Um Litro de Lágrimas escrita por laisa-chan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa oneshot foi classificada como Original porque não há a categoria "dorama" para escolher. Também, er, acho que sou a primeira do Brasil a escrever uma oneshot de um dorama ._.
Mas espero que gostem! Escrevi de madrugada num caderninho qualquer, mas acho que ficou legalzinho. Reviews? *-*



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Um Litro de Lágrimas

 

Tranquilamente, eu saía da escola. O prédio do Higashikou jazia imponente às minhas costas. Eu estava feliz. Havia algum motivo? Não sei. Porém, um tipo de alegria se manifestava dentro de mim enquanto eu caminhava sobre o concreto cinzento. O clima, ainda frio logo após o fim do inverno, me fez apertar o casaco, sorrindo internamente. Por que essa vontade de sorrir? Não sei. Eu continuava andando, esperando algo desconhecido, mas que fazia o maldito sorriso inquietar-se em meu interior, louco para sair.

 

De repente, aconteceu o que eu tanto esperava. Uma doce melodia invadiu meus ouvidos, chamando por meu nome.

 

Asou-kun! Espere, Asou-kun!

 

O sorriso preso dentro de mim finalmente escapou enquanto uma alegria gigantesca me invadia. Ah, como eu queria escutar aquela voz... No momento em que a ouvi, soube qual era o motivo da minha misteriosa felicidade. Claro, a única coisa que me deixava feliz naquela época.

 

Aya.

 

Ela corria em minha direção, estonteante. Não havia cadeira de rodas, não havia dificuldade. Nada. Ela simplesmente corria, com um grande sorriso estampado no rosto. Linda. Usava o uniforme da escola assim como eu, percebi. Estava ofegante, mas não deixava de sorrir.

 

– Está atrasada. – eu disse, não conseguindo evitar o sorriso.

 

– Desculpe, eu... estava resolvendo umas coisas... do clube de basquete e... Ei, por que você não me esperou?

 

Não pude deixar de rir diante de seu esforço de falar entre um ofego e outro. Esperei ela se recompor para responder.

 

– Eu não tenho obrigação de te esperar.

 

– Ah, que rude! – ela disse, fazendo um minúsculo beicinho.

 

Ainda sorrindo, me voltei para a saída da escola.

 

– Vamos. Se você se atrasar seu pai me mata.

 

Cedendo um sorriso, ela me acompanhou. Seguimos o denso fluxo de alunos que saía pelo portão. Alguns passavam por nós dando risinhos e nos dirigindo olhares marotos. Não me importei. De repente, Aya segurou minha mão. Por algum motivo, meu coração disparou quando sua pele quente envolveu a minha. Virei-me para ela, fitando seus olhos brilhantes e o sorriso estampado em seu rosto. Também sorri. Ficamos nos olhando por um bom tempo, sem dizer uma palavra. Não era preciso falar. Nossos olhares já diziam tudo que precisávamos saber.

 

– Olha só o casalzinho do ano! – gritou algum idiota que passava ao nosso lado, rindo provavelmente de nossas expressões atordoadas.

 

Vi Aya corar como um pimentão enquanto eu desviava o olhar. Juro que mato o desgraçado que gritou aquilo.

 

Continuamos caminhando como se nada tivesse acontecido. Depois que a repentina raiva passou, consegui voltar a pensar racionalmente. Fazia tanto tempo que eu não caminhava assim com Aya... Alguma coisa dentro de mim dizia que isso era importante. Eu sentia que o fato de andar com ela, lado a lado, era incrível. Que eu devia aproveitar esse momento o máximo possível. Não sabia de onde vinha essa sensação, mas era praticamente palpável. Eu me sentia quase desesperado para desfrutar daquilo. Algo inexplicável e, ao mesmo tempo, apavorante.

 

– Não precisa se preocupar em chegar cedo – ela disse. – Meu pai não está na loja hoje.

 

– Ah, bem no dia que eu ia comprar cinco quilos de tofu pra comer no jantar.

 

– Mentiroso!

 

Nós dois rimos, ainda caminhando de mãos dadas pela calçada repleta de cerejeiras. O caminho para a casa de Aya estava mais vazio que a saída da escola. Apesar do frio, o céu estava completamente azul. Naquele momento o sol se punha fracamente atrás dos prédios, provocando um belo jogo de luzes.

