As mãos do garoto seguravam o pequeno rosto de sua amada. Ela chorava, apesar de todas as palavras tranquilizadoras dele. Nada iria acalmá-la. Deu mais um beijo nela, e levou um grande susto quando ouviu as batidas na porta de madeira. Tinham chegado para buscá-lo. Os soluços dela aumentaram, fazendo-o tremer. Estava apavorado.

Chamavam o seu nome do lado de fora da casa e não tinha como fugir.

“Are you, are you
Coming to the tree
Where they strung up a man they say murdered three.
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree.”

De repente, a porta se abre com um estrondo. Os três Pacificadores vestidos de branco vieram buscá-lo. Ela jogou-se na frente dele, chorando, tentando impedir que o tirassem dela mais uma vez. Amarraram as mãos nas costas dele e começaram a empurrá-lo para fora.

“Are you, are you
Coming to the tree
Where the dead man called out for his love to flee.
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree.”

Enquanto era levado para a praça central, gritou para que ela fugisse, que se salvasse e salvasse o fruto do amor deles, o bebê que carregava em seu ventre. A garota, desesperada, correu pela multidão até seu pai, o prefeito daquela pequena cidadezinha no fim do mundo. Pediu que o soltasse, ele era completamente inocente, precisava dele junto a ela, mas ninguém quis ouvi-la. Nem seu irmão, uma das pessoas que ela mais amava no mundo.

“Are you, are you
Coming to the tree
Where I told you to run so we'd both be free.
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree.”

Enquanto seu irmão segurava seus braços para que não corresse até a Árvore-Forca, levavam o inocente para sua morte lenta e dolorosa. Todos na cidadezinha iriam assistir sua dor, e ninguém iria ajudá-lo a se safar da morte. Enquanto os Pacificadores colocavam-no de pé para amarrar a corda em seu pescoço, ele gritou novamente para que ela corresse, sumisse dali de uma vez por todas com o bebê.

Em um último apelo, pediu para abraçá-lo só mais uma vez. Aproximou-se dele, beijou-o pela última vez, sentindo todo o medo e terror esmagando-lhe o coração. Sussurraram um “para sempre”, pela última vez. Mas um sempre que durou pouco.

Sem poder vê-lo sendo arrastado em direção à morte por um crime que não cometera, correu da praça, indo até sua casa, pegar suas coisas e sumir dali com seu filho.

Os amantes desafortunados estavam separados.

…

De noite, com a lua alta no céu e as estrelas brilhando, todos estavam em suas camas. Caminhou lentamente até a Árvore com a corda nas mãos, sentindo que aquilo tudo terminaria, toda aquela dor passaria.

Subiu a plataforma de madeira ao lado dele e beijou seu rosto pálido e sem vida, pegou a corda e amarrou-a no tronco da grande Árvore-Forca.

“Are you, are you
Coming to the tree
Wear a necklace of rope, side by side with me.
Strange things did happen here
No stranger would it seem
If we met up at midnight in the hanging tree.”

Ajeitou a corda no pescoço e, antes de tirar os pés da plataforma, chorou pela última vez.

Finalmente ficaria com seu amado para sempre, junto com seu filho. Pegou-lhe a mão gélida e, com um pequeno passo, abandonou a plataforma, sentindo o ar lhe esvaindo aos poucos, as fibras da corda apertando-lhe o pescoço, a voz dele chamando-a ao longe.