The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 71
Capítulo 71 - Esperada


Notas iniciais do capítulo

Não postei antes porque não deu tempo e...
Quase morri de dores ontem!
aheuaheuaheaueheuj



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Devo confessar que me diverti demais com Liam.

Talvez até demais.

Estávamos em seu carro totalmente negro, vedado com insulfim das rodas ao teto solar (que estava mais pra lunar, já que o vampiro não gostava da luz do sol) e ele tentava cantar Taylor Swift.

Não gostava da cantora, pra falar a verdade, mas era engraçado ver as caretas de Liam cantando.

Então sim, meus risos eram verdadeiros.

— É bom ver você sorrindo de novo - ele suspirou.

Os olhos vermelhos de Liam fitavam a avenida congestionada e ficavam ainda mais destacados com as luzes da cidade.

— É bom sorrir de novo - concordei - mas você tem um péssimo gosto musical.

Os caninos de Liam surgiram num sorriso que ele queria ter disfarçado.

— Assim você me magoa - ele deu de ombros e mudou a estação.

Mal a música começou a tocar e chegamos.

Arqueei a sobrancelha e segurei o riso.

— O quê? - ele deu de ombros, com vergonha.

Teria corado se não fosse um vampiro.

— Você vai gostar - ele garantiu, abrindo a porta do carro e correndo pra abrir a minha antes.

Surpresa, desci.

Olhei pro lugar onde estávamos.

Era um píer muito bem iluminado nos lugares certos, tendo charme nas suas sombras.

Vários bares eram espalhados por ali, com paredes feitas de madeira de verdade e guarda-sóis fechados e recostados.

Respirei fundo e senti o cheiro do mar.

— Onde estamos? - perguntei, ainda surpresa.

Nunca tinha visto um lugar do tipo em todos os anos em que vivi na cidadezinha.

— Segredo - ele piscou - assim só eu posso te trazer aqui.

Sorri e senti sua mão hesitar ao tentar pegar a minha.

“É só uma mão, Sardene”, a voz disse e podia até dizer que revirou os olhos.

Dei de ombros e terminei por agarrar a mão de Liam.

Ele sorriu de orelha à orelha e fomos até um dos bares.

Tudo ali dentro era rústico e ao mesmo tempo, moderno.

O contraste entre branco, preto, amarelo e madeira era aconchegante e o piano que tocava ao fundo me deixava mais curiosa sobre o lugar.

O barman nos atendeu.

De início, me assustei com seus olhos amarelos, mas logo me acalmei.

Liam me encarou de soslaio e fez seu pedido, esperando que eu fizesse o meu.

— O da casa - pedi, sem saber o que escolher.

Ele assentiu e voltou para dentro.

— Bem vinda ao World’s Bar - ele sorriu e brincou com o cardápio.

Franzi o cenho.

— É um lugar neutro - ele explicou - onde todos os mundos se encontram pra beber e tudo mais.

— Pensei que não ia me dizer - cruzei os braços e sorri.

Ele deu de ombros.

— Você ia descobrir - ele disse - afinal, eles tem um letreiro.

Apontou para um quadro na parede.

Era uma fotografia do bar, bem antiga, mas o lugar continuava o mesmo.

O barman voltou e nos entregou nossas bebidas.

— Algo pra comer? - perguntou em uma língua que eu não conhecia, mas que entendi.

Dei uma olhada furtiva no cardápio.

Eu estava com fome, então escolhi rápido, além disso o Olhos Amarelos me encarava.

— Risoto de camarão - pedi.

— Mais uma bebida. Tipo A - Liam pediu.

Ele parecia encabulado.

Sorri.

Assim que o que pedimos chegou, ficamos bebendo e comendo em silêncio, mas era agradável.

Pensei no quanto Liam tinha mudado.

Parecia mais maduro, até pensava mais antes de agir.

Estava mais paciente.

E mais charmoso. Mas isso eu sabia que era efeito-vampiro.

— Sei o que está sentindo, então sei que está gostando - Liam cortou o silêncio - mas não faço ideia do que está pensando e pagaria por isso.

Ele semicerrou os olhos vermelhos, que à luz amarelada do lugar ficavam ainda mais profundos.

Pensei em como responder sua pergunta implícita.

— Estava me lembrando de quando era humano - respondi.

Ele pareceu ficar tenso.

— Gosto mais de quem você é agora - completei, antes que ele entendesse errado.

— Porque eu sou imortal? - perguntou, confuso.

— Não - meneei a cabeça - porque é uma pessoa mais decidida e madura.

Terminei de tomar minha bebida (que era deliciosa, azul e tinha uma luminescência no fundo do copo) e sorri, travessa.

— Como eu era antes? - perguntei, ficando ansiosa.

— Antes do quê? - ele deu um gole em seu copo de sangue.

— Você sabe… De eu saber quem sou e tudo mais - respondi - quero saber como você me via, se acha que mudei…

Ele engasgou com a “bebida” e riu.

— Você é a mesma - ele respondeu, conseguindo parar de rir - só sabe mais coisas e se permite sentir mais.

Liam apoiou o cotovelo sobre a mesa e seu queixo sobre os punhos.

