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O garoto Frost, quando saiu do portal, acabou dando duas cambalhotas no chão antes de, enfim, parar. Aparentemente, o movimento do portal o fez perder o senso de direção e acabou trazendo o jovem de uma forma um tanto quanto cômica.

Todos olharam para aquele que havia acabado de chegar, e North correu para ajudar o amigo que tentava se levantar, ainda um tanto zonzo.

– Tudo okay aí, Jack? Até parece que foi atropelado, de tão desorientado que está. – disse, batendo nas costas do garoto, que tirava a poeira que se acumulou em sua roupa.

– Não acostumei com o movimento do portal mágico, só isso. – Jack dizia, em um tom brincalhão.

– Jack! – Tooth correu até Jack e o abraçou. – Você chegou, são e salvo. – o guardião retribuiu timidamente o abraço de Tooth, mostrando gratidão pela preocupação da amiga.

Logo, o rapaz de cabelos esbranquiçados começou, instintivamente, a procurar a rainha do gelo, Elsa, que estava sentada ao lado da irmã, com um olhar pesado e até um tanto séria, mas, quando viu o guardião, logo se levantou, deixando um sorriso se formar em seu rosto. Ela quis correr até os braços do rapaz, se jogar neles e mostrar a Jack como estava feliz pela volta dele, mas não o fez, e se conteve apenas com um sorriso meigo e gentil. Não poderia deixar transparecer seus sentimentos assim, e embora não fossem mais demonstrados tanto através do gelo, ela ainda se reprimia, temendo decepções e frustrações. Embora fosse também o jeito de Elsa, fora criada para ser uma rainha, e não se deixaria levar por isso, não saltaria nos braços de um rapaz, como Anna provavelmente faria. Manteve-se serena, suspirou fundo e voltou a olhar para o garoto, esperando que ele começasse a falar sobre o que havia acontecido.

– E então, Jack, sabe como salvar minha irmã? – Elsa voltou a si, e disse posteriormente.

– Sim, eu conversei com Night e ele me contou como salvá-la.

– Isso é maravilhoso! Vamos acordar a Anna e finalmente poderemos voltar para casa! – o boneco de neve disse antes de todos, deixando sua alegria e espontaneidade à mostra.

Ombric estava olhando toda a cena e decidiu tomar a palavra:
– Jack, não aconteceu nada estranho enquanto você estava lá?

– Bom, fora eu ter sido hipnotizado por uma mulher, ser arrastado floresta à dentro e quase virar uma pedra, não.

– Eu sabia que ela iria confundi-lo com ele.

Jack cerrou os olhos, procurando entender o que estava se passando ali.

– Quando você foi embora, Jack, uma sombra saltou atrás de você, e achávamos que ela iria pôr em alerta os guardiões da floresta. – Tooth explicava.

– E acabou colocando mesmo. – Bunny completa.

Jack fez uma pausa; ele se lembrou de que, quando estava na floresta, viu um vulto correr em meio aos arbustos e, até agora, para ele, aquele vulto era da donzela, mas com essa nova perspectiva, ele estava com um novo pensamento, até mais lógico, em sua mente.

– Mas ainda bem que o nosso garoto não é fácil de derrotar. – North deu um tapa nas costas de Jack, que o empurrou alguns passos para frente.

– Então, o que está esperando? Conta logo o que precisamos fazer. – Bunny pressiona e Sandman concorda, balançando a cabeça positivamente.

– Bom, basicamente o amor irá salvá-la. Night me disse que o namorado da Anna tem que beijar ela, para despertá-la do mundo dos pesadelos.

– É só isso? Tem certeza Jack? – Tooth batia as asas apressadamente.

– Foi o que ele fez, ele beijou a Katherine, virou humano e eles viveram juntos.

– Agora que você está dizendo, eu me lembro de que o Night virou mesmo humano, só não tinha entendido muito bem como ele havia feito aquilo. Então foi isso, quando despertou Kathe, ele perdeu a imortalidade.

