The Forest City escrita por Senjougaha
Notas iniciais do capítulo
É um capítulo pequeno, mas compensarei vocês!
Quatro dias.
Quatro dias haviam se passado e Daniel dava em cima de todas as garotas que encontrava pela frente, inclusive Iria. Qualquer uma servia, desde que elas não fossem minimamente parecidas comigo e muito menos eu.
Resolvi faltar da aula. Eu estava indo razoavelmente bem em Teorias de Administração, então aproveitei o dia para dormir até tarde e tudo mais.
Mas não consegui.
Tudo o que eu me perguntava era: o que Iria fazia conversando e rindo alto com meu pai, casualmente com os pés sobre a mesa da cozinha?
– Algumas pessoas faltam da faculdade planejando ter um bom sono - eu sorri de forma cínica e peguei minha caixa de cereais - outras vão às casas dessas pessoas e frustram esses planos.
– Ou talvez ela vá à casa de uma colega de classe saber o que aconteceu - Iria correspondeu o sorriso cínico - porque não suporta mais ver a carinha de coração partido dela toda vez que um certo sujeito passa por nós.
Revirei os olhos e descontei minha frustração despejando leite e cereais numa tigela. Ataquei-os com a colher e não fiz cerimônia alguma para mastigar.
– Selene - meu pai chamou com um tom de voz nada agradável.
O encarei.
– Soube que você e Daniel tiveram uma discussão que levou ao término de vocês - ele cruzou os braços - isso é verdade?
Cutuquei o cereal com a colher.
Tinha que me lembrar de agradecer Iria pela meia-verdade depois. Eu não teria pensado nisso.
– É sim papai - respondi num muxoxo.
– Não se permita magoar, filhota - ele deu um sorriso animador e orgulhoso - até mesmo um demônio trataria você melhor.
Estremeci.
– Ah.. - ri, nervosa - não sei se concordo com isso.
Uma agulhada na cabeça me afligiu e soltei a colher na tigela abruptamente, fazendo barulho e conseguindo atenção redobrada.
– Selene? - Iria franziu o cenho - o que foi?
– Nada - dei de ombros - só uma dor de cabeça.
Iria revirou os olhos, como se estivesse me achando infantil.
Meu pai se levantou e murmurou para que fôssemos conversar no meu quarto. Ele tinha que preparar o almoço, e embora ainda estivesse cedo demais pra isso, não o questionei.
Iria franziu o cenho ao terminar de vasculhar meu quarto por todos os cantos.
– Como consegue sobreviver assim? - ela perguntou.
– Assim como? - arqueei a sobrancelha.
– Não tem decoração nenhuma - ela se indignou - nem livros, ou ursinhos de pelúcia.
Minha vez de franzir o cenho.
– Tenho cara de quem faz coleção de ursinhos de pelúcia? - perguntei ironicamente.
Ela soltou um riso abafado e fez sinal negativo com a cabeça.
– Veio aqui só pra ver o que escondo no quarto? - perguntei, curiosa.
– Não - ela se jogou na cama sem cerimônia alguma - vim falar sobre você.
Revirei os olhos.
– Não temos nada pra falar - resmunguei.
– Temos sim - ela cruzou os braços - não pense que somos amigas ou qualquer coisa do tipo, mas você anda estranha.
– Qualquer um diria que eu sou estranha - revirei os olhos mais uma vez.
– Selene - ela me repreendeu - precisa esquecer ele de uma vez.
– Claro que isso seria conveniente pra você - rosnei.
Iria balançou a cabeça negativamente, como se estivesse com pena de mim.
– O Daniel que você conhece está enterrado em lugares profundos do consciente dele - ela disse.
– Então é só eu desenterrar - teimei, me sentindo infantil.
Mas eu não desistiria tão fácil assim. Apesar de que não estava nada fácil.
Iria riu. Parecia nervosa, como uma mãe que explica para a filha que vai se casar novamente.
– Ele não quer ser desenterrado, Selene - ela murmurou.
Iria se levantou e tirou a poeira inexistente da calça jeans.
– Bom, eu já vou indo - disse - já transmiti tudo o que queria, então boa sorte.
Revirei os olhos.
– Quando você é uma vadia imbecil é menos irritante que quando banca a conselheira - murmurei, fazendo-a rir.
– Bye bye, elfa - ela cantarolou e saiu pela porta.
Ouvi os pequenos saltos de suas sapatilhas fazerem barulho enquanto descia a escada e suspirei.
Me joguei na cama, encolhida como um feto.
Era o máximo que eu podia fazer naquele momento.
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