 

De repente, Aya parou e ficou fitando algo à nossa frente. Ela olhava para uma cerejeira.

 

– As flores são incríveis, não são? – ela disse, estendendo a mão para tocas as flores rosadas que acabavam de desabrochar – Elas sobrevivem ao inverno, ao frio e à neve, e depois florescem cada vez mais belas na primavera.

 

Ali, Aya pareceu tão frágil e ao mesmo tempo tão forte... Tão fascinante. Eu queria protegê-la de tudo, mesmo sabendo que ela não precisava dessa proteção. Nunca havia sentido algo assim. Incrível. Eu queria estar ao lado dela. Sempre. Queria acompanhá-la, tocá-la, desfrutar de sua presença. Queria-a para sempre junto de mim.

 

Segurando em seu braço, tirei-a de seu devaneio sobre flores de cerejeira. Não esperei para ver sua expressão surpresa ou seu olhar confuso. De olhos fechados, colei meus lábios aos dela. E nem o melhor dos adjetivos poderia descrever meus sentimentos naquela hora.

 

Ah, como ansiei por esse momento... Como quis ter seus lábios rosados nos meus. Ela deveria estar em estado de choque mas, para minha surpresa, correspondeu. E eu não podia ficar mais feliz. Beijá-la era... sublime. Com o coração aos pulos, deixei minha boca explorar a dela. Era tão doce, tão macia... tão deliciosa. Eu queria gravar exatamente como era cada sensação. Sentia uma necessidade gritante de fazer isso, para jamais esquecê-las.

 

Relutante, separei minha boca da dela. Ela me fitou por um longo tempo com um olhar surpreso. Eu me senti culpado. Não devia ter feito isso. Sem qualquer aviso ou permissão, roubei um beijo dela. Mesmo que tivesse sido uma das melhores coisas da minha vida, não fazia idéia do que ela devia estar pensando sobre mim agora.

 

E, para minha surpresa, ela sorriu. Claro. Ela sempre me surpreende.

 

Sorrindo, ela disse palavras que eu jamais pensei ouvir um dia. Simples palavras que mudariam minha vida.

 

– Te amo, Asou-kun.

 

Te amo.

 

Asou-kun...

 

Ela me ama.

 

Asou-kun...

 

Aya...

 

Asou-kun...

 

Aya.

 

Asou-kun...

 

– AYA! – gritei, sentando-me na cama de um pulo.

 

Minhas mãos tremiam e eu ofegava desesperadamente; minha camiseta estava encharcada de suor. Meu olhar era completamente apavorado.

 

Então era isso. Tudo fora um sonho. Apenas mais um dentre os milhares.

 

Olhei para o relógio. 3:17 da manhã. A lua irradiava pequenos fechos de luz que iluminavam meu rosto através das persianas da janela. É claro que aquilo era um sonho. Eu não sou mais um colegial. Naquela época Aya já não podia andar normalmente. Agora ela está morta. Há três anos não vive mais nesse mundo. E, mesmo após tanto tempo, ela ainda invade meus sonhos.

 

Eu ainda posso sentir o calor de seu corpo... O som de sua voz, a alegria de seu sorriso, o brilho de seu olhar. Sua disposição contagiante, sua vontade de viver. E como eu queria tudo isso de volta. Mesmo que apenas uma vez, um última vez, eu queria estar com ela novamente.

 

E num flash, fui atingido por dezenas de lembranças. Da primeira vez que vi Aya, do zoológico debaixo de chuva, dos ensaios do coral, da partida para a escola de deficientes, do encontro no aquário, da despedida, do reencontro... De tudo. E, a cada dia mais, eu percebo a falta que me faz seu sorriso.

 

Sem que eu percebesse, uma lágrima escorreu por meu rosto.

 

Será que... Será que se eu fosse um golfinho, poderia falar com as pessoas que estão distantes? Mesmo as que estão muito distantes, além das nuvens, no Céu?

 

Aya... Você está bem, não está? Está sorrindo? Está feliz? Eu queria que você soubesse que eu jamais vou te esquecer. Não consigo fazer isso. Você marcou minha vida mais do que imagina. Você me ajudou. Você faz parte de mim. Eu fiquei com você até o final, e ficaria por mais todo o tempo que me fosse permitido.

 

Por que eu te amo, Aya. Eternamente.

 

 

Owari.

 


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