Desde do momento em que Percy encontrou Annabeth todos os seus sonhos envolvem a garota. As vezes com sonhos do passado, com sonhos para o futuro, mas sempre com a mesma garota dos olhos de tempestade, e acho que devemos todos concordar que depois da noite que os dois tiveram, os sonhos de Percy não poderiam ter outro foco.

Eles formavam uma concha de retalhos de vários momentos em que eles estiveram juntos quando crianças. Como este:

Percy e Annabeth estavam na praia, como o de costume, brincando no mar. Nesta vez Annabeth já sabia nadar direitinho e estavam apostando quem conseguia nadar até um barquinho que flutuava na maré baixa bem perto deles. Não havia duvidas que Percy ganharia dela, e quando Annabeth levantou-se da agua e bateu no barco, viu algo que a fez rir.

–-O que foi? Eu ganhei, por que esta rindo?

–-Nada Cabeça de Alga.

–-Hã?—Percy perguntou, sem entender nada.

Quando o garoto foi coçar a cabeça, notou que algo diferente encima dela. Quando puxou “a coisa” para seu campo de visão, Annabeth riu ainda mais da sua cara.

–-Eca.—Reclamou Percy com uma careta, largando uma alga verde na agua.—Isso não tem graça, Annie.

–-Não tem para você.—Disse Annabeth, sorrindo.—Cabeça de Alga! Eu te chamar assim pelo resto da vida, vai ter que me aturar!

–-Droga.—Percy bateu os braços na agua. Annabeth protegeu o rosto para na bater diretamente nela os respingos. Ele sorriu perverso.—Então, se é assim, eu me VINGAREI! MUAHAHAHA!

Percy e Annabeth começaram uma batalha jogando agua um encima do outro.

Mas está não foi a única lembrança de Percy naquela noite, ele também sonhou com outros momentos...

–-Faça um pedido!—Disse Annabeth bem ansiosa para Percy, que se debruçava sobre a mesa para assoprar as velas de seu bolo de aniversario.

–-Espere! Eu tenho que pensar!—Falou Percy para Annabeth.

Então Percy fechou os olhos com força e assoprou as sete velas que estavam sobre seu bolo azul de aniversario.

–-O que você pediu? O que você pediu?—Perguntou Annabeth desesperadamente curiosa.

–-Não posso contar.—Percy cruzou os braços.

–-Contaaaa!—Annabeth pediu, levantando de sua cadeira e sacudindo Percy.

–-Não.—Percy permaneceu irredutível.

–-Por favor!!!—Annabeth pediu, se sacudindo e cruzando os braços, fazendo bico.

–-Não vou dizer.—Disse Percy, fechando os olhos sem olhar para Annabeth. Annabeth bateu um pé no chão de irritação, e então Percy abriu os olhos lentamente—Mas talvez eu diga se...

–-Sério?!—Annabeth ficou animada novamente.

–-Só se você me der um beijinho aqui.—Disse Percy, apontando a sua bochecha.

–-Ah, só isso?—Annabeth falou contente, e segurou o rosto de Percy o enchendo de beijinhos por toda a parte.—Pronto, agora diga!

–-Eu pedi para ficarmos juntos para sempre.—Percy desabafou um pouco corado.

Sally e Fred se entreolharam sérios. Mas é claro que aquelas crianças não tinham notado os olhares de preocupação dos pais, assim como seus pais não tinha notado que eles estavam passando o glacê do bolo um no rosto do outro.

E então veio uma das lembranças mais tristes da infância de Percy, se não a mais triste: o dia em que teve que se despedir de Annabeth.

–-Annabeth...—Percy disse com um tom de voz tristonho para a sua amiga.

Percy e Sally estavam prontos no aeroporto para viajar para New York, e estavam apenas aproveitando os últimos momentos junto de Annabeth e Fred. A garotinha estava com os olhinhos cheios de agua, e isso rasgava em pedaços o coração do menino que teria de partir.

A menininha o abraçou forte, sem querer soltar nem por um só segundo Percy, sabendo que daqui a minutos ele estaria fora da sua vida, e que talvez isso fosse definitivo.

–-Eu não que ficar longe de você!—Annabeth choramingou.

–-Eu também não quero ficar longe de você Sabidinha.—Percy concordou a abraçando tão forte quanto ela o abraçava.—Mas não temos opção, eu e a mamãe precisamos ir.

–-Eu vou sentir tanta falta de você...—Annabeth desabafou tristemente.—Como vou viver sem você?

–-Não sei, Annie, só sei que você tem que viver.—Disse Percy com a mesmo tom de voz que ele usou para consolar Annabeth quando sua mãe morreu.—Por que nós somos casados, e estamos unidos até que a morte nos separe. Se você não souber como viver de nada vale a nossa aliança.

Ao ouvir “aliança” Annabeth de desprendeu de Percy e tirou a aliança dela do dedo, olhando nos olhos de Percy com uma firmeza que ele não sabia de onde ela tinha tirado.

