The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 32
Capítulo 32 - Tão amada...


Notas iniciais do capítulo

Narrado por Daniel.



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Por que Selene tinha que ser tão idiotamente insensível? Sei que minha reação ao sair da casa feito criança emburrada não foi das melhores, mas o que eu poderia fazer depois de levar um fora de alguém que se negava a admitir que me ama?

“Ela me ama, certo? Eu não vi errado?”. Eram as perguntas que rondavam minha mente. Mas a não ser que a pessoa seja uma completa songamonga, é impossível ler errado uma mente. Eu não era songamonga. Não sou.

Chutei uma árvore vezes seguidas, sem medo de usar toda a minha força e ela caiu. Poderia continuar chutando árvores e desmatar tudo por ali, mas Yukina me daria um sermão sobre “passar desapercebidos pelos humanos”. Suspirei frustrado e passei a mão no cabelo, um costume que Selene não se cansava de rir.

Senti sua mente se aproximando. Ela estava irritada. Provavelmente porque estava sendo obrigada a me procurar. Revirei os olhos e me afastei do lugar, sabendo que pela velocidade que ela corria, logo me encontraria.

“Posso saber porque diabos está fugindo de mim?”, ela perguntou em minha mente, totalmente irritada.

Não me lembrava de ter ensinado aquilo à ela. Cogitei não respondê-la, mas era impossível ignorar aquela mente dentro da minha que se agitava sem parar, aguardando. E eu sabia que pela personalidade insolente de Selene, ela aguardaria para sempre se necessário.

“Quem te ensinou isso?”, perguntei com a mesma dose de irritação.

“Eu consigo aprender as coisas sozinha quando necessário. Principalmente quando as pessoas correm de mim e minha única opção é essa”, ela rebateu com raiva.

Não respondi.

“Estou na beira do riacho”, ela disse.

“E?”, perguntei tentando soar desinteressado, mas já estava à caminho.

“E você está vindo”, ela finalizou saindo da minha mente.

Quando cheguei no lugar, consegui encontrá-la sem dificuldade. O cheiro de Selene era algo único, e sua mente estava agitada, o que foi ao meu favor.

Me sentei ao seu lado e me dediquei a dar atenção aos peixes que pulavam para fora da água. Eram poucos. O inverno estava chegando.

– Não ignore a minha presença quando eu andei até aqui só pra encontrar você - ela disse mau humorada.

– Se está tão irritada, não deveria ter vindo - rebati.

– Eu estou irritada porque você fugiu de mim! - ela gritou batendo no chão de terra vermelha para dar ênfase ao que dizia.

A encarei. Seu olho azul estava coberto pela franja comprida, como sempre. Mas o negro era uma tempestade de sentimentos que iam de irritação à vontade de me estrangular. Me perguntei se, se eu estivesse em sua mente poderia ver algum sentimento diferente daquele.

– Pare de me encarar - ela murmurou.

– Você acaba de dizer pra eu não te ignorar - eu disse confuso.

Ela bufou, frustrada.

– Estão todos preocupados com você - ela mudou de assunto

Franzi o cenho.

– Você saiu de lá feito um furacão e Yukina teve medo de você fazer alguma cagada - ela disparou.

Era engraçado como ela tagarelava quando tentava amenizar o clima, sendo que reclamava da tagarelice dos outros. Ainda mais quando ela gesticulava com as mãos e assoprava a franja de nervosismo. Mas ainda assim, continuava linda e adorável.

Difícil era para enfiar na minha cabeça que a qualquer momento ela poderia tirar sua foice de sombras e me amputar um membro se eu a provocasse demais.

Mas era por aquele motivo que eu amava Selene. Ela era ingênua e ao mesmo tempo, ousada.

– Me desculpe se não reagi bem ao seu fora - cuspi as palavras antes que me desse conta.

A compreensão tomou conta do olhar dela e eu quase revirei os olhos. Sério, Selene? Sério que você não tinha percebido?

– Aquilo não foi um fora, na verdade - ela disse mordendo o lábio inferior e escolhendo bem as palavras.

Ótimo. Yukina havia mandado ela tomar cuidado com o que dizia. Porque sem essa advertência, Selene estaria dizendo tudo o que estivesse em sua mente.

