2 de março de 2013

Já era sábado, eu não havia ido para a escola desde o "incidente". É, Laura Cavell passou três dias chorando. Eu cansei de me lamenta, ainda tinha que terminar com o Lucas, e se possível esbofetear aquele rostinho.

Camille havia me procurado, Daniel também, mas eu não estava em condições de falar com alguém. A única pessoa com quem eu falava era meu irmão. Fazem três noites que ele vem no meu quarto com uma panela de brigadeiro, e a gente vira a noite conversando. Mas hoje isso acaba!

Mandei uma mensagem pra Lucas

“Hey, me encontre na cabana do parque 14:30, não pode se atrasar! beijinhos"

E uma mensagem pra Isabelle

"Oi migs, me encontra na cabana do parque 14:30! Sem atrasos "

E o barraco estava armado, agora era só esperar.

2 de março de 2013 – 14:30

Eu já estava no lugar marcado, só esperando os dois chegarem. Hoje o circo vai pegar fogo.

Alguns minutos depois uma garota loira entra na pequena cabana. Segundos depois entra Lucas, que nos olha surpreso. Quando ele fechou a porta comecei a falar.

– Que conveniente não? As duas pessoa em que eu mais confiava, me apunhalaram pelas costas, e juntas – lágrimas ameaçaram cair, mas eu fui mais forte – Vocês deviam cuidar mais quando forem trair alguém.

– Como assim Laura, você está insinuando que eu te traí? – Lucas tentou jogar a culpa pra mim.

– Para Lucas, eu vi! Não foi alguém que me contou. Vocês dois no jardim lá da escola. Tão fofos – falei sarcástica.

– Laura, por favor, me desculpa, eu não devia ter cedido aos encantos desse idiota! – Isabelle chorava. Cheguei perto dela, o máximo que pude.

– Doeu ver minha melhor amiga aos beijos com meu namorado. Uma amizade de 500 anos destruída por causa de um garoto. – acertei um tapa com toda minha força em sua face. Seu rosto ficara vermelho onde minha mão havia acertado.

– Você não passa de uma vadia! Uma qualquer! Você acha que esse babaca vai te ligar, e vocês vão viver felizes para sempre?! Acorda! No máximo ele te liga pra pedir mais uma foda. – outro tapa, mais forte. Puxei seu cabelo, e a fiz ficar de joelhos, e acertei mais um tapa em seu rosto.

Caminhei lentamente até Lucas, parei em frente a ele, seu olhar sobre mim. Ele era mais alto que eu, mas eu mudei isso rapidinho. Dei uma joelhada em seu "precioso". Ele caiu de joelhos gemendo.

– E você, seu babaca! Pega essa aliança, que você me fez usar, e enfia no buraco que você tem na bunda. – uma lágrima caiu. Droga. – Eu te amei tanto! E você jogou isso no lixo. Sempre me disseram que você dava mole pra outras garotas, mas eu nunca acreditei! – joguei a aliança de prata nele. Ouvi quando ela bateu no chão.

– Para Laura, você sabe que ainda me ama... – não o deixei terminar.

– Errado Lucas, eu te amava! Mas você me traiu! Sabe o que eu acho disso, mas o fez mesmo assim – dei um tapa na cara dele. – Quando você não conseguiu transar comigo foi procurar alguém que quisesse. – outro tapa. – E você aproveitou que essa garota estava afim de você – Isabelle me olhou surpresa – Eu sei que você está apaixonada por ele. Então querem saber? Se fodam muito juntos. E nunca mais me dirijam a palavra.

Saí da cabana e corri para casa. Fui direto para meu quarto e deixei que as lágrimas caíssem. Juan deitou comigo e me abraçou, ficou comigo até eu cair no sono.

4 de março de 2013 - 6:20

Acordei com o despertador tocando Back In Black – único jeito de me acordar. Não queria ir para a escola hoje, não queria ter que ver Lucas, ou Isabelle. Não queria ver ninguém. Já faltei muitos dias, meus pais não me deixariam faltar de novo. Então vamos lá. Fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal, e tomei um banho. Vesti-me com uma calça jeans justa, e um moletom do superman, all star, e tô pronta. Peguei minha mochila, meu celular e saí, sem comer nada, sem passar uma maquiagem sequer.

Meus pais não falam mais nada sobre minha falta de vontade de fazer as coisas, eles sabem que eu e Lucas terminamos, mas não sabem por que, e se depender de mim, nunca irão descobrir.

A YHS não ficava tão longe da minha casa, então fui andando, um pouco cansativo, mas nada que não desse pra aguentar.

Fui direto para a biblioteca, me sentei ao lado de certa garota ruiva.

– Bom dia Camille, eu posso sentar aqui do seu lado? – falei já sentada.

– Claro, se é o que você quer. – a garota corou. Meu Deus, é só isso que ela faz?

