The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 39
Capítulo 39 - Saudosa


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Liam.
Sim, Liam!
Genteeeeeeeeeeeeeee eu não parei com a fic não! Simplesmente entrou em hiatus inesperado hahah. Espero que me perdoem e que acima de tudo, continuem lendo.
Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/496121/chapter/39

O gosto acobreado de sangue ainda impregnava minha boca. O irmão dragão mais novo que deveria ser o tal Seth, me obrigava a me alimentar todos os dias, dizendo que o gosto melhoraria se eu parasse de ser maricas e aceitasse o que era.

Não tão fácil assim, camarada.

Nada fácil quando todas as vezes que eu me aproximava de Selene, sentia seu cheiro inebriante e seu sangue me chamar.

Era morrer aos poucos perto dela ou morrer dolorosamente longe dela.

Recebi um soco no queixo e encarei o piso de cimento atordoado. Seth não me dava socos. Ele era quase legal.

– Beba - Daniel jogou um saco de sangue em minha direção.

Não o peguei no ar, deixei que caísse no chão e fitei os olhos do dragão de fogo à minha frente. Estavam em fúria dourada, o que me fez sorrir.

– Se ela soubesse como você é de verdade... - comecei, mas fui interrompido por um soco ainda mais forte.

A porta se fechou com um estrondo. Era sempre assim quando se tratava de Selene para Daniel, o dragão mais descontrolado do Mundo Etéreo. Ele jamais demonstraria a ela a sua verdadeira face desumana. Nem deixaria que ela soubesse de seus feitos passados.

Ri amargamente e peguei a bolsa de sangue do chão, terminando de sugá-la em segundos.

Eu estava faminto. Queria mais.

Mas as paredes de concreto e ferro batido à minha volta me prendiam, e o sol que eu sabia que brilhava lá fora era mais do que uma prisão.

Suspirei e me sentei, passando as mãos pelo cabelo.

Inesperadamente, a porta se abriu novamente e olhos violetas brilharam na escuridão.

– Menos mal - murmurei ao reconhecer Seth.

– Levanta, já está anoitecendo - ele disse num tom de diversão - Selene quer ver você.

Como num passe de mágica, sua ultima fala foi mais do que suficiente para que minha garganta parasse de arder em sede e meu corpo encontrasse forças para se levantar.

– Não demonstre toda essa empolgação na frente do Daniel - ele riu - ele meio que já quer matar você.

– Então por que não mata? - perguntei seco - seria bem melhor pra nós dois.

– Por que será? - ele repetiu a pergunta num tom sarcástico e me deu um tapa na cabeça - anda, vamos logo.

Fora da cela, Yukina esperava impacientemente. Ela batia os pés num ritmo descontrolado e encarava suas unhas afiadas. Será que todo mundo ali não era o que parecia?

Seus olhos brilharam verdes como gato, como se tivesse lido meus pensamentos. Não, como se ela tivesse lido minha aura. Era o que ela fazia.

– Ele está perdendo a humanidade - ela disse se dirigindo à Seth - tem que ficar perto da Selene e do que o lembra da sua antiga vida humana.

Franzi o cenho. O que aquilo significava?

Seth revirou os olhos e me empurrou bruscamente para frente. Yukina nos seguiu e nós andamos por um túnel até enxergar uma luz prateada no fundo e sairmos por ela.

Já era noite, e a lua estava não só cheia, como transbordante.

– Por quanto tempo fiquei aqui? - perguntei cético.

– Um mês - Yukina respondeu casualmente.

Um mês.

Será que Selene se lembrava de mim? Será que tinha se tornado mais elfa do que humana?

Encarei a lua no céu escuro e sem estrelas, bufei. Pensar naquilo não adiantaria em nada.

E se ela tivesse se esquecido de mim, sem problemas. Eu a faria lembrar. Ou nos conheceríamos de novo. Eu só não ficaria longe.

– Você não a ama - Yukina disse indignada - não do jeito que pensa que ama.