– Não? - perguntei franzindo o cenho - me pareceu um perfeito fora.

Ela suspirou.

– Você me ama? - perguntei o que assombrava minha mente.

Na verdade, era a resposta que me assombrava.

– Claro que sim - ela respondeu como se fosse óbvio, dando um soco no chão.

– Então porque age como se não amasse? - perguntei exasperado.

Selene me encarou, incrédula.

– Você acha que porque te amo, conquistaria o mundo se você mandasse - ela explicou num muxoxo - isso é detestável, me faz ter vontade de furar seu olho com as unhas.

– Então o problema é esse? Eu querer mandar em você? - perguntei ansioso.

– Não - ela respondeu me deixando ainda mais confuso.

Balancei a cabeça, tentando organizar tudo o que ela me dissera. Meio difícil.

– Me conquiste - ela disse depois de minutos de silêncio.

– Mas você já me ama - eu disse dando de ombros.

– Eu te amo porque sou idiota o suficiente pra me apaixonar pelo seu sorriso e cada gesto seu - ela divagou - mas você nunca fez nada de fato para merecer meu sentimento.

Franzi o cenho.

– Selene, eu não entendo sentimentos humanos - expliquei sendo direto.

Ela arqueou uma sobrancelha.

– Amor não é um sentimento humano - murmurou se levantando.

Ótimo. Ela estava ofendida.

– Selene, é sim - teimei - é um sentimento que nós, imortais, só adquirimos quando passamos tempo demais com humanos.

– Está me dizendo que se eu tivesse ficado com minha mãe, seria Solara - ela rangeu os dentes - não me chame de imortal de novo.

Sua pele tremulou, como se a raiva fosse um gatilho para sua transformação. Ela se transformava facil demais, mas era boa em controlar.

Passei o dedo em seu braço, acompanhando o brilho prateado que sumia enquanto ela se acalmava. A lua a deixava ainda mais linda, se é que aquilo era possível.

– Selene - sussurrei com a voz rouca - às vezes você é tão humana que não sei como agir perto de você.

Ela continuou em silêncio.

Suspirei e a puxei para um abraço. Abraço que ela pareceu gostar, porque aceitou de bom grado. Até suspirou, o que me ocasionou um sorriso bobo.

– Está bem - eu disse por fim - vou conquistar você, e não reclame quando estiver caidinha por mim.

Beijei o topo da cabeça dela e senti seu corpo tremer numa risada sem som.

– Acho que devo dizer que Liam e Seth mencionaram algo sobre uma guerra que os dois declararam contra você - ela disse ainda rindo.

Fiquei tenso. Eles fizeram o quê?

Selene ergueu a cabeça para encontrar o meu olhar.

– Deve ser algum tipo de brincadeira - ela tentou me confortar.

Eu sabia exatamente do que eles estavam falando. Não era uma brincadeira e aquilo seria uma droga, já estava até prevendo. Mas sorri para acalmar as preocupações de Selene.

– Não se preocupe, eles não vão me atrapalhar no desafio de fazer você me amar mais ainda - eu disse piscando.

Ela revirou os olhos e uma centelha de irritação passou por eles. Mas foi substituído por um sorriso e algo a mais. Esse algo fez toda a diferença.

– Eu amo você - murmurei baixo demais para que ela escutasse.

– Vem, manhoso - ela disse se levantando e saindo do meu abraço - vamos pra casa.

Um rosnado de frustração saiu da minha garganta antes que eu pudesse contê-lo. Por que ela insistia em se afastar sempre que nos aproximávamos? E lá no fundo, eu estava frustrado por ela não ter ouvido o que eu disse. Ela era uma elfa, céus! Deveria ter ouvido.

“Vamos pra casa”. O fato de ela se referir à minha casa como “nossa” me rendeu o que os humanos chamavam de “borboletas no estômago”.

Não haviam mais dúvidas ou hesitação quanto à minha decisão de conquistar Selene. Eu passaria por cima até mesmo de Seth (principalmente de Seth) para ficar para sempre ao lado dela. Mesmo que no final ela não me quisesse mais.

Selene era meu maior tesouro.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pelos erros de digitação. Escrever em casa é difícil quando as pessoas bailam atras de você no pc para saber o que está fazendo... Se é que me entendem hahah!