–-Bom dia Cabeça de Alga.

Annabeth estava fritando ovos mexidos para o café da manhã, quando Percy chegou na cozinha, esfregando os olhos.

–-Bom dia. Fui atraído por um cheiro tão bom que chegou no meu quarto.

–-Que bom que gostou no cheiro, é provável que o gosto esteja ainda melhor.

Annabeth viu Percy pegar um copo de agua gelada na geladeira, e o susto que tomou assim que fechou a porta.

–-Biscoitos azuis com gotas de chocolate?!

–-Sim!—respondeu Annabeth, animada.—Quando cresci mais um pouco procurei a receita de biscoitos na internet e coloquei anilina na massa. Eu fazia para me lembrar dos que sua mãe fazia, mas nunca consegui fazer com que tivessem o mesmo gosto.

–-Ela bota alguma coisa na massa.

Annabeth virou-se para Percy, ele já devorava um biscoito.

–-O que é?

–-E você acha que eu sei?—Percy respondeu, dando os ombros—Mas é fato. Ela já me disse que tinha, mas nunca me contou o que era.

–-Ah.

Annabeth colocou os ovos mexidos num prato, e depois colocou tanto os ovos quanto os biscoitos na mesa. Ainda tinha mais algumas coisas, como um bolo, requeijão, fatias de uns três tipos de queijo, presunto, geleias, biscoitos doces e salgados, sequilhos, frutas... Annabeth colocou tudo o que encontrou na mesa, mas parecia que todos tinham vindo, e não apenas eles dois.

–-O temporal já passou?—Percy perguntou, se sentando a mesa.

–-O céu continua fechado...—Suspirou Annabeth.

–-Isso nos dá tempo.—Comentou Percy, enquanto fazia o seu prato.

–-Tempo?

–-Para apagar o tempo perdido.—Disse Percy, naturalmente, sem nem olhar para Annabeth.

Annabeth olhou para o seu prato ainda vazio. Seria ótimo ter ele só para ela por este tempo. Nunca ficou tão feliz com uma tempestade.

–-E o que vamos fazer primeiro?

–-No momento, eu estou muito a fim de devorar toda esta mesa.—Riu-se Percy.

ooo

Annabeth estava tomando um banho tranquilo, com a agua morna do chuveiro elétrico caindo sobre o seu corpo de forma confortável. O vidro do box fosco, mas isso não a impedia de desenhar com a ponta dos dedos no vidro embaçado pelo vapor.

–-Percy.—ela leu o que escreveu no vidro—Rachel.

Annabeth olhou para as duas palavras no box, aquilo não parecia natural, não parecia certo. Ela apagou o nome de Rachel e logo escreveu seu próprio nome.

–-Percy e Annabeth.

Isso parecia bem melhor, combinava mais. Annabeth sentiu um pequeno calor se alojando no seu peito, uma alegria sem motivos, algo diferente. Nesta euforia, Annabeth acabou o seu banho rapidamente, enrolou-se numa toalha, e na ponta dos pés, foi procurar Percy pela casa.

Não encontrou ele em nenhum dos quartos, nem na cozinha, nem na sala, nem na sala de jogos (ela tinha acabado de descobrir que tinha). Até que Annabeth voltou ao andar dos quartos (onde ficam os banheiros) afim de finalmente voltar ao seu banho, mas quando já estava quase na porta do banheiro em que estava ela ouviu um barulho de outro banheiro que não tinha ouvido antes. Ela se sentia uma criança, procurando um amigo num jogo, quando olhou pela porta entreaberta: ele também estava tomando banho.

Annabeth não tinha muito controle do que estava pensando quando abriu um pouco mais a porta, talvez para entrar, nem ela sabe, ela só tomou consciência do que estava fazendo quando a porta rangeu e Percy entrou em alerta.

–-Quem esta ai?!

Annabeth tomou um susto e foi correndo para o seu quarto. Fechou a porta atrás de si, enquanto respirava ofegante. Ela encostou-se à porta, escorrendo até sentar-se no chão.

–-O que eu estava pensando?—colocou as mãos na cabeça, tentando espremer a mente em respostas.

Como se não bastasse, Annabeth ouviu as batidas na porta:

–-Annabeth?

–-Er...Percy?

–-Esta tudo bem, Annie? Aconteceu alguma coisa?

Pense rápido, pense rápido!

