A viagem foi simplesmente ótima. Tirando a parte que, durante metade dela, foi chorando. O Will era o namorado que eu havia pedido a Deus. Não sei se mereço tanto ele. Sério, eu queria ter ficando em Nova Iorque e tentar outra profissão. Dona de casa seria melhor do que estar aqui, sozinha. Mas, não tinha como voltar atrás. Vou conseguir me adaptar.

Uma semana depois de eu estar lá, já me sentia exausta. As aulas já tinham começado a todo vapor: trabalhos, atividades, testes, trabalhos. Quase não tinha tempo de respirar. Porém, no meu oitavo dia na França, recebi uma carta. Era. Do. Will. Quando abri, prendi a respiração, meus olhos marejaram. Comecei a ler:

“Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria.

–Carta de São Paulo aos Coríntios.

Hazel, meu anjo, já estou com saudades de você. Você mal saiu de meu alcance e meu coração apertou. Não paro de pensar um segundo em você. Ah, e se você estiver se perguntando o por quê da carta, faço questão de te explicar. Minha “bondosa” madrasta o pegou por eu ter sido momentaneamente infantil. Argh!

Não falei com você pelo whats antes disso, porque, digamos que eu não estava com cabeça para isso. Não sei se você sabe, mas meu maior tesouro da minha vida não está mais aqui. Minha mãe sempre foi a melhor parte de mim, que agora não está mais comigo. Meu chão simplesmente se partiu , Hazel. E sem você aqui, piorou ainda mais. Ninguém me ouvia, ninguém me consolava. Nunca precisei tanto de você. Mas sabe, não preciso preocupar você. Estou bem agora. Apesar de ainda te querer aqui.

Quando você estiver lendo isso, provavelmente já estarei em solo brasileiro. Sempre que penso lá, penso em você. Imagina um dia você e eu lá, contemplando as praias do Rio de Janeiro, comendo um acarajé da Bahia, ou experimentando o frio intenso do Rio Grande do Sul... Seria ótimo. Claro que, se eu fosse em um campo de guerra com você, seria bom. Onde eu for, se estiver com você, estarei bem.

Não sou muito bom escritor, mas sei escrever um Eu te amo bem escrito. Já fui na França várias vezes e, acredite, me lembro muito bem da cidade romântica. Se Deus permitir, estarei aí nas férias.

Eu te amo, Hazel. Do sempre para sempre. Eternamente. Até os fins das nossas incrivelmente sofridas vidas. Sinto saudades de você. E não são poucas.”

Com os olhos cheios de lágrimas, minha visão estava embaraçada. Mas consegui decifrar as últimas palavras: “Je t'aime” ♥

Will era o menino, ou melhor, o homem, mais romântico que eu conhecia. Fui olhar meu whats bem rápido, pra ver se ele já recuperara o celular. Não só havia recuperado, como já havia mando uma mensagem.

“Gostou? :D”- havia me perguntado.

“Sim. Se eu escrever as palavras erradas, espero que me desculpe. As lágrimas me impedem de enxergar direito” -respondi.

“Devo dizer: Own? KKKKK sabia que você iria gostar.” –respondeu. Não deixei de sorrir.

“Deve não. Tem que dizer Own.”

“Own!” –respondeu.

“Como estão as coisas aí, no Brasil?”

“Estão bem... E aí na França?”

“Tirando a parte que estou com saudades e que tem muitos trabalhos, estou bem.”

“Você e seu humor :’D”

“Você e seu jeito perfeito (:”

Ele demorou mais a responder. Estava digitando á mais ou menos vinte minutos. Quando, por fim, respondeu, foi quase um texto.