Encarei-a sem entender o que ela dizia. Yukina era uma pessoa quando estava com Selene. Era melhor.

Mas era uma megera misteriosa e mandona. Uma feiticeira, quando longe da melhor amiga.

Ela ergueu o queixo, como que ofendida pelo tipo de aura que eu exalava.

– Olha, me desculpa - eu comecei - eu só…

– Tudo bem - ela sorriu dócilmente.

Seus olhos tinham um brilho enigmático. Franzi o cenho e os encarei, disposto a desvendá-los.

– Quantos anos você tem? - perguntei antes que me desse conta.

Ela abafou o riso com a mão e seus ombros chacoalharam numa gargalhada quase silenciosa.

– 150 - respondeu.

– Cento e cinquenta? - repeti - okay.

Suspirei tentando esconder minha surpresa.

– E Daniel? - perguntei sentindo toda a graça da conversa se esvair.

Yukina soltou o ar pesadamente, como se estivesse pensando se responder àquela pergunta fosse uma boa ideia.

– Mil - respondeu uma voz grave e conhecida - eu tenho mil anos.

Minha nuca se arrepiou de uma forma nada boa quando uma lufada de ar quente nos atingiu. Eu não precisava me virar para saber que ele estava ali de novo, mas o fiz.

Daniel estava com suas escamas douradas expostas, seus olhos no mesmo tom de ouro transbordando de raiva e algo a mais - dor e saudades de alguém.

Mas ele tinha asas saindo de suas costas, o que me fez engasgar e morder minha própria boca com as presas.

Yukina bateu o pé e lhe lançou um olhar de reprovação, mas Daniel simplesmente franziu o cenho e cruzou os braços.

Logo, Seth apareceu da mesma forma atras de Daniel. Ele pousou no chão e uma lufada de ar que fazia a pele arder me atingiu. Suas escamas eram roxas e negras, assim como seus olhos. Suas asas eram de um negro translúcido e Seth parecia menos humano do que Daniel.

– Não vamos pra casa andando - Seth bufou, concordando com o irmão.

– Na verdade eu estava pensando em chamar um táxi - ela disse como se fosse óbvio.

– Táxis são lerdos - Seth se opôs - e não queremos demorar para chegar lá, não é irmão?

O sorriso de deboche do dragão mais novo era desconcertante até mesmo para quem não fosse seu alvo. Mas Daniel sequer deu atenção ao irmão.

– Sem frescuras, Yuki - ele disse - sem demora.

Ele deu as costas, abriu as asas que pareciam de couro vermelho e dourado e partiu, seguido pelo irmão.

– Impossível ter um primo mais tolo - ela urrou e soltou um chiado de gato nervoso.

– Primo? - repeti - porque disse no singular?

Ela me olhou irritada.

– Você é burro? Não entendeu ainda? - ela disse - Daniel é bastardo, filho de um rei dragão e minha tia feiticeira, sendo assim ele é meu primo. Seth é legítimo, não temos nada a ver.

Me senti tentado a perguntar-lhe como ela queria que eu soubesse daquilo, sendo que provavelmente nem Selene sabia. Mas me contive e fiquei calado.

– Vamos, vampiro tapado - ela disse com os olhos grandes e negros ficando verdes de repente e uma orelha de gato surgir sob seus cabelos - vamos ver se nasceu pra correr.

E ela Yukina disparou pela neblina, saltando rochedos e rindo mais alto do que as ondas alcançando a praia.

Sorri, senti meus caninos aumentarem e disparei também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me perdoem pela demora, mais uma vez. E pelos possíveis erros de digitação.
Pra explicar melhor o capítulo, eu resolvi fazer com que o tempo que fiquei sem postar fosse um tempo em que a turminha da Selene tenha se separado dela por um mês, sendo assim, eles vão se reencontrar agora assim como eu e vocês (meus lindos leitores) estamos nos reencontrando agora muahahah. Mas não se preocupe: nenhum imortal ficou parado e sem fazer nada durante esse longo tempo... Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Forest City" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.