– É, foi isso. – Jack concordou, se jogando na poltrona, dando um longo suspiro.

– Então o que está esperando, Kristoff? Vai lá e acorde a Anna! – Olaf disse, dando um pulo e empurrando o amigo para perto da garota.

– Agora? Quero dizer, na frente de todo mundo? – Kristoff deu uma coçadinha no queixo, meio constrangido.

– Kristoff, por favor, por Anna. – Elsa pedia com calma, segurando a mão do rapaz, que não pôde negar o pedido de sua rainha, e assentiu, concordando em acabar logo com esse pesadelo e despertar Anna.

– Hey hey, espere! – Jack fez uma pausa, se lembrando das palavras do ex-guerreiro. – Night disse que você deveria tomar cuidado, ele disse “todos os pesadelos irão se voltar contra você”, você não pode hesitar, mesmo que por um segundo, caso contrário eles irão ataca-lo e eu não sei o que vai acontecer.

Kristoff ficou tenso, seus músculos travaram e ele começou a suar frio. Não apenas a vida de Anna corria risco agora, mas a de todos, inclusive de seu melhor amigo, Sven; todos estavam nas mãos dele. Não poderia hesitar, não poderia ter medo, não deixaria o medo dominá-lo, estava determinado a não pôr mais em risco a vida daquela garota. Iria protege-la, definitivamente, ele iria protege-la.

Ele se abaixou e segurou forte a mão da princesa, e lentamente começou a dirigir seus lábios em direção aos dela. Ela parecia estar esperando por eles, esperando por ele. Suspirou fundo, e a cada centímetro mais perto dela, mais sentia um peso sobre si. Estavam muito próximos, mais um avanço e ele tocaria os lábios dela. Kristoff estava determinado, não havia nada que o fizesse sentir medo agora. Com uma das mãos sobre o rosto rosado de Anna, ele foi finalmente tocá-la, porém, exatamente na hora que ele abriu os olhos, e olhou para Sven, a rena, que estava bem à sua frente, um súbito medo tomou conta do seu coração, um medo que não estava ali antes. Kristoff havia hesitado. Foi então que ele sentiu a pele de anna gelar instantaneamente.

Ele caiu para trás, sentado, estático com o que havia sentido; só havia sentido a pele da garota fria assim uma vez, e agora, não era culpa de Elsa.

– Não... – ele se levantou o mais rápido que pôde, ainda transtornado, e correu até Anna, segurando a mão dela. – Eu... Eu falhei? Como... Como eu falhei? – o garoto estava perplexo, em choque, não sabia o que fazer.

O desespero tomou conta de si, quando viu os cabelos de Anna ficarem negros, e todo seu vestido tomar a mesma cor. Logo, uma espécie de tornado feito de sombras começou a girar em torno de Anna, fazendo Elsa entrar em desespero, tentando socorrer a irmã. Elsa tenta ir até ela, mas é impedida por Jack, que segura a rainha em seus braços.

– Anna... Não, Anna! – o vento balançava os cabelos da loira, e o guardião se afastava lentamente, ainda abraçado com ela, tentando protege-la. Não sabia o que iria acontecer, apenas queria proteger sua preciosa Elsa.

Todos os guardiões haviam se afastado e retirado suas armas, quando o vento finalmente parou. O corpo de Anna parou sobre o chão, em pé, então todas as sombras saíram de seu corpo e ela caiu em sua forma normal. As sombras tomaram forma, revelando o vilão por trás de tudo aquilo: Black Pitch.

Pitch levantou a cabeça e deu um longo e prazeroso suspiro, começando a gargalhar incessantemente. Parecia ser uma cena nostálgica à ele, parecia ser extremamente divertido à ele brincar com os guardiões dessa forma.

– Boa tarde meus amigos, e visitantes. Passei aqui apenas para dizer um olá para meus velhos companheiros.

– Só mesmo um sujeito sujo como você usaria uma pobre garota indefesa para invadir minha vila. Você sabe que não é e nunca será bem vindo aqui! Agora saia da minha casa! – Ombric gritava para Pitch.