–-Troque a sua aliança com a minha. Quero ter algo seu perto de mim.—Disse ela, estendeu a sua aliança na palma da mão para ele.

Ele tirou a aliança dele e colocou na palma da mão dela, pegando a que ela dera para ele. Percy era um pouquinho só maior que Annabeth na época, o que fez com que a aliança dele ficasse folgada em Annabeth e a aliança de Annabeth ficar apertada em Percy.

–-Você podem colocar em correntes e usa-las no pescoço.—Sugeriu Sally.—Quando chegarmos em New York eu resolvo isso, Percy.

Os dois apenas assentiram e voltaram a se observar no fundo dos olhos. Era bem provável que seria outro fim brusco de algo bom na vida deles. Apesar de ninguém que passava por aquele pequeno grupo parado no aeroporto notar, o mundo estava desmoronando para Percy.

Ouviu-se a ultima chamada para o voo de New York, e esta era a forma de dizer que o tempo de sorriso e brincadeiras tinha acabado para aquele pequenino casal. Mais lagrimas escorreram do rosto de Annabeth quando ela tornou a o abraçar pela ultima vez.

–-Não se esqueça de mim, ok? Eu te amo, seu Cabeça de Alga.—Ela falou no ouvido de Percy.

–-Não se esqueça de mim também, já que é tão sabidinha.—Ele respondeu.

Eles desataram o abraço e Percy deu um beijinho na testa de Annabeth, e ela deu-lhe um na bochecha. Sally e Fred também se despediram, se abraçando e murmurando algumas desejos de felicidade.

–-Adeus, Annie.—Disse Percy, indo embora e colhendo a sua ultima lembrança de Annabeth: uma garotinha dando tchau com o rosto molhado por lagrimas.

Com seu ultimo sonho Percy acordara triste, teve que admitir que uma lagrima escorrera do seu rosto, mas não demorou muito para ele perceber que este tempo havia passado e que aquela menininha que estava chorando em seu sonho por tê-lo perdido, tinha crescido e agora estava dormindo como um anjo com a cabeça sobre seu peito.

Uma outra lagrima desceu. Esta de alivio e alegria.

De repente Percy lembrou-se de olhar o relógio. Graças a Deus ainda era o suficiente cedo para que ambos não se atrasassem em se preparar para as competições que aconteceriam durante o dia inteiro.

Mesmo com pena, Percy teve que acordar Annabeth.

–-Sabidinha, hey, temos que levantar.

–-Hum...sério?—Perguntou Annabeth sonolenta.—Eu poderia passar o dia inteiro aqui com você.

–-Uau! Sério?—Perguntou Percy com um sorriso.—É uma pena eu ter que recusar esta proposta pra lá de tentadora: hoje começam os jogos, vamos ter que levantar agora ou vamos nos atrasar.

Annabeth o olhou e sorriu também, mas depois o observou melhor.

–-Você estava chorando?

–-Hã? Ah, eu tive um sonho um pouco triste...

–-O que foi?—Disse Annabeth, o abraçando mais forte.

–-Sonhei com o dia em que eu viajei, mais especificamente na hora do nosso “adeus”.—Percy falou com um tom casual, como se fosse completamente normal (o que de certa forma lhe era, já que também já teve esse mesmo sonho repetidas vezes) e sem importância.

Annabeth o olhou meio triste e acariciou o seu rosto com se ele fosse apenas uma lembrança delicada e que sumiria se ela fizesse algum esforço para mantê-la.

–-Ele entrou para lista de “piores dias da minha vida”.—Ela falou.—Mas o que você disse estava certo sobre o nosso pequeno casamento e a nossa aliança: No final foi crucial para superar toda aquela tristeza da partida.

–-E foram cruciais para a felicidade do nosso reencontro.—Percy completou o pensamento, e Annabeth sorriu.—Mas não vamos pensar em como tudo foi ruim quando nós estávamos separados, vamos pensar que agora nós estamos juntos e que temos um dia entupido de coisa para fazer.

–-Isso era para me animar?—Disse Annabeth, com uma sobrancelha levantada.—Eu realmente não quero um dia cheio e coisas para fazer.

–-Sinto muito, mas é o que temos para hoje senhorita Chase.—Percy falou e a afastou delicadamente para se sentar na cama, vendo ela fazer o mesmo.

–-Ah meu Deus!—Exclamou Annabeth do nada.—Eu esqueci da Prim! Nós iriamos dormir no mesmo quarto, ela deve estar uma fera comigo!

Annabeth levantou-se da cama rapidamente e catou suas roupas, as vestindo na mesma velocidade. Percy apenas a observa sentado na cama. Ela veio em direção a ele e lhe deu um selinho sussurrando um “tchau” e saiu correndo do chalé.

–-Essa garota é doida...—Percy riu.—Não estava com preguiça agora mesmo?

ooo

Percy e Annabeth se encontraram, ou quase isso, no refeitório para o café da manhã, onde ele viu Annabeth um pouco calada comendo na mesa da equipe técnica. Ele assoviou e Annabeth o olhou, dando um pequeno sorriso. Ele lhe lançou um olhar preocupado, mas ela fez um gesto com os dedos que significava que eles se falariam depois.

