The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 82
Capítulo 82 - Ansiada


Notas iniciais do capítulo

Olár!
Tudo bom com vocês?
Quero me desculpar pela ausência, sorry mas eu estava pulando o carnaval.
Mentira.
Eu estava na bad mesmo.
Espero que gostem do capítulo haha :p



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— Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades - Yukina disse, assentindo para Michele.

Fechei o livro e o depositei no chão.

— Você não é o Tio Ben - revirei os olhos.

— Desde quando sabe de Homem Aranha? - ela se surpreendeu.

Não a respondi.

Michele franzia o cenho, de braços cruzados e se recusando a aprender qualquer coisa diferente do que já sabia.

Magia negra.

— Você é um demônio agora - suspirei - tem mais poder do que quando era humana e se recusa a usar porque é mimada.

— Eu não sou mimada - ela respondeu - eu só… não sei essa língua.

Michele apontou para o livro de feitiços que Yukina levara especialmente para ela.

Era focado em magia demoníaca e estava ali com o intuito de ajudar Michele e eu.

Mas eu já tinha meu próprio livro de estudos.

Passei a mão no Livro das Luas e suspirei.

Sua capa cheia de relevos secos e antigos me causava certo temor.

Era como se o livro estivesse… vivo.

Abri e sozinho várias folhas foram folheadas.

Yukina observava a tudo com seus olhos gatunos e Michele parecia ainda mais interessada.

— Que livro é esse? - perguntou a loira.

Coloquei a mão no mesmo, fazendo as folhas pararem de se agitar.

— Lunae Libri - Iria falou pela primeira vez naquela noite.

Ela se sentou ao meu lado e observou o livro velho e cheio de anotações com adoração.

— Você o conhece? - perguntei.

— Lobisomens não são apenas adoradores da Lua - Iria respondeu - nós dependemos dela.

— Selene me deu - contei, finalmente.

— Está me dizendo que uma deusa em pessoa lhe deu um livro poderoso de magia? - Yukina se indignou - e você escondeu isso de mim?

— Eu não escondi - dei de ombros - apenas me esqueci de mencionar.

Tirei a mão do livro e as páginas voltaram a se agitarem sozinhas.

Franzi o cenho.

— O que diabos é isso? - perguntei.

Iria suspirou e tomou o livro de mim.

— Como eu imaginei - a morena disse - é como se você fosse a própria lua, ou um pedaço dela.

— Selene me disse que sou abençoada com dons que se intensificam com o luar - dei de ombros - deve ser isso.

— Estamos na lua cheia, dã - Michele revirou os olhos.

Bufei.

Peguei o livro de volta e dessa vez eu mesma o folheei.

Precisava estudar algum feitiço que se demonstrasse útil.

— Tente este - Yukina a pontou para a escrita que minha mão tapava.

O latim me era totalmente estranho, mas legível.

Aquele era um feitiço de velocidade.

A ideia de aumentar ainda mais minha velocidade já alta me agradou, então sorri e pratiquei em pensamento antes de começar a sussurrar o mesmo.

Michele passou a se concentrar em seu próprio livro e parecia ter uma facilidade muito maior que eu para invocar seus poderes.

Bufei e fechei a capa de couro negro.

— Você sempre desiste antes de conseguir - Yukina reclamou.

— Eu não sou boa com feitiços - rebati.

— Bom saber - Michele sorriu - porque eu sou ótima.

Sorri de volta, cinicamente para a pequena demônio.

— Eu sei o quão boa você é - respondi - olha aonde foi parar.

Seu sorriso murchou na hora e Michele praticou em silêncio.

Saí do quarto.

Estava com fome e papai tinha deixado lasanha no microondas para quando eu sentisse fome.

Iria me seguiu.

— Está sendo dura demais com ela - a lobisomem disse.

Eu sabia disso.

Claro que sabia.

Eu só…

Estava cheia.

E não sabia o que fazer com uma pupila no meu pé que me odiava e tinha muito que aprender.

E eu? Nada a ensinar.

Era péssima com magia.

A única habilidade na qual eu era realmente boa era invocação de sombras.

Elas já faziam parte de mim e invocá-las fluía naturalmente.

Apertei os botõe sno microondas e observei a luz acender e o prato girar.

— Selene - Iria me chamou - sei que passou por muita coisa, mas você pode guiá-la e evitar que mais alguém passe pelo mesmo.

— Michele estará segura se continuar sua vida como humana - respondi - ela não precisa passar por nada.

— Mas ela vai - Iria rebateu - porque é sua serva, porque quer fazer parte disso. Não reparou no jeito que ela te olha?

— Com ódio? - revirei os olhos.

— Com admiração - a morena ignorou minha resposta - com adoração, Selene, você é quase uma deusa.

— Eu não sou - enchi um copo de água - e eu nunca serei.

Iria me encarou em silêncio enquanto entornei o copo garganta abaixo.

— Você tem poder o suficiente pra ser - a lobisomem disse - e sabe que não é você quem escolhe isso.

Ela saiu, me deixando sozinha com o apitar do microondas.

Tirei a lasanha e peguei um garfo.

Era estranhamente solitário comer sozinha, considerando que antes eu amava minha solidão.

Me permiti pensar e sentir saudade de algumas coisas.

Pessoas.

Seres.

Fechei os olhos e senti Liam.

Ele devia estar se alimentando.

Sorri.