– Você ainda está vivo, velho? – Pitch dizia, sarcástico.

– Eu adoro vê-los juntos, parecem tão desesperados e horríveis... Especialmente você Jack, tentando proteger essa garota mortal. – Pitch, com suas mãos juntas, aponta o dedo indicador para Jack, que estava com o cajado apontado para o vilão, protegento Elsa com o outro braço livre.

– O que você quer aqui, Pitch? Já não causou confusão demais? – Tooth argumentava, e Sand concordava com a amiga, ficando próximo à ela para protege-la.

– Eu estou apenas começando a me divertir... – Pitch levantou os braços, e várias sombras começaram a surgir, não como cavalos, mas criaturas distorcidas e degeneradas; pareciam fantasmas de pessoas assombradas pelo mal, e desfiguradas pelas sombras.

As sombras fizeram Elsa estremecer nos braços de Jack, que sentiu a garota ficar tensa, e decidiu que iria fazer de tudo para espantar o medo da garota. Afinal, quem seria Jack Frost, guardião da diversão, se não pudesse dispersar o medo de uma garota? Seu cerne sempre o provou que ele era, de fato, o guardião que, mesmo com medo, faria as pessoas sorrirem.

Jack lançou uma rajada de gelo contra Pitch, que desviou e ordenou às sombras que atacassem Jack. Ele correu até a porta e saltou no vento, fazendo as sombras o seguirem. Pitch envolveu novamente o corpo de Anna nas sombras, e se desfez no meio das mesmas, seguindo Jack. O Frost correu até uma parte aberta, um terreno ainda dentro da vila, porém, não havia casas ali.

Ele pousou e começou a travar uma batalha contra as sombras. A cada investida delas, Jack lançava raios congelantes, na tentativa de dispersá-las de vez. Logo, todos os guardiões se juntaram a ele, incluindo Elsa, Ombric, Kristoff, Sven e Olaf.

Mais sombras apareceram, essas tinham forma de cavalos, e começaram a cercar Bunny e Tooth, que usavam suas armas contra eles, mas eles pareciam estar perdendo a briga, já que os cavalos os cercavam cada vez mais, correndo em volta deles, os fechando. Jack ainda tentou correr para ajuda-los, mas Bunny o impediu: - Continue Jack, nós damos conta! – o guardião da diversão ainda pensou duas vezes sobre a proposta do coelho, entretanto, não teve alternativa a não ser confiar no amigo.

North estava com as duas espadas empunhadas, e desferia golpes contra as sombras e os cavalos que o cercavam e o empurravam para perto de Bunny e Tooth, até que ele foi obrigado a entrar no “círculo” feito pelos cavalos. Assim, só estava Elsa, Jack e Sand batalhando. Já que os pesadelos não pareciam mostrar interesse em Kristoff, Sven e Olaf, apenas Ombric ainda levava alguns golpes. Eles pareciam estar sedentos pelo sangue da rainha; a rondavam e avançavam com tudo para cima da garota, que os congelava.

Pitch ria, gargalhava como se fosse o show mais divertido de sua vida. Jack avança contra o inimigo, lançando sua magia contra o rei dos pesadelos, que rebate a magia do guardião com a sua própria, e os dois entram em conflito. Jack corria em volta de Pitch, para desviar dos golpes, enquanto lançava mais rajadas de gelo, que congelavam os ataques de Pitch. Ambos estavam equiparados, no mesmo nível. Jack tentava pensar em um jeito de terminar logo com aquilo.

Quando os guardiões finalmente conseguiram se libertar, Pitch avançou seus pesadelos contra Elsa, que foi ajudada por Sand, que a segurou pela mão e a colocou em sua areia do sono, e disparou em direção ao céu. De um lado, Sandman usava seu chicote para transformar os pesadelos em sonhos, e do outro, Elsa congelava os pesadelos que vinham contra ambos.