–-É que eu encontrei uma aranha no banheiro! Eu fui correndo chamar você, mas você estava meio ocupado...—Disse Annabeth no melhor tom de sou-uma-donzela-indefesa que conseguia fazer.

–-Ah...certo.—disse Percy, num tom esquisito atrás da porta—Quer que eu vá até o banheiro?

–-Se ela ainda estiver lá, seria ótimo.

–-Ok então.

Annabeth ouviu atentamente os passos de Percy se afastando de sua porta, provavelmente em direção ao banheiro. Ela suspirou, se levantou do chão e depois jogou-se na cama, olhando para o teto.

–-Pelo Olimpo...o que esta acontecendo comigo?

ooo

Percy sabia que ela estava mentindo, Annabeth era até uma excelente mentirosa, mas ela não parecia com medo de uma aranha. Ele sabia que se ela tivesse mesmo visto uma aranha, teria corrido para dentro do box de Percy sem pensar duas vezes, não teria tentado entrar sem ser notada.

Percy parou no corredor onde ficam ao quartos. A porta de Annabeth ainda estava fechada, e ele estava apenas com uma toalha enrolada na cintura, então não seria uma boa hora para falar com ela.

Percy entrou no seu quarto, fechou a porta, e olhou para dentro com um olhar confuso. Mas porque mesmo ela teria feito isso? Percy não estava com muita vontade de pensar naquela hora, mas não conseguiu evitar que os pensamentos escorressem para dentro de sua consciência: e se ela realmente tivesse entrado no banheiro? E se ela abrisse o box? O que ele faria nesta situação?

–-Droga.—ele exclamou, sentando-se na sua cama.

Ele jogou o corpo para trás, tentou esvaziar a mente e depois deixar que ela fosse para qualquer lugar que quisesse. Como Percy deveria imaginar, seus pensamentos pousaram em Annabeth. Ele ficou se lembrando do sorriso que o fazia feliz, da voz doce que ele queria ouvir todos os dias, dos seus olhos de beleza misteriosa, dos seus cabelos loiros que tinham cachos incríveis...

–-Ah, Annabeth...—Percy suspirou—O que você fez comigo?

Percy se levantou da cama e colocou uma roupa. Enquanto isso ele continuava pensando...

–-E se eu estiver gostando da Annie?—Percy vestiu um moletom, e assim que se olhou no espelho, a ficha caiu—Nossa, eu gosto dela.

Percy virou seu olhar para a porta do quarto. De repente ele não podia aguentar essa descoberta, de repente ele tinha que fazê-la saber disso, ele precisava fazer com que o mundo soubesse disso. Ele precisava dizer para Annabeth, e tinha que ser naquele momento.

Percy abriu a porta do seu quarto determinado, e deu batidas firmes na porta do quarto dela. Ela abriu uma pequena brecha.

–-O que foi Percy?

–-Posso entrar?

–-Er...claro.

Annabeth abriu a porta para ele entrar, e depois a fechou, meio que temerosa. Ela estava vestida com um vestido meio largo branco com uma cabeça do Mickey preta no centro, como uma roupa de dormir.

–-Annabeth, pode me responder uma coisa?

–-Claro.—disse ela, numa voz baixa.

–-Por que você entrou no banheiro quando eu estava lá? Eu sei que a aranha é uma mentira.

Annabeth ficou vermelha no mesmo momento, Percy deu um pequeno sorriso, e ela pareceu relaxar um pouco, mesmo ainda bem corada.

–-Eu não sei como explicar...

–-E se eu te der uma explicação perfeita?

Annabeth olhou para ele e se aproximou mais um pouco, ansiosa pela resposta:

–-Qual é?

Percy se aproximou ainda mais dela, apreciou o seu rosto, cada detalhe, até o seu rubor, que mesmo tão próximos, parecia estar ficando menor. Eu sei por que, Percy pensou, é como se sentir completo novamente, e não precisa ter vergonha disso. Ele desceu devagar seus lábios aos de Annabeth, e eles começaram um beijo calmo, suave, para desfrutar daquele momento juntos. Percy pós as mãos na cintura de Annabeth, e a trouxe mais para perto, e ela jogou seus braços, abraçando o pescoço de Percy

Num momento Annabeth soltou os lábios de Percy, mas falou ainda tão perto que os seus lábios roçavam nos dele:

–-Então é isso: Eu te amo.