18 de março de 2013-5:00

POV DANIEL

Acordei no horário de sempre, peguei um moletom qualquer e estava na porta de casa quando ouvi um latido.
"Mike"
Fui até o quintal e lá estava o cachorrinho, me olhando com seus pequenos olhos azuis.
– O que foi? Quer dar uma volta comigo? - ele latiu, se animando - então vamos lá amigão.
Coloquei nele a guia e saímos correr. Algumas mulheres da vizinhança que estavam na rua me olhavam maliciosas. Ri com aquilo.
– Percebi que tem um novo companheiro de corrida - uma das minhas vizinhas começou a correr do meu lado, e puxou conversa do nada.
– Pois é, eu adotei ele. - acelerei o passo.
– Você não faz ideia do quão sexy é essa cena. - a mulher mordeu o lábio na intenção de ficar sedutora. Não funcionou. Ela poderia ser minha avó.
– Desculpa Senhora Montes, mas eu tenho namorada - mentir era minha única saída.
– Que desperdício. Bom, eu gostaria de conhece-lá em algum dos jantares para moradores.
– Ela irá no próximo, afinal será na minha casa. - estou me enrolando cada vez mais.
– Ótimo, é nessa sexta-feira, não é? - "droga."
– Claro.
– Então até lá - ela piscou pra mim.
Tomei outro rumo, perdendo a mulher de vista. Meu destino hoje será o parque.
– Vamos aumentar a velocidade Mike. - ele latiu e acelerou.
Chegamos ao parque bem na hora de ver o sol nascer. Sentei em um banco e peguei Mike no colo.
– Não sei quem te abandonou, mas é uma pessoa problemática - ele começou a lamber meu rosto. - no rosto não Mike - afastei ele de meu rosto e seus olhos fitaram os meus. Eles me lembravam os de Laura. - Sabe amigão, aquela garota me deixa louco, e por causa de uma mensagem ela se revoltou comigo. Eu sei que ela sofreu e ainda está mal por isso, mas ela não tem razão pra desconfiar de mim. - Olhei pro cachorro e ele apenas latiu. - Talvez um pouco de razão, mas só um pouco.
Voltamos pra casa e Mike correu pro quintal tomar água. Subi para meu quarto, tomei um banho, coloquei um jeans, uma camiseta preta, o casaco do time por cima, e um tênis. Desci, peguei uma maçã, as chaves do meu carro e saí para a escola.
Estacionei de qualquer jeito, peguei meus materiais e corri, Seu João já estava fechando a porta de entrada.
– E no último minuto Loghan marca a cesta definitiva. Eles vão para a final. E a torcida vai a loucura - o velho imitou uma torcida e piscou.
– Bom dia pro Senhor também.
– É melhor correr garoto, o professor já está no colégio - Apertei o passo e consegui chegar antes de Igor.
– Bom dia turma - O professor entrou na sala e todos o responderam em uníssono.
Sentei em meu lugar habitual e olhei para o lado. Lá estava ela, linda como sempre. Laura desenhava algo em seu caderno, distraída, arremessei um pedaço de papel nela, ela leu o papel e me olhou. Sorri, mas ela virou o rosto.
Igor explicava algo sobre as obras de Clarice Lispector, mas eu não estava prestando atenção, Laura era mais interessante. Ela me ignorou no começo da aula será que ela ainda está triste? Tenho que falar com ela.
(...)
O sinal do recreio tocou e foi aquela correria, eu fiquei esperando do lado da porta, Laura sempre era a última a sair. E não deu outra, as últimas a saírem da sala foram Camille e ela.
Laura passou por mim e nem percebeu minha presença, segurei seu pulso, acho que ela sabia quem era, porque simplesmente puxou seu braço e continuou andando, mas eu não ia desistir, não assim tão fácil.

POV LAURA

– O que foi aquilo lá em cima? - Camille me pergunta assim que paramos de correr.
– Eu só não quero falar com ele.
– E qual o motivo dessa raiva repentina? - ela me pergunta com a sobrancelha arqueada e com a mão na cintura.
– Ele desperta um sentimento em mim, pra pouco depois me deixar quebrar a cara. - falo segurando as lágrimas.
– Não fica assim Laura. Você quer me contar o que aconteceu? - Camille senta ao meu lado na grama e me abraça.
– Sabe a festa da Renata?
– Qual, aquela que você me abandonou?
– Essa mesmo...
Contei tudo pra ela desde a festa até hoje quando ele me mandou o bilhete.
– E o que falava no bilhete?
– Que ele queria falar comigo no intervalo.
– Laura, eu shippo você e o Daniel, então eu sempre vou dar opiniões a favor dele. - ri com o comentário dela - Mas dessa vez eu acho que ele não tem muita culpa, é verdade que pra ele pegar e largar é fácil, mas ele não pode controlar o que a Priscila envia pra ele. Eu se fosse você daria uma chance pra ele falar.
– Mas e se for verdade? Se ele ainda estiver com a vad... , com a Priscila?
– Aí você chama seu irmão pra dar uma surra nele - ela piscou, e suspirou.
– Ei, eu sei que ele é lindo, mas ainda é meu irmão! - ela ficou vermelha.
– Ele não é lindo, ele é uma Deus Grego, só falta a armadura. - nós duas rimos.
– Eu sei. Mas e o Nick fica como na história? - Camille corou.
– As vezes ele é ciumento, as vezes ele parece esquecer que eu existo. Na festa ele ficou o tempo todo comigo, e quando um cara deu em cima de mim ele agarrou minha cintura e me levou pro jardim. - ela suspirou - sabe Laura, quando ele me tocou, meu coração apertou, e meu corpo pareceu entrar em combustão. Eu não sei o que é isso - ela limpava algumas lágrimas - e tenho medo de descobrir.
Foi minha vez de abraçá-la.
– É amiga, estamos apaixonadas por dois galinhas, idiotas. -