The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 49
Capítulo 49 - Atraída


Notas iniciais do capítulo

Comecei no pc e terminei no celular, então com certeza terão erros!
Espero que gostem, beijão :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496121/chapter/49

– Tente focar seus pensamentos no lugar onde quer chegar - Solara insistiu com sua voz tilintante como um sino.
– Eu estou fazendo isso - grunhi, mal humorada com a minha clara dificuldade em aprender a teleportar de um lugar para o outro.
Já fazia dois dias que Daniel sumira para procurar Iria, que misteriosamente, desapareceu.
E claro, eu queria ajudar a perua desconhecida apesar de tudo, mas Yukina me lançava um olhar severo de desaprovação quando eu dizia que iria atras deles.
– Simplesmente treine - ela dizia e eu bufava de raiva.
Observo Solara se teleportar da minha frente para o meu lado. Ou pelo menos tento. Porque toda vez que ela o faz, raios e luzes amareladas surgem e me cegam completamente.
– Viu? - ela perguntou, na expectativa.
– Claro - respondi, seca.
Engoli a saliva numa tentativa de empurrar o nervosismo para a sola dos meus pés.
Fechei os olhos e me concentrei em me teleportar para o lado de Solara, mas como sempre, sou desatenta a tudo ao meu redor e não consigo me concentrar no que realmente deveria.
Como uma verdadeira songamonga, o que me veio à mente é que gostaria de estar onde quer que Daniel estivesse.
E claro que como uma verdadeira azarada (ou não), é nesse exato momento que o teleporte dá certo.
Fechei as mãos com força, fazendo com que minhas unhas se finquem na palma. Abri os olhos e vi onde estava.
Definitivamente, não era ao lado de Solara.
A floresta à minha volta era totalmente diferente da Cidade Floresta ao qual eu estava acostumada. Era escura, seca e o ar era rarefeito, como se respirar fosse mais sufocante do que não respirar.
Dei um passo à frente e me assustei ao pisar numa folha seca.
“Calma, Selene”, respirei fundo e pensei.
“Conseguiu vir até aqui, com certeza vai conseguir voltar”, tentei me convencer.
Fechei os olhos e foquei Solara. Eu deveria estar onde ela estava.
Mas meu coração não queria, não me obedecia.
E o uivo estridente de algum ser que eu não classificaria como normal me fez pular assustada e imediatamente, perder qualquer foco que eu tinha.
Por instinto, senti que deveria me esconder, pois fugir seria impossível. Olhei ao meu redor, vasculhei a floresta à procura de um abrigo, uma árvore para subir, qualquer coisa que pudesse ser ao meu favor naquele momento, mas naquele lugar escuro e deserto, nada encontrei.
As árvores eram finas e quase desprovidas de folhagem negra, e o chão era de terra seca e poucos tufos de grama amarela. Entrei em desespero. Meu instinto gritava, me alarmando. Meu coração batia a mil por hora e meu cérebro tentava raciocinar.
Encontrei um buraco no chão que com algum esforço, eu conseguiria me enfiar.
– É melhor a experiência me servir pra algo no futuro - grunhi, mal humorada ainda, apesar de tremendo de medo dos pés à cabeça.
“Selene, cagona”, minha consciência reprovou.
Quando finalmente consegui me enfiar e me arrastar para dentro do buraco, pensamentos terríveis me vieram à mente.
E se algum ser vivesse ali? Me puxaria para baixo da terra e me comeria viva?
Balancei a cabeça o máximo que podia no lugar apertado, tentando afastar os pensamentos infantis.
Um rosnado baixo veio de cima de mim. Ouvi algo como um focinho farejando o ar, o chão e a criatura demorou pelo que me pareceu séculos - mas provavelmente foram segundos - para finalmente perder o interesse no lugar e ir embora.
Esperei uma hora para poder respirar direito, suspirar e depois de alguns minutos de hesitação, sair do buraco.
Parecia que cada músculo do meu corpo havia se enrijecido devido ao tempo que passei apertada e imóvel. Meus olhos disparavam por todo canto à procura de uma ameaça que não encontrei.
