Zoe chegou ao colégio e teve uma enorme decepção em menos de um minuto.
Ela olhou para Luke e antes que ela pudesse sorrir ou acenar, o loiro virou a cabeça para o outro lado. Zoe revirou os olhos.
–Bom dia Zoe. –Rebekah começou a andar ao seu lado.
–Só se for para você. –Respondeu.
–Nossa! –Rebekah poderia ter levantado as mãos em rendição, mas estava segurando muitas coisas.
–Desculpa, eu só estou frustrada. –Suspirou.
–E o que te deixou assim? –Perguntou enquanto abria o armário.
–Era uma vez uma garota e um garoto, eles eram amigos quando crianças, mas ela foi embora. –Pausou. –Depois de anos ela volta, mas eles não se dão mais tão bem, porque ele virou um idiota egocêntrico e ela uma chata, mas ele a ajuda e faz coisas fofas, só que no outro dia ele age como se fosse o mesmo idiota de sempre. –Estava vermelha. –Por que ele tem que ser tão idiota com ela? -Gritou chamando atenção de algumas pessoas do corredor, inclusive Luke.
–Calminha. –Rebekah estava assustada.
–Ainda está de pé o convite para te ajudar no jornal? –Perguntou.
–É claro que sim. –Sorriu largamente.
–Você vai publicar o que eu escrever? –Rebekah assentiu. –Sem editar?
–Se não tiver erros ortográficos graves. –Sorriu.
–Vou começar a escrever na aula de educação física. –Disse. –Te vejo depois? –Perguntou.
–Temos essa aula juntas, mas nos vemos depois. Vou para a sala que usamos como redação. –Abraçou Zoe de lado e saiu andando.

Zoe sentou-se na arquibancada, pegou o caderno e a caneta e começou a observar a quadra. Jogares de basquete jogavam a bola uns para os outros, o treinador gritava como louco e as líderes de torcida brincavam com os pompons.
Ela começou a escrever, o título dizia “Quem é você?”. Meia hora depois e cinco folhas amassadas, finalmente estava pronto. Zoe correu para a redação e entregou o papel para Rebekah.
–Bekah desculpe o atraso, o treinador ainda não aceitou a ideia de eu gostar de escrever, ele é... –Anthony parou de falar quando viu Zoe.
–Zoe escreveu um texto, leia e diga se podemos postar. –Rebekah entregou o papel.
Anthony leu o texto e no fundo, mesmo contrariado, sabia que o que ela havia escrito era verdade.
–Vou colocar para copiar. –Virou-se.
–Você ficou chateado? –Zoe perguntou.
–É normal, mas sei que você está certa. –Voltou e caminhou até Zoe. –Anthony, mas a Bekah me chama de Tom. –Sorriu para ela.
–Você vai falar comigo agora e depois fingir que eu não existo? –Zoe questionou com a sobrancelha arqueada.
–Possivelmente. –Foi sincero.
–Agradeço a sinceridade, Tom. –Sorriu e ele retribuiu.
Meia hora depois ele já havia pedido para distribuírem o jornal pelo colégio. As maiorias dos alunos, novatos e veteranos, estavam lendo aquelas palavras.
Ethan entregou o jornal para Luke que começou a ler.

“Quem é você?
Estamos condenados á viver entre populares, não populares, excluídos e alunos que são denominados como “Suicídio social”.
Vivemos em um mundo de exclusão e falsidade.
Eles, os populares, nos fazem pensar que somos menos que eles, mas na verdade somos todos iguais, apenas temos uma diferença. Somos de verdade.
Quero falar com os garotos, sabem aquelas caras que jogam basquete?! Eles não passam de bonecos Ken vestidos de atletas. Todos manipuláveis.
Experimentem passar cinco minutos com um deles fora do colégio, eles são humanos e ás vezes até são legais, mas quando entram aqui viram idiotas. Eles acham que são legais, mas são um bando de idiotas.
Vocês têm que parar de desejar ser como eles, sejam vocês mesmos. Apenas seja você, com todos os defeitos e todas as qualidades.
Sabe quando você vê uma pessoa no colégio e essa pessoa é um idiota? Mas depois você vê aquela pessoa fora do colégio e ela parece ser um idiota legal e aí você pensa “Amanhã as coisas vão ser diferentes”, mas quando você chega... Percebe que estava enganado. Nada nunca muda. Aquela pessoa não muda e nunca mudará.
Agora eu quero dar um recado á alguém. Você sabe que é você, então, por favor, não finja que não sabe.
Quando você se tornou essa pessoa complicada? Quando você virou outra pessoa?
Agora todos vocês perguntem á si mesmos... Quem eu sou?
Zoe Perri. ”