– Então, como está indo na maravilhosa Yvie High School? Já conheceu todos os lugares?

– Não, mas conheci o necessário para sobreviver. – ela riu, que risada fofa.

– E você tá lendo alguma coisa? –

– A maldição do tigre. É lindo, já estou no terceiro. São quatro ao todo, e eu sou completamente apaixonada pelo Ren, e o Kishan não fica atrás, mas... – ela colocou as mãos na boca me olhando – Desculpa, eu sempre falo mais do que devo quando o assunto é livro.

– Sei como é isso, eu sou igualzinha. – Camille me olhou assustada.

– Mas você têm amigos e tem um namorado, como pode ser igual a mim? – me calei, e olhei para baixo.

– Correção, eu tinha um namorado – e aconteceu. Lágrimas escorriam pelo meu rosto.

– Me desculpa, eu não sabia. – ela falou se aproximando de mim, e me envolvendo em seus pequenos braços. – você foi tão legal comigo e tudo o que eu fiz foi te fazer relembrar algo ruim. Desculpa!

– Sabe, tudo o que eu precisava era um abraço. Então obrigada – falei enxugando as lágrimas. Contei a ela toda a história.

O sinal anunciando o início das aulas soou pelos corredores. Eu e Camille fomos para a sala e eu me sentei atrás dela. Quando Lucas entrou na sala, cravou seu olhar no meu, mas eu não desviei. Fui forte, aguentei toda a pressão que eles impunham sobre mim. Ele desistiu e se sentou em meu lugar habitual.

Camille segurou minhas mãos nas suas, me tranquilizando. Ela estava sendo uma ótima amiga.

(...)

A terceira aula acabou e agora era o recreio. Esperei todos saírem. Camille tocou meu ombro de leve, olhei para ela e vi o que não queria, aquele olhar de pena. Eu odeio esse olhar, me faz sentir fraca. Fugi de seu toque.

– Se têm uma coisa de que eu não preciso é desse olhar... – ela resmungou algo, e sentou-se ao meu lado.

– Dona Laura, trate de botar um sorriso nesse rosto. Aquele babaca não merece tudo isso, não! Olha, eu sei que é difícil, e por mais falso que seja o sorriso. Você vai mostrar pra ele que não se importa mais. – ela falou enquanto comia alguma coisa.

– Eu coloco um sorriso no rosto se você me der um pedaço disso. – ela deu um risinho e me entregou metade de seu sanduíche. – Valeu!

– E cadê o sorriso? – Mille falou com a voz que usamos pra falar com bebê .

– Posso comer primeiro?

– A vontade - nós duas rimos.

(…)

Três professores depois, e a aula chegou ao fim. Demorei para guardar minha coisas, e quando fui sair da sala, um ser segurou meu braço. Virei-me lentamente, rezando para não ser ele. E para a minha sorte não era.

Daniel segurava meu braço com delicadeza.

– Eu queria saber se você está melhor? Sabe, depois daquilo – e o mesmo olhar que Camille lançou sobre mim, estava nos lindos olhos de Daniel.

– Já disse que não quero que sinta pena de mim! – puxei meu braço bruscamente.

– Bem lá no fundo, eu tenho pena dele, por ter te deixado escapar. – ele encarava seus pés.

– Sabe, seus tênis são lindos, mas meus olhos são aqui em cima – descontrai o clima estranho que havia se instalado no momento em que puxei meu braço.

– Eu sei bem onde eles ficam. Ficam acima de sua boca rosada, ficam acima de seu nariz arrebitado – ele deslizou seu polegar por cada lugar que indicou – Um azul tão escuro, quanto as noites de tormenta. - inconsciente, me aproximei de Daniel, nossos rostos muito próximos.

Ouvi um pigarreio atrás de nós. Nick estava na porta da sala com um sorrisinho no rosto.

– Desculpa atrapalhar o momento fofo e clichê de vocês, mas a gente marcou de treinar depois da aula. – ele veio até nós. – Oi, eu sou o Nicholas, melhor amigo desse tongo aqui – falou apoiando-se em Daniel.

– Eu sou a Laura, amiga da Camille – seus olhos brilharam. Acho que um novo romance está por vir.

– Laura, eu adorei te conhecer, mas eu vou ter que roubar esse lindo aqui. –

– Eu já estava indo mesmo. Bom, até amanhã – falei saindo da sala.

Mesmo longe consegui ouvir a conversa dos dois.

“- Cara, tá louco mano? Bem quando eu tava falando com a Laura?”

“- Desculpa men, mas quer dizer que ela é amiga da ruiva-nerd-gata? Legal!“

“- Vamo embora logo.”

Depois disso não consegui ouvir mais nada. Caminhei até minha casa, e o resto do meu dia baseou-se em comer, estudar e dormir, e em todos esses momentos aquela cena me vinha a cabeça.

O que deu naquele garoto?