Percy tentou comer seu café em paz, mas conversa entre os nadadores era muito alta e entusiasmada. Os novatos que queriam entrar no time enchiam os veteranos de perguntas, e Percy simplesmente foi impedido de ficar pensando no que Annabeth teria que falar com ele. Pelo lado esportivo, era bom que ele se concentrasse na competição e que ele atendesse as necessidades dos novatos, mas pelo seu lado humano ele simplesmente não poderia deixar de se preocupar com ela, que no mínimo devia ter levado uma senhora bronca de Prim.

Depois do café o acampamento receberia as escolas que competiriam os jogos, e o alvoroço completo tomou o acampamento para a chegada dos outros.

Percy sabia quais escolas estariam lá: a Bryce Hamilton, com Xavier Woods como medalhista de natação, Panem high scholl, com Finnick como “profissional” de natação, e a escola Olympus, com Tyson na natação. Os times de modalidades individuais competiam com os outros times, mas o fator determinante para competição era quando um líder de time ganhava a competição da sua área. Mas enfim, ele estava disposto a aproveitar este momento de confusão para encontrar Annabeth.

Annabeth, que era claro que não sabia muito sobre os outros colégios, deveria estar ansiosa para vê-los, mas Percy simplesmente iria rouba-la um pouquinho de seus planos.

Percy foi em direção a entrada do acampamento, e assim como previu, Annabeth estava lá se amontoando para ver os ônibus entrarem. Percy a puxou do meio da multidão sem avisos e a levou para o refeitório novamente, onde se sentaram em uma mesa vazia.

–-O que houve hoje quando você chegou ao dormitório?

–-Não foi muita coisa, mas ao mesmo tempo era algo importante.—Annabeth respondeu um pouco constrangida.—Quando eu abri a porta, vi Prim com um copo de agua e um comprimido na mão.

Percy piscou sem entender.

–-Pílula do dia seguinte.—Annabeth explicou.

Percy continuou sem entender. Annabeth simplesmente balançou a cabeça.

–-Esqueça, está resolvido.

–-Ela não disse mais nada?—Perguntou Percy.

–-Para bom entendedor meia palavra basta.—Disse Annabeth, dando os ombros.

Percy chegou à conclusão não muito agradável de que ele não era um bom entendedor.

–-Eu quero ver os competidores!—Reclamou Annabeth, se levantando.—Vamos?

–-Eu já vi eles milhões de vezes...—Disse Percy, revirando os olhos de tedio.—Eu jogo com eles.

–-Mas eu nunca os vi, e nunca vou jogar com eles.—Disse Annabeth, puxando Percy para levantar-se—Eu ganhei de você, agora vamos.

Voltaram para a entrada do acampamento, onde o primeiro ônibus tinha chegado: Colégio Olympus. Percy aguardou alguns alunos do outro colégio passarem por eles, e assim que viu um garoto ruivo e branquelo passar foi falar com ele.

–-Grover!—Ele chamou.

–-Percy!—O garoto respondeu.

Os dois deram um abraço e se soltaram. Annabeth observava intrigada a cena.

–-Annabeth, este é Grover, faz atletismo no Olympus. Também é um grande amigo meu.

–-Mas vocês não estão em colégios diferentes que vão jogar um contra o outro?—Questionou Annabeth.

–-Desde de quando isso impede uma amizade?—Perguntou Grover.—Só é ainda mais legal quando eu ganho uma medalha.

–-Por falar nisso...—Disse Percy.—Preciso que você faça Luke comer poeira.

–-Com o maior prazer.—Disse Grover--Até que enfim você notou que ele é um idiota.

Uma garota vestida de roxo com uma trança sobre o ombro passou por eles sem nem ao menos cumprimenta-los. Percy a observou ir e balançou a cabeça num gesto negativo.

–-Espero que Cupido ajude Leo.

–-Do que esta falando?--Perguntou Grover. Annabeth mostrava a mesma curiosidade que ele.

–-Ele esta afim da Reyna.—Percy respondeu.

O rosto de Annabeth clareou ao descobrir quem era Reyna, mas ao mesmo tempo olhou para Percy chateada por ele estar certo. Já Grover caiu na gargalha e só parou quando sua barriga começou a doer.

–-Ele sabe que ela luta kendo? Ele por acaso quer morrer? Sabia que ela tem uma Katana de verdade?—Perguntou Grover.—Um deus do amor não vai ajudar muito, talvez um deus da guerra, quem sabe.

Percy revirou os olhos:

–-Vá para a ala de convidados do acampamento e deixe de prever carnificina.—Falou Percy para Grover.—Logo os outros acampamentos vão chegar e os jogos vão começar.

–-E que as chances estejam a favor do Olympus!—Gritou Grover, correndo em direção a ala dos convidados.

–-Só que elas estão a favor do Half-blood este ano.—Murmurou Percy.—Vamos Annabeth, os próximos são os Panem.