“Olha Hazel, sei que vai ser difícil este tempo todo a gente separado, mas temos que conseguir. Ás vezes penso naquilo que você me disse no Central Park, e fico triste. Mas sei que você mudou de ideia, pelo menos acho. Mas você sabe que não desistirei nem tão fácil. Sou ótimo em otimismo. I love tu ♥”

“Sim, eu mudei de ideia. Naquela hora, não sei nem o que me passou pela cabeça. Sou impulsiva demais, me desculpe. I love tu too ♥”

Passamos o resto do dia colocando os assuntos em dia. Já eram umas seis horas quando demos “thau”. O que me deixou mais feliz foi que ele disse que viria me visitar nas férias. Tomara que este tempo passe rápido.

Faz, aproximadamente, 4 anos que estou na França. O tempo passou muito rápido. Parece que foi ontem que eu comecei a faculdade de engenharia. Mas hoje já vai ser minha formatura. Todos estes anos foi incrivelmente extraordinário aqui. A saudade apertava, de vez em quando. Quase não tinha tempo para pensar direito.

Will? Ah, sim. Ele veio me visitar todos estes anos. Nas férias ou eu ia para Nova Iorque, ou ele vinha para cá. Nosso namoro continua firme e forte.

Meus pais estão super orgulhosos de mim, além de ter mais felicidade lá. Meu irmão nasceu com muita saúde. Colocaram o nome dele de Raphael. Tem os mesmos olhos verdes que os meus. Todos eles virão para minha formatura, que ocorrerá daqui a exatamente... AHHHH... Daqui á três horas! Eles disseram que só querem me ver na formatura, portanto não estão comigo. Coloquei este vestido:

http://www.hiperativo.com/wp-content/uploads/2012/08/Vestido-Azul-escuro.jpg

P.S.: Ignore a modelo, tenho cabelos pretos e olhos verdes.

Então, cacheei meus cabelos nas pontas e coloquei uma boa maquiagem. Um saltinho preto e pronto! Estava pronta.

Peguei um táxi e fui. Chegando lá, o salão estava super lotado. Entrei no camarim e lá fiquei, até que chamaram meu nome.

–Hazel Valdez McLean. –o organizador de eventos falou.

Toda me tremendo, fui até o palco. De lá avistei meus pais, Will e meu mais novo irmão! Todos acenavam e sorriam para mim, me dando força. Eles esperavam algo de mim. Foi aí que eu percebi que estava com um microfone na mão.

–Boa noite á todos. –desembrulhei um papel com meu discurso. Minhas mãos tremiam. Naquele momento, achei estúpido ler em um papel. O joguei fora e todos riram. –Acho que não preciso dele. –falei e todos riram novamente. –Bem, primeiramente, quero agradecer ao meu Deus por ter me auxiliado na minha caminhada. Por segundo, agradecer aos meus pais por sempre terem me apoiado, a cada decisão minha. Por terceiro, á meus amigos, em especial, William Marcus Grace, que se tornou mais que um amigo para mim. Ele sempre me apoiou e sempre esteve comigo. –fiz uma pausa, enquanto todos aplaudiam. Will soltou um sorriso de orelha á orelha. –E por último, e não menos importante, á todos os meus professores, que me fizeram esta pessoa que fala com vocês hoje. Obrigada á todos! Sei que ainda tem muito chão pra eu caminhar, e muitas pedras pra eu tirar do caminho. Mas sei que conseguirei e deixarei á todos orgulhosos. Não desistirei fácil. Obrigada.

Todos aplaudiram de pé meu discurso. Minha mãe e meu pai choravam. Will segurava meu irmão nos braços e sorria, mas pude ver uma lágrima escorrendo de seu olho esquerdo. Eu tinha deixado eles orgulhosos.

Quando a festa começou a rolar, fui até a mesa dos meus pais, onde me receberam com abraços e elogios.

–Minha filha! Foi o melhor discurso da noite! Estou tão orgulhoso de você! –meu pai falou enquanto me abraçava.

Minha mãe chorava, e me abraçou tão apertado que quase que meus olhos saltavam das órbitas.

–Eu sabia Hazel. Sabia que você conseguiria.-falou.