Pitch usou a areia negra que o cercava e lançou-a toda contra Jack, que se abaixou em defesa, porém, a areia apenas o cercou, apenas o envolveu. Naquele momento o guardião se tocou:

– Uma distração... ! – ele jogou toda a areia em sua volta para longe, e pôde ver no céu Sand e Elsa batalhando lado a lado, e viu Pitch se aproximando. Aquela cena, ele já havia visto uma vez. Uma vez que ele quase matou seu amigo Sandman, e iria lançar uma flecha negra contra Elsa. Não, não deixaria isso acontecer, não novamente. O guardião usou toda sua força em um impulso muito forte, e cortou o vento mais rápido que pôde, seus olhos quase não se abriam, devido à velocidade que ele tomava, indo contra toda barreira, força e pressão que o tentasse impedir. A determinação do guardião em salvá-la era maior.

Sandman notou as intenções de Pitch e empurrou Elsa para trás de si, tomando o lugar dela e lançando uma flecha contra a de Pitch; as duas se batem de frente e se desfazem. Sandman deu um sorriso de lado, achando que havia finalmente derrotado o inimigo, quando outro Pitch, todo negro, feito de sombras, estava bem à frente de Elsa, exatamente onde Sandman estava. Quando o guardião dos sonhos notou que ele havia sido pego em uma armadilha, era tarde, o outro Pitch já havia lançado a sua flecha, e em câmera lenta era como ela parecia vir contra a rainha. Porém, antes que ela acertasse Elsa, Jack tomou a garota em seus braços e voou com ela para cima.

Sandman vibrou de alegria, enquanto o amigo voava com a rainha à salvo, para longe de Pitch. Eles pousaram no chão e todos os pesadelos se desfizeram, sobrando apenas Pitch, que apesar da evidente derrota, não perdia o sorriso sarcástico estampado em seu rosto.

– Acabou, Pitch, você não vai mais machucar ninguém aqui, nós te derrotamos. – Bunny dizia, todo confiante, com um sorriso no rosto.

– Esse coelhinho tem uma confiança incrível. – ele cruzou os braços na frente do peito, negando com o dedo indicador. – Acha mesmo que isso não estava em meus planos? Que eu iria perder? – a confiança dele parecia lhe dar mais forças ainda. Pitch parecia brincar com a cara dos guardiões, que já estavam furiosos com seus joguinhos. Ele olhou para Jack, e o guardião estava estático; seus olhos, vidrados em Pitch, logo viram o chão, quando o mesmo caiu de joelhos com a mão no peito.

Elsa abaixou-se para tentar ajudar o amigo. – Jack? Jack, o que está acontecendo? – tudo que ela recebeu de resposta foi um olhar temeroso e cheio de dor vindo de Frost, que resmoneava alguns sons de dor. Em suas costas, a jaqueta azul do garoto começou a tomar um tom negro, que foi se espalhando, até chegar em suas calças marrons, que também começaram a ficar negras. Jack se levantou com a mão no peito, olhando fixamente para Pitch, que ria em elação.

– Não adianta lutar contra o medo, Jack, ele sempre esteve dentro de você. Deixe-o sair, deixe-o pintar seu destino de um tom mais sombrio. Vamos Jack!

O fiel cajado do Frost, que sempre estava ao seu lado em todos os momentos, foi ao chão. Jack colocou as duas mãos contra a garganta, enquanto todo aquele negro parecia querer subir ainda mais, e tingi-lo por inteiro, até que ele parou de resistir, e fechou os olhos, assim como Sandman, e as sombras o cobriram por completo. Uma esfera negra, isso era Jack, ou o que ele havia se tornado naquele momento. Todos os guardiões estavam pasmos, e Sandman estava boquiaberto; ele balançava a cabeça negativamente, provavelmente sentindo junto com o amigo aquela dor que ele próprio já havia sentido. Elsa estava em choque, não conseguia nem ao menos se mexer, suas pernas haviam travado no lugar, e ela só conseguia olhar para a esfera que Jack havia se tornado.

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