Luke apertou o papel entre os dedos e saiu andando sem dizer nada á ninguém.
–Quem você pensa que é? –Jogou o jornal na mesa dela na redação.
Estavam os dois, Rebekah e Anthony.
–Zoe Perri, uma escritora sem papas na língua. –Levantou apoiando o peso do corpo na mesa.
–E eu sou exatamente a pessoa que você está vendo. –Disse arqueando a sobrancelha.
–Qual delas? Esse cara idiota que está gritando comigo ou o cara que foi comigo buscar o meu pai no bar e que ficou comigo até eu dormir e me deu um beijo de boa noite? –Os olhos estavam levemente marejados.
–Talvez ambos. –Abaixou a guarda.
–Eu estou extremamente decepcionada com você Mills. –Engoliu á seco.
–Guarde para você. –Virou-se para sair.
–Acho que agora você entendeu o real motivo de eu te odiar. –Disse.
Luke virou-se de frente á ela e sorriu de canto sarcasticamente.
–Idiota! –Zoe gritou e jogou um livro na barriga de Luke.
–Supere. –Luke saiu.

Ethan deu dois tapinhas no ombro do amigo.
–Essa garota é fora do comum. –Luke reclamou.
–Você tá afim dela? –Ethan ergueu a sobrancelha.
–Ela não é o tipo de garota para ficar afim. –Cerrou o punho.
–Hey. –Anthony alcançou os dois. –Cara, você deixou a Zoe uma fera. –Riu.
–Ela é uma fera e eu sei, depois eu vou a casa dela e explico as coisas como elas são. –Disse.
–Fale agora. –Ethan pronunciou-se.
–Está maluco? –Encarou o amigo.
–Depois eu encontro vocês. –Ethan voltou para trás.
Zoe estava saindo da redação, as mãos cheias de papéis e ela tentava encaixar a chave na fechadura.
–Deixa eu te ajudar. –Ethan pegou a chave e trancou a porta.
–Obrigada. –Agradeceu.
–Você está bem? –Perguntou.
–Você não deveria estar falando comigo. –Disse.
–Acho que você está certa, nós não deveríamos ser tão ruins. –Engoliu á seco.
–Te vejo por aí. –Pegou a chave de volta e começou a andar.
Luke olhava aquilo com uma pontada de ciúmes, não podia ser real, Ethan não podia estar querendo competir com ele como se Zoe fosse apenas um troféu.
+ + +

O relógio marcava quinze e dez da tarde quando certo loiro bateu na porta de Zoe.
–Oi. –Luke disse ao encarar a garota.
–O que você está fazendo aqui? –Zoe colocou a mão na cintura.
–Achei que fosse óbvio.
–Se eu soubesse que era você, eu não teria aberto a porta. –Arqueou a sobrancelha.
–Você sabia que era eu. –Disse.
–Como eu saberia?
–Olho mágico na porta. –Disse como se fosse óbvio.
–Ter um olho mágico na porta não quer dizer que eu tenha que olhar nele. –Colocou uma mecha do cabelo detrás da orelha.
–Preciso falar com você. –Disse sério.
Zoe deu espaço para o rapaz entrar, mas ele não o fez.
–Acho que essa conversa será melhor se for em um lugar que eu me sinta bem. Vem comigo? –Esticou a mão.
–Eu sigo você. –Recusou-se pegar na mão dele.
Zoe fechou a porta atrás de si e seguiu Luke até o outro lado da rua, ele a levou até o quintal.
–A sua casa da árvore. –Zoe sorriu de canto.
Luke sorriu para ela, subiu e ajudou-a á subir também. Os dois sentaram com as pernas suspensas e apoiadas em uma galha da árvore que ele e seu pai haviam feito como uma cerca.
–Primeiro quero pedir de desculpas por ter gritado com você. –Disse e Zoe assentiu. –Eu quero entenda que eu me esforcei muito para ser o líder deles, eu não posso simplesmente quebrar as nossas regras e falar com a novata que é o protótipo de jornalista. –Disse.
–Nossa. –Zoe olhou para o loiro.
–As coisas são difíceis para mim, eu nunca pensei que você fosse voltar. Quer dizer, até uns três anos atrás eu achava que você voltaria, e quando eu perdi as esperanças você voltou. –Meneou a cabeça.
–E desde quando eu sou tão importante para você? –Fixou o olhar nas unhas.
–Desde quando éramos melhores amigos. –Respondeu.
–Acho que as coisas não podem mais ser como antes. –Abaixou a cabeça.
–Concordo, somos diferentes demais. –Luke procurou o olhar de Zoe, mas a garota já estava de pé.
–Tchau. –Desceu a escadinha.
–Você ainda me odeia? –Perguntou.
–Seria melhor se odiasse. –Saiu caminhando com os braços cruzados.
Zoe entrou em sua casa e subiu para o sótão, de lá dava uma visão perfeita da casa dos Mills.
Luke ainda estava na casa da árvore, mas não segurava mais uma bola de basquete, mas um caderno.