deus que sorriso lindo!

– Bem, penso que agora devem querer conhecer-se melhor. Deixar-vos-emos a vontade – disse o meu pai afastando-se.

Dito isso, eu e o Kentin caminhamos para o jardim, onde a minha mãe dissera que devia leva-lo. Ficamos em silêncio durante muito tempo, o que é normal devido à nossa situação constrangedora.

– Annelise não é? – perguntou.

– Sim, mas podes tratar-me só por Anne…

– Então Anne… Eu não sei, nem me interessa, se queres ou não casar-te. Eu não me vou casar contigo e ponto final. Nem que tenha de fugir!

– Ei… Calma! Porque haveria de querer casar?

– Porque sou lindo? – disse, com a sobrancelha arqueada.

– Só que não, ‘né? – revirei os olhos. – Tal como tu, eu não me quero casar. E penso que já sabes que só o posso dizer ao meu pai depois de passar aquela coisa dos encontros e assim.

– Sim, sim. Mas podemos tornar isto simples certo? – concordei. – Fazemos esta treta toda e no fim dizes simplesmente que não gostas de mim, que não sou perfeito para ti, que duvido ‘né? – revirei os olhos outra vez. – Sei lá, por mim até podes dizer que sou um unicórnio que gosta de comer arco-íris, mas pelo amor de Deus, não me faças casar contigo!

– Não tenciono de maneira nenhuma fazer-te casar comigo – disse com convicção. Afinal apaixonar-me por ele não faz parte dos meus planos.

Flashback Off