–Claro que sim, mamãe. Afinal, sou uma Valdez McLean. Não podia ser diferente. –falei e sorrimos.

Will ainda segurava meu irmão nos braços. Fui até ele e peguei Raphael, que gargalhou. Entreguei-o a minha mãe e corri para Will. Ele me abraçou forte.

–Estou orgulhoso de você. Minha namorada é oficialmente uma engenheira! –falou.

–E o meu namorado?

–Oficialmente administrador das empresas Grace!

O abracei beeem forte e o beijei na bochecha. Não queria chamar atenção. Sentamos e passamos o resto da noite comendo, bebendo, brincando e sorrindo.

Já se passaram 1 semana desde minha formatura. Estou terminando de arrumar minhas malas para voltar para Nova Iorque. Meu pai conseguiu um emprego para mim, como engenheira oficial da prefeitura de Nova Iorque. Mas não sei se é isso o que eu quero para mim. Aceitei como forma de agradecer ao meu pai.

Will já voltou para lá. Teve que organizar coisas da empresa. Se encontraremos lá hoje mesmo.

–Um brinde á nossa engenheira! –gritou meu pai no jantar, e todos levantaram as taças.

Estar em Nova Iorque era bom, e estar em um jantar cheio de amigos e familiares em Nova Iorque, era ainda melhor. Meus antigos amigos estavam lá: desde Chloe e Malu, até July e Brandon. Will estava com seu pai e seu irmão (a madrasta havia fugido com outro cara).

Foi um dos melhores dias da minha vida. Sinceramente, dentre todos, este foi o melhor. Todos felizes, brindando a felicidade. Meus amigos formados, meus pais orgulhosos, e eu transbordando felicidade. Ah sim. O jantar foi na minha casa. Foi apertadinho, mas foi bom. Meus amigos começaram a ir embora. Só estavam na minha casa agora: eu, Will, mamãe, papai, Raphael, o sr. Grace e o irmão do Will. Os adultos estavam conversando, enquanto que o meu irmão e o do Will estavam no quarto brincando.

Eu e Will fomos para o jardim e lá nos deitamos, olhando as estrelas.

–Dia longo, hein? –falei sorrindo.

–Muito longo. E olhe que metade dele para você foi viajando. –falou Will.

–E você na empresa trabalhando... É, meu dia foi melhor que o seu.

–Ou não. –disse ele sorrindo. Houve um tempo que passamos em silêncio.

–Ou não o quê? –perguntei.

–Pode ser que eu não tenha passado o dia na empresa.

–E passou onde? –perguntei, me virando para ele.

Will se levantou, e eu me levantei atrás dele.

–Volte covarde! –falei e o puxei. Mas ele era firme. Estava se abaixando para pegar alguma coisa. Se abaixando disse eu? Ele estava se ajoelhando. Então eu já sabia o que ele ia fazer.

–Hazel Valdez McLean, quer se casar comigo? –disse ao tirar um anel do bolso.

Foi um momento de choque para mim. Não sabia se ria ou se chorava. Mas os dois vieram e eu fiquei parecendo uma hiena chorona. As palavras não saíam. Minhas mãos tremiam. Eu não sabia o que dizer, falar, pensar. Mas ele ficou meio sem jeito com o meu jeito. O sorriso estava ficando sem graça. Mas aí, as palavras começaram a sair.

–Will eu não posso... –comecei a dizer.

Ele se levantou em um pulo.

–Não, tudo bem. Foi tudo muito de repente. Só que eu pensei que... Depois de 5 anos e tudo mais... –ele falou, mas eu o interrompi.

–Eu não posso dizer não a você! –falei e o abracei. Ele pareceu momentaneamente surpreso. Mas depois, a surpresa deu lugar á alegria. Nós começamos a rir histericamente. Nossos pais, preocupados com o que estava acontecendo, correram para o jardim.

–O que aconteceu? –perguntou minha mãe.

–Será que a família está preparada para um casamento? –perguntei.