Respirei fundo.
“Se acalme, cagona”, ordenei a mim mesma e amarrei os cabelos com um elástico que levava sempre comigo.
Fechei os olhos e tentei voltar para perto de minha irmã caçula mais uma vez. Não era seguro, certo e muito menos inteligente ficar ali. Daniel sequer estava naquele lugar, o que fez com que eu me perguntasse o motivo de estar ali.
Quando estava prestes a conseguir, o barulho de um galho se quebrando me sobressaltou.
– Selene? - uma voz familiar e que me despertava todo tipo de sentimento chamou.
Virei a cabeça rapidamente, assustada. Talvez a aparição da criatura gigante tivesse me causando alucinações. Como os psicólogos chamam isso mesmo?
Trauma.
– Selene, o que está fazendo aqui? - agora sua voz assumiu um tom irritado e ele franziu o cenho.
Estava parcialmente transformado.
Ondas de calor emanavam de seu corpo e era possível enxergar o mormaço. Seus olhos estavam da cor do ouro mais puro derretido, mas dessa vez ele tinha asas coráceas nas costas e garras à mostra. Seus dentes estavam mais afiados também.
Dei um passo para tras. Estava certa de que não deveria irritá-lo naquele momento.
– Eu não sei, eu… - sussurrei, tentando encontrar uma resposta.
Ele trincou o maxilar e cerrou o punho com força.
– Solara, aquela filha da mãe! - ele rosnou raivoso.
– Não, eu vim sozinha, quero dizer - dei uma pausa para escolher as palavras com cuidado - ela estava me ensinando a teleportar e eu acabei aqui.
– E você acha que esse não era o objetivo dela? - ele perguntou, cínico - vá pra casa, onde é seguro Selene.
Abri e fechei a boca várias vezes de indignação até que explodi:
– Onde é seguro?! Que diabos pensa que está fazendo num fim de mundo desse, sumido por dois dias e ainda exigindo que eu fique longe de você porque isso é seguro?!
– Acredite, Selene, não vai querer descobrir o que tem nesse lugar - ele disse numa voz com tom tedioso, controlador.
– Que se dane! - bufei e bati o pé no chão.
Encarei meus coturnos surrados. Era minha única ligação com meu lar. Mas no momento, eu não senti saudades.
Senti angústia.
No que eu havia me tornado?
De uma garota que simplesmente não dava a minima pra o que diziam, passei a ser atenta a tudo ao meu redor. Acredito que minha personalidade antiga podia ser considerada a de alguém imortal.
Agora sou uma humana frágil e emotiva dentro de um corpo imortal de elfa.
Revirei os olhos para mim mesma.
Voltei meu olhar à Daniel, que esperava alguma ação minha com uma expressão carrancuda e de braços cruzados.
Seu humor inconfundível era a prova de que aquilo não era nenhuma paranóia fruto de trauma, nenhuma alucinação.
– Vamos procurar Iria e ir pra casa logo - eu ditei, com voz cansada.
Semicerrei os olhos quando vi que ele iria protestar. Finalmente, Daniel se conformou: Eu não queria e não sabia voltar.
Suspirou e coçou a nuca.
– Ao primeiro sinal de perigo fatal, você vai voltar nem que seja andando, me entendeu bem? - ele se aproximou enquanto dizia isso e ficamos cara-a-cara.
Parecia ter algo entalado na minha garganta.
A proximidade dele me lembrou de noites atrás, quando tivemos nosso maior momento clichê romântico e senti meu rosto esquentar.
Tentei me convencer que era porque tinha um dragão na minha frente, e não por qualquer outro motivo carnal.
"Nada convincente, Sardene!", gritei para mim mesma mentalmente.
– Entendi - respondi finalmente, erguendo o queixo num gesto decidido.
Daniel assentiu e eu o segui.
Ou pelo menos tentei, porque ele alçou vôo com suas enormes asas, quase me jogando para tras com a lufada de vento.
Bufeu.
– Você ainda sabe ser bem insuportável! - gritei para ele, que riu sem me olhar lá de cima.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Forest City" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.