Podia sentir seu prazer através da nossa ligação e depois, seu remorso.

Meu sorriso esmaeceu aos poucos quando me lembrei do dragão dourado.

O que ele estaria fazendo?

Paquerando colegiais?

Dei uma garfada violenta na lasanha e ignorei as risadas no andar de cima.

Tudo era vazio quando Daniel não estava envolvido.

Eu confessava isso.

Não conseguia esquecê-lo e isso me frustrava.

Por mais que eu estivesse tentando, não haveria chance alguma de um futuro com Liam se eu não pudesse esquecê-lo.

Pensei no Livro das Luas.

Ele podia me ajudar, certo?

Devia haver algum feitiço que levaria de mim as lembranças que me eram tão preciosas, mas que eu precisava esquecer.

Suspirei e terminei a lasanha.

Subi para o quarto e voltei a folhear o livro negro em silêncio.

Iria, Yukina e Michele conversavam mais do que treinavam de fato.

Não que a japonesa precisasse de treino: era uma bruxa secular, senão milenar.

Encontrei o feitiço que precisava.

Não se tratava de esquecimento, e sim de “trancar” as memórias indesejadas.

Elas podiam voltar à tona algum dia.

Yukina surgiu ao meu lado e viu o feitiço que eu estudava.

A japonesa me encarou, séria.

— Sabe que corre risco de ficar louca ao usar este, não é? - perguntou.

Não respondi.

Encarei as folhas amareladas cobertas de um pó prateado, mas não as via de fato.

Eu encarava o vazio.

Suspirei e saí do transe.

Fechei o livro e sorri para as meninas que me encaravam.

— Como vai o seu progresso, Michele? - perguntei.

A loira torceu o nariz.

— Estou bem, obrigada - respondeu de mau grado.

Iria sorriu e pude ver por um momento sua sombra de lobo e dentes afiados.

Pisquei.

A visão sumiu.

Tapei o olho negro com a mão direita e me deitei na cama.

— Acho melhor irmos - Yukina disse.

Nada escapava de seus olhos de gata.

Michele não protestou.

Os olhos da demônio patricinha estavam inchados de sono e ela não parava de bocejar.

Ela pegou o livro que Yukina lhe emprestara e guardou na mochila.

— Vejo você amanhã - Iria se despediu com um aceno de cabeça.

— Claro - sorri.

Yukina me deu um abraço forte e me encarou com seus olhos negros com uma fenda verde.

— Me prometa que não fará nenhuma bobagem - exigiu.

— Eu prometo - respondi, revirando os olhos.

Desci a escada e as segui até a porta.

Insistiria pra ficarem mais tempo, mas eu estava cansada.

E me sentia deprimida.

Observei os vultos delas sumirem no escuro e fechei a porta.

Subi a escada a passos vagarosos e me tranquei no quarto.

Abri a janela por costume e deixei o luar entrar em meu quarto.

Aquele ritual me tranquilizava, me trazia certa paz.

Fechei os olhos e deixei minha pele brilhar com a luz da lua.

Fiquei por alguns minutos assim, até que ouvi um barulho vindo da janela abaixo.

Me levantei e olhei.

Nada.

Apenas a árvore com seus galhos retorcidos, os arbustos ao pé da casa e a floresta começando a pouca distância dali.

Dei de ombros e me virei para dormir.

Soltei um grito de espanto e os olhos dourados sorriram.

— O que faz aqui? - perguntei, cruzando os braços.

Daniel voltou seus olhos ao normal e deu de ombros.

Usava uma regata branca que ressaltava seus músculos já sempre aparentes e tão atraentes para mim.

Desviei o olhar de seu corpo e fixei em seus olhos.

— Não aja como se não estivesse gostando - ele sorriu.

Senti meu estômago pular.

— Gostando do quê exatamente? - arqueei a sobrancelha.

Daniel ficou calado e pensativo por alguns instantes.

Parecia hesitante sobre algo.

Deu alguns passos em minha direção e automaticamente, recuei.

Senti meu quadril bater na janela aberta e me segurei nela, pronta para pular caso Daniel fizesse algo esquisito.

Ele chegou perto de mim.

Tocou meu rosto e vi sua mão brilhar em escamas douradas que iam até o pescoço.

Seus olhos se fecharam por um instante, como se estivesse aproveitando a sensação.

— Eu não sou o Daniel humano que você conhece - ele disse.

Franzi o cenho.

— Eu sei disso - respondi, amarga - me lembro todos os dias, sabe?

Daniel sorriu de lado e precisei me controlar para a) não pular em seus braços ou b) não pular da janela.

— Mas eu quero tentar de novo, Selene - ele disse e arregalei os olhos - eu quero você.

O que havia de errado com o dragão?

Ele sabia o peso que suas palavras tinham?

Além disso, o que o levava a pensar que voltaríamos?

Não se lembrava do que eu tinha dito à ele? As palavras que feriram seu orgulho de garanhão?

O QUE DIABOS DEU EM DANIEL?

Meu coração bateu mais rápido.

Parecia o de um cavalo que acabara de correr uma maratona.

Não consegui responder, minha língua de repente se demonstrara imóvel.

Meus pés basicamente criaram raízes no chão e eu com certeza devia estar mais pálida que o habitual.

Meu estômago era uma balada.

— Dessa vez como Daniel, o dragão dourado - ele finalizou e sumiu.


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