Me observava com seus olhos de predador e eu me sentia encurralada.

— Diga, Selene -  ele chamou.

O encarei de volta como um incentivo pra que continuasse.

— Acha que consegue deixar de amá-lo um dia? - perguntou.

Sua expressão era de pura curiosidade.

Mas eu sabia, no fundo e em nossa ligação, que ele sentia dor e expectativa.

— Liam… - desviei os olhos - eu estou tentando, okay?

Ele assentiu.

— Claro, desculpe - pigarreou e chamou o barman.

Pagou a conta, mesmo com meus protestos.

— Vem, vou te mostrar uma coisa legal - chamou e colocou o braço sobre meus ombros.

Seu hálito cheirava a sangue, mas ao contrário de antigamente, não achei isso estranho ou ruim.

Liam era Liam.

Um vampiro com alma.

Ele me levou até a borda do píer e se sentou com os pés pra fora.

Bateu no lugar ao seu lado e o acompanhei.

— Tenho medo de altura, de mar ainda mais - confessei quando ele me viu agarrar a borda com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos.

Liam franziu o cenho.

Depois abriu um sorriso travesso, me pegou no colo de forma surpreendentemente rápida e pulou no mar.

Gritei e me agarrei ao seu pescoço como se minha vida dependesse daquilo.

E dependia, já que eu não sabia nadar.

Senti a água salgada entrar na minha boca e tossi.

Mas não sentia a água tocando meu corpo.

Olhei para Liam, zangada.

— Você não vai cair, nem se molhar - ele me disse, carinhoso.

Olhei para o meu corpo e parecia que ele não tocava a água.

— Achou que eu só tinha presas e olhos vermelhos? - perguntou, brincando.

— Você… - gaguejei - você controla o mar?

— Mais especificamente a água - rebateu - posso te soltar?

O encarei, desconfiada.

Mas assenti.

Liam me soltou e senti meu corpo flutuar sobre o mar.

A sensação… Era incrível. Eu parecia VOAR.

A Lua brilhava no céu escuro e incorruptível, sendo refletida na água.

Ouvi Liam ofegar e olhei em sua direção, preocupada.

Ele me olhava com adoração, como se estivesse vendo em sua frente uma divindade, o que me constrangeu.

Lembrei-me de como minha pele ficava à luz do luar e corei.

Liam se aproximou de mim e acariciou minha bochecha com os dedos de forma extremamente delicada, como se eu pudesse desaparecer ou quebrar a qualquer movimento brusco ou forçado.

— Você é linda - ele disse.

E encostou seus lábios secos nos meus.

Foi um beijo lento e eu não me surpreendi.

Não me senti nervosa, com borboletas no estômago.

Nem queria estar ali pra sempre.

Mas foi bom, eu gostei.

Me sentia bem-vinda e querida, algo que eu parecia estar procurando.

Liam mordeu meu lábio inferior, senti uma pequena agulhada e logo depois o gosto de sangue.

Ele lambeu e aprofundou o beijo, que passou a ser urgente.

Eu quis mais, e lhe dei mais. Eu sentia que ele precisava e ele sentia que eu não via problema em lhe oferecer.

O vampiro distribuiu beijos carinhosos em meu pescoço e quando eu menos esperava, o mordeu.

Não doeu. Apenas uma picada e algumas ondas de prazer pelo meu corpo.

Memórias fragmentadas de Liam e sentimentos confusos vindos dele.

Eu via meu rosto em várias delas, inclusive de quando eu sequer sabia que o garoto, ainda humano, existia.

Ele sempre esteve lá, me observando na escola.

E se sentia o cara mais sortudo dos mundos por estar ali.

Liam afastou seus caninos da minha pele e lambeu o ferimento.

Senti minha pele formigar e se curar rapidamente.

Ele me empurrou contra uma das pilastras que sustentavam o píer e me abraçou.

Sua respiração estava acelerada, ainda mais que a minha. O som sobrepujava o das ondas quebrando uma nas outras.

— Você sabe o que acabamos de fazer, não sabe? - ele perguntou depois de alguns minutos de silêncio.

Senti sua voz tremer meu corpo todo, pois ele estava com o rosto entre meus cabelos.

— Sim - respondi num sussurro.

Liam pensou alguns instantes.

Me soltou e sorriu.

— Certo, vou te levar pra casa - disse ele.

Me depositou um selinho rápido, me agarrou pela cintura e deu algo que se parecia com um salto na água.

Estávamos no píer de novo.

Eu sabia bem o que tinha acabado de fazer.

Tinha dado à Liam meu sangue, parte de mim e continuava viva.

Meus sentimentos e memórias foram compartilhados com ele e vice-versa.

Acabávamos de renovar nossa ligação, e isso para os vampiros era visto como um voto.

“Oh meu Deus”, pensei.

“Yukina vai pirar”, a voz continuou meu pensamento, em tom divertido.

Mas eu sorri.

Dessa vez eu tinha feito minha escolha.

Se me arrependeria dela ou não, era algo a ser concluído no futuro.

Selene estava…

Vivendo.


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Notas